Breve sinopse sobre as Religiões – Parte XI (As
restantes são derivações destas grandes religiões principais)
A RELIGIÃO NO TIBETE
No
Tibete, pode ser encontrada a mais estranha associação de ensinamentos de
Melquisedeque, combinados com o Budismo, o Hinduísmo, o Taoísmo e o
Cristianismo.
Quando os missionários budistas entraram no Tibete, encontraram
um estado de selvageria primitiva muito similar àquele que os primeiros
missionários cristãos encontraram nas tribos nórdicas de Europa.
Esses
tibetanos de mente simples não queriam abandonar completamente a sua antiga
magia e os seus encantos. Um estudo dos cerimoniais religiosos dos rituais
tibetanos atuais revela a existência de uma irmandade exageradamente numerosa
de sacerdotes com cabeças rapadas, que praticam um ritual elaborado, que
abrange sinos, cantos, incenso, procissões, rosários, imagens, encantamentos,
figuras, água benta, vestes vistosas e coros elaborados. Eles têm dogmas
rígidos e credos cristalizados, rituais místicos e jejuns especiais. A sua
hierarquia abrange monges, freiras, abades e o Grande Lama. Eles rezam para os
anjos, os santos, uma Mãe Sagrada e para os deuses. Praticam a confissão e
acreditam no purgatório. Os seus monastérios
são extensos e as suas catedrais, magníficas. Eles mantêm uma repetição sem fim
de rituais sagrados e acreditam que essas cerimónias conferem a salvação. As
suas preces são amarradas a uma roda que, quando gira, todos acreditam que os
seus pedidos se tornam eficazes. Junto a nenhum outro povo dos tempos modernos
pode ser encontrada a observância de tantas coisas, de tantas religiões; e é
inevitável que uma liturgia de um tal modo cumulativa se torne exageradamente
embaraçosa e intoleravelmente pesada. Os tibetanos têm algo de todas as religiões
principais do mundo, excepto os ensinamentos simples do evangelho de Jesus: a
filiação a Deus, e a irmandade dos homens, e a cidadania sempre
ascendente no universo eterno.
O CONCEITO DE DEUS NO BUDISMO
A
cosmologia do Budismo tinha dois pontos fracos: a sua contaminação pelas muitas
superstições da Índia e da China, e a sublimação que fez de Gautama, primeiro,
o iluminado, e, depois, o Eterno Buda. Do mesmo modo que o Cristianismo sofreu
com a absorção de muitas coisas erróneas da filosofia humana, o Budismo também
traz a sua marca humana. Contudo, os ensinamentos de Gautama continuaram a
evoluir durante os últimos dois milénios e meio. O conceito de Buda, para um
budista esclarecido, não representa mais a personalidade humana de Gautama do
que, para um cristão esclarecido, o conceito de Jeová é idêntico ao espírito demoníaco
de Horeb (Horeb – Montanha onde Moisés recebeu os 10 mandamentos.
Também Monte Sinai).
A
pobreza da terminologia, juntamente com a manutenção sentimental de uma nomenclatura
antiga, impede muitas vezes de compreender o verdadeiro significado da evolução
dos conceitos religiosos. Gradualmente, o conceito de Deus, como um contraste
do Absoluto, começou a aparecer no Budismo. As suas fontes remontam aos
primeiros tempos em que os seguidores do Caminho Menor se diferenciaram
dos do Caminho Maior. Foi no meio dessa última divisão do Budismo que a
concepção dual de Deus e do Absoluto finalmente amadureceu. Passo a passo, século
após século, o conceito de Deus evoluiu, com os ensinamentos de Ryonin, Honen Shonin, e
Shinran no Japão, até que esse
conceito finalmente veio a frutificar na crença de Amida Buda.
Entre
esses crentes, é ensinado que a Alma, ao experimentar a morte, pode escolher
desfrutar de uma estadia no Paraíso antes de entrar no Nirvana, o estado último
da existência. Proclama-se que essa nova salvação é alcançada pela fé nas
misericórdias divinas e por meio do cuidado amoroso de Amida, Deus do
Paraíso, no Ocidente. Na sua filosofia, os amidistas atêm-se a uma Realidade
Infinita que está além de toda a compreensão finita dos mortais; na sua
religião, eles aderem à fé no todo misericordioso Amida, que ama o mundo a
ponto de não suportar que nenhum mortal, que faça um apelo ao seu nome com uma
fé sincera e com um coração puro, deixe de obter a felicidade superna do
Paraíso. A grande força do Budismo vem do facto de que aqueles que aderem a ele
estão livres para escolher a verdade de todas as religiões; essa liberdade de
escolha raramente caracterizou qualquer fé terrena. A seita Shin, do
Japão, quanto a isso, tornou-se um dos grupos religiosos mais progressistas no
mundo; ela reviveu o antigo espírito missionário dos seguidores de Gautama e
começou a enviar instrutores até outros povos. Essa vontade de adotar a verdade
de toda
e qualquer fonte é, de facto, uma tendência recomendável que surge entre os
crentes religiosos durante a primeira metade do século vinte após Cristo.
