O NOSSO
UNIVERSO - Panorâmica
O SISTEMA SOLAR
O
Universo conhecido - bastante vasto - foge dos limites da imaginação e para
podermos ter uma ideia mais ou menos coerente teremos de ir por fases:
começaremos com o Sistema Solar, seus
componentes, e sucessivamente a Via
Láctea, as Galáxias e o que está
para além da nossa galáxia.
O
mundo mais chegado e conhecido por quase toda a gente é o sistema solar onde
nove planetas com os seus satélites e múltiplos cometas, asteróides e enxames
de meteoritos, “vivem” em volta da sua estrela benfeitora a que chamamos Sol.
Dentro desta família, um dos seus habitantes reúne condições de grande
importância para nós, graças às quais nos é permitido o sermos vivos: é o
terceiro planeta, a Terra, ainda não
completamente desvendada apesar de o homem já ter conquistado o espaço.
Mercúrio
encontra-se mais próximo do Sol, seguido de Vénus,
Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Úrano e Neptuno. Plutão que antes de 2006 era considerado um planeta do sistema solar, perdeu esse
estatuto, porque pesquisas da União Astronómica
Internacional (UAI) definiram três conceitos fundamentais para a
classificação dos planetas: orbitar ao redor de uma estrela, possuir gravidade própria
e ter uma órbita livre. Assim, Plutão foi considerado um planeta anão por não
possui uma órbita livre.
Seis
destes planetas têm satélites naturais sendo, na altura em que este ensaio foi
escrito, a Terra com um, a nossa Lua,
Marte e Neptuno com dois cada, Úrano com cinco, Saturno com dez e Júpiter com
treze. Deste modo temos uma comunidade de quarenta e dois mundos grandes e
pequenos e milhares de asteróides que devido às suas dimensões diminutas, à
escala espacial, não são considerados propriamente como planetas. Junto a esta
comunidade fixa - podemos dizer - gravitam também em roda do Sol centenas de
cometas e um enxame sem conta de meteoritos que se ausentam por períodos mais
ou menos longos.
O
Sol, por sua vez, gira sobre si mesmo em 26,9 dias terrenos e, arrastando os
seus vizinhos, desloca-se na direcção de Vega,
na constelação Alfa de Lira, a uma
velocidade de 19,4 quilómetros por segundo.
A
forma do Sistema Solar - se é que lhe podemos dar uma forma com contornos
definidos - assemelha-se mais a uma roda ou bolacha do que a uma bola, pois os
planetas e corpos da comunidade circulam, dentro desta área, no mesmo plano do
espaço, aproximadamente.
As
dimensões dos nove planetas variam consideravelmente, com a estrela mãe
descomunal em relação a eles, e mais admirados ficamos ao sabermos que o Sol é
uma estrela de dimensões moderadas e relativamente pequena junto às gigantescas
estrelas que povoam o espaço.
O
Sol apesar de ser, de longe, o maior elemento do Sistema - com um diâmetro de 1
392 000 quilómetros e equivalente a um volume conjunto de um milhão de Terras -
não passa de uma estrela mediana, quer pelo tamanho quer pela temperatura, classificada
entre as estrelas “frias”, com temperatura superior a 6 000 graus centígrados.
Encontram-se
no seu seio sinais de vapores metálicos e a sua constituição básica - mais de
90 por cento - é de hidrogénio e hélio, comprimidos no seu interior a pressões
e temperaturas de tal ordem, suficientes para desintegrar átomos uns contra os
outros, em que se processa ininterruptamente uma reacção atómica em cadeia.
Nestas
circunstâncias o Sol não “arde” propriamente; pode considerar-se sim como um
reactor atómico gigantesco que funde átomos de hélio. É a fusão atómica que os
cientistas pretendem chegar a aperfeiçoar um dia, na Terra, como nova fonte de
energia. O Sol consome 600 milhões de toneladas de hidrogénio por segundo,
tendo essa fusão começado há uns 500 milhões de anos, e prepara-se para durar
ainda o dobro desse tempo, até consumir a quantidade imensa de hidrogénio de
que dispõe.
