A MENTE E A FORÇA DE VONTADE

Texto sem adopção às regras do acordo ortográfico de 1990

O Homem, criado à semelhança de Deus, possui em si poderes grandiosos e ocultos, que se irão revelando com a evolução espiritual e o levam a reconhecer o quanto é responsável pelas suas palavras, actos e pensamentos.

 

Aqueles que já “acordaram” sabem que as suas obras e as influências do que os rodeia, e rodeiam os seus semelhantes, dependem de si mesmo e do seu estado mental.

Antes de executarmos qualquer trabalho devemos ter em conta estes factores, para não nos transformarmos numa causa maléfica, e involuntária, dos erros e das penas por que tenham de passar as gerações futuras.

O Homem é o responsável pela habitação do seu espírito – o Corpo Físico. Se não souber cuidar dele e o “construir” com materiais fracos, pobres, sem resistência, conspurcando-o com materiais e objectos que “estão na moda”, torná-lo-á pouco atraente e debilitado.

A maioria da humanidade, por várias circunstâncias, principalmente pela interferência do mundo invisível que domina este mundo visível para nós, permanece “adormecida”, sem consciência dos seus podres dados pelo Criador, é débil, impotente ou obstinada na rotina, tornando-se inapta para a realização de bons pensamentos e acções.

O agente que governa a força mental é a força de vontade. É ela quem lhe dá a direcção desejada, guiando e impelindo-a para o objectivo. A Mente permanece neutra e quando recepciona as instruções que o espírito, conectado com o saber universal, lhe envia constantemente cria então o impulso necessário para concretizar o conhecimento. Mas isso só pode acontecer com as melhorias progressivas na conexão Mente/Espírito, que só é possível com a evolução espiritual contínua. Para que todo este processo funcione é necessária a Força de Vontade. Para o espírito evoluir tem que ultrapassar barreiras e a “guerra” que o submundo invisível lhe move, procurando a todo o custo evitar que o Homem “acorde”, tome consciência do seu poder inato, e reaja.

Toda esta força gerada e movimentada é normalmente aceite como Força do Pensamento… que pode ser emitido a favor ou contra alguém. Ou seja: para o conhecimento convencional, o pensamento é o método mais simples, mas seguro, de que a Natureza se serve para comunicar, enquanto que a palavra é o meio cultivado (no mundo físico), um produto do trabalho do próprio Homem, da sua deliberação. É assim que as mensagens são enviadas pelas ondas vibratórias pelo espaço e é assim que o pensamento, emitido pelo cérebro humano, pode enviar mensagens em todas as direcções no espaço infinito.

Hoje a palavra já não é absolutamente necessária para a acção directa de algum pensamento, como, por exemplo, rogar a Deus. A oração feita em voz alta pela recitação mecânica de uma fórmula nuca produzirá o mesmo efeito da que é feita em silêncio, reunindo a Vontade e a Força Mental, concentrando-as no desejo manifestado. E quando pedimos ao Senhor para ajudar os que sofrem não precisamos de detalhar os seus problemas. Jesus não precisou de conhecer os males de quem dele se aproximava. Lia no seu íntimo, como num livro aberto, toda a história das suas vidas e dos seus anseios. E então orava e manifestava a Sua vontade a favor do necessitado mas sem interferir com a sua liberdade e destino.

E nós, ainda que imperfeitamente e dentro da relatividade natural, devemos imitar este modo de agir procurando, nos nossos actos, palavras e pensamentos, desenvolver essa vontade que faz criar a potencialidade da nossa forma mental para darmos uma prova de respeito, aceitação e carinho por todas aquelas lições e exemplos sublimes.

A “Força” não é a gravidade, não é a electricidade, não é o magnetismo nem a afinidade química. A Vontade é que é a ideia típica da força, que irá despoletar a verdadeira “Força” sublimada pela Imaginação, já no mundo do espírito. Se desenvolvermos a Vontade (no mundo da matéria) para nos tornarmos puros e harmónicos, a força mental (campo regido pelo espírito) será em nós potente e benéfica.

