Breve sinopse sobre as Religiões – Parte X (As
restantes são derivações destas grandes religiões principais)
A LUTA PELA VERDADE NA CHINA
Enquanto
os missionários de Salém percorriam a Ásia, disseminando a doutrina do Deus Altíssimo
e da salvação pela fé, eles absorveram muito da filosofia e do pensamento
religioso dos vários países que atravessavam. Contudo, os instrutores
encarregados por Melquisedeque e os seus sucessores não falharam na sua missão;
eles tiveram penetração entre todos os povos do continente eurasiático; e foi no meio do segundo
milénio antes de Cristo que chegaram à China.
Durante
mais de cem anos, os Salemitas mantiveram a sua sede em Si Fuch,
treinando ali os instrutores chineses que ensinaram em todos os locais de
domínio da raça amarela. Foi em consequência direta desse ensinamento que
surgiu, na China, a forma inicial de Taoísmo, uma religião totalmente
diferente da que leva esse nome hoje. O taoísmo inicial ou o proto-taoísmo era um
composto dos fatores seguintes:
1.
Os ensinamentos remanescentes de Singlangton (Líder e um grande professor da
raça amarela que foi o primeiro dos homens amarelos a ensinar a adoração da
"Verdade Única."), que persistiram na concepção de
Shang-ti, o Deus dos Céus. Nos tempos de Singlangton, o povo chinês
tornou-se virtualmente monoteísta; concentrou a sua adoração na Verdade
Única, mais tarde conhecida como o Espírito do Céu, o
governante do universo. E a raça amarela nunca se perdeu totalmente
dessa concepção inicial da Deidade, se bem que, nos séculos posteriores, muitos
deuses e espíritos subordinados se tenham infiltrado sub-repticiamente na sua
religião.
2.
A religião de Salém, com uma Deidade Altíssima Criadora, que outorgaria o seu
favorecimento à humanidade em resposta à fé do homem. Todavia, é também muito
verdadeiro que, à época em que os missionários de Melquisedeque haviam
penetrado nas terras da raça amarela, a sua mensagem original tinha-se
distanciado consideravelmente das doutrinas simples de Salém dos dias de
Maquiventa.
3.
O conceito do Braman-Absoluto dos filósofos indianos, somado aos desejos de
escapar de todo o mal. A maior influência externa para a disseminação da
religião de Salém até ao leste, talvez tenha sido exercida pelos educadores
indianos da fé védica, que injetaram a sua concepção do Braman – o Absoluto –
no pensamento salvacionista dos Salemitas (missionários de Salém). Essa crença
composta espalhou-se pelas terras da raça amarela e das raças morenas, como uma
influência subjacente no pensamento religioso-filosófico. No Japão, esse
proto-taoísmo ficou conhecido como Xintoísmo
e
nesse país, muito distante de Salém da Palestina, os povos aprenderam sobre a
encarnação de Maquiventa Melquisedeque, que habitou na terra para que a humanidade
não se esquecesse de Deus.
Na
China, todas essas crenças foram confundidas, mais tarde, e se compuseram com o
culto sempre em crescimento da adoração dos ancestrais. Contudo, desde a época
de Singlangton, os chineses nunca mais caíram numa escravidão desamparada aos
rituais sacerdotais. A raça amarela foi a primeira a emergir da servidão
bárbara e a entrar na civilização da ordem organizada, porque foi a primeira a
alcançar, em alguma medida, a liberdade do medo abjecto dos deuses, não temendo
nem mesmo os fantasmas dos mortos, como outras raças temeram. A China encontrou
a sua derrota, porque ela não teve êxito em progredir para além da sua primeira emancipação
dos sacerdotes; e caiu num erro igualmente calamitoso, a adoração dos
ancestrais.
Entretanto,
os Salemitas não trabalharam em vão. Foi sobre os fundamentos do seu
evangelho que os grandes filósofos da China do sexto século elaboraram os seus
ensinamentos. A atmosfera moral e os sentimentos espirituais dos tempos de Lao-Tsé e
de Confúcio vieram a partir dos ensinamentos dos missionários de Salém de uma idade
anterior.
LAO-TSÉ E CONFÚCIO
Cerca
de seiscentos anos antes da chegada de Michael (Jesus), Melquisedeque,
que há muito já havia partido da vida na carne, teve a impressão de que a
pureza do seu ensinamento na Terra estava a ser perigosamente ameaçada pela
absorção geral nas crenças antigas da Terra. Pareceu, por um tempo, que a sua
missão como precursor de Michael poderia estar em perigo de falhar. E, no
sexto século antes de Cristo, por intermédio de uma coordenação excecional de
agentes espirituais, dos quais nem todos são compreendidos mesmo pelos
supervisores planetários, a Terra presenciou uma apresentação muito inusitada de verdades
religiosas
sob formas
múltiplas.
