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terça-feira, 12 de julho de 2016


Breve sinopse sobre as Religiões – Parte IX (As restantes são derivações destas grandes religiões principais)

 

Muito antes da vinda de Jesus, os ensinamentos dos primeiros missionários de Salém haviam já submergido, em geral, nas superstições e crenças mais antigas e mais difundidas. O ensinamento Melquisedeque original havia sido quase totalmente absorvido pelas crenças na Grande Mãe, no Sol, e em outros cultos antigos. Era muito difícil perpetuar a verdade naqueles tempos tão primitivos. Uma nova revelação é sempre contaminada pelas crenças evolucionárias mais antigas.

 

Foi pouco depois da destruição de Sodoma e Gomorra que Maquiventa decidiu terminar a sua auto-outorga de emergência na Terra. A decisão de Melquisedeque de dar fim à sua estadia na carne foi influenciada por inúmeras condições, a principal delas sendo a tendência crescente das tribos vizinhas, e mesmo dos seus parceiros imediatos, de considerá-lo um semideus, de vê-lo como um ser sobrenatural, o que de facto ele era; mas eles estavam a começar a reverenciá-lo de modo indevido e com um medo altamente supersticioso. Além dessas razões, Melquisedeque queria deixar a cena das suas atividades terrenas um tempo suficiente antes da morte de Abraão, para assegurar que a verdade de um Deus e um só Deus pudesse tornar-se estabelecida de modo firme nas mentes dos seus seguidores. E, desse modo, Maquiventa retirou-se, certa noite, para a sua tenda, em Salém, tendo dito boa-noite aos seus companheiros humanos, e quando eles foram chamá-lo na manhã seguinte, ele não estava lá.

 

Para a geração seguinte, foi difícil compreender a história de Melquisedeque; passados quinhentos anos, muitos consideraram toda a narrativa como um mito. Isaac manteve-se bastante próximo dos ensinamentos do seu pai e manteve a crença da colónia de Salém, mas, para Jacob, foi mais difícil compreender o significado dessas tradições. José foi um crente firme em Melquisedeque e, um tanto por causa disso, foi encarado pelos seus irmãos como um sonhador.

 

As honrarias concedidas a José, no Egipto, foram principalmente devido à memória do seu bisavô Abraão. A José foi oferecido o comando militar dos exércitos egípcios, mas, sendo um crente tão firme nas tradições de Melquisedeque e nos ensinamentos posteriores de Abraão e Isaac, ele escolheu servir como administrador civil, acreditando que poderia, assim, trabalhar melhor para o avanço do Reino dos céus.

 

O ensinamento de Melquisedeque foi pleno e completo, mas os registos desses dias pareceram impossíveis e fantásticos para os sacerdotes hebreus posteriores, embora muitos tivessem alguma compreensão daqueles acontecimentos, pelo menos até a época em que os registos do Antigo Testamento foram revistos em massa na Babilónia. O que o Antigo Testamento regista como conversas entre Abraão e Deus, na realidade, aconteceu entre Abraão e Melquisedeque.

 

Posteriormente, os escribas encararam o termo Melquisedeque como sinónimo de Deus. Os registos de tantos contactos de Abraão e Sara com “o anjo do Senhor” referem-se às suas numerosas entrevistas com Melquisedeque. As narrativas hebraicas sobre Isaac, Jacób e José são muito mais confiáveis do que aquelas sobre Abraão, se bem que elas também contenham muitos pontos divergentes do que é factual, devido a alterações feitas intencionalmente e não intencionalmente na época da compilação desses registos pelos sacerdotes hebreus, durante o cativeiro na Babilónia

 

Um dos escritores do Livro dos Hebreus compreendeu a missão de Melquisedeque, pois está escrito: “Esse Melquisedeque, sacerdote do Altíssimo, também foi o rei da paz; sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo nem início de dias nem fim de vida, mas feito como um Filho de Deus, ele permanece para sempre como um sacerdote”. Esse escritor definiu Melquisedeque como um ser do tipo auto-outorgado, como posteriormente o foi Michael, afirmando que Jesus era “um ministro para sempre da ordem de Melquisedeque”. Ainda que essa comparação não seja de todo feliz, foi literalmente verdadeiro que Cristo recebeu um título provisório na Terra, “segundo as ordens dos doze administradores Melquisedeques” em exercício, na época da sua auto-outorga neste mundo.

