A HISTÓRIA SECRETA DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL
História que não vem nos compêndios escolares.
Encontrei nos meus arquivos este artigo muito interessante sobre a independência do Brasil. Como na altura limitava-me a juntar informação descurei a identificação e ano de publicação, apontando apenas o nome do autor do artigo.
(Fonte: Artigo de Carlos Cardoso Aveline)
Toda a História de Portugal, desde a sua fundação, foi fortemente influenciada por forças ocultas, por várias correntes Maçónicas, Templários e Rosacruzes.
Esta história não chega aos compêndios escolares, mas já há muita literatura sobre o assunto, que explicam perfeitamente por que razão um país tão pequeno, quase despovoado, conseguiu dominar meio mundo e nunca foi exterminado como era desejo de grandes potências daquelas épocas. (Nota: recomendo a obra Portugal Misterioso das Selecções do Reader's Digest)
Como eu já afirmei muitas vezes. Quem dominar o conhecimento detém o poder.
Portugal foi escolhido para dominar o mundo, em determinada época histórica.
Os acontecimentos foram manipulados para isso. O "ouro" dos Templários, que não era o ouro de metal, mas sim o repositório do conhecimento, veio para Portugal. Os Templários foram destruídos nos grandes centros iniciáticos europeus, excepto em Portugal. E daí a grande epopeia dos descobrimentos. (O Infante de Sagres, Grão Mestre Templário deu guarida aos templários perseguidos na Europa, dando origem à Ordem dos Hospitalários)
Como as sociedades secretas, pelo seu secretismo, são muito difíceis de serem estudadas, e muitas serem extensões de outras, é quase impossível determinar quem é quem.
Vamos ver então o que diz a história não convencional sobre a independência do Brasil:
A independência do Brasil foi resultado directo da acção do movimento maçónico. As organizações autónomas baseadas na tradição da maçonaria são fraternidades secretas ou semi-secretas que realizam reuniões ritualísticas. Buscam o aperfeiçoamento do ser humano através da vivência da fraternidade universal, da liberdade de consciência e da ruptura de dogmas religiosos. Mas, como todos os movimento baseados na liberdade de pensamento, as organizações maçónicas divergiam bastante umas das outras e deixavam à mostra as incoerências humanas, vaidades pessoais e lutas de poder dos seus integrantes, entre os quais estavam alguns do principais líderes das campanhas pela independência dos países latino-americanos e dos Estados Unidos, e dirigentes de revoluções liberais da Europa desde o século 18.
Para que se compreenda o processo da independência política do Brasil, é preciso ter claro – como destaca o historiador Caio Prado Júnior – que as monarquias de Portugal e Espanha estavam decadentes desde o século 17.
No século 18, a Espanha foi buscar apoio à França, enquanto Portugal se amparava, como sempre, à Inglaterra. A disputa entre Portugal e Espanha – grandes potências coloniais com economias pré-industriais e atrasadas – era, na verdade, um reflexo da guerra entre a Inglaterra e a França, as grandes potências mundiais da época.
A maçonaria, com a sua diversidade natural, também expressava essas contradições políticas, económicas e estratégicas. Na Inglaterra, os maçónicos defendiam a monarquia constitucional e serviam de ponta de lança da influência britânica sobre o mundo. Essa ideia de monarquia acabou por dominar nos primeiros tempos da independência brasileira. Mas na França, como nos Estados Unidos (que conseguiram a independência em 1776), os maçónicos defendiam o regime republicano, e divulgaram essa ideia por todo o mundo desde a revolução de 1789 com a tomada da Bastilha. O ideário republicano dessas correntes maçónicas teve consequências decisivas para os países da América latina.
Um dos motivos pelos quais a acção dos maçónicos ingleses era mais moderada no começo do século 19 devia-se ao facto de que lá não tinha sido necessária, no século 18, a violência da Revolução Francesa. Desde os tempos de Francis Bacon, a influência rosa-cruz e maçónica era bem maior e mais forte na Inglaterra, as ideias liberais como algo natural. Já na França, as elites negavam-se a aceitar qualquer modernização, apesar dos esforços de grandes maçónicos, e de sábios notáveis como Alessandro Cagliostro e o conde de Saint-Germain na segunda metade do século 18. A influência dogmática do Vaticano, muito forte na França, era pequena na Inglaterra. A irresponsabilidade cega das elites levou ao banho de sangue da Revolução Francesa.
