O NOSSO
UNIVERSO - Panorâmica
AS ESTRELAS
Já falamos de vários habitantes da
nossa galáxia, faltando apenas dizer alguma coisa acerca daqueles objectos
brilhantes que nos fascinam nas noites límpidas - as Estrelas.
De
diversos tamanhos, conforme a sua origem e evolução, podem ser colocadas em séries
contínuas, atendendo a vários factores como temperatura, cores e densidades,
que reflectem o seu grau de evolução, pois são também seres com uma finalidade
- nascem, evoluem e morrem.
Dentro
destes factores de classificação poderemos salientar em primeiro lugar as
séries de temperaturas de superfície, que vão de 3 000 a 30 000 graus
centígrados aproximadamente, seguindo-se das frias vermelho-azuladas às
amarelas e esverdeadas até às quentes, em que o seu volume ultrapassa um milhão
de vezes o do Sol, e por último a série de «densidade média» cuja variação vai
das Anãs-brancas, murchas e degeneradas, às Supergigantes-vermelhas, com densidade média de
apenas um milionésimo da água.
Não
há dúvida que a evolução prevalece através destas três séries, só que de modo
estranho por vezes. O começo das estrelas, ou seja a origem da sua irradiação,
de poeiras e gases, parece ser bem representado pelos glóbulos sem luz de
matéria interestelar, tão gigantescos que tornam menores as maiores
supergigantes-vermelhas, cuja contracção gravitacional inevitável provoca o seu
encolhimento e consequente aquecimento interior, afluindo para a superfície a
energia radiante sob a forma de um halo avermelhado anunciando a chegada de uma
luz no firmamento. Estes glóbulos só podem ser detectados quando têm atrás de
si brilhantes e difusas nebulosidades.
As
estrelas estão sujeitas a vicissitudes: umas inflam nas suas atmosferas
externas e convertem-se em Novas; outras explodem completamente, as Supernovas; algumas
perdem matéria desastrosamente através do derramamento centrífugo, como as
Vermelhas-gigantes pingando lentamente material no espaço; outras ainda giram
tão rapidamente que é comum separarem-se em duas ou três; e finalmente há as
que nascem aparentemente em grupos de controlo gravitacional indeterminado, e
outras aglomerações globulares notavelmente cerradas, como as Plêiades.
Entretanto,
em todo o lado, as estrelas e os seus sistemas estão a evoluir, tornando-se
algumas mais pesadas pelo apresamento de meteoritos, e todas a perderem massa
através das suas radiações.
Outra
das vicissitudes da vida das estrelas, inevitável e muito frequente, é o
nascimento de planetas, alguns dos quais produzem macromoléculas e organismos auto
produtores, o que nos leva às fases biológicas da evolução cósmica. Nestas
transformações, e vidas das estrelas, vemos como o universo não está estático,
antes pelo contrário, cheio de movimento, sendo absolutamente espantoso estes
fenómenos que no caso da formação duma Supernova foi afirmado por vários
astrónomos como “a mais vigorosa catástrofe na história do
universo, excepto a própria criação”.
Numa
definição simples, a supernova resulta da explosão de uma estrela, e se o
desastre é causado ou estimulado por colisão frontal com outra estrela ou com
outro corpo qualquer, ou se é causado pelo colapso da estrutura estelar, com
uma transformação consequente da massa atómica em radiação, ou se ele
“simplesmente acontece”, não se sabe ainda.
As
estrelas mais afastadas que se conseguiram fotografar são supernovas em
galáxias distantes da nossa. Hoje sabe-se que as explosões estelares em Cassiopeia - estrela de Tycho - e em Ofíunco - Stella Nova de Kepler - eram supernovas,
chegando ambas a terem um brilho no céu comparável ao planeta mais brilhante,
com um aumento de luminosidade de cerca de um milhão de vezes.
Uma
terceira supernova, nas redondezas da nossa galáxia, foi observada em 1054 por
astrónomos japoneses, dando origem à conhecida nebulosa do Caranguejo, ainda em expansão.
A nebulosa do Caranguejo possui no centro uma
estrela de neutrões superdensa, resultado da explosão da estrela original. É ela
que emite o objecto chamado de pulsar,
pulsos periódicos de rádio, luz e radiação. A interacção do pulsar com as
rajadas de partículas emitidas por ele, mais o material libertado pela estrela
pouco antes dela tornar-se uma supernova é o que dá forma à sua intrigante
figura. Para ter uma noção real de como a nebulosa se parece, os aparatos
fizeram as suas observações abrangendo o máximo possível das variações de faixa
do espectro electromagnético. A escala foi desde as ondas de rádio, passando
pela luz invisível, infravermelho, ultravioleta e terminando nas ondas de
raio-X.
