O meu
testemunho
Hoje, não sei porquê, resolvi dar o meu testemunho sobre
episódios da minha vida, publicando um na minha página inicial do Facebook,
outro na minha página "curiosidades", também no Facebook, e aqui
neste blogue.
Quero falar sobre um episódio em
que fui inconveniente para um necessitado, dando ouvidos á má-língua que sempre
aparece quando alguém está na mó de baixo.
Numa aldeia, onde tenho uma
vivenda rústica, herdada pela minha mulher e onde investi o suficiente para a
transformar num local acolhedor e com todos os benefícios como se estivesse na
minha casa em Lisboa, um homem apareceu-me uma vez a pedir dez euros
"emprestados" porque se não pagasse a conta da luz ela seria cortada
no dia seguinte.
Felizmente, ainda tenho
possibilidades para isso, não hesitei em "emprestar-lhe" os dez
euros. Como eu estava de passagem, o homem ficou de me devolver esses dez euros
no ano seguinte quando eu fosse lá passar o Verão.
Pessoas da Aldeia avisaram-me
contra esse homem, dizendo que era um bêbado, ladrão e que não queria
trabalhar. Ou seja: pela minha experiência de vida já sei que todos
"malham" e fazem juízos de valor sobre aqueles que estão na mó de
baixo e sem defesa nenhuma.
Normalmente vou para a Aldeia
passar cinco meses de "Verão". Quando começa o frio e a chuva
regresso a Lisboa. No ano seguinte, quando fui passar o Verão na Aldeia, o
mesmo homem procurou-me outra vez e em vez de me devolver os dez euros
emprestados, pediu-me outros dez euros.
Eu, influenciado pelo que tinha
ouvido sobre o carácter daquele homem, sem ouvir sequer a sua versão, fui
inconveniente para ele chamando-lhe a atenção sobre o que me devia e no seu
"esquecimento" em me dar uma satisfação e estar novamente a pedir
descaradamente.
"Corri" com ele pura e
simplesmente.
Hoje, como faço habitualmente,
abri a Bíblia à sorte e destacou-se imediatamente sob o meu olhar Lucas 27, sobre a gratuitidade nas relações.
Este caso, já esquecido por mim, veio
à tona, depois do que li dos versículos 27
a 36 onde é salientado que "Dá a quem te pede e, se alguém se
apodera do que é teu, não lhe peças que to devolva" e "fazei
o bem e emprestai, sem esperar coisa alguma em troca…"
E nos versículos 37 e 38 também vem muito bem salientado que só Deus pode julgar.
Em suma: A vida em sociedade é
feita de relacionamentos de interesses e reciprocidade que geram lucro, poder e
prestígio. Os Evangelhos dizem que numa sociedade justa e fraterna as relações
devem ser "gratuitas" à semelhança do amor misericordioso do Pai. E
que as relações numa sociedade nova não
devem ser de julgamento e condenação, mas de perdão e doação. Só Deus pode
julgar.
Como já
devem ter percebido é muito difícil atingir este estado de perfeição. A pessoa
para "compreender" e para "agir deste modo" tem de estar
numa fase muito avançada de espiritualização.
Veio-me à mente o episódio sobre
o "empréstimo" dos dez euros e a minha indignação contra o
necessitado, fazendo um juízo de valor sem conhecer profundamente os factos que
o levaram a chegar àquele ponto. Observei sim que o indivíduo estava
profundamente debilitado e com uma cor terrosa (sintoma de estar possuído por uma legião de demónios que o puxam cada
vez mais para baixo até sucumbir). Pus-me no lugar dele, na falta de autoestima
e na necessidade de pedir "emprestado" em vez de pedir uma
"esmola", sabendo perfeitamente que nunca terá condições para
devolver o que está a pedir. Uma questão de tentar manter uma
"dignidade" que ninguém lhe dá e viver nessa ilusão que ainda está cá
e quer ser útil mas ninguém o permite porque é logo "derrubado" pela
má-língua e juízos de valor que não têm o direito de fazer. As pessoas
"educadas" são mais subtis na forma de conseguirem uma via de
"escape" que os faça esquecer a triste situação em que se encontram,
vivendo numa ilusão. Estes indivíduos, na maioria analfabetos, procuram esse
mundo de ilusão, essa via de "escape" na bebida.
Terá sido coincidência abrir a
Bíblia precisamente naquele ponto? Não. Não há coincidências. Deus falou-me
como faz com todos nós, só que cada um entende conforme a sua evolução da Alma,
o seu grau de espiritualização, como chamo a quem alimenta constantemente o
espírito e consegue melhorar cada vez mais a ligação entre a sua Mente e o seu
espírito residente que está conectado com o Espírito Santo.
Os menos espiritualizados vão
recebendo a palavra de Deus, cheia de ruídos estáticos e nada compreensíveis
para a Mente consciente, mas o Coração consegue "apanhar" alguma
coisa que transmite para a Mente como Intuição.
Os pressentimentos que muitos sentem e muitas das vezes até aceitam
contrariando o pensamento consciente do cérebro.
Com o desenvolvimento espiritual
a intuição será cada vez mais clara até um dia começarem a "entender"
o que o espirito residente lhes transmite.
R.
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