O
próprio Budismo está a passar por um renascimento no século vinte. Por meio do
contacto com o Cristianismo, os aspetos sociais do Budismo foram muito engrandecidos.
O desejo de aprender voltou aos corações dos monges da irmandade, e a difusão
da educação, nessa comunidade de fé, irá certamente provocar novos avanços na
evolução religiosa. Neste momento uma grande parte da Ásia mantinha as suas
esperanças no Budismo. Irá essa nobre fé, que tão valentemente perdurou
atravessando as idades das trevas no passado, receber, uma vez mais, a verdade
das realidades
cósmicas expandidas, tal como os discípulos do grande educador da Índia, certa
vez, ouviram a sua proclamação da nova verdade? Essa fé antiga, uma vez mais,
responderá ao estímulo revigorante da apresentação dos novos conceitos de Deus
e do Absoluto, pelos quais procurou por tanto tempo?
Toda a Terra aguarda a proclamação da mensagem enobrecedora de
Michael (Jesus), livre das doutrinas e
dos dogmas acumulados por dezanove séculos de contacto com as religiões de origem
evolucionária. É chegada a hora de apresentar ao Budismo, ao
Cristianismo, ao Hinduísmo, e a todos os povos de todas as fés, não mais um
evangelho sobre Jesus, mas a realidade viva e espiritual do evangelho de
Jesus.
Do
mesmo modo que a Índia deu origem a muitas religiões e filosofias da Ásia
Oriental, também o Levante foi o berço das fés do mundo ocidental. Os
missionários de Salém espalharam-se por todo o sudoeste da Ásia, pela
Palestina, Mesopotâmia, Egipto, Irão e Arábia, proclamando, em toda a parte, as
boas-novas do evangelho de Maquiventa Melquisedeque. Em algumas dessas terras,
os seus ensinamentos deram fruto; noutras, obtiveram êxitos diferentes. Algumas
vezes, os seus fracassos foram devidos à falta de sabedoria; outras, a
circunstâncias além do seu controlo.
NA MESOPOTÂMIA
Por
volta de 2 000 a.C., as religiões da Mesopotâmia estavam quase inteiramente
perdidas dos ensinamentos dos setitas e sob uma ampla influência das crenças
primitivas de dois grupos de invasores: o dos semitas beduínos, que se
haviam infiltrado, vindos do deserto ocidental, e o dos cavaleiros bárbaros,
que haviam descido do norte. Contudo, o costume dos primeiros povos adamitas
de honrar o sétimo dia da semana nunca desapareceu completamente na
Mesopotâmia. Apenas,
durante a era de Melquisedeque, o sétimo dia era considerado o pior para a má
sorte; e, sendo dominado pelos tabus, era fora da lei sair numa viagem,
cozinhar ou fazer uma fogueira, nesse funesto sétimo dia. Os judeus levaram
para a Palestina muitos dos tabus da Mesopotâmia, que eles haviam encontrado na
Babilónia, sobre a observância do sétimo dia, o Sábado.
Embora
os educadores de Salém tenham feito muito para refinar e para elevar as
religiões da Mesopotâmia, eles não tiveram êxito em levar os vários povos ao
reconhecimento permanente do Deus único. Esse ensinamento ganhou ascendência
por mais de cento e cinquenta anos, e então, gradualmente, cedeu lugar à crença
mais antiga numa multiplicidade de deidades. Os educadores de Salém reduziram,
em muito, o número de deuses da Mesopotâmia, reduzindo, ao mesmo tempo, as
deidades principais a sete: Bel, Shamash,
Nabu, Anu, Ea, Marduk e Sin. No
auge do novo
ensinamento, eles haviam exaltado três desses deuses em supremacia sobre todos
os outros, a tríade da Babilónia: Bel, Ea, e Anu, deuses da terra, do mar e do
céu. Outras tríades ainda surgiram em localidades diferentes, todas
remanescentes dos ensinamentos dos anditas e dos sumérios sobre a
trindade e baseadas na crença dos Salemitas na insígnia dos três círculos de
Melquisedeque. Os educadores de Salém nunca superaramtotalmente a popularidade
de Ishtar a mãe dos deuses e o espírito da fertilidade sexual.
