ORDEM ROSACRUZ
Na
minha caminhada espiritual, passei por várias fases e no meu tempo não havia Internet nem a informação era livre,
pelo que passava-se tudo em segredo e de ouvido para ouvido.
Em
Portugal havia a Comissão de Censura para tudo o que era escrito, visto e falado
no país. A Polícia política perseguia todos aqueles que saíssem do
"sistema", principalmente quem se considerasse conotado com Ordens
esotéricas, ocultismo, maçonaria, espiritismo e tudo o mais que a Igreja
Católica e o Poder Político, em parceria, considerassem como pernicioso e
contra a religião vigente.
Deste
modo, a informação era passada na clandestinidade e até nem me lembro quando
comecei "a sério" a estudar e a aprender tudo o que se relacionasse
com o Espírito, fora da influência da Igreja de Roma. O que me lembro é que
comecei por me interessar pelo feiticismo e xamanismo, muito entranhado na
cultura indígena de Angola e indo avançando pelos médiuns e videntes que
operavam, mas talvez por serem uma fraude e nada representavam para segurança
do sistema, à vontade, mas sem dar nas vistas.
Num
grupo de amigos boémios que nos reuníamos de vez em quando, em Nova Lisboa, um
dos meus amigos apresentou-me a uma racionalista cristão, Sr. Marta da Cruz (Já
falecido) muito avançado no espiritualismo que foi o primeiro mestre que tive e
me ensinou tudo sobre espiritismo e diferenças entre o Racionalismo Cristão e o Espiritismo de Alan Kardek . Durante essa formação, apareceu na minha
vida um Racionalista Cristão que avançou para o ensinamento Rosa Cruz e me
arrastou para lá.
Estudei
toda a Filosofia Rosa Cruz do Cosmo e, até hoje foi a doutrina que mais me
agradou mas ainda havia muitas questões pela frente. Dentro desta fase de
estudo a curiosidade arrastou-me para o estudo do Induísmo, Budismo e
filosofias orientais, principalmente o mistério dos Lamas do Tibete, mas nunca
participei de rituais ou exercícios "espirituais". Limitei-me sempre
a observar.
Quando
cheguei a Portugal, ajudei uma personagem que se revelou como o Grão-mestre dos
Templários na Europa e por ele aprendi o ocultismo de Platão e Aristóteles e
outras filosofias ocultas egípcias e cheguei a conviver com o Exarca Arcebispo
Ortodoxo para toda a Europa, que me ensinou muito sobre esoterismo.
No
meio de toda esta informação de tantas doutrinas filosóficas, tinha a
necessidade de escolher o caminho correto para me desenvolver espiritualmente
e, realmente, tinha muitas dúvidas e a minha "intuição" me dizia que
faltava alguma coisa. A única coisa de que tinha a certeza é que a minha vida
decorreu sempre sem sobressaltos como se "alguém" aplanasse o meu
caminho para não tropeçar. Acreditava plenamente que tinha um Anjo da Guarda a
proteger-me.
Até
que, outra vez, sem eu procurar, apareceu na minha vida um amigo de infância
que passou por tudo o que eu passei na procura da vida espiritual e que me
procurou. Fiquei surpreso por o encontrar como Apóstolo protestante, curador e exorcista, um grau
acima de Pastor na hierarquia cristã protestante, que me veio completar a
formação de que necessitava, o estudo da Bíblia, para poder evoluir
conscientemente por mim próprio. Foi como que um "fim de curso".
Tornei-me
um Cristão Bíblico, porque a informação de tudo está na Bíblia e não sigo
rituais nem mandamentos das igrejas institucionais, acreditando em Deus e na
sua palavra que vem na Bíblia. Acredito na religião interior que todos nós
temos, que nos permite proceder conforme os imperativos da nossa consciência,
sem ser necessário ser obrigado pelas Leis escritas, rituais religiosos e obrigações
sociais. Quando chegamos a esta posição de não precisar de Leis escritas para
orientar o nosso comportamento moral numa sociedade (uma imposição), sabermos discernir
o que é do Espírito e o que é do mundo material (com as suas regras, é claro) e agirmos porque sabemos que está certo e é
o procedimento correto, podemos considerar-nos renascidos e com a
"espiritualização" amparada pelo Espírito Santo, num curso evolutivo
cada vez mais claro e mais compreensível para nós.
