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quarta-feira, 24 de julho de 2019


OS PRIMEIROS PASSOS NA EVOLUÇÃO

 
O início da evolução num mundo material é o mais difícil na extensa caminhada que a Alma terá até chegar à Luz e identificação com o Pai.

Sem dúvida nenhuma que existem grandes mistérios na natureza que o Homem procura identificar para conhecer as suas raízes e o quão poderão influenciar a evolução no nosso mundo visível.

O Homem foi criado precisamente para iniciar a sua evolução no estado mais cristalizado do espírito a que chamamos matéria. Viemos ao mundo para nos embrenharmos na matéria, para estudá-la, conhecê-la, moldá-la, ou seja: para aprendermos a dominá-la e assim nos graduarmos para missões mais elevadas no plano cósmico.

Se viéssemos a este mundo apenas para comer, beber, gozar, sofrer e morrer, desaparecer totalmente, a nossa existência seria verdadeiramente inútil. Nada é inútil. Tudo quanto existe possui uma legitimidade qualquer, ainda que não nos apercebamos dela, por enquanto.

Portanto, temos de identificar muito bem qualquer mistério para evitar ambiguidades. Na antiguidade os humanos juntavam-se em Escolas de Mistérios, neste caso abrangendo tudo aquilo que não compreendiam nem fazia parte do seu quotidiano. Formaram como que um culto em que os que queriam ser admitidos tinham de ser iniciados.

 
A experiência dos mistas (na Grécia antiga) que se reuniam na sala do telestérion (local sagrado) era mais de carácter emocional do que intelectual. Sofriam mais do que aprendiam, como revelou Aristóteles.

Este facto levou Diógenes (Um filósofo cínico), que nunca se tinha interessado por tais mistérios, a responder quando lhe sugeriram a iniciação: “é absurdo crer que qualquer cobrador de impostos, só por ter sido iniciado, possa conquistar a recompensa devida aos justos, enquanto outros estão condenados a permanecer no infortúnio”.

Diz-se que Diógenes teria vivido como um mendigo e perambulava pelas ruas carregando uma lamparina, durante o dia, alegando estar à procura de um homem honesto.

 

Ele tinha razão. A questão fundamental não é o preceito cumprido mecanicamente, mas a transformação radical do coração e o agir por toda a parte em consequência. Para isso o ser humano tem que compreender que o seu destino é obra inteiramente sua. Tudo quanto faz molda o seu destino e o seu carácter como a sabedoria popular ensina: “Aquilo que semeias, será aquilo que hás-de colher”. As leis naturais, ao contrário das leis escritas (impressas, inertes, servindo apenas e rigidamente para orientarem a conduta numa sociedade) são vivas, agem sobre nós, compelem-nos à acção e repelem-nos na sua actuação, arrastam-nos e podem elevar-nos às mais sublimes alturas.

O Homem tem que ter consciência que é espírito e aprender a utilizar todo o seu potencial como portador de uma “centelha” de Deus, que está conectada com o Espírito Universal, sempre disponível para transmitir o conhecimento necessário para a sua progressão na matéria.

O filósofo místico passou a ser aquele que dirigia a atenção para o santuário interior, localizado no íntimo do Eu de cada um. Se o espírito podia ser induzido a procurar e desvendar o conhecimento superior, a que tem acesso, e observar o além, entendeu-se que, por um processo análogo, se podia contribuir para a manipulação das forças ocultas da natureza, no mundo material.

Nasceram, por isso, as várias formas de magias em três fases distintas em que os mistérios se apresentam: a ritualística, a figurativa e a mágica. Na primeira, os mistérios relacionavam-se com os ritmos da natureza. Tinham por objectivo mostrar aos mistas as leis do porvir, que comandavam a cosmologia. Constituíam uma preparação para os grandes mistérios, no domínio metafísico. Na segunda, o “conhece-te a ti mesmo” de Sócrates, segundo o qual o Homem é a medida de todas as coisas, criando um surto de concepções individualistas. O cristianismo contribuiu também para uma viragem decisiva. A posição do Homem tornou-se superior à dos restantes seres vivos. Com o Renascimento e a Reforma ergueu-se o protesto do que é individual, único no Homem, contra todas as limitações devidas a naturezas gerais, ordens e normas. O Homem individual tornou-se consciente das suas forças criadoras e reclama autonomia.