Muito
fizeram para refinar a adoração dessa deusa, mas os babilónios e os seus
vizinhos nunca tinham abandonado completamente as suas formas disfarçadas de
culto do sexo. Havia-se tornado uma prática universal, em toda a Mesopotâmia,
para todas as mulheres, submeter-se, pelo menos uma vez, na sua juventude, ao abraço
de estranhos; isso era considerado uma devoção requerida por Ishtar, e
acreditava-se que a fertilidade dependia muito desse sacrifício sexual.
O
progresso inicial do ensinamento de Melquisedeque foi altamente gratificante,
até que Nabodad, o líder da escola em Kish, decidiu realizar um ataque
organizado às práticas prevalecentes de prostituição nos templos. Os
missionários de Salém, no entanto, viram fracassarem os seus esforços de fazer
essa reforma social e, nos destroços desse fracasso, os mais importantes de todos
os seus ensinamentos espirituais e filosóficos também caíram derrotados. Essa derrota
do evangelho de Salém foi seguido imediatamente de um grande aumento do culto
de Ishtar, um ritual
que já havia invadido a Palestina, sob o nome de Ashtoreth, o Egipto,
sob o de Ísis, a Grécia, sob o de Afrodite, e as tribos do norte,
sob o nome de Astarte. E foi em consequência desse recrudescimento da
adoração de Ishtar que os sacerdotes babilónicos voltaram novamente a sondar as
estrelas; a Astrologia experimentou o seu grande renascimento na Mesopotâmia, a
leitura da sorte voltou a estar em voga e, durante séculos, o sacerdócio
deteriorou-se cada vez mais.
Melquisedeque
havia prevenido os seus seguidores para que ensinassem sobre o único Deus, o Pai
e Criador de tudo, e para que pregassem apenas o evangelho do favorecimento
divino, por intermédio exclusivamente da fé. Todavia, frequentemente, foi um
erro dos instrutores da nova verdade tentar ir muito adiante e suplantar a
lenta evolução pela revolução súbita. Os missionários de Melquisedeque na
Mesopotâmia elevaram o padrão moral a um ponto alto demais para o povo; foram
longe demais, e a sua nobre causa foi derrotada. Eles tinham por missão pregar
um evangelho definido, proclamar a verdade da realidade do Pai Universal, mas
enredaram-se na causa aparentemente meritória de reformar os costumes e, assim,
a sua grande missão desviou-se e perdeu-se na frustração e no esquecimento. Em
apenas uma geração, a sede de Salém em Kish chegou ao fim, e a propaganda da
crença num único Deus cessou virtualmente em toda a Mesopotâmia. No entanto, os
remanescentes das escolas de Salém sobreviveram. Pequenos grupos espalhados
aqui e ali continuaram a sua crença no criador único e lutaram contra a idolatria
e a imoralidade dos sacerdotes da Mesopotâmia. Foram os missionários de
Salém, do período seguinte à rejeição dos seus ensinamentos, que escreveram
muitos dos salmos do Antigo Testamento, inscrevendo-os na pedra, onde posteriormente
os sacerdotes hebreus os encontraram, durante o seu cativeiro, e incorporaram-nos subsequentemente
à coleção de hinos atribuídos a autores judeus. Esses belos salmos da Babilónia
não foram escritos nos templos de Bel-Marduk; foram o trabalho dos descendentes
dos primeiros missionários de Salém e fizeram um violento contraste com as
conglomerações de magia dos sacerdotes babilónios. O Livro de Jó é um reflexo
bastante bom dos ensinamentos da escola de Salém em Kish e em toda a
Mesopotâmia. Boa parte da cultura religiosa da Mesopotâmia encontrou o seu
caminho para a literatura e para a liturgia hebraica por meio dos trabalhos de Amenemope
e de Iknaton, no Egipto. Os egípcios preservaram, de um modo
notável, os
ensinamentos sobre as obrigações sociais, derivados dos primeiros anditas mesopotâmicos,
e perdidos, de um modo tão amplo, pelos babilónios posteriores que ocuparam o
vale do Eufrates.
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