Como
em todos os processos atómicos, onde são libertadas quantidades imensas de
energia, sob a forma de luz, calor e outras radiações, a energia radiante do
Sol projecta-se por todo o espaço onde se perde a maior parte, excepto a que
atinge os planetas, ficando uma pequena fracção na Terra - 0,000 000 000 5 - em
forma de calor e luz.
As
manchas solares à superfície, escuras e mais frias que as regiões
circunvizinhas, dão origem a fortes campos magnéticos, variando o seu
aparecimento por um ciclo regular de onze anos, sem se saber porquê. Por outro
lado surgem, de forma imprevisível, bruscas e violentas erupções seguidas de
emissões de ondas de rádio e de raio X, que perturbam a atmosfera terrestre. Ao
mesmo tempo, nuvens de partículas ionizadas criam, sobre o nosso planeta,
tempestades magnéticas e auroras boreais.
Tudo
isto demonstra claramente que dependemos estritamente do Sol: as suas mínimas
alterações têm repercussões na nossa vida, ao ponto de chegar a manifestar a
sua influência em alguns fenómenos fisiológicos.
A
temperatura do Sol oscila aproximadamente de 6 000 graus centígrados à
superfície até 15 milhões de graus no seu centro onde se dá a fusão nuclear. A
sua importância é vital para a comunidade que vive em seu redor, principalmente
para a Terra que sem a sua energia seria gelada e morta.
Segundo
estudos recentes descobriu-se também que o Sol é animado por uma pulsação
regular, que se repete a intervalos de 160 minutos. A Universidade de Stanford
anunciou esta observação - feita pela primeira vez na URSS em 1976 - e
confirmou-a através de observações posteriores feitas no Polo Sul. O batimento
periódico é de amplitude ínfima em relação ao tamanho do astro, mas a
periodicidade deste fenómeno vai, segundo o director do observatório solar de
Stanford, John M. Wilcox, obrigar os físicos a rever as suas concepções quanto
aos processos internos do Sol.
O
Centro Nacional de Investigação Científica, em Paris, anunciou posteriormente
que o Sol, e talvez a Terra, vibra sob o efeito de ondas gravitacionais
emitidas por Geminga, um corpo
celeste que está a menos de 300 anos-luz do Sol e que alguns chamam de o “Sol
Negro” por estar invisível. Por observações feitas com o grande telescópio
franco-canadiano-havaiano de Mauna Kea, este corpo celeste foi recentemente
identificado como sendo uma estrela de neutrões ou um buraco negro. O professor
italiano Giovani Bignami baptizou-a de Geminga
(constelação dos Gémeos e radiações gama, mas que em calão milanês também
significa “que não existe” ou “que não pode ser visto”).
Agora,
depois de conhecermos qual a importância do Sol no sistema, tentemos saber como
é que esta comunidade apareceu em redor da estrela mãe, pois existem várias
hipóteses sem uma certeza. A única certeza subsiste num ponto: em princípio o
Sol não tinha planetas e rodopiava solitário pelos céus. De acordo com uma das
hipóteses, uma estrela qualquer roçou o Sol e arrancou-lhe pedaços de matéria
incandescente que mais tarde arrefeceram e se tornaram planetas e satélites.
Outra
hipótese defende que o Sol seria inicialmente uma das duas componentes duma
estrela dupla (um par de estrelas que rodam à volta uma da outra, como se
encontram frequentemente nas galáxias) nas quais uma explodiu, perdendo-se no
espaço a maior parte da sua matéria, e ficando alguns fragmentos retidos no
campo gravitacional da outra, formando os planetas. Contudo, nenhuma das
hipóteses conhecidas explica o aparecimento do próprio Sol.