Por meio da atuação de vários educadores humanos, o evangelho de Salém foi
reafirmado e revitalizado e, como foi então apresentado, grande parte
sobreviveu até aos tempos destes documentos atuais (Livro de Urântia). Esse século singular de progresso espiritual
foi caracterizado por grandes educadores religiosos, morais e filosóficos em
todo o mundo civilizado. Na China, os dois instrutores de maior destaque foram Lao-Tsé
e Confúcio. Lao-Tsé edificou o seu pensamento diretamente
sobre os conceitos das tradições de Salém, quando declarou que o Tao era
a Causa Primeira
Una de toda a criação. Lao era um homem de grande visão espiritual. Ele ensinou
que “o destino eterno do homem era a união perpétua com o Tao, o Deus
Supremo e Rei Universal”. A sua compreensão da causa última foi
muito profunda, pois escreveu: “A Unidade surge do Tao Absoluto, e da
Unidade surge a Dualidade cósmica e, dessa Dualidade, a Trindade vem à existência,
e a Trindade
é a fonte primordial de toda a realidade”. “Toda a realidade equilibra-se sempre
entre os potenciais e os factuais do cosmo, e estes estão eternamente
harmonizados pelo espírito da divindade.”
Lao-Tsé
também foi um dos primeiros a apresentar a doutrina do fazer o bem em
retribuição ao mal: “A bondade engendra a bondade, mas, para aquele que é
verdadeiramente bom, o mal também gera a bondade”. Ele ensinou que a criatura retorna ao Criador e descreveu a vida como
a emergência de uma personalidade a partir dos potenciais cósmicos, enquanto a
morte equivalia ao retorno para o lar da personalidade dessa criatura. O seu
conceito da verdadeira fé era incomum, e ele também a comparava à “atitude
de uma criancinha”. A sua compreensão do propósito eterno de Deus era
clara, pois ele disse: “A Deidade Absoluta não se esforça em lutas, contudo,
é sempre vitoriosa; não força a humanidade, mas permanece sempre pronta para
responder aos seus desejos verdadeiros; a vontade de Deus é eterna em paciência
e perene na inevitabilidade da sua expressão”. E, sobre o verdadeiro
religioso, ele disse, expressando a verdade de que dar é mais abençoado do
que receber: “O homem bom procura não reter a verdade para si próprio, antes, ele intenta passar essas
riquezas aos seus semelhantes, pois isso é a realização da verdade. A vontade do Deus Absoluto
sempre beneficia, nunca destrói; o propósito do verdadeiro crente é sempre agir, e nunca
coagir”. Lao ensinou a não-resistência; e a distinção que fez entre a ação
e a coerção mais tarde perverteu-se nas crenças que defendem “nada
ver, nada fazer e nada pensar”. Lao, porém, nunca ensinou esse erro, embora
a sua apresentação da não-resistência haja sido um fator para o desenvolvimento
posterior das predileções pacíficas dos povos chineses. Contudo,
o popular Taoísmo do século vinte, na Terra, pouco tem em comum com os
sentimentos sublimes e os conceitos cósmicos do antigo filósofo, que ensinou a
verdade como ele a percebia, e que era: a fé no Deus Absoluto é a fonte
da energia divina que irá reconstruir o mundo, e com a qual o homem ascende até
a união espiritual com o Tao, a Deidade Eterna e o Criador Absoluto dos
universos.
Confúcio (Kung Fu-tze) foi um contemporâneo mais jovem de Lao, na China do
sexto século. Confúcio baseou as suas doutrinas nas melhores tradições morais
da longa história da raça amarela e foi influenciado também, de um certo
modo, pelo remanescente das tradições dos missionários de Salém. O
seu trabalho principal consistiu na compilação do que diziam sabiamente os
antigos filósofos. Ele foi um instrutor rejeitado durante o tempo em que viveu,
mas os seus ensinamentos e escritos, desde então, exerceram uma grande
influência na China e no Japão. Confúcio estabeleceu uma nova atitude para os xamãs,
quando ele colocou a moralidade no lugar da magia. Todavia, ele construiu
demasiado bem; fez da ordem um novo fetiche e instituiu um respeito pela
conduta ancestral, que era ainda venerada pelos chineses na época em que estes
documentos eram escritos. Confúcio pregava sobre a moralidade, baseado na
teoria de que o caminho terrestre era a sombra distorcida do caminho celeste;
de que o modelo verdadeiro da civilização temporal é a imagem refletida da
ordem celeste eterna. O conceito potencial de Deus, no confucionismo, era quase
completamente subordinado à ênfase colocada no Caminho Celeste,
o arquétipo do cosmo.
