OS
PRIMEIROS PASSOS NA EVOLUÇÃO
O
início da evolução num mundo material é o mais difícil na extensa caminhada que
a Alma terá até chegar à Luz e identificação com o Pai.
Sem
dúvida nenhuma que existem grandes mistérios na natureza que o Homem procura identificar
para conhecer as suas raízes e o quão poderão influenciar a evolução no nosso
mundo visível.
O
Homem foi criado precisamente para iniciar a sua evolução no estado mais
cristalizado do espírito a que chamamos matéria. Viemos ao mundo para nos embrenharmos
na matéria, para estudá-la, conhecê-la, moldá-la, ou seja: para aprendermos a
dominá-la e assim nos graduarmos para missões mais elevadas no plano cósmico.
Se
viéssemos a este mundo apenas para comer, beber, gozar, sofrer e morrer,
desaparecer totalmente, a nossa existência seria verdadeiramente inútil. Nada é
inútil. Tudo quanto existe possui uma legitimidade qualquer, ainda que não nos
apercebamos dela, por enquanto.
Portanto,
temos de identificar muito bem qualquer mistério
para evitar ambiguidades. Na antiguidade os humanos juntavam-se em Escolas de
Mistérios, neste caso abrangendo tudo aquilo que não compreendiam nem fazia
parte do seu quotidiano. Formaram como que um culto em que os que queriam ser
admitidos tinham de ser iniciados.
A
experiência dos mistas (na Grécia antiga) que se reuniam na sala
do telestérion
(local sagrado) era mais de
carácter emocional do que intelectual. Sofriam mais do que aprendiam, como
revelou Aristóteles.
Este
facto levou Diógenes (Um filósofo cínico),
que nunca se tinha interessado por tais mistérios, a responder quando lhe
sugeriram a iniciação: “é absurdo crer que qualquer cobrador de impostos, só por ter sido
iniciado, possa conquistar a recompensa devida aos justos, enquanto outros
estão condenados a permanecer no infortúnio”.
Diz-se que Diógenes teria vivido como um
mendigo e perambulava pelas ruas carregando uma lamparina, durante o dia,
alegando estar à procura de um homem honesto.
Ele
tinha razão. A questão fundamental não é o preceito cumprido mecanicamente, mas
a transformação radical do coração e o agir por toda a parte em consequência.
Para isso o ser humano tem que compreender que o seu destino é obra
inteiramente sua. Tudo quanto faz molda o seu destino e o seu carácter como a
sabedoria popular ensina: “Aquilo que semeias, será aquilo que hás-de colher”. As
leis naturais, ao contrário das leis escritas (impressas, inertes, servindo apenas e rigidamente para orientarem a
conduta numa sociedade) são vivas, agem sobre nós, compelem-nos à acção e
repelem-nos na sua actuação, arrastam-nos e podem elevar-nos às mais sublimes
alturas.
O
Homem tem que ter consciência que é espírito
e aprender a utilizar todo o seu potencial como portador de uma “centelha” de
Deus, que está conectada com o Espírito Universal, sempre disponível para
transmitir o conhecimento necessário para a sua progressão na matéria.
O
filósofo místico passou a ser aquele que dirigia a atenção para o santuário
interior, localizado no íntimo do Eu de cada um. Se o espírito podia
ser induzido a procurar e desvendar o conhecimento superior, a que tem acesso,
e observar o além, entendeu-se que, por um processo análogo, se podia
contribuir para a manipulação das forças ocultas da natureza, no mundo
material.
Nasceram,
por isso, as várias formas de magias em três fases distintas em que os
mistérios se apresentam: a ritualística,
a figurativa e a mágica. Na primeira, os mistérios relacionavam-se com os ritmos da
natureza. Tinham por objectivo mostrar aos mistas
as leis do porvir, que comandavam a cosmologia. Constituíam uma preparação para
os grandes mistérios, no domínio metafísico. Na segunda, o “conhece-te
a ti mesmo” de Sócrates, segundo o qual o Homem é a medida de todas as
coisas, criando um surto de concepções individualistas. O cristianismo
contribuiu também para uma viragem decisiva. A posição do Homem tornou-se
superior à dos restantes seres vivos. Com o Renascimento e a Reforma ergueu-se
o protesto do que é individual, único no Homem, contra todas as limitações
devidas a naturezas gerais, ordens e normas. O Homem individual tornou-se
consciente das suas forças criadoras e reclama autonomia.