 

A força de vontade é que vai accionar o espírito adormecido. Isto por palavras simples e sem aprofundar a comunicação que deve existir entre o nosso espírito e a mente, a componente principal da Alma. Para quem tem lido os meus textos e esteja familiarizado com o esoterismo é fácil perceber o que pretendo dizer (A Alma é o resultado da experiência conjunta entre o corpo físico e o nosso espírito, abrangendo nesta fase os mundos material e espiritual. Trabalha em contacto estreito com o cérebro material na construção do raciocínio lógico, apropriado para a vida na matéria, e não perde o contacto com o “saber” universal proveniente do espírito, a área da Intuição de que resultam os “pressentimentos”). O Homem não é só Corpo físico, é uma trindade: Corpo, Espírito e Alma (a mente). O Corpo é a habitação, o veículo que permite viver no mundo material, o espírito é o sopro vital e a Alma é o indivíduo que está a evoluir pelos diversos mundos ou planos dimensionais, a caminho do Pai.

A mente é o “motor de arranque” que vai alimentando o “motor” criado e preparado para funcionar no mundo material – o cérebro. O cérebro regista e cria as acções necessárias para dominar o mundo material, o primeiro objectivo da evolução do ser humano, e necessita sempre do “conhecimento” que lhe é injectado pela mente/Alma que o recebe directamente do Espírito, aquela centelha (ou átomo) de Vida vinda do mundo espiritual, mais precisamente do Espírito Universal de Deus. Motivo por que Deus está em toda a parte. Todo o ser vivo, vive pelo átomo do espírito de Deus que lhe é doado no acto do nascimento.

Como esse átomo pertence a Deus, Deus está em todo o lado. Por enquanto o “saber” universal corre de Deus para a criatura, mas com a evolução espiritual a criatura na sua evolução começara a entender conscientemente essa corrente de conhecimento e talvez poder interagir. A verdade é que o conhecimento universal está sempre à disposição.

O problema é a comunicação. Quanto mais o espírito mergulha na matéria mais difícil é essa comunicação e o ser humano tem que ter a força de vontade forte para resistir às investidas do mundo invisível (que domina o mundo visível) e espiritualizar-se cada vez mais. Como um músculo do corpo físico precisa de exercício para não definhar, o espírito também precisa de atenção e ser estimulado para não se cristalizar e ser completamente absorvido pela matéria.

A matéria é espírito cristalizado.

Quanto maior for a evolução do espírito, pela consciencialização da Vida, e pela oração, melhor se tornará essa conexão com o Espírito Universal e os “pressentimentos” passarão a “certezas”.

Os que ainda não “acordaram” mantendo-se indiferentes, por ignorância, recebem “avisos” constantes do seu espírito, em situações complicadas e de risco. E dizem então que tiveram um “pressentimento”. Muitos começam a perceber que há mais algo a compreender e seguem a sua intuição nesses momentos e dão-se bem. O “cérebro” regido pelo espírito e não pelo raciocínio material, o Coração, leva a melhor.

 

O raciocínio aponta determinado caminho, mas o coração diz que não. Apesar de transmitir as razões o indivíduo, pela má ligação que só lhe transmite algumas partes sem sentido da mensagem, fica sempre sem saber, ao certo, o que se passa. Consegue apenas uma impressão de que há algo que não está bem e na maior parte das vezes segue a sua intuição. O instinto de sobrevivência ajuda a decidir-se.

Com a espiritualização, esse canal de comunicação vai-se tornando cada vez mais audível e coordenado até chegar ao ponto em que o indivíduo “acorda” por completo e passa a entender a Vida. Começa a ter acesso à “chave da Vida” e a ver tudo com mais clareza.

 

Portanto: a oração é o principal instrumento para estabelecer a ponte entre a mente e o cérebro (cujos nove décimos está inactivo à espera da alimentação adequada) e a Força de Vontade o factor principal que estimula todo o processo.

É preciso muito trabalho, persistência e sacrifício, para atingir determinado patamar de evolução espiritual e para isso é preciso resistir às tentações, caminhos mais fáceis e armadilhas do mundo material.

É preciso uma força de vontade forte.