Esta diferença entre as maçonarias francesa e inglesa explica, em grande parte, as lutas entre José Bonifácio, maçom moderado e monárquico constitucional, e a maior parte do movimento maçónico brasileiro, que era mais radical, principalmente no plano verbal, e tinha forte tendência republicana.
Não há dúvida de que os maçons republicanos foram influentes desde o começo do Brasil. Na Inconfidência Mineira, de inspiração claramente maçónica, Tiradentes e seus companheiros sonhavam com a República. A bandeira do movimento era um triângulo, símbolo maçónico, com a inscrição “Liberdade Ainda que Tardia”. Os iniciadores do movimento haviam sido admitidos pela maçonaria francesa e estavam entusiasmados pela independência dos Estados Unidos. O movimento foi descoberto e os seus integrantes passaram a ser presos a partir de Maio de 1789. Antes de morrer na forca e ter o seu corpo esquartejado em 21 de Abril de 1792, Tiradentes declarou:
“Se eu tivesse dez vidas, daria todas elas para que os meus companheiros não sofressem nada.”
Na verdade, a Inconfidência Mineira não estava ligada directamente à maçonaria, embora tenha sido inspirada pelo ideal maçónico. A primeira associação maçónica no Brasil – que ainda não era uma loja regular – foi fundada em Pernambuco pelo botânico Manoel de Arruda Câmara, em 1796, e ficou conhecida como o “Aerópago de Itambé”.
Foi devido à influência do Aerópago que eclodiu em 1817 a Revolução Pernambucana, liderada por diversos maçons e cujo ideal era, também, republicano. O movimento depôs o governador e proclamou a República em 6 de Março de 1817, resistindo pouco menos de três meses até ser derrotado pelas tropas imperiais. Os seus principais líderes foram enforcados, com a excepção de Frei Caneca, também maçom, que sobreviveu e iria mais tarde liderar com bravura a Confederação do Equador, em 1824.
A revolução de 1817 inicia a contagem regressiva para a independência política. Em 30 de Março de 1818, o rei português Dom João VI – que viera para o Brasil em 1808, com a sua corte de dez mil pessoas, fugindo das tropas de Napoleão – assinava o documento a proibir o funcionamento de sociedades secretas:
“Eu El-Rei faço saber (...) que se tendo verificado pelos acontecimentos que são bem notórios o excesso de abuso a que têm chegado as sociedades secretas (...) sou servido declarar por criminosas e proibidas todas e quaisquer sociedades secretas de qualquer denominação que sejam...”
Mas o avanço das ideias liberais, estimulado no mundo inteiro pelas maçonarias inglesa e francesa, já era inevitável. Os velhos regimes coloniais e as monarquias absolutistas estavam com os dias contados. Em Portugal, a revolução liberal de 1820 alterou radicalmente a situação e as Cortes (parlamento) portuguesas passaram a pressionar Dom João VI. Quando finalmente o rei deixou o Brasil e voltou para Lisboa, em Abril de 1821, as Cortes pretendiam fazer a sociedade brasileira voltar à situação de simples colónia, depois de haver sido sede do Império, e isso acelerou a ruptura.
O príncipe regente Dom Pedro fora aconselhado por seu pai a chefiar a independência caso esta fosse inevitável. Em 9 de Janeiro de 1822, ele cedeu a um movimento organizado por José Joaquim da Rocha e outros maçons e desobedeceu os decretos 124 e 125 das Cortes portuguesas, que alteravam a estrutura administrativa do Brasil e mandavam que o príncipe regente voltasse imediatamente a Portugal.
“Diga ao povo que fico”, anunciou Dom Pedro, firmando uma aliança com os maçons.
Em 13 de Maio, a loja maçónica “Comércio e Artes” deu a Dom Pedro o título de “Defensor Perpétuo do Brasil”. Crescia a influência de Joaquim Gonçalves Ledo. Poucos dias depois, José Bonifácio assumiu o cargo de ministro do Interior e do Exterior.