Na
terceira, chega-se finalmente à tentativa de dominar as forças estranhas que
ainda se encobrem com o véu do mistério. Este é o objectivo do ser humano para
poder dominar a matéria e concretizar a sua capacidade inata de criar no mundo
material, o primeiro passo para a sua Alma (produto
da experiência conjunta do corpo físico, com os seus órgãos especializados para
a percepção da realidade material, e o Espírito, a sua verdadeira natureza)
evoluir por mundos não tão densos como o actual até chegar ao mundo do espírito
puro de luz e identificar-se com o Criador.
A
passagem pelo mundo material está repleto de episódios, bons e maus, conforme o
grau de espiritualização de cada um, mas isso interessa apenas como trampolim
para ter condições para seguir a sua jornada por outras dimensões espaciais,
para uns, ou céus, para outros. Esses episódios dependem sempre da condição
espiritual de cada um e podem ser manipulados e integrados na “realidade”
criada por cada cérebro.
Fala-se
dos que têm sorte e dos que não a têm, parecendo que “alguém” se impõe como uma
fatalidade. Mas a verdade é única e muito simples: não há coincidências, sorte
ou azar, mas sim propósitos. Tudo o
que acontece tem um propósito, enquadrado nos desígnios da harmonia universal.
Tudo
o que nos acontece são reacções ao que semeamos, reacções a tudo o que fazemos.
O Homem vive ainda num nevoeiro de ignorância. Isso explica as ilusões e
insuficiências e o facto de ainda não se ter encontrado o verdadeiro
significado da vida e o caminho mais adequado dentro do mundo onde está a
aprender a lidar com a matéria. Os órgãos dos sentidos são muito complexos e
muitas das suas acções não são interpretadas como o reflexo da realidade em si,
mas sim como uma resposta baseada em factos supostamente reais conforme o
funcionamento do cérebro que conhece aquela “realidade” e completa a informação
quando é insuficiente. Há imensas experiências, na área da psicologia, que
avalizam isso. O cérebro, na maior parte das vezes, sem esperar por toda a
informação, completa as sensações percepcionadas dentro dos parâmetros do “seu
mundo” conhecido.
É
um dos mistérios que os psicólogos vão desvendando aos poucos. Chamam a essas
situações “de ilusórias”, supostas, que simulam a realidade. Só depois de serem
demonstradas como “reais” ou falsas é que podem ser aceites ou repudiadas. Os
neurocientistas já declararam que o cérebro é facilmente enganado e a “realidade” é o que ele (o cérebro) nos
mostra.
Um
exemplo clássico que os neurocientistas apresentam para o “mistério” de os
Incas não prestarem atenção, aparentemente, à chegada dos galeões espanhóis, e
só mais tarde estabelecerem um contacto, e serem tão facilmente chacinados por
tão poucos invasores foi o facto de aquele povo não ter reconhecido como uma
realidade, no seu mundo, aquela visão tão estranha, sem suporte nenhum no mundo
“criado” pelos seus cérebros. Era uma visão completamente desconhecida para a
sua realidade e nível de evolução naquele mundo, entrando, pois, no campo do
sobrenatural. Só terão começado a entender o facto quando viram aquela tribo de
seres humanos, semelhantes a eles mas com vestimentas diferentes, a
movimentarem-se em terra, e que (vejam só)
as suas tradições falavam nesses seres muito claros e barbudos que consideraram
como deuses. Tentaram uma aproximação amigável mas Pizarro, pela ganância das
riquezas que viu, e apercebendo-se da boa vontade daquele povo, que tinha
acabado de sair de uma guerra civil, com falsas promessas conseguiu atrair o
Imperador Atahualpa e matou-o impiedosamente.
A
tendência, numa situação destas (não
reconhecer um facto que não se enquadre na realidade conhecida pelos seus
cérebros) era ignorar e, até, tornar invisível aquele objecto que o cérebro
não conseguia objectivar para o instalar na sua realidade. Como os seus
cérebros não conseguiam completar a visão com algo “conhecido” e aceite no seu
mundo, “desligavam” pura e simplesmente, passando para o campo do sobrenatural
e do mundo invisível dos espíritos.
