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sábado, 20 de agosto de 2016


A QUARTA GUERRA MUNDIAL

 

http://novadesordemmundial.blogspot.com/2006/07/guerra-infinita.html


O neoliberalismo é, enquanto sistema mundial, uma nova guerra de conquista territorial. O fim da terceira guerra mundial, ou guerra fria, não quer de modo nenhum dizer que o mundo tenha ultrapassado a bipolaridade e reencontrado a estabilidade sob a hegemonia do vencedor. E isto porque, se houve um vencido (o campo socialista), torna-se difícil apontar o vencedor; os Estados Unidos? A União Europeia? O Japão? Os três?

A derrota do «império do mal» abre novos mercados cuja conquista provoca uma nova guerra mundial, a quarta.

Como todos os conflitos, também este obriga os Estados nacionais a redefinir a sua identidade. A ordem voltou aos velhos tempos das conquistas da América, da Africa e da Oceânia. Estranha modernidade esta que avança às arrecuas. O crepúsculo do século xx mais faz lembrar os anteriores séculos bárbaros do que o futuro racional descrito por tantos romances de ficção cientifica.

Vastos territórios, grandes riquezas e, sobretudo, uma imensa força de trabalho disponível esperam pelo seu novo senhor. O cargo de senhor do mundo é único, mas os candidatos são numerosos. Daqui decorre a nova guerra entre os que afirmam pertencer ao «império de bem».

Enquanto a terceira guerra mundial viu enfrentarem-se o capitalismo e o socialismo, em diferentes campos e com variáveis graus de intensidade, a quarta guerra trava-se entre grandes centros financeiros em teatros de batalha e com uma formidável e constante intensidade. Nesta nova guerra, a política, enquanto motor do Estado-nação, deixa de existir; só serve para gerir a economia.
E os homens políticos passam a não ser mais do que gestores de empresa.


Os novos senhores do mundo não precisam de governar directamente. Os governos nacionais encarregam-se de administrar os negócios por conta deles. A nova ordem é a unificação do mundo num único mercado. Os Estados mais não são do que empresas, com gerentes a fazer a vez de governos, e as novas alianças regionais parecem mais fusões comerciais do que federações políticas. A unificação que o neoliberalismo produz é económica: no gigantesco hipermercado planetário só as mercadorias circulam livremente, as pessoas não.
(Precisamente o que está a acontecer na União Europeia, Fronteiras fechadas só para as pessoas. As mercadorias podem circular. O neoliberalismo é a doutrina adotada. Passos Coelho quis implantar esse sistema em Portugal mas não teve tempo).

 

Esta mundializaçao faz também alastrar um modelo geral de pensamento. O american way of life, que tinha entrado na Europa com as tropas americanas, durante a segunda guerra mundial, depois no Vietname e mais recentemente no Golfo, estende-se agora a todo o planeta por intermédio dos computadores. Trata-se de uma destruição das bases materiais dos Estados-nação, mas igualmente de uma destruição histórica e cultural.

Todas as culturas que as nações forjaram -- o nobre passado indígena da América, a brilhante civilização europeia, a sábia história das nações asiáticas e a riqueza ancestral de Africa e da Oceânia -- são corroídas pelo modo de vida (ou morte) americano. O neoliberalismo impõe assim a destruição das nações e de grupos de nações para os fundir num único modelo. Trata-se pois realmente de uma guerra planetária, a pior e mais cruel, travada pelo neoliberalismo contra a humanidade.

E aqui estamos frente a um puzzle... para o reconstituir, para compreender o mundo de hoje, faltam muitas peças. Podemos no entanto encontrar sete para podermos ter esperança de que este conflito não desemboque na destruição da humanidade. Sete peças para desenhar, colorir, recortar e tentar reconstituir, juntando-as a outras, o quebra-cabeças mundial.

 

A primeira dessas peças é a dupla acumulação de riqueza e de pobreza nos dois pólos da sociedade planetária. A segunda é a exploração completa do mundo. A terceira é o pesadelo de uma parte da humanidade sem emprego. A quarta é a relação nauseabunda entre o poder e o crime. A quinta é a violência do Estado. A sexta é o mistério da megapolítica. A sétima são as formas multíplices de resistência que a humanidade desenvolve contra o neoliberalismo.


In "A 4ª Guerra Mundial Já Começou".

http://bilder-livros.blogspot.com/


http://senhoresdomundo.blogspot.com

A política, os políticos versus a democracia natural do trabalho.

É verdade que as ideologias e as ilusões políticas também são realidades sociais com efeitos reais, e que não é possível neutralizá-las por meio de proibições ou simplesmente ignorando a sua existência. A esse respeito, o ponto de vista da democracia do trabalho é o seguinte: as ideologias existem, e isso mesmo constitui um dos aspectos terríveis da tragédia do género humano. Mas o facto das ideologias políticas serem realidades palpáveis não prova que elas sejam necessárias. Do mesmo modo, a peste foi uma realidade social extremamente intensa, mas ninguém a considerará necessária ou concluirá, a partir da sua existência, que a peste é uma realidade tão importante como a existência de seres humanos. Foi precisamente a não diferenciação entre trabalho e política, entre realidade e ilusão; foi exactamente o erro de considerar a política como uma actividade humana racional, comparável ao trabalho, que permitiu coisas espantosas como o facto de um aprendiz de pintor fracassado (Hitler) ter podido desgraçar o mundo inteiro. Ora, um dos objectivos principais deste livro, que não foi escrito por prazer, é exactamente o de sublinhar esse erro catastrófico do pensamento humano e de extirpar o irracionalismo político. Outro dos aspectos da nossa tragédia social é que o conjunto dos agricultores, dos operários, dos médicos, etc, não determinem a existência social exclusivamente através das suas actividades sociais, mas sim e principalmente, por meio de ideologias políticas.

 

In Wilhelm Reich,"Psicologia de Massas do Fascismo".

http://novadesordemmundial.blogspot.com

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