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sexta-feira, 23 de setembro de 2016


O meu testemunho

 

Hoje, não sei porquê, resolvi dar o meu testemunho sobre episódios da minha vida, publicando um na minha página inicial do Facebook, outro na minha página "curiosidades", também no Facebook, e aqui neste blogue.

 

Quero falar sobre um episódio em que fui inconveniente para um necessitado, dando ouvidos á má-língua que sempre aparece quando alguém está na mó de baixo.

 

Numa aldeia, onde tenho uma vivenda rústica, herdada pela minha mulher e onde investi o suficiente para a transformar num local acolhedor e com todos os benefícios como se estivesse na minha casa em Lisboa, um homem apareceu-me uma vez a pedir dez euros "emprestados" porque se não pagasse a conta da luz ela seria cortada no dia seguinte.

 

Felizmente, ainda tenho possibilidades para isso, não hesitei em "emprestar-lhe" os dez euros. Como eu estava de passagem, o homem ficou de me devolver esses dez euros no ano seguinte quando eu fosse lá passar o Verão.

 

Pessoas da Aldeia avisaram-me contra esse homem, dizendo que era um bêbado, ladrão e que não queria trabalhar. Ou seja: pela minha experiência de vida já sei que todos "malham" e fazem juízos de valor sobre aqueles que estão na mó de baixo e sem defesa nenhuma.

 

Normalmente vou para a Aldeia passar cinco meses de "Verão". Quando começa o frio e a chuva regresso a Lisboa. No ano seguinte, quando fui passar o Verão na Aldeia, o mesmo homem procurou-me outra vez e em vez de me devolver os dez euros emprestados, pediu-me outros dez euros.

 

Eu, influenciado pelo que tinha ouvido sobre o carácter daquele homem, sem ouvir sequer a sua versão, fui inconveniente para ele chamando-lhe a atenção sobre o que me devia e no seu "esquecimento" em me dar uma satisfação e estar novamente a pedir descaradamente.

 

"Corri" com ele pura e simplesmente.

 

Hoje, como faço habitualmente, abri a Bíblia à sorte e destacou-se imediatamente sob o meu olhar Lucas 27, sobre a gratuitidade nas relações.

 

Este caso, já esquecido por mim, veio à tona, depois do que li dos versículos 27 a 36 onde é salientado que "Dá a quem te pede e, se alguém se apodera do que é teu, não lhe peças que to devolva" e "fazei o bem e emprestai, sem esperar coisa alguma em troca…"

 

E nos versículos 37 e 38 também vem muito bem salientado que só Deus pode julgar.

 

Em suma: A vida em sociedade é feita de relacionamentos de interesses e reciprocidade que geram lucro, poder e prestígio. Os Evangelhos dizem que numa sociedade justa e fraterna as relações devem ser "gratuitas" à semelhança do amor misericordioso do Pai. E que as relações numa sociedade nova não devem ser de julgamento e condenação, mas de perdão e doação. Só Deus pode julgar.

 

Como já devem ter percebido é muito difícil atingir este estado de perfeição. A pessoa para "compreender" e para "agir deste modo" tem de estar numa fase muito avançada de espiritualização.

 

Veio-me à mente o episódio sobre o "empréstimo" dos dez euros e a minha indignação contra o necessitado, fazendo um juízo de valor sem conhecer profundamente os factos que o levaram a chegar àquele ponto. Observei sim que o indivíduo estava profundamente debilitado e com uma cor terrosa (sintoma de estar possuído por uma legião de demónios que o puxam cada vez mais para baixo até sucumbir). Pus-me no lugar dele, na falta de autoestima e na necessidade de pedir "emprestado" em vez de pedir uma "esmola", sabendo perfeitamente que nunca terá condições para devolver o que está a pedir. Uma questão de tentar manter uma "dignidade" que ninguém lhe dá e viver nessa ilusão que ainda está cá e quer ser útil mas ninguém o permite porque é logo "derrubado" pela má-língua e juízos de valor que não têm o direito de fazer. As pessoas "educadas" são mais subtis na forma de conseguirem uma via de "escape" que os faça esquecer a triste situação em que se encontram, vivendo numa ilusão. Estes indivíduos, na maioria analfabetos, procuram esse mundo de ilusão, essa via de "escape" na bebida.

 

Terá sido coincidência abrir a Bíblia precisamente naquele ponto? Não. Não há coincidências. Deus falou-me como faz com todos nós, só que cada um entende conforme a sua evolução da Alma, o seu grau de espiritualização, como chamo a quem alimenta constantemente o espírito e consegue melhorar cada vez mais a ligação entre a sua Mente e o seu espírito residente que está conectado com o Espírito Santo.

 

Os menos espiritualizados vão recebendo a palavra de Deus, cheia de ruídos estáticos e nada compreensíveis para a Mente consciente, mas o Coração consegue "apanhar" alguma coisa que transmite para a Mente como Intuição. Os pressentimentos que muitos sentem e muitas das vezes até aceitam contrariando o pensamento consciente do cérebro.

 

Com o desenvolvimento espiritual a intuição será cada vez mais clara até um dia começarem a "entender" o que o espirito residente lhes transmite.

 

R.

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