Segundo
uma das últimas teorias, começou por haver uma nuvem gigantesca de poeira e
gases em turbilhão, no espaço, com a forma de disco, onde as partículas do
centro se aglomeraram gradualmente e formaram um corpo sólido em estado frio -
o Sol - que foi aquecendo progressivamente até à incandescência devido às
pressões crescentes. Entretanto, dos bordos exteriores da nuvem cósmica
destacaram-se pequenos turbilhões individuais que mais tarde se juntaram à
volta do núcleo central dando origem aos planetas e satélites.
Os
astrónomos acham-se divididos nas suas teorias, mas seja qual for a verdade,
porém, foi há 5 000 milhões de anos pelo menos que, segundo as estimativas,
começou a formar-se o sistema solar e com ele a Terra.
A
Terra, nossa pátria, é o sexto
planeta em tamanho. A sua forma não é precisamente aquela que mais se conhece e
estuda nas escolas - a de uma laranja mais achatada nos polos que no equador -
mas sim mais aproximada de uma pera, somente que as diferenças são tão pequenas
que parece-nos esférica.
No
entanto esta descoberta no seu formato interessou imenso os geofísicos, que
acreditavam estar a Terra num estado de semifusão com uma crosta dura com perto
de 50 quilómetros de espessura.
Hoje
admite-se a possibilidade desta parte interna estar sólida.
Descreve
uma órbita cuja distância média do Sol tem sido calculada em 149,6 milhões de
quilómetros, o que lhe confere o terceiro lugar entre os planetas do sistema,
em relação ao Sol. O seu movimento de translação em redor do Sol demora 365
dias, 5 horas e 48 minutos, e faz a sua rotação, sobre o seu próprio eixo, em
23 horas, 5 minutos e 4,09 segundos. Além destes dois movimentos tem um
terceiro, de revolução, semelhante ao movimento de um pião prestes a parar, em
que o eixo no polo norte se movimenta num círculo. Este movimento faz com que a
orientação polar se vá desviando até que a estrela polar deixará de indicar-nos
o polo norte.
O
seu diâmetro equatorial é de aproximadamente 12 755 quilómetros. O ponto mais
elevado sobre o nível do mar é o monte Everest,
com 8 848 metros, e o mais baixo é a fossa das Marianas, a 11 033 metros abaixo do nível do mar.
O
globo terrestre está dividido em quatro partes, segundo se tem podido precisar
recentemente pelos estudos dos fenómenos sísmicos. Os oceanos e mares cobrem
cerca de 70 por cento da superfície terrestre. A capa gasosa que envolve o
globo, a atmosfera, é mantida pela acção da gravidade e o seu peso produz a
pressão atmosférica. Com a oscilação na direcção dos ventos, a atmosfera
experimenta turbulências que são a causa principal da sua homogeneização,
induzida por redemoinhos que, num movimento de translação, levam o vapor de
água, fumos e outros elementos contaminadores dum estrato a outro. Sem as
turbulências atmosféricas, que purificam o ar poluído do mundo industrial, a
vida nas grandes cidades seria impossível.
Nas
camadas inferiores da atmosfera a turbulência é mais pronunciada durante as
horas do meio-dia, quando o calor origina colunas de ar quente que se elevam e
são substituídas por massas de ar frio dos estratos superiores. Ainda que com
menos frequência, a atmosfera superior também experimenta turbulência, geralmente
acompanhada por cúmulos e considerável actividade.
A Terra
descreve a sua órbita na zona exterior da atmosfera rarefeita do Sol, protegida
por um invólucro magnético denominado Magnetosfera. A magnetosfera está
deformada devido ao vento solar, uma corrente de electrões e protões que se
liberta da superfície incandescente do Sol e que se afasta atravessando o
sistema solar. Por acção do vento solar, o lado da magnetosfera que se encontra
virada para o Sol torna-se achatado, enquanto o outro lado se projecta no
espaço como se fosse uma cauda. À zona existente entre o vento solar e a
magnetosfera dá-se o nome de Magnetopausa. As partículas atómicas provenientes
do Sol são retiradas por dois anéis em forma de bóia existentes na magnetosfera
e designados por Cintura de Van Allen.