Os
ensinamentos de Lao foram perdidos por todos, exceto por uns poucos no Oriente,
mas os escritos de Confúcio têm-se constituído sempre, desde então, na base do
contexto moral da cultura de quase uma terça parte dos humanos terrestres.
Esses preceitos de Confúcio, que perpetuam o melhor do passado, foram, de algum
modo, inimigos da própria natureza chinesa de indagação mental, que havia já
realizado tantos e tão venerados feitos. A influência dessas doutrinas foi
combatida sem êxito, tanto pelos esforços imperiais de Chin Shih Huang Ti,
quanto pelos ensinamentos de Mo Ti, que proclamaram uma irmandade
fundada não no dever ético, mas no amor de Deus. Ele procurou reestimular a
antiga busca pela nova verdade, mas os seus ensinamentos fracassaram diante da
oposição vigorosa dos discípulos de Confúcio. Como muitos outros instrutores
morais e espirituais, tanto Confúcio quanto Lao-Tsé foram finalmente deificados
pelos seus seguidores, naquelas épocas de trevas espirituais na China, as quais
ocorreram entre o declínio e o desvirtuamento da fé Taoísta e a vinda dos
missionários budistas da Índia.
Durante
esses séculos, espiritualmente decadentes, a religião da raça amarela
degenerou-se numa teologia lamentável, em que formigavam diabos, dragões e
espíritos malignos, todos denotando o retorno dos temores da mente mortal não
iluminada. E a China, que estivera à frente da sociedade humana por causa de
uma religião avançada, caiu então para a retaguarda, por causa de uma
incapacidade temporária de progredir no caminho verdadeiro do desenvolvimento daquela
consciência de Deus, indispensável ao verdadeiro progresso, não apenas
do indivíduo mortal, mas também das civilizações intrincadas e complexas,
típicas do avanço da cultura e da sociedade num planeta evolucionário do tempo
e do espaço.
GAUTAMA SIDARTA (Buda)
Outro
grande instrutor da verdade surgiu na Índia, contemporâneo de Lao-Tsé e de
Confúcio na China. Gautama Sidarta nasceu no sexto século antes
de Cristo, na província do Nepal, no norte da Índia. Os seus seguidores, mais
tarde, fizeram transparecer que ele era o filho de um governante fabulosamente
rico, mas, na verdade, ele era o aparente herdeiro ao trono do chefe de uma
pequena tribo e que, por tolerância desta, governava um pequeno e recluso vale
nas montanhas ao sul do Himalaia. Gautama, depois de seis anos de práticas
inúteis de ioga, formulou aquelas teorias que se transformaram na filosofia do
budismo. Sidarta travou uma luta determinada,
mas infrutífera, contra o sistema de castas que crescia. Havia uma sinceridade sublime
e uma singular ausência de egoísmo nesse jovem príncipe profeta, que foi de
grande apelo para os homens daqueles dias. Ele refreou a prática da busca
individual da salvação por meio das aflições físicas e da dor pessoal. E
exortou os seus seguidores a levar o seu evangelho a todo o mundo. No meio da
confusão e das práticas extremas, nos cultos da Índia, os ensinamentos mais
sadios e moderados de Gautama vieram como um bálsamo de alívio. Ele denunciou
deuses, sacerdotes e os seus sacrifícios, mas também não percebeu a personalidade
do Um Universal. Não acreditando na existência de almas individuais humanas,
Gautama travou, por isso, uma luta valente contra a crença, tradicionalmente
honrada, na transmigração da alma.
Fez
um esforço nobre para libertar os homens do medo, para fazê-los sentirem-se com
segurança e conforto e em casa, no grande universo, mas, novamente, ele não
conseguiu mostrar-lhes o caminho daquele lar real e superno dos mortais
ascendentes – o Paraíso – e do serviço crescente a ser feito na existência
eterna.
