Arquivo do blogue

quarta-feira, 14 de setembro de 2016




OS PORTUGUESES NÃO TÊM EMENDA




A culpa das nossas agruras podem ser imputadas a D. Afonso Henriques (como muitos dizem) porque este canto da Península Ibérica, pobre em tudo, não pode sustentar uma Nação. Estaríamos melhor se fossemos espanhóis.

Eu não penso assim, porque há exemplos de Nações europeias, mais pequenas que Portugal, com menos população, sem riquezas naturais (Bélgica, Holanda e Dinamarca, por exemplo), e que têm um nível de vida ótimo, com um sistema de segurança social na saúde e pensões eficaz (Se alí dá, porque razão não há de dar em Portugal o mesmo sistema).

São melhor governadas e os seus "líderes" deslocam-se em transportes públicos e não têm as mordomias que abundam em Portugal. Esta atitude mostra uma característica altamente responsável e adequada para motivar os cidadãos a respeitar, amar e sacrificar-se, quando necessário, pela comunidade.

Talvez uma União Ibérica fosse a melhor solução. Um País com três ou quatro Nações federadas. (Portugal, Espanha e regiões autónomas, por exemplo).

Os portugueses habituaram-se a viver à custa de outros povos. Logo para se tornarem independentes os "cruzados", de passagem, lutaram por eles. Em toda a sua história foram "salvos" imensas vezes pelos seus protetores, principalmente a Inglaterra, e conseguiram vingar pela exploração constante de outros povos.

Pelas riquezas vindas do oriente e ocupações sangrentas em que os vice-reis nunca cumpriram a sua palavra e agiram sempre traiçoeiramente. As especiarias do oriente, principalmente, permitiram encher os cofres do tesouro.

Seguidamente, quando a concorrência já era muita, enriqueceram com a escravatura e a exploração das riquezas do Brasil. Quando expulsos do Brasil restaram as colónias com a continuação do trabalho escravo até praticamente o 25 de Abril de 1974.

Nas colónias não se podiam instalar industrias ou agricultura que concorressem com as indústrias e produtos agrícolas do Continente e eram obrigadas a comprar tudo o que os portugueses produziam, produtos de baixa qualidade porque era um mercado sem concorrência, ao preço que queriam. Em contrapartida os produtos das colónias, principalmente cereais, algodão, café, queijos, enchidos, etc., eram "vendidos" ao Continente a baixos preços e as riquezas naturais depois de exportadas (ouro, diamantes, ferro, petróleo, milho, algodão) eram pagas pelos importadores diretamente ao Continente que, por sua vez, depois da desvalorização da moeda colonial face ao escudo português, e respetivas taxas, era enviado o remanescente para a colónia respetiva.

Quando acabaram as colónias, a indústria do Continente ressentiu-se (e muito) pois não conseguiam colocar os produtos de baixa qualidade noutros países. A maior parte do comércio estava falido e o "oxigénio" que precisavam veio das ajudas das Nações para apoio aos "retornados".

Foi uma fase de "vacas gordas" em que muitos enriqueceram e muitos "negócios" foram recuperados.

Mas esta fase tinha de chegar ao fim, e pela corrupção e má governação, como é apanágio neste pobre país, o FMI teve de vir "ajudar" pela primeira vez.

Felizmente abriu-se outra torneira. A entrada na CEE. Rio de dinheiro para Portugal que, como sempre, serviram para tudo menos para a consolidação das contas do país. Mais corrupção e "desvios". Nunca há responsáveis.

Até que a torneira da Comunidade Europeia fechou e Portugal passou a ser um membro doador para as novas Nações que entravam para a E.U. e estragou-se tudo. Portugal afundou-se como seria previsível para quem estudou toda a nossa história.

Um exemplo que encontrei no livro "Radiografia Militar" do major Manuel Barão da Cunha, que acompanhou a revolução do 25 de Abril, publicado pela editora O SÉCULO.

"Uma fotografia do Expresso de 13.7.74 tem a seguinte legenda: Palma Carlos e os ministros (…) que com ele se solidarizaram, quando apresentou o seu pedido de demissão, jantaram ontem em Lisboa, no Tavares (ao almoço, estiveram lá Mário Soares, com mais 17 pessoas), presentes também elementos dos gabinetes de alguns ex-membros do Governo".

Também no Expresso, em 7.9.1974, vem: "No domingo à noite, o ministro dos Negócios Estrangeiros cubano jantará no Tavares com Mário Soares, Jorge Campinos, Vítor Alves, Álvaro Cunhal, Magalhães Mota, Salgado Zenha, além do encarregado de negócios do seu país e de altos funcionários do Ministério dos Negócios Estrangeiros português."

Este restaurante de luxo tornou-se notícia. Será para isto que é necessária verba tão volumosa de despesas de representação? Quantas viúvas, órfãos, deficientes, reformados conhecem o "Tavares"? Terá razão de existir um restaurante de luxo e snobismo num "Portugal renovado"? Recentemente na Alemanha, talvez o país mais rico da Europa, um estrangeiro, convidado do governo germânico, visitou a Universidade militar de Munique. Não almoçou no "Tavares rico" de lá. Pegou numa bandeja e sentou-se a uma mesa de refeitório comendo precisamente o almoço do dia, como os professores, alunos e empregados alemães. Será assim que daremos lições de democracia? Podemos estranhar que não nos levem a sério, por essa Europa fora, quando queremos dar lições democráticas e acusamos de fascistas os Alemães e Espanhóis?

Na realidade, os restaurantes caros como o "Tavares" e a "Varanda do Chanceler" continuam a ser frequentados, com prejuízo de outras realizações mais urgentes e importantes.

É sempre assim. Hoje cortaram em tudo, pela crise, menos nas mordomias dos políticos e financeiros que continuam as suas vidas de luxo à custa do povo.

Afinal nada vale mudarem os regimes políticos, ou os partidos do arco da governação, quando a mentalidade dos homens continua a mesma.

A esperança dos nossos líderes, que não revelam ao povo, é que a Europa se transforme numa união de estados federados como os EUA. Rezam pelos Estados Unidos da Europa, onde Portugal possa beneficiar, no seu cantinho, sem muito esforço e com as mordomias políticas que já têm no parlamento europeu.

Sem comentários:

Enviar um comentário