Respeito,
conscientemente, o que a Bíblia diz em Deuteronómio 18:9-14 que não devemos fazer sacrifícios de sangue, presságios,
praticar astrologia, adivinhação ou magia, encantamentos, espiritismo, invocação
dos mortos. Acredito no Salmo 115:4-8, Êxodo 20:3-4, Isaías 30:22 e Jeremias 32:34, que reprova e abomina todo o tipo de idolatria.
E,
não estou a pecar, portanto, quando aceito a Filosofia Rosa Cruz (com reservas em vários aspetos, porque deve
ter sofrido também algumas alterações assim como a doutrina Cristã o sofreu ao longo
dos séculos) mas que a minha intuição me diz que está correta porque teve
origem na Ordem onde Jesus foi preparado para a sua missão. Podemos aceitar o que
tem de bom.
O
que me agradou, logo à partida, é que os Rosacruzes não procuram recrutar estudantes
candidatos a futuros adeptos nem forçam ninguém a segui-los. Limitam-se a
ensinar a sua Filosofia, sem criticar ou considerar todas as outras filosofias
e religiões erradas. Partem do princípio que há vários caminhos para chegar a
Cristo, uns mais longos que outros, mais difíceis ou mais fáceis, mas que
chegam a Cristo. Cada um escolhe o caminho que quiser, sendo entretanto
elucidado dos perigos que o seu espírito corre. Como Deus não interfere com o livre arbítrio que cada um tem, a Ordem
também não quere interferir. Quem quiser estudar os seus ensinamentos tem de ser
proposta a sua entrada por um adepto Rosacruz. A entrada não é livre, como por exemplo,
não aceitam pessoas que sejam por profissão hipnotizadores, quiromantes, médiuns
ou astrólogos.
Assim,
transcrevo um texto do rosacruciano Francisco Marques Rodrigues (Revista Rosacruz nº 421) a explicar a
origem e objetivo da Ordem Rosacruz. Como é normal, há outras correntes que poderão
intitular-se como Rosacruzes, como sucede nos Templários, talvez interessadas
ou arrastadas para o idolatrismo, bem como podemos correr o risco de a
"verdadeira" e oculta doutrina, talvez diferente e opressora, ser do
conhecimento das hierarquias mais elevadas. Mas a doutrina original é esta e
acho correta. Fiz alguns sublinhados em negrito.
NÓS E CRISTO
Muitos
dos nossos leitores pedem-nos para lhes dizermos algumas palavras sobre a
origem dos Rosacrucianos e da sua filosofia; por isso damos hoje satisfação a
esses pedidos, ainda que de modo sucinto, como não pode deixar de ser, visto
que os moldes da nossa revista não nos permitem ir mais longe.
Somos
os continuadores de uma antiga e mística Ordem que, no tempo de Moisés, se
chamava dos "NAZIREUS", mais tarde dos "NAZAREUS" e, no
tempo de Jesus, "NAZARENOS" (Nota minha: Hoje, por documentos encontrados,
de "Essénios").Não vivemos com a austeridade desses tempos, nem temos
a sua organização comunitária; mas procuramos seguir a sua orientação nos
estudos e na vida prática.
Jesus
Cristo nasceu no seio desta mística Ordem e por ela foi educado. Depois quando
deu início à sua obra messiânica, criou um corpo de doutrina que ensinou aos
seus discípulos com o fim de a espalharem pelo mundo. Por isso nós somos os
continuadores dessa Ordem, embora sem os rigores de então. E como eles, nada impomos. E se uma vez ou outra
falamos um pouco mais ao vivo, não é para magoar ninguém, mas para despertar consciências adormecidas e as
chamar à prática do bem, para que estejam em harmonia com o plano divino.
Não
é por ódio que castigamos a impostura, nem a maldade daqueles que se dizem
iniciados, mas para os acordar do pesado sono em que vivem criminosamente. E
dizemos "criminosamente" porque do seu comodismo e ignorância, a que
chamamos sono, resultam males que prejudicam a humanidade inteira, criando
dificuldades à sua evolução normal.