A
supergigante S Dourados, considerada
a mais brilhante por enquanto, localizada na borda de um dos agrupamentos
abertos da grande Nuvem de Magalhães,
é uma estrela variável, com luminosidade média de um milhão de vezes mais do
que o Sol, e expele mais de 200 triliões de toneladas de radiação por minuto.
Outros
tipos de estrelas surgem várias vezes por ano no nosso sistema galáctico e
também nos outros - as Novas-comuns.
Supõe-se representarem apenas uma erupção explosiva da porção mais exterior
duma estrela, sendo no máximo supergigantes 10 000 vezes mais luminosas que o
Sol, mas dificilmente um por cento tão brilhantes como as supernovas médias.
Muito frequentes na nossa Via Láctea e na vizinha galáxia de Andrómeda, dão a impressão, com certas
reservas, de serem, antes das suas explosões, estrelas ligeiramente inferiores
do tipo espectral ordinário.
Actualmente,
utilizando meios mais perfeitos e eficazes, como o espectroscópio, e pela
análise das ondas de luz e rádio, as descobertas são infindáveis e
revolucionárias como, por exemplo, os quasares,
os corpos celestes mais distantes que se conhecem, com dimensões relativamente
reduzidas à escala cósmica - pouco maiores do que o nosso Sistema Solar - cujo
brilho muda rapidamente de intensidade. Já foram localizados para cima de 350
supondo-se que os mais distantes estejam a 10 mil milhões de anos-luz - um ano
luz corresponde aproximadamente a 9 460 800 000 000 quilómetros.
A
sua localização torna-se possível graças à emissão de energia em quantidades
incríveis, produzindo alguns quasares mais energia do que uma centena de
grandes galáxias, o que equivale a 10 triliões de estrelas. Em apenas um segundo,
um quasar normal irradia energia suficiente para suprir as necessidades de
força eléctrica do nosso planeta durante biliões
de anos.
É
difícil explicar como é possível produzir tais quantidades de energia. Alguns
cientistas admitem que nem mesmo as reacções nucleares conhecidas poderiam
gerá-la, e tentam explicar esses fabulosos mananciais de energia como resultado
de um colapso gravitacional maciço, ou mesmo uma “neutralização” causada pelo
impacto entre a matéria e a sua recíproca a antimatéria.
Na
década de 1930, Robert Oppenheimer e outros, previam que o colapso duma estrela
gigante, várias vezes maior do que o Sol, poderia transformá-la num corpo
celeste estável muito menor do que uma anã-branca. Esse astro acabaria por
ficar com uma densidade incrível, apenas com cerca de 15 quilómetros de
diâmetro. A extraordinária força gravitacional esmagaria os próprios átomos,
comprimindo todo o espaço livre e conservando principalmente partículas
nucleares chamadas Neutrões. Para
este estranho corpo celeste foi proposto o nome de Estrela-nêutron.
Em
1967, os astrónomos confirmaram esta teoria com a descoberta das Pulsares, estrelas pulsáteis cujas
violentas explosões de radiação ocorrem com uma periodicidade regular, variável
de estrela para estrela, indo desde uma “pulsação” de quatro em quatro segundos
nas mais lentas até trinta “pulsações” por segundo nas mais rápidas. A sua
densidade - já descobriram umas cem - excede a de qualquer substância conhecida
no nosso planeta. Uma colher, das de chá, dessa matéria deve pesar mil milhões
de toneladas, ou seja o equivalente a 200 milhões de elefantes.
Mas
existe algo ainda menor e mais denso no Universo: o chamado Buraco Negro, o produto final do catastrófico colapso de uma estrela de
grandes dimensões. É a última concentração da matéria, prevista pela teoria da
relatividade de Einstein, aceite durante anos pelos cientistas como uma
inevitabilidade teórica, mas só recentemente confirmada como “certeza possível”
por intermédio de telescópios equipados com raios
x instalados a bordo de foguetões espaciais e satélites. Trata-se de um
fenómeno provocado por uma estrela em colapso onde se manifestam - no seu
interior - pressões elevadíssimas e uma força de gravidade tão intensa que nem
deixa escapar a luz. Deste modo a estrela pode “cintilar” mas a sua luz nunca
se vê. Este fenómeno de astrofísica, embora permanentemente invisíveis, exerce
poderosa influência nos outros corpos celestes.
Kip
Thorne, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, afirma ser impossível saber o
que há dentro de um buraco negro, visto não irradiar nenhuma forma de energia
capaz de ser estudada e dar informações.
Enfim,
há corpos celestes e estrelas dos mais diversos tamanhos, massa e luminosidade,
sendo algumas das estrelas 10 milhões de vezes maiores do que o Sol. Vivem
isoladas ou aos pares, crescem, explodem, recomeçam novo ciclo de vida, e
morrem.
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