 

Melquisedeque continuou a colaborar, durante os dezanove séculos seguintes, com muitos profetas e videntes, tratando assim de manter vivas as verdades de Salém até que se completasse o tempo da vinda de Michael à Terra. Maquiventa continuou como administrador planetário até aos tempos do triunfo de Michael (Jesus) na Terra. Depois disso, ele ficou ligado ao serviço da Terra, na sede do sistema administrativo da área a que a Terra pertence, como um dos vinte e quatro diretores, tendo sido, apenas recentemente, elevado à posição de embaixador pessoal do Filho Criador na Sede, com o título de Príncipe Planetário Vice-regente da Terra.

 

Os primeiros instrutores da religião de Salém penetraram até às tribos mais remotas de África e da Eurásia, pregando sempre o evangelho de Maquiventa, da fé e da confiança que deve o homem ter em um Deus universal, como o único preço para obter o favor divino. A aliança de Melquisedeque com Abraão foi o modelo para toda a propaganda inicial que saiu de Salém e de outros centros. A Terra nunca teve missionários mais entusiasmados e motivados de qualquer religião do que esses homens e mulheres nobres que levaram os ensinamentos de Melquisedeque por todo o Hemisfério Oriental. Esses missionários foram recrutados no seio de muitos povos e raças, e espalharam amplamente os seus ensinamentos por meio dos nativos convertidos. Eles estabeleceram centros de aperfeiçoamento em partes diferentes do mundo, onde ensinavam aos nativos a religião de Salém e, então, encarregavam esses alunos de funcionarem como instrutores entre os do seu próprio povo.

 

NA ÍNDIA VÉDICA


Nos dias de Melquisedeque, a Índia era um país cosmopolita, que havia caído recentemente sob o domínio político e religioso dos invasores arianos-anditas do norte e do oeste. Nessa época, apenas as partes setentrionais e ocidentais da península estavam permeadas, em larga escala, pelos arianos. Esses recém-chegados vedas haviam trazido consigo as suas muitas deidades tribais. As suas formas religiosas de adoração seguiam de perto as práticas cerimoniais dos seus antigos ancestrais anditas, em que o pai ainda funcionava como um sacerdote, e a mãe como uma sacerdotisa, e a lareira da família ainda era utilizada como um altar.

 

O culto védico estava, então, em processo de crescimento e de metamorfose, sob a direção da casta brâmane de sacerdotes-educadores, que assumia gradativamente o controlo do ritual da adoração em expansão. A fusão das trinta e três deidades arianas do passado estava já bem a caminho quando os missionários de Salém penetraram no norte da Índia. O politeísmo desses arianos representava uma degeneração do seu monoteísmo anterior, ocasionada pela sua separação em unidades tribais, cada tribo tendo o seu deus venerado. Essa degenerescência do monoteísmo e do trinitarismo, originais da Mesopotâmia andita, estava em processo de ressintetização, nos primeiros séculos do segundo milénio antes de Cristo. Os vários deuses estavam organizados num panteão, sob a liderança trina de Dyaus Pitar, o senhor dos céus; Indra, o tempestuoso senhor da atmosfera; e Agni, o deus tricéfalo do fogo, o senhor da Terra e o vestígio simbólico de um antigo conceito da Trindade.

 

Desenvolvimentos claramente henoteístas (Henoteísmo - adoração de um deus como ser supremo. Pode ser entendido como um momento de transição entre o politeísmo e o monoteísmo) preparavam o caminho para um monoteísmo evoluído. Agni, a deidade mais antiga, era sempre exaltada como o pai-chefe do panteão inteiro. O princípio da deidade-pai, algumas vezes chamada de Prajapati e, algumas vezes, de Brama, esteve submerso na batalha teológica que os sacerdotes brâmanes mais tarde travaram com os instrutores de Salém. O Braman era concebido como o princípio da divindade-energética que ativava todo o panteão védico.

 

Os missionários de Salém pregaram o Deus único de Melquisedeque, o Altíssimo dos céus. Essa descrição não era de todo desarmónica com o conceito emergente do Pai-Brama como a fonte de todos os deuses, mas a doutrina de Salém era não ritualista e, pois, ia diretamente contra os dogmas, as tradições, e os ensinamentos do sacerdócio bramanista. Os sacerdotes brâmanes nunca aceitariam a pregação de Salém, de uma salvação por meio da fé, do favorecimento de Deus independentemente das observâncias ritualistas e dos cerimoniais com sacrifícios. A rejeição do evangelho de Melquisedeque, de confiança em Deus e de salvação por meio da fé, foi um marco vital de mudança para a Índia. Os missionários de Salém muito haviam contribuído para a perda da fé em todos os deuses vedas antigos, mas os líderes, os sacerdotes do vedismo, recusaram-se a aceitar o ensinamento de Melquisedeque de um Deus e de uma fé simples e única. Os brâmanes colecionaram os escritos sagrados daqueles dias num esforço para combater os instrutores de Salém, e essa compilação, mais tarde revista, chegou até aos tempos modernos