Todos temos responsabilidades quando
fazemos mal e quando deixamos de praticar o bem. Por isso cometemos
um crime não seguindo a divina Lei, e nestas condições teremos de sofrer a pena
devida por esse delito. E foi pela mesma razão que João, o Baptista, usou uma
linguagem tão viva, realista; e o seu primo Jesus fez o mesmo; Paulo e todos os
grandes homens do cristianismo seguiram os seus exemplos.
Nós,
que pelo coração e pelo cérebro seguimos Cristo, também usamos a mesma
linguagem, não para ferir, mas para ajudar aqueles que se afastam do caminho a
ver melhor e a voltar a ele, e a aproveitarem melhor o seu tempo e o seu
esforço no sentido de um mais firme avanço na senda evolutiva, para que
ascendam mais rapidamente ao estado de super-homens (?) (Nota minha:
nunca pensamos em ser super-homens, mas sim em ascendermos a patamares mais
evoluídos em direção à Luz. Cristo disse-nos: eu sou a Luz, sou a Vida,
sigam-me)
Por
esta razão poderosa, entre nós e Cristo há um laço que procuramos fortalecer carinhosamente,
pois procuramos sempre o seu caminho e chamar a ele quantos já estiverem
suficientemente amadurecidos para compreenderem a doutrina e filosofia e por
elas orientarem constantemente a sua conduta.
Usamos
linguagem viva, contundente? É natural. Mas uma coisa decerto orienta o nosso
estilo simples: ajudar os nossos irmãos a verem melhor os lados dos problemas
que sobrecarregam e levar-lhes a luz para o cérebro e para o coração, com o
propósito de moderar a sua obstinação no caminho do erro que os leva à prática
da maldade, ensinando-lhes como podem transformar o mal em bem. E nisto há
apenas o que chamamos amor cristão.
Não
batalhamos por uma causa terrena, grosseira, sempre efémera e ilusória, mas por
um objetivo de natureza sublime, que é a perfeição máxima a que todos estamos
destinados com o fim de nos graduarmos para mais elevadas dignidades.
O
que pertence a este mundo – dinheiro, poderio, prazeres da carne – tudo termina
aqui; mas o que nós buscamos amorosamente pertence ao plano espiritual e
divino, por isso mesmo eterno, e irá connosco quando findarmos os nossos dias
sobre a Terra. Por este motivo sabemos que a nossa ciência não pode ser
aprendida por muitos, mas somente por aqueles que, pelo muito que já viveram,
gozaram e sofreram, estão agora ansiosos de novos rumos. De maiores alturas
espirituais. Cristo assim nos ensinou: o corpo, tal como se formou, há-de
desfazer-se; mas o espírito, esse é de natureza eterna e por esse facto não
ficará sujeito às leis deste mundo, pois a sua esfera não é a Terra, mas o que
se chama Céu, num estado de suprema ventura a que todos havemos de chegar algum
dia, quer sejamos crentes ou descrentes; e teremos de repartir com outros essa
aventura, para os ajudar na ascensão a mais elevadas posições.
Não
está vedado aos seres humanos o prazer terreno, mas sim o abuso dele, o desvio
da lei divina. Por isso, o que pretendemos é moderar a fúria do mal,
aproveitando as energias para as sublimar. E, assim, mudando a sua natureza,
diminuiremos o mal aumentando o bem. Mas
o pendor dos seres humanos é para o mal, para esmagar os que não pensam de
igual modo e, nestas circunstâncias, temos de enfrentar as ousadias
intemeratas da ignorância. E isto pede reações vivas, realistas, como aquelas
que sempre usaram os intemeratos pioneiros do cristianismo.
Eles,
e nós, não usaram nem usamos esses termos para ofender seja quem for, mas para os despertar do pesado sono em que
vivem, para chamar as ovelhas perdidas para o caminho da cristificação.
Somos
cristãos. Por isso, a nossa linguagem tem de ser límpida, sem artifícios
enganadores, viva, reprovadora de tudo quanto não for cristalino, puro.
R.
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