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segunda-feira, 19 de setembro de 2016



27 Maio, 2014

 

Este panorama assustador apenas é possível quando os países são governados por governos fracos e corruptos. Os países ricos e poderosos, forçam os países mais fracos, devastados pela corrupção e com governos vendidos, a fazer o que os países ricos precisam para se manterem ricos e poderosos. Exercem uma força cobarde que empurra países como Portugal e Grécia, para um fosso, fosso esse muito útil para os Lordes da Europa. Por exemplo...


A Alemanha está a vender pouco leite? Subsidiam-se os portugueses e gregos para desmantelarem a sua indústria leiteira. Rapidamente o mercado fica mais aliviado, porque se elimina a concorrência fingindo-se que se está a ajudar o país com subsídios, mas apenas o estão a retirar do mercado e a torna-lo num país dependente. (o homem que nunca se engana foi atrás desta vaga e desmantelou a nossa industria).


A França está a vender pouco vinho? Dá-se um subsídio para abater vinhas aos pobre-coitados que tenham governos burros e corruptos. E eis que a França vende vinhos com fartura. (Idem)


A Inglaterra está a vender pouco peixe? Mandam-se subsídios para os portugueses abaterem a frota pesqueira. Mas parece que ninguém quer ver a gravidade destas situações. Nem os governos que se vendem e vendem a soberania de um país... nem o povo que os continua a eleger uma e outra vez. Os países mais fracos ficam cada vez mais fracos, passam de activos concorrentes a passivos consumidores e ainda se tornam assíduos clientes do BCE, pois um país que não produz, rapidamente cai em dívidas. Cai no ciclo vicioso desequilibrado e insustentável que é o de se importar cada vez mais e exportar cada vez menos. (Devemos este mau trabalho que lesou o país a um cavaco que nem para uma lareira serve).

Outro exemplo... como criar milhões de clientes, escravos de juros que enriquecem bancos?


Ajudas a Portugal e Grécia foram resgates aos bancos alemães. Philippe Legrain, foi conselheiro económico independente de Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, o que lhe permitiu acompanhar por dentro o essencial da gestão da crise do euro. A sua opinião, muito crítica, do que foi feito pelos líderes do euro, está expressa no livro que acabou de publicar “European Spring: Why our Economies and Politics are in a mess”. A tese do seu livro é que a gestão da crise da dívida, ou crise do euro, foi totalmente inepta, errada e irresponsável, e que todas as consequências económicas e sociais poderiam ter sido evitadas.

@-Porque é que as coisas se passaram assim? O que é que aconteceu?


Uma grande parte da explicação é que o sector bancário dominou os governos de todos os países e as instituições da zona euro. Foi por isso que, quando a crise financeira rebentou, foram todos a correr salvar os bancos, com consequências muito severas para as finanças públicas e sem resolver os problemas do sector bancário.



O problema tornou-se europeu quando surgiram os problemas da dívida pública da Grécia. O que teria sido sensato fazer na altura – e que era dito em privado por muita gente no FMI e que este acabou por dizer publicamente no ano passado – era uma reestruturação da dívida grega.


Como o Tratado da União Europeia (UE) tem uma regra de “no bailout” [proibição de assunção da dívida dos países do euro pelos parceiros] – que é a base sobre a qual o euro foi criado e que deveria ter sido respeitada – o problema da Grécia deveria ter sido resolvido pelo FMI, que teria colocado o país em incumprimento, (default), reestruturado a dívida e emprestado dinheiro para poder entrar nos carris. É o que se faz com qualquer país em qualquer sítio. Mas não foi o que foi feito, em parte em resultado de arrogância – e um discurso do tipo ‘somos a Europa, somos diferentes, não queremos o FMI a interferir nos nossos assuntos’ – mas sobretudo por causa do poder político dos bancos franceses e alemães.


É preciso lembrar que na altura havia três franceses na liderança do Banco Central Europeu (BCE) – Jean-Claude Trichet – do FMI – Dominique Strauss-Kahn – e de França – Nicolas Sarkozy. Estes três franceses quiseram limitar as perdas dos bancos franceses. E Angela Merkel, que estava inicialmente muito relutante em quebrar a regra do “no bailout” (Não dar fianças ou ser fiador), acabou por se deixar convencer por causa do lobby dos bancos alemães e da persuasão dos três franceses. Foi isto que provocou a crise do euro.

@ - Como assim?


Porque a decisão de emprestar dinheiro a uma Grécia insolvente transformou de repente os maus empréstimos privados dos bancos em obrigações entre Governos. Ou seja, o que começou por ser uma crise bancária que deveria ter unido a Europa nos esforços para limitar os bancos, acabou por se transformar numa crise da dívida que dividiu a Europa entre países credores e países devedores. E em que as instituições europeias funcionaram como instrumentos para os credores imporem a sua vontade aos devedores. Podemos vê-lo claramente em Portugal: a troika (de credores da zona euro e FMI) que desempenhou um papel quase colonial, imperial, e sem qualquer controlo democrático, não agiu no interesse europeu mas, de facto, no interesse dos credores de Portugal. E pior que tudo,
impondo as políticas erradas


Já é mau demais ter-se um patrão imperial porque não tem base democrática, mas é pior ainda quando este patrão lhe impõe o caminho errado. Isso tornou-se claro quando em vez de enfrentarem os problemas do sector bancário, a Europa entrou numa corrida à austeridade coletiva que provocou recessões desnecessariamente longas e tão severas que agravaram a situação das finanças públicas. Foi claramente o que aconteceu em Portugal.


As pessoas elogiam muito o sucesso do programa português, mas basta olhar para as previsões iniciais para a dívida pública e ver a situação da dívida agora para se perceber que não é, de modo algum, um programa bem-sucedido. Portugal está mais endividado que antes por causa do programa, e a dívida privada não caiu. Portugal está mesmo em pior estado do que estava no início do programa.

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