como o Rig-Veda, um dos livros sagrados mais antigos. Os segundos, os terceiros e os quartos Vedas vieram à medida que os brâmanes buscavam cristalizar, formalizar e impor os seus rituais de adoração e sacrifício aos povos daqueles dias. Pelo que têm de melhor, esses escritos são equivalentes a qualquer outro conjunto de carácter similar, em beleza de conceito e verdade de discernimento. Contudo, como essa religião superior tornou-se contaminada pelos milhares e milhares de superstições, de cultos e rituais da parte sulista da Índia, ela metamorfoseou-se progressivamente no sistema mais variado de teologia já desenvolvido pelo homem mortal. Um estudo dos Vedas fará com que se descubram alguns conceitos da Deidade, entre os mais elevados, e, outros, entre os mais baixos a serem jamais concebidos.

 

O BRAMANISMO


 

À medida que os missionários de Salém penetraram na direção sul, rumo ao Decão dravidiano, encontraram um sistema mais intenso de castas, o esquema ariano de impedir a perda de identidade racial em face a uma maré crescente de povos sangiques (outra raça) secundários.

 

Desde que a casta dos sacerdotes brâmanes era a essência mesma desse sistema, essa ordem social retardou, em muito, o progresso dos educadores de Salém. Esse sistema de castas não teve êxito em salvar a raça ariana, mas teve sucesso na perpetuação dos brâmanes, que, por sua vez, têm mantido a sua hegemonia religiosa na Índia até aos dias atuais.

 

E agora, com o enfraquecimento do vedismo pela sua rejeição da verdade mais elevada, o culto dos arianos tornou-se sujeito a intromissões cada vez maiores do Decão. Num esforço desesperado para estancar o fluxo da extinção racial e da obliteração religiosa, a casta brâmane buscou exaltar-se a si própria acima de tudo o mais. Os brâmanes ensinaram que o sacrifício à deidade, em si mesmo, era tão plenamente eficaz, que conseguia dela tudo com a sua força. E proclamaram que, dos dois princípios divinos essenciais do universo, um era Braman, a deidade, e o outro era o sacerdócio brâmane. Em nenhum outro povo da Terra, os sacerdotes presumiram exaltar-se a si próprios mesmo acima dos seus deuses, a atribuir a si próprios as honras devidas aos seus deuses. Eles, porém, foram tão absurdamente longe, nessas presunçosas reivindicações, que todo o precário sistema entrou em colapso diante dos cultos aviltantes que afluíram das civilizações circundantes, menos avançadas. O vasto sacerdócio védico, ele próprio, atrapalhou-se e afundou-se sob a maré negra da inércia e do pessimismo que a sua própria presunção egoísta e pouco sábia havia trazido a toda a Índia. A concentração indevida no ego conduziu certamente a um temor da perpetuação não evolucionária do ego, num círculo sem fim de sucessivas encarnações como homem, besta, ou ervas daninhas. E de todas as crenças contaminadoras que poderiam ter aderido àquilo que possa ter sido um monoteísmo emergente, nenhuma foi mais estupidificante do que a crença na transmigração – a doutrina da reencarnação das almas –, que veio do Decão dravidiano. Essa crença, num círculo fastidioso e monótono de repetidas transmigrações, roubou dos mortais em luta a sua esperança havia muito acalentada de encontrar a libertação e o avanço espiritual na morte, que havia sido uma parte da fé anterior védica. Esse ensinamento filosoficamente debilitador foi logo seguido da invenção da doutrina segundo a qual se escapa eternamente do eu pela submersão no repouso e na paz universal da união absoluta com Braman, a super-alma de toda a criação. O desejo mortal e a ambição humana foram efetivamente arrebatados e virtualmente destruídos. Por mais de dois mil anos, as melhores mentes da Índia procuraram escapar de todo o desejo e, assim, a porta ficou toda aberta para a entrada daqueles cultos e ensinamentos posteriores que agrilhoaram virtualmente as almas de muitos povos indianos nas correntes da desesperança espiritual. De todas as civilizações, a védico-ariana foi a que pagou o preço mais terrível pela sua rejeição ao evangelho de Salém.

