O Livro dos Sábios (1870)
RESUMO GERAL - Por definições e aforismos
(XII Capítulos)
CAPÍTULO III - A NATUREZA
I - A natureza é inconsciente de si mesma. Não evidentemente um maquinista,
é uma máquina maravilhosa, porém, cega.
II - É como um balancim submetido ao movimento, que cunha medalhas admiráveis quando a matéria é boa, e que dá rascunhos confusos e disformes quando a matéria é má.
III - A matéria obedece ao espírito com uma resistência proporcional da debilidade da acção.
IV - A força da acção regular está na razão directa do desenvolvimento da vontade livre no motor inteligente.
V - O infinito cria infinito porém, progressivamente; de outra forma, o incriado criar-se-ia infinitamente a si mesmo; o que seria um absurdo.
VI - O progresso infinito é a falta corrigindo-se eternamente.
VII - O infinito incriado e o finito infinitamente criado são como linhas paralelas que se avizinham eternamente sem poder nunca juntar-se.
VIII - O infinito operando no finito fá-lo necessariamente de uma forma relativamente finita, ou seja, imperfeita; porém, sempre absolutamente perfeita nas relações do finito com o infinito.
XIX - O fogo eterno onde são rejeitados os imperfeitos, a vida colectiva e inferiormente progressiva.
XX - Quando o ser imperfeito se afirma como finito, julga-se perfeito porque sente viver nele o princípio eterno da perfeição progressiva.
XXI - Todo o ser imperfeito morre pela sua imperfeição, por que esta imperfeição atesta a necessidade imperiosa e fatal de uma perfeição maior.
XXII - Quando o ser imperfeito vai morrer por decrepitude, ou seja, por impotência, a natureza rejeita tudo o que poderia conservá-lo na sua imperfeição actual. Isso é certo para as religiões, impérios, civilizações e homens. Embalsamar e galvanizar cadáveres é render culto à morte; os que crêem na vida eterna não procuram imobilizar a morte, pelo contrário, favorecem o movimento regenerador da vida.
XXIII - Quando o homem envelhece, perde os seus dentes, os seus olhos velam-se, os seus pés e suas mãos embotam-se. É que a natureza lhe tira os meios de se conservar.
Quando os poderes devem cair, os governantes são atacados de incapacidade e de demência.
Rejeitam os homens de talento e não escutam senão os maus conselhos. Luís XVI considerava somente como amigos aqueles que o empurravam à sua perdição. Roma condenou a Lamennais e rejeita com todas as suas forças a eloquência do bispo Dupanloup, a ciência e o valor do padre Gratry, etc. Porém, favorece, aprova e dá alento a Luis Veuillot.
XXIV - A morte não aniquila senão o imperfeito; é como um banho de fogo que separa da sua aleação o metal puro.
É por isso que o Salvador do Mundo dá o nome de fogo eterno aqueles limbos da vida, onde a imperfeição necessita sempre da morte.
XXV - O finito desprende-se do infinito como por amputação. Os limites do finito são como uma ferida que a natureza se apressa a cicatrizar. Assim, forma-se as escamas que são a substância material dos mundos. Formam-se também escamas sobre as crenças finitas. São os dogmas materializados e as superstições que querem imobilizar-se.
XXVI - Desde há cento e cinquenta mil anos ou mais, que se sucedem raças humanas sobre a terra. Essas raças diferiram essencialmente umas das outras e pereceram pelas suas imperfeições.
XXVII - Estas raças não puderam ter mais que uma responsabilidade relativa ao seu desenvolvimento. Quando a natureza faz pobres, encarrega-se de pagar por eles. É por isso que se diz que Deus devia sofrer a morte para expiar as faltas dos homens; maneira de falar paradoxal que revela uma intuição ousada dos segredos da justiça eterna.
XXVIII - A raça actual perecerá como as outras e dá sinais de decrepitude. Os homens que virão depois de nós serão superiores, como nós somos superiores ao orangotango e ao gorila.
XIX - Estes serão responsáveis porque serão livres e Deus já não terá necessidade de morrer.
XXX - A natureza é lenta em operar as transformações que substituem as velhas raças pelas novas. Os povos nascem, crescem e envelhecem. A decadência de Roma assemelha-se à nossa, porém a raça humana não mudou. A maioria dos homens carece de lógica e de justiça. E, entretanto, ainda queremos o governo das maiorias.
XXXI - A natureza é aristocrática e monárquica. Os universos não tem mais que um sol, o homem não tem mais do que uma cabeça e o leão é sempre o rei do deserto.
XXXII - A verdade, a razão, a justiça, a lei, são rigorosamente da inteligência do homem. Basta, para isso, conhecer-lhe e ninguém subtrai-se impunemente da sua autoridade. Onde não reinam nem a verdade, nem a razão, nem a justiça, nem a lei; é a força fatal que decide; porém, sempre seguindo a lei de um equilíbrio providencial.
XXXIII - As forças fatais da natureza podem tornar-se auxiliares das raças humanas.
XXXIV - O homem não pode nada quando está só. As grandes forças inteiras, devem ser monárquicas, ou seja, dominadas por um homem de génio, é uma cabeça sem corpo. Uma multidão não dirigida por uma autoridade infalível e única, é um corpo sem cabeça.
XXXV - É a confiança dos discípulos que faz a autoridade do Mestre. Se um discípulo duvida da infalibilidade do Mestre não deve ir mais à escola. É a confiança cega dos soldados que faz a força do general. Um soldado que crê que o seu general erra, está na véspera de desertar. Os soldados obedientes são a força dos exércitos; os soldados indisciplinados e refractários são a sua debilidade. Para ser Mestre há que saber fazer-se obedecer. E, para isto, há que magnetizar as multidões.