Na terceira, chega-se finalmente à tentativa de dominar as forças estranhas que ainda se encobrem com o véu do mistério. Este é o objectivo do ser humano para poder dominar a matéria e concretizar a sua capacidade inata de criar no mundo material, o primeiro passo para a sua Alma (produto da experiência conjunta do corpo físico, com os seus órgãos especializados para a percepção da realidade material, e o Espírito, a sua verdadeira natureza) evoluir por mundos não tão densos como o actual até chegar ao mundo do espírito puro de luz e identificar-se com o Criador.

A passagem pelo mundo material está repleto de episódios, bons e maus, conforme o grau de espiritualização de cada um, mas isso interessa apenas como trampolim para ter condições para seguir a sua jornada por outras dimensões espaciais, para uns, ou céus, para outros. Esses episódios dependem sempre da condição espiritual de cada um e podem ser manipulados e integrados na “realidade” criada por cada cérebro.

Fala-se dos que têm sorte e dos que não a têm, parecendo que “alguém” se impõe como uma fatalidade. Mas a verdade é única e muito simples: não há coincidências, sorte ou azar, mas sim propósitos. Tudo o que acontece tem um propósito, enquadrado nos desígnios da harmonia universal.

Tudo o que nos acontece são reacções ao que semeamos, reacções a tudo o que fazemos. O Homem vive ainda num nevoeiro de ignorância. Isso explica as ilusões e insuficiências e o facto de ainda não se ter encontrado o verdadeiro significado da vida e o caminho mais adequado dentro do mundo onde está a aprender a lidar com a matéria. Os órgãos dos sentidos são muito complexos e muitas das suas acções não são interpretadas como o reflexo da realidade em si, mas sim como uma resposta baseada em factos supostamente reais conforme o funcionamento do cérebro que conhece aquela “realidade” e completa a informação quando é insuficiente. Há imensas experiências, na área da psicologia, que avalizam isso. O cérebro, na maior parte das vezes, sem esperar por toda a informação, completa as sensações percepcionadas dentro dos parâmetros do “seu mundo” conhecido.

 

É um dos mistérios que os psicólogos vão desvendando aos poucos. Chamam a essas situações “de ilusórias”, supostas, que simulam a realidade. Só depois de serem demonstradas como “reais” ou falsas é que podem ser aceites ou repudiadas. Os neurocientistas já declararam que o cérebro é facilmente enganado e a “realidade” é o que ele (o cérebro) nos mostra.

Um exemplo clássico que os neurocientistas apresentam para o “mistério” de os Incas não prestarem atenção, aparentemente, à chegada dos galeões espanhóis, e só mais tarde estabelecerem um contacto, e serem tão facilmente chacinados por tão poucos invasores foi o facto de aquele povo não ter reconhecido como uma realidade, no seu mundo, aquela visão tão estranha, sem suporte nenhum no mundo “criado” pelos seus cérebros. Era uma visão completamente desconhecida para a sua realidade e nível de evolução naquele mundo, entrando, pois, no campo do sobrenatural. Só terão começado a entender o facto quando viram aquela tribo de seres humanos, semelhantes a eles mas com vestimentas diferentes, a movimentarem-se em terra, e que (vejam só) as suas tradições falavam nesses seres muito claros e barbudos que consideraram como deuses. Tentaram uma aproximação amigável mas Pizarro, pela ganância das riquezas que viu, e apercebendo-se da boa vontade daquele povo, que tinha acabado de sair de uma guerra civil, com falsas promessas conseguiu atrair o Imperador Atahualpa e matou-o impiedosamente.

A tendência, numa situação destas (não reconhecer um facto que não se enquadre na realidade conhecida pelos seus cérebros) era ignorar e, até, tornar invisível aquele objecto que o cérebro não conseguia objectivar para o instalar na sua realidade. Como os seus cérebros não conseguiam completar a visão com algo “conhecido” e aceite no seu mundo, “desligavam” pura e simplesmente, passando para o campo do sobrenatural e do mundo invisível dos espíritos.