O
mesmo acontece com povos primitivos (de
hoje) que não reconhecem nem entendem quando visionam uma nave espacial (OVNIs), ou um avião moderno, porque não
existem no mundo deles e passam para o campo da superstição.
Hoje
sabemos que não existe nada de sobrenatural. Sabemos que, por enquanto, não
conseguimos compreender integralmente. Já compreendemos que a Vida é uma
modalidade de adaptação de um Todo,
no qual o Homem está inserido. Entramos num terreno científico, na qual existem
realidades que não sabemos explicar mas que, justamente por isso, precisa de
ser investigado.
Temos
o direito de admitir que estes mistérios que envolvem as forças ocultas e a
própria vida e a morte, não passam de uma etapa provisória do conhecimento, que
deve terminar por entrar no domínio do natural. Neste confronto com o mistério,
um grande grupo professa uma crença religiosa, sustentando que estes mistérios
foram resolvidos por uma revelação divina. Do ponto de vista
teológico diferencia-se a Fé de superstição. Mas o que é um dogma para
uma religião, é para os fiéis de outra, uma simples superstição.
Outro
grande grupo humano rotula todas as convicções, indistintamente, de superstição
e as consideram, por vezes, enraizadas em temores de desejos recalcados. Por
isso, a correlação entre ciência e religião é a de antagonismo inveterado. São,
para já, irreconciliáveis.
Os
grandes pensadores, na maioria ocultistas por saberem da rejeição a estes
métodos de interacção com os fenómenos naturais e sobrenaturais, afirmaram que
no futuro a ciência será autenticamente religiosa e a religião assentará em
bases verdadeiramente científicas. Para já, pode-se observar o grande passo
dado pela física quântica (que vai um
pouco além da ciência pura) que penetra por áreas que permaneciam no campo
espiritual, tentando explicar os mesmos fenómenos com outras palavras. O que
interessa é que quando um cientista se debruça sobre fenómenos até ali
dominados pelos espiritualistas é porque acredita na sua existência e procura
enquadrá-los cientificamente.
É um
novo ramo da ciência que vem legitimar muitos fenómenos espirituais,
sobrenaturais, dando-lhes um suporte científico.
O
mundo e a natureza não são regidos pelo acaso, que é apenas a ignorância do que
não conseguimos saber. A harmonia total domina em tudo, desde o macrocosmo ao
microcosmo. São forças que agem inteligentemente para que não haja o caos no
turbilhão do Universo, onde rodopiam as metagaláxis, galáxias, estrelas.
Planetas, cometas asteroides, sem colidirem uns com os outros e sempre em
movimento.
O
grande erro do Homem é ter dado a certas forças, que agem inteligentemente,(algumas
das quais despertadas inconscientemente, nas suas experiências e capacidade de dominar a matéria) em
caracter antropomórfico, tendo esses fenómenos adquirido uma significação
humana. (alterações climáticas, furacões,
Tzunamis, e todo o descontrolo telúrico e cósmico que se observa no planeta).
Chegam ao nosso conhecimento como sendo caprichos da natureza ou vontades
arbitrárias.
A
noção do mundo do Homem começou com a fantasia
e a imaginação primeiro, e a razão e a lógica depois, permitindo a evolução do espírito. Enquanto não
expurgar todas as velhas concepções e fantasias e resover procurar a Verdade e
a Realidade o Homem continuará perdido no labirinto da Vida, sem uma pista que
o leve à libertação.
Não conseguirá libertar-se da sua
condição humana para se elevar um degrau que seja na evolução.
São
as armadilhas do mundo material, que levam ao “pecado”, que pretendem evitar
que o Homem evolua e se liberte deste mundo-escola na Terceira Dimensão. Seres
do mundo invisível, que sempre influenciou o mundo visível, não espirituais,
“vivem” da energia que os seres humanos libertam no dia a dia, e se o humanos
ascenderem para a Dimensão Superior e se libertarem da carne, esses seres
perdem a sua fonte de alimento, porque não podem ascender também.
(Texto sem adopção às regras do acordo
ortográfico de 1990. R)
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