Nascido em Santos (SP) em 13 de Junho de 1763, Bonifácio era um homem de cultura extraordinária. Viajara por toda Europa e pertencia a diversas entidades científicas, tendo descrito 12 novos minerais. Falava e escrevia francês, inglês, alemão, grego e latim. Tinha uma percepção profundamente ética da vida. Defendia a reforma agrária, a preservação do meio ambiente e a abolição gradual da escravatura, e isso arranjou-lhe numerosos inimigos, inclusive entre os maçons republicanos. Bonifácio tinha uma visão de estadista. Olhava a longo prazo. Através da monarquia, pretendia preservar a unidade cultural e política do Brasil, ao contrário do que acontecia na América espanhola, que era republicana, mas que se esfarelava em pequenos países.
Joaquim Gonçalves Ledo, nascido no Rio de Janeiro em 1781, estudou medicina em Coimbra, mas voltou ao Brasil antes de terminar o curso, colocando-se em pouco tempo à frente da luta pela independência e fazendo da maçonaria o centro das novas ideias. Em Setembro de 1821 fundou o jornal Revérbero Constitucional Fluminense, que teve grande influência no surgimento de uma consciência nacional brasileira. Em 1821, liderou uma revolta republicana fracassada; no ano seguinte, estabeleceu uma aliança com Dom Pedro e José Bonifácio em torno de uma independência com monarquia, embora houvesse um grande número de republicanos entre os maçons.
Em 2 de Junho de 1822, meses depois do Dia do Fico, Bonifácio criou o Apostolado, organização semelhante à maçonaria, e nomeou Dom Pedro como seu chefe, com o título de “arconte-rei”. Meses antes do dia sete de Setembro, um dos lemas do “Apostolado da Nobre Ordem dos Cavaleiros da Santa Cruz” era, significativamente, “Independência ou Morte”. Como parte do juramento prestado ao ingressar na ordem, cada novo membro do apostolado dizia:
“Juro promover, com todas as minhas forças e a custo da minha vida e riqueza materiais, a integridade, a independência e a felicidade do Brasil, como império constitucional, opondo-me tanto ao despotismo que o altera como à anarquia que o dissolve. Assim Deus me ajude.”
As palavras do grito do Ipiranga, em 7 de Setembro, seriam, mais tarde, praticamente uma renovação deste compromisso por parte do futuro imperador. Gonçalves Ledo e os principais líderes do movimento emancipador eram membros do “Apostolado”.
A data da iniciação de Dom Pedro na maçonaria não parece estar bem estabelecida. Alguns autores falam de Maio de 1822. Outros indicam o dia 13 de Julho. Segundo aquele que é talvez o principal pesquisador maçónico da independência, José Castellani, Dom Pedro foi iniciado na maçonaria apenas no dia 2 de Agosto. De qualquer modo, em 17 de Julho Ledo organizou as lojas maçónicas no Grande Oriente do Brasil e ofereceu o cargo de grão-mestre a José Bonifácio, ficando com a posição imediatamente inferior, de primeiro vigilante. Dois dias depois, uma carta de Dom Pedro a seu pai deixava claro que a ruptura entre Brasil e Lisboa já era total:
“O Brasil, senhor, ama a vossa majestade, reconhecendo-o e sempre reconheceu como seu rei; (mas quanto às Cortes)... hoje não só as abomina e detesta, mas não lhes obedece, nem lhes obedecerá mais, nem eu consentiria em tal...”
Em obediência à estratégia traçada por José Bonifácio, principal conselheiro do príncipe, em 1º de Agosto, Dom Pedro assinou um “Manifesto aos Brasileiros”, redigido por Gonçalves Ledo, e um decreto tomando providências para a defesa militar e a vigilância dos portos brasileiros. Como proclamação da independência, o “Manifesto” é muito mais claro e poderoso que o Grito do Ipiranga, de 7 de Setembro., e tem valor legal e oficial, que o evento do riacho não possui. O nome do autor do Manifesto está claramente estabelecido. O Barão do Rio Branco escreveu:
“Foi Ledo quem inspirou todas as grandes manifestações daqueles dois anos da nossa capital, quem instigou o governo a convocar uma constituinte e quem redigiu alguns dos principais documentos políticos, como o manifesto de 1º de Agosto de 1822, dirigido por Dom Pedro aos brasileiros.”