 

Apenas a organização em castas não poderia perpetuar o sistema religioso-cultural ariano e, enquanto as religiões inferiores do Decão infiltravam-se ao norte, desenvolveu-se uma idade de desespero e falta de esperança. Foi durante esses dias escuros que surgiu o culto de não se tirar a vida de nenhuma criatura, o qual tem perdurado desde então. Muitos dos novos cultos eram francamente ateístas, argumentando que a salvação que fosse acessível poderia vir apenas pelos esforços humanos, sem ajuda externa. Contudo, por meio de boa parte dessa filosofia infeliz podem ser percebidos alguns remanescentes distorcidos dos ensinamentos de Melquisedeque, e mesmo dos de Adão. Esses foram os tempos da compilação das últimas escrituras da fé indiana, as Brâmanes e os Upanishades. Havendo rejeitado os ensinamentos da religião pessoal pela experiência da fé pessoal com o único Deus, e tendo-se contaminado na inundação dos cultos e crendices aviltantes e debilitadores provenientes do Decão, com os seus antropomorfismos e reencarnações, o sacerdócio brâmane experimentou uma reação violenta contra essas crenças viciantes; houve um esforço claro de buscar e de encontrar a verdadeira realidade. Os brâmanes puseram-se a desantropomorfizar o conceito hindu da deidade, mas, ao fazer isso, eles tropeçaram no grave erro de despersonalizar o conceito de Deus, e emergiram, não com um ideal sublime e espiritual do Pai do Paraíso, mas com uma ideia distante e metafísica de um Absoluto que a tudo engloba.

 

Nos seus esforços de autopreservação, os brâmanes haviam rejeitado o único Deus de Melquisedeque, e agora viam-se diante da hipótese de Braman, aquele eu filosófico indefinido e ilusório, aquele isso impessoal e impotente que deixou a vida espiritual da Índia desamparada e prostrada desde aqueles dias infelizes até ao século vinte. Foi durante os tempos em que os Upanishades eram escritos que o Budismo surgiu na Índia. Apesar, porém, do seu êxito de mil anos, não pôde concorrer com o Hinduísmo que viria depois; apesar da sua moralidade mais elevada, a descrição inicial que fazia de Deus era ainda mais indefinida do que a do Hinduísmo, que providenciou deidades menores e pessoais. O Budismo, finalmente, foi afastado, no norte da Índia, pelos ataques de um Islão militante, com o seu conceito claro de Alá como o Deus supremo

do universo.

 

A RELIGIÃO HINDU


 

Com o passar dos séculos, na Índia, a população retornou, numa certa medida, aos rituais antigos dos Vedas, do modo como haviam sido modificados pelos ensinamentos dos missionários de Melquisedeque e cristalizados pelo sacerdócio brâmane ulterior. Essa religião, a mais antiga e mais cosmopolita do mundo, passou por novas mudanças em resposta ao Budismo e ao Jainismo, e devido às influências mais recentes do Maometismo e do Cristianismo. Todavia, na época em que os ensinamentos de Jesus chegaram, já se haviam tornado ocidentalizados, a ponto de serem uma “religião do homem branco” e, portanto, insólita e estrangeira para a mente indiana. A teologia hindu, no presente, ilustra quatro níveis descendentes de deidade e de divindade:

 

1. O Braman, o absoluto, o Um Infinito, o QUE É.

2. A Trimurti, a suprema trindade do hinduísmo. Nessa associação, Brama, o primeiro membro, é concebido como sendo criado por si próprio a partir de Braman – a infinitude. Não estivesse ele em estreita identificação com o Um Infinito panteísta, Brama poderia constituir-se no fundamento para um conceito do Pai Universal. Brama é também identificado com o destino. A adoração de Shiva e Vishnu, o segundo e terceiro membros, surgiu no primeiro milénio depois de Cristo. Shiva é o senhor da vida e da morte, o deus da fertilidade e o mestre da destruição. Vishnu é extremamente popular, devido à crença de que ele se encarna periodicamente na forma humana. Desse modo, Vishnu torna-se real e vivo na imaginação dos indianos. Shiva e Vishnu são considerados, por alguns, como supremos, acima de todos.

3. As deidades védicas e pós-védicas. Muitos dos antigos deuses dos arianos, tais como Agni, Indra e Soma, persistiram como secundários em relação aos três membros da Trimurti. Numerosos outros deuses têm surgido desde os dias iniciais da Índia védica, e eles também foram incorporados ao panteão hindu.

4. Os semideuses: super-homens, semideuses, heróis, demónios, fantasmas, espíritos maus, duendes, monstros, diabretes e santos de cultos mais recentes. Hoje, na Índia, há uma grande necessidade da apresentação do evangelho de Jesus – a Paternidade de Deus e a filiação e a consequente irmandade de todos os homens, que é realizada pessoalmente na ministração do amor e do serviço social. Na Índia, existe um quadro filosófico, a estrutura do culto está presente; tudo o que se faz necessário é a chama vitalizante do amor dinâmico retratado no evangelho original do Filho do Homem, despojado dos dogmas e doutrinas ocidentais que trouxeram a tendência de fazer da vida auto-outorgada de Michael uma religião de homens brancos.

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