Por vezes, as partículas solares de grande energia são atraídas para os pólos
pelas linhas de força geomagnética da Terra, dando origem a interferências nas
comunicações de rádio e a fenómenos conhecidos por auroras.
Recentemente descobriu-se um novo tipo
de turbulência da atmosfera superior, a chamada “turbulência de bom tempo”
provocada por fortes correntes de jacto (grandes corredores de vento que
atingem velocidades acima dos 100 km/h.) Este fenómeno de grande violência
ocorre a mais de 10 000 metros de altura e geralmente sem prévio aviso. O sério
perigo que esta “turbulência de bom tempo” apresenta para a aviação motivou o
seu estudo intensivo sem que, até ao momento, tenha podido precisar-se a sua natureza.
O
satélite natural da Terra, a Lua, um
planeta de pequenas dimensões é, proporcionalmente, o maior satélite do sistema
solar, com um diâmetro de 3 473 quilómetros. Há outros maiores, como Ganimedes,
de Júpiter, com um diâmetro de 5 150 quilómetros, que corresponde apenas a 1/28
do diâmetro de Júpiter, enquanto o da Lua tem ¼ da Terra.
Esta
característica unida à sua escassa distância da Terra (em média 384 400 quilómetros)
faz com que o conjunto Terra/Lua tenha propriedades semelhantes às dos planetas
duplos.
A
Lua percorre a sua órbita em torno da Terra em 27 dias, 7 horas e 12 minutos,
mas, devido ao movimento desta em volta do Sol, o mês lunar tem na realidade 29
dias, 12 horas e 44,06 minutos. Apresenta sempre a mesma face à Terra, mas graças
ao reconhecimento fotográfico (iniciado em 1959 pelo Lunik III, da URSS, e continuado por cinco satélites Luna Orbiter dos EUA) conhece-se a
totalidade da sua face oculta.
Teoricamente
é considerada morta e fria, sem núcleo em fusão, e, para contrariar essa
teoria, em 1958, fez-se uma descoberta completamente inesperada: pela primeira
vez foi observado e fotografado um fenómeno com toda a aparência de uma erupção
vulcânica.
O
seu aspecto é desolador, com mais de 30 000 crateras, onde algumas atingem 270
quilómetros de largura, com montanhas nuas, escarpadas, sem florestas
verdejantes nem picos nevados. Os chamados “mares” são na realidade extensas planuras lisas sem água
nem consequentemente vida. Apreciam-se também fissuras ou fracturas de até 500
quilómetros de longitude. Após a ida à Lua, pelos americanos, e estudo do seu
solo áspero e irregular, os cientistas concluíram conter certos elementos que
se transformam uns noutros - como urânio e tório - os quais se escapam à
atracção lunar sob a forma de uma ténue atmosfera, insuficiente para albergar o
homem mas não tão vazia e desnuda como se pensava.
Que
a atracção pela gravidade lunar não era uniforme já se sabia desde os
históricos voos das naves Apolo, bem
como a não existência de atmosfera propriamente dita, mas o espectrómetro de
Mattingly detectou hélio, árgon, óxido de carbono, hidrogénio e moléculas de
água que, cristalizadas, se sublimaram por acção dos raios solares.
Quanto
à sua origem, numerosas teorias têm sido apresentadas mas hoje em dia está
posta de parte a teoria de que a Lua se desprendeu da Terra, no início do
sistema solar, como tão-pouco se aceita a hipótese de que a Lua era uma espécie
de planeta errante, fixado na sua órbita actual pela gravidade terrestre. Muitos astrónomos pensam
que a Lua se formou ao mesmo tempo e da mesma maneira que a Terra: isto é,
mediante a acumulação de matéria cósmica. A sua composição assemelha-se à da
Terra e a análise das amostras do solo recolhidas pelos astronautas do programa
Apolo indica que se formaram com matéria líquida solidificada, a exemplo dos
basaltos do nosso planeta. As rochas lunares são extremamente ricas em titânio,
e a sua proporção de urânio e potássio é dez vezes maior que a das rochas
terrestres.
Sem comentários:
Enviar um comentário