Gautama
foi um verdadeiro profeta e, houvesse ele dado atenção às instruções do eremita
Godad, teria podido elevar toda a Índia pela inspiração do
renascimento do evangelho de Salém de salvação pela fé. Godad descendia de uma
família que nunca havia perdido de vista as tradições dos missionários de
Melquisedeque. Gautama fundou a sua escola em Benares e, durante o seu segundo
ano, um aluno, Bautan, transmitiu ao seu mestre as tradições dos missionários
de Salém, sobre a aliança de Melquisedeque com Abraão; e, se bem que Sidarta
não tivesse tido um conceito muito claro sobre o Pai Universal, ele adotou uma posição avançada sobre a salvação
por meio da fé – a simples crença. Ele assumiu-a perante os seus seguidores e
começou a enviar os seus alunos, em grupos de sessenta, para proclamar ao povo da
Índia “as boas-novas da salvação livre; e de que todos os homens, humildes ou
elevados, podem alcançar a bênção por meio da fé na retidão e na justiça”. A
esposa de Gautama acreditava no evangelho do seu marido e foi a fundadora de
uma ordem de freiras. O seu filho tornou-se o seu sucessor e difundiu em muito
o culto; ele captou a nova ideia da salvação por meio da fé, mas, nos seus
últimos anos, ele hesitou com respeito ao evangelho de Salém, de que o favor
divino vem por meio da fé em si, e, na velhice, as suas palavras, ao morrer,
foram: “Sede vós próprios os artesãos da vossa salvação”. O evangelho de Gautama,
para a salvação universal, quando proclamado pelo que tem de melhor, livre de
sacrifícios, de tortura, de rituais e de sacerdotes, foi uma doutrina
revolucionária e surpreendente para o seu tempo. E chegou incrivelmente próximo
de representar um renascimento do evangelho de Salém.
Socorreu
a milhões de almas em desespero e, apesar das alterações grotescas que sofreu
nos últimos séculos, ainda persiste como a esperança de milhões de seres
humanos. Sidarta ensinou muito mais sobre a verdade do que aquilo que
sobreviveu nos cultos modernos que levam o seu nome. O Budismo moderno não
representa os ensinamentos de Gautama Sidarta mais do que o Cristianismo
representa os ensinamentos de Jesus de Nazaré.
Depois
de Iknaton, no Egipto, Asoka foi um dos mais notáveis governantes
civis da época entre Melquisedeque e a vinda de Michael. Asoka construiu um
grande império indiano, graças à propaganda dos seus missionários budistas.
Durante um período de vinte e cinco anos, ele treinou e enviou mais de
dezassete mil missionários às fronteiras mais distantes de todo o mundo conhecido.
Durante o período de uma geração, ele fez do Budismo a religião dominante em metade
do mundo. Logo estava estabelecido no Tibete, em Kashmira, no Ceilão, na
Birmânia, em Java, na Tailândia, na Coreia, na China e no Japão. E, de modo
geral, era uma religião muito superior àquelas que suplantou ou melhorou. A
difusão do budismo, do seu lar na Índia até toda a Ásia, é uma das histórias
mais palpitantes de devoção espiritual e de persistência missionária de
religiosos sinceros. Aqueles que ensinavam o evangelho de Gautama, não apenas
desbravaram os perigos dos caminhos terrestres das caravanas, como enfrentaram
os perigos dos mares da China, ao prosseguirem na sua missão no continente
asiático, levando a todos os povos a mensagem da sua fé. Mas
esse budismo não era mais a doutrina simples de Gautama; era o evangelho
tornado miraculoso que fez dele um deus. E, quanto mais o budismo se
distanciava do seu berço, nas terras altas da Índia, mais diferente dos
ensinamentos de Gautama ele ficava e, cada vez mais se assemelhava às religiões
que suplantava. O Budismo, mais tarde, foi muito afetado pelo Taoísmo, na
China, pelo Xintoísmo, no Japão, e pelo Cristianismo, no Tibete. Após mil anos,
o Budismo, na Índia, simplesmente definhou
e
expirou. Tornou-se bramanizado e rendeu-se de modo abjeto ao Islão, enquanto,
em grande parte do resto do Oriente, degenerou num ritual que Gautama Sidarta
jamais reconheceria.
No
sul, o estereótipo fundamentalista dos ensinamentos de Sidarta continuou no
Ceilão, na Birmânia e na península da Indochina. Essa é a divisão Hinayana do
Budismo, que se atém mais à doutrina inicial ou associal. Contudo, mesmo antes
do seu colapso na Índia, os grupos chineses e norte-indianos de seguidores de
Gautama haviam começado o desenvolvimento do ensinamento Mahayana do “Grande
Caminho” da salvação, em contraste com os puristas do sul, que se mantiveram no
Hinayana, ou no “Caminho Menor”. E esses mahayanistas desprenderam-se das
limitações sociais inerentes à doutrina budista, e, desde então, essa divisão
do Budismo do norte continuou a evoluir na China e no Japão. O budismo é uma
religião viva e em crescimento hoje, porque tem êxito em conservar muitos dos
valores morais mais elevados dos que aderiram a ela. Proporciona calma e
autocontrolo, aumenta a serenidade e a felicidade e faz muito para impedir a
tristeza e a aflição. Aqueles que acreditam nessa filosofia vivem vidas
melhores do que muitos que não creem nela.
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