II - É como um balancim submetido ao movimento, que cunha medalhas admiráveis quando a matéria é boa, e que dá rascunhos confusos e disformes quando a matéria é má.
III - A matéria obedece ao espírito com uma resistência proporcional da debilidade da acção.
IV - A força da acção regular está na razão directa do desenvolvimento da vontade livre no motor inteligente.
V - O infinito cria infinito porém, progressivamente; de outra forma, o incriado criar-se-ia infinitamente a si mesmo; o que seria um absurdo.
VI - O progresso infinito é a falta corrigindo-se eternamente.
VII - O infinito incriado e o finito infinitamente criado são como linhas paralelas que se avizinham eternamente sem poder nunca juntar-se.
VIII - O infinito operando no finito fá-lo necessariamente de uma forma relativamente finita, ou seja, imperfeita; porém, sempre absolutamente perfeita nas relações do finito com o infinito.
XIX - O fogo eterno onde são rejeitados os imperfeitos, a vida colectiva e inferiormente progressiva.
XX - Quando o ser imperfeito se afirma como finito, julga-se perfeito porque sente viver nele o princípio eterno da perfeição progressiva.
XXI - Todo o ser imperfeito morre pela sua imperfeição, por que esta imperfeição atesta a necessidade imperiosa e fatal de uma perfeição maior.
XXII - Quando o ser imperfeito vai morrer por decrepitude, ou seja, por impotência, a natureza rejeita tudo o que poderia conservá-lo na sua imperfeição actual. Isso é certo para as religiões, impérios, civilizações e homens. Embalsamar e galvanizar cadáveres é render culto à morte; os que crêem na vida eterna não procuram imobilizar a morte, pelo contrário, favorecem o movimento regenerador da vida.
XXIII - Quando o homem envelhece, perde os seus dentes, os seus olhos velam-se, os seus pés e suas mãos embotam-se. É que a natureza lhe tira os meios de se conservar.
Quando os poderes devem cair, os governantes são atacados de incapacidade e de demência.
Rejeitam os homens de talento e não escutam senão os maus conselhos. Luís XVI considerava somente como amigos aqueles que o empurravam à sua perdição. Roma condenou a Lamennais e rejeita com todas as suas forças a eloquência do bispo Dupanloup, a ciência e o valor do padre Gratry, etc. Porém, favorece, aprova e dá alento a Luis Veuillot.
XXIV - A morte não aniquila senão o imperfeito; é como um banho de fogo que separa da sua aleação o metal puro.
É por isso que o Salvador do Mundo dá o nome de fogo eterno aqueles limbos da vida, onde a imperfeição necessita sempre da morte.
XXV - O finito desprende-se do infinito como por amputação. Os limites do finito são como uma ferida que a natureza se apressa a cicatrizar. Assim, forma-se as escamas que são a substância material dos mundos. Formam-se também escamas sobre as crenças finitas. São os dogmas materializados e as superstições que querem imobilizar-se.
XXVI - Desde há cento e cinquenta mil anos ou mais, que se sucedem raças humanas sobre a terra. Essas raças diferiram essencialmente umas das outras e pereceram pelas suas imperfeições.
XXVII - Estas raças não puderam ter mais que uma responsabilidade relativa ao seu desenvolvimento. Quando a natureza faz pobres, encarrega-se de pagar por eles. É por isso que se diz que Deus devia sofrer a morte para expiar as faltas dos homens; maneira de falar paradoxal que revela uma intuição ousada dos segredos da justiça eterna.
XXVIII - A raça actual perecerá como as outras e dá sinais de decrepitude. Os homens que virão depois de nós serão superiores, como nós somos superiores ao orangotango e ao gorila.
XIX - Estes serão responsáveis porque serão livres e Deus já não terá necessidade de morrer.
XXX - A natureza é lenta em operar as transformações que substituem as velhas raças pelas novas. Os povos nascem, crescem e envelhecem. A decadência de Roma assemelha-se à nossa, porém a raça humana não mudou. A maioria dos homens carece de lógica e de justiça. E, entretanto, ainda queremos o governo das maiorias.
XXXI - A natureza é aristocrática e monárquica. Os universos não tem mais que um sol, o homem não tem mais do que uma cabeça e o leão é sempre o rei do deserto.
XXXII - A verdade, a razão, a justiça, a lei, são rigorosamente da inteligência do homem. Basta, para isso, conhecer-lhe e ninguém subtrai-se impunemente da sua autoridade. Onde não reinam nem a verdade, nem a razão, nem a justiça, nem a lei; é a força fatal que decide; porém, sempre seguindo a lei de um equilíbrio providencial.
XXXIII - As forças fatais da natureza podem tornar-se auxiliares das raças humanas.
XXXIV - O homem não pode nada quando está só. As grandes forças inteiras, devem ser monárquicas, ou seja, dominadas por um homem de génio, é uma cabeça sem corpo. Uma multidão não dirigida por uma autoridade infalível e única, é um corpo sem cabeça.
XXXV - É a confiança dos discípulos que faz a autoridade do Mestre. Se um discípulo duvida da infalibilidade do Mestre não deve ir mais à escola. É a confiança cega dos soldados que faz a força do general. Um soldado que crê que o seu general erra, está na véspera de desertar. Os soldados obedientes são a força dos exércitos; os soldados indisciplinados e refractários são a sua debilidade. Para ser Mestre há que saber fazer-se obedecer. E, para isto, há que magnetizar as multidões.
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