No “Manifesto de Sua Alteza Real aos Povos deste Reino”, o príncipe regente proclama:
“Está acabado o tempo de enganar os homens. Os governos que ainda querem fundar o seu poder sobre a pretendida ignorância dos povos, ou sobre antigos erros e abusos, têm de ver o colosso da sua grandeza tombar da frágil base sobre que se erguera outrora... eu agora já vejo reunido todo o Brasil em torno de mim, pedindo-me a defesa dos seus direitos e a manutenção da sua Liberdade e Independência.”
No mesmo Manifesto de Primeiro de Agosto de 1822, o príncipe anuncia: “Mandei convocar a Assembléia do Brasil, a fim de cimentar a Independência Política desse Reino, sem romper contudo os laços da Fraternidade Portuguesa; harmonizando-se com decoro e justiça todo o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, e conservando-se debaixo do mesmo Chefe duas Famílias, separadas por imensos mares, que só podem viver reunidas pelos laços da igualdade de direitos, e recíprocos interesses.”
Independência, aqui, não implicava ainda total separação, mas sim uma completa autonomia:
No dia seguinte ao Manifesto de Primeiro de Agosto, Dom Pedro parece ter sido iniciado na maçonaria, mas não há consenso, entre os historiadores maçónicos, sobre a data exacta.
Três dias depois do Manifesto, ele foi elevado ao grau de mestre maçom. Em 7 de Setembro, ocorreu o Grito do Ipiranga. Em 9 de Setembro, em reunião maçónica no Grande Oriente do Brasil, Dom Pedro foi proclamado imperador. Os acontecimentos precipitaram-se. Em 18 de Setembro ele escreveu a Dom João VI anunciando que o Brasil não obedeceria mais às Cortes portuguesas. Em 12 de Outubro foi aclamado publicamente como imperador. O acordo entre José Bonifácio e os maçons, que era frágil de ambos os lados, desfez-se. A maçonaria havia exigido a Dom Pedro três papéis assinados em branco e o juramento prévio da futura Constituição, fosse qual fosse o seu texto. Como resposta, em 25 de Outubro, Dom Pedro fechou o Grande Oriente do Brasil, e, no dia 30, Bonifácio processou os principais líderes maçónicos.
Dia 3 de Novembro, Bonifácio ordenou a prisão de Gonçalves Ledo, mas ele escapou para a Argentina, onde foi recebido com honras pelos dirigentes da maçonaria local.
Em 3 de Maio de 1823, finalmente, foi instalada a Assembleia Constituinte. Em 7 de Julho, foi desfeita a condenação contra os líderes maçónicos e eles puderam voltar. José Bonifácio afastou-se do governo em 17 de Julho.
Em 16 de Novembro, Dom Pedro fechou a Assembleia Constituinte, e Bonifácio foi preso e desterrado para a França, onde ficaria por vários anos. Em Fevereiro de 1824, Dom Pedro outorgou a primeira Constituição brasileira.
Em 2 de Julho, o maçom Pais de Andrade, presidente da Junta de Governo de Pernambuco, lançou a chamada “Confederação do Equador”, proclamando a República, e pediu apoio dos Estados vizinhos. O movimento republicano foi vencido em Novembro e os seus líderes mortos. Nenhum carrasco aceitou enforcar Frei Caneca, como queriam as autoridades, e ele teve de ser fuzilado. Dom Pedro I abdicou do trono em 7 de Abril de 1831, e depois disso o Grande Oriente do Brasil foi reorganizado. Durante um breve tempo, houve então um acordo de paz entre José Bonifácio e Gonçalves Ledo.
As principais forças políticas da época tinham um comportamento mutável e incoerente. Não havia um projecto histórico claro, com a excepção do Brasil planeado por José Bonifácio. Esse foi o esboço de projecto histórico que acabou, em parte, por prevalecer: um país unido, que caminhasse em direcção à abolição da escravatura e à reforma agrária. Significativamente, o sonho político dos republicanos já é realidade, mas a reforma agrária ainda não ocorreu: é mais fácil mudar a forma do que a substância.
O movimento maçónico participou em todas as lutas daquele período, e até do período posterior à proclamação da República em 1889, expressando, pela sua actuação frequentemente desordenada e contraditória, os talentos e as fraquezas da alma brasileira. Cumprida uma etapa histórica, a maçonaria despolitizou-se, o que é bom.
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