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quinta-feira, 17 de novembro de 2016


AO QUE OS NOSSOS POLÍTICOS CHEGARAM

Um país sem valores, sem ética, sem justiça… um país dominado por predadores "criados" nas juventudes partidárias, sem o mínimo de responsabilidade nem experiência de vida. Tudo lhes foi "dado" e agora "tiram" aos mais fracos porque não conhecem outro modo de vida.

Alberto João Jardim, num discurso seu, afirmou que somos governados por políticos medíocres resultantes da rebaldaria do ensino depois do 25 de Abril, sem formação, sem valores, sem ética… sem nada.

Leiam o anexo que junto. Ao que nós chegamos…

OS POLÍTICOS DOUTORES DA MULA RUSSA
05 AGOSTO, 2014

Doutores da mula russa, políticos usam universidades privadas para criarem um currículo confiável, e iludir os eleitores. Rui Verde, ex-reitor da Universidade Independente (UnI) publicou o livro «Processo 95385 - como Sócrates e o poder político destruíram uma universidade»

Um livro que expõe a realidade sobre a formação académica dos políticos e que vem confirmar aquilo de que todos já suspeitávamos. A promiscuidade, a ilegalidade e a falta de moral de algumas universidades privadas que servem apenas para mascarar oportunistas políticos de pessoas idóneas e bem formadas. Uma farsa legalizada levada a cabo com o intuito de permitir que os políticos tenham mais facilidade em enganar os eleitores e assim poderem conquistar um lugar ao sol no mundo fácil da política, onde o dinheiro fama e glória abundam, onde o trabalho escasseia, e onde a justiça e responsabilidade não existem.

As poucas frases da contracapa dão o mote e apontam mesmo ao coração do mostrengo que nos domina a vida coletiva: "Em Portugal há um sistema de poder opaco que se entretém em disputas florentinas que levam o país ao caos (...) Esse sistema necessita desesperadamente de dinheiro. Da Europa, de Angola, do Brasil, de Macau, seja de onde for. E domina toda a sociedade e o Estado."

Verde afirma "o país está entregue a jovens profissionais que dominam por completo o aparelho dos partidos e não têm ideologia a não ser a própria carreira, o seu caminho até ao poder. Não sabem o que é a sociedade, pagar ordenados ao fim do mês, etc."

Rui Verde acredita que José Sócrates não se licenciou devidamente e apresenta fotocópias de documentos que guardou em 2007 no auge do caso da licenciatura. Porque não falou Verde na altura? O mesmo explica que o ia fazer e no mesmo dia em que aprazara uma conversa (em que confirmaria a manchete do Público sobre o assunto), com a jornalista do Expresso Mónica Contreras... foi preso.

Após a prisão, Verde acha que perdeu toda a credibilidade e tanto lhe fazia confirmar tudo como nada. É assim, a explicação. Calou-se porque foi travado, segundo conta e considera por isso ter existido cabala de um certo poder político-judicial para o tramar definitivamente. " Quem vai acreditar num preso que diz que Sócrates não é licenciado?"

Rui Verde acha que os pivots da história de José Sócrates na Independente são Armando Vara, António Morais, o professor das equivalências e das cadeiras que faltavam e ainda um tal Filipe Costa, chefe de gabinete de Alberto Costa, então ministro da Justiça.

Como acredita que houve cabala, mete ao barulho o poder judicial para lhe tentar definir o contorno, de um modo interessante. Rui Verde foi casado com uma juiz que foi monitora no CEJ e assessora no STJ e por essas e outras acha mesmo que a meteram no processo para atingir a magistratura. Quem? Os tais pivots, mais o maioral, o "chefe" que saiu disto tudo airosamente e por causa do poder que temos em Portugal. Incluindo o mediático.

Portanto, a prisão de Rui Verde, para este e segundo o que escreve no livro é um ardil para atingir outros objetivos. E a lógica de raciocínio só esquece uma coisa importante: os factos. Como disse logo no princípio do livro que não ia escrever sobre os factos que o conduziram ao julgamento em que é arguido juntamente com outros, temos uma versão truncada e muito, mas mesmo muito, subjetiva do que se passou. Contudo, no que se refere à apreciação do poder da elite em Portugal, o livro é uma lufada de ar fresco no bafio mediático geral.

Como exemplo de conspiração bem-sucedida do poder político contra o poder judicial (que é um facto) e que contraria o que Rui Verde considera ser o maior travão ao poder político assim delineado, que são os juízes e o poder judicial em geral, Rui Verde aponta a revisão do Código de Processo Penal em 2007, como um fenómeno curioso.

Diga-se que Rui Verde considera que os atrasos da justiça penal em Portugal, em vez de serem um mal em si mesmos, constituem uma espécie de válvula de escape para os desmandos, abusos e arbítrios (de que se sente vítima, claro está) e que as regras minuciosas impedem esses abusos.

Por isso mesmo, ao analisar a tal revisão do CPP de 2007, ao contrário do que muitos magistrados disseram, acaba por considerar que tal revisão conferiu ainda mais poder aos "agentes judiciais". "Continua a seguir-se a tradição germânica - que tanto jeito deu a Hitler- das cláusulas indeterminadas ou gerais, o que é inaceitável em termos jurídico penais."

Perante tal código acha mesmo que "Nunca foi tão importante saber o que os juízes comeram ao pequeno-almoço, com que disposição vão para o tribunal. A ciência do Direito é cada vez menos ciência e mais psicologia judiciária. Um horror."

O namoro com o poder nos bastidores de uma universidade

Almoços de negócios em escritórios de empresas onde quase sempre há um “mordomo fardado de branco” e se come “invariavelmente peixe”, seja com “ministros, presidentes de bancos ou empresários”. Cumplicidades. Trocas de favores.

Rui Verde, ex-dirigente da extinta Universidade Independente, um homem que desde sempre teve “uma certa inclinação pelo PSD”, escreve sobre as relações desta instituição de ensino privada com os políticos. E sobre a sua própria tentativa de aproximação à política – começou por tentar singrar contratando três agências de comunicação.

No livro O Processo 95385 (Livros d’Hoje - Publicações Dom Quixote e Exclusivo Edições), aquele que é um dos 24 arguidos no processo Universidade Independente, a instituição de ensino privada que fechou portas em Outubro de 2007 a mando do então ministro Mariano Gago, fala também dos “jotas”, governantes e ex-governantes dos dois principais partidos políticos que passaram pela instituição de ensino. E dos dias na prisão. “Aqueles advogados caros que eu tinha sustentado ou aqueles que tinha lançado na profissão desapareceram. Fui preso sozinho.”

1. A Independente e os “jotas

“A universidade era um ponto de encontro para os políticos”, escreve Rui Verde. Que claramente não tem grande opinião de muitos dos que lá passaram. “Jovens ambiciosos procuravam nela algum título para decorar a sua ignorância.”

E continua: “Tivemos muitos alunos provenientes das chamadas ‘jotas’ (...) a maioria queria o diploma apenas por uma questão de respeitabilidade externa. Faltavam o mais que podiam às aulas, procuravam inventar as mais estranhas épocas de exame e o curioso é que a lei os favorecia: bastava uma candidatura qualquer e todo o processo de avaliação era subvertido.

Não me recordo de favores concretos, mas recordo um laxismo e desinteresse completo pelo saber (...).

Saber, para eles, é conhecer quem mexe os cordelinhos na concelhia, quem nomeia o diretor do hospital e por aí adiante.”


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