O mesmo acontece com povos primitivos (de hoje) que não reconhecem nem entendem quando visionam uma nave espacial (OVNIs), ou um avião moderno, porque não existem no mundo deles e passam para o campo da superstição.

Hoje sabemos que não existe nada de sobrenatural. Sabemos que, por enquanto, não conseguimos compreender integralmente. Já compreendemos que a Vida é uma modalidade de adaptação de um Todo, no qual o Homem está inserido. Entramos num terreno científico, na qual existem realidades que não sabemos explicar mas que, justamente por isso, precisa de ser investigado.

Temos o direito de admitir que estes mistérios que envolvem as forças ocultas e a própria vida e a morte, não passam de uma etapa provisória do conhecimento, que deve terminar por entrar no domínio do natural. Neste confronto com o mistério, um grande grupo professa uma crença religiosa, sustentando que estes mistérios foram resolvidos por uma revelação divina. Do ponto de vista teológico diferencia-se a de superstição. Mas o que é um dogma para uma religião, é para os fiéis de outra, uma simples superstição.

Outro grande grupo humano rotula todas as convicções, indistintamente, de superstição e as consideram, por vezes, enraizadas em temores de desejos recalcados. Por isso, a correlação entre ciência e religião é a de antagonismo inveterado. São, para já, irreconciliáveis.

Os grandes pensadores, na maioria ocultistas por saberem da rejeição a estes métodos de interacção com os fenómenos naturais e sobrenaturais, afirmaram que no futuro a ciência será autenticamente religiosa e a religião assentará em bases verdadeiramente científicas. Para já, pode-se observar o grande passo dado pela física quântica (que vai um pouco além da ciência pura) que penetra por áreas que permaneciam no campo espiritual, tentando explicar os mesmos fenómenos com outras palavras. O que interessa é que quando um cientista se debruça sobre fenómenos até ali dominados pelos espiritualistas é porque acredita na sua existência e procura enquadrá-los cientificamente.


É um novo ramo da ciência que vem legitimar muitos fenómenos espirituais, sobrenaturais, dando-lhes um suporte científico.

O mundo e a natureza não são regidos pelo acaso, que é apenas a ignorância do que não conseguimos saber. A harmonia total domina em tudo, desde o macrocosmo ao microcosmo. São forças que agem inteligentemente para que não haja o caos no turbilhão do Universo, onde rodopiam as metagaláxis, galáxias, estrelas. Planetas, cometas asteroides, sem colidirem uns com os outros e sempre em movimento.

O grande erro do Homem é ter dado a certas forças, que agem inteligentemente,(algumas das quais despertadas inconscientemente, nas suas experiências e capacidade de dominar a matéria) em caracter antropomórfico, tendo esses fenómenos adquirido uma significação humana. (alterações climáticas, furacões, Tzunamis, e todo o descontrolo telúrico e cósmico que se observa no planeta). Chegam ao nosso conhecimento como sendo caprichos da natureza ou vontades arbitrárias.

 
A noção do mundo do Homem começou com a fantasia e a imaginação primeiro, e a razão e a lógica depois, permitindo a evolução do espírito. Enquanto não expurgar todas as velhas concepções e fantasias e resover procurar a Verdade e a Realidade o Homem continuará perdido no labirinto da Vida, sem uma pista que o leve à libertação.

Não conseguirá libertar-se da sua condição humana para se elevar um degrau que seja na evolução.

São as armadilhas do mundo material, que levam ao “pecado”, que pretendem evitar que o Homem evolua e se liberte deste mundo-escola na Terceira Dimensão. Seres do mundo invisível, que sempre influenciou o mundo visível, não espirituais, “vivem” da energia que os seres humanos libertam no dia a dia, e se o humanos ascenderem para a Dimensão Superior e se libertarem da carne, esses seres perdem a sua fonte de alimento, porque não podem ascender também.

 

(Texto sem adopção às regras do acordo ortográfico de 1990. R)

 

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