A “ILUSÃO” DAS SANSÕES DOS EUA CONTRA A RÚSSIA
(Tradução minha para português de
Portugal, sem adopção às regras do acordo ortográfico de 1990, e sem alterar o sentido
do texto original, que poderá ser consultado no site que vem citado no fim.
Apresento aqui uma versão leve com algumas imagens da Net para o texto não
ficar tão condensado e ficar ao alcance de todos. R)
Este texto já é antigo, (4.8.2014) e a ideia é dar conhecimento da política
de bastidores, com os truques e provocações que poderão, um dia, provocar uma
confrontação. A humanidade está sempre sobre “a corda-bamba” e muito do que
chega ao conhecimento do público são apenas factos retorcidos que na maior
parte das vezes não revelam a VERDADE. São fantasias e ilusões criadas pelas
elites para justificarem certas atitudes. Aparentemente se “esgadanham” mas por
trás a conversa é outra. Querem apenas manter as aparências, o que às vezes se
torna muito perigoso.
Para mandar um recado, devemos ignorar o gângster-chefe e chutar
primeiro o guarda-costas – eis um velho método, moribundo, da guerra fria, que a Rússia pode
estar a ressuscitar, ao notificar a Polónia de que está a suspender a
importação de frutas e legumes daquele país, medida que entra em vigor em
Agosto de 2014, ao mesmo tempo em que medidas similares estão a ser
consideradas contra os países da União Europeia em conjunto.
A
Rússia diz que foram violadas as condições sanitárias, mas, se, como suspeita a
Voz da
América, Moscovo está apenas a chutar deliberadamente um dos guarda-costas
dos EUA, os norte-americanos não poderão fingir que não perceberam ou não
entenderam o recado. A decisão de Moscovo equivale a chutar as partes moles
sensíveis da Polónia, que exporta dois terços de toda a sua produção de frutas
e legumes para a Rússia.
Na
verdade, trata-se de momento de provação Zen para o presidente Obama dos
EUA. Um guarda-costas dos mais firmes e leais está a ser impiedosamente
espancado... E o chefão (EUA) tem de assistir de longe, sem poder mover um músculo. É pouco
provável que Washington tenha condições de oferecer compensação financeira a
Varsóvia pela renda que perderá. Obama, provavelmente, recomendará que Varsóvia
procure Bruxelas, para tentar compensação. Começará um ciclo vicioso de
sanções?
É
difícil dizer quem vencerá e o mais provável é que todos só percam. Todos os
relatos sugerem que a Rússia entrou em modo de contestação. A União Europeia
terá de incluir nessa contabilidade, que Moscovo começará em breve a remover as
cláusulas de tratamento preferencial (isenção de taxas e impostos aduaneiros) que há tempos garante aos
produtos que a Ucrânia exporta para o mercado russo.
A
Agência Reuters diz que Moscovo está a preparar as novas regras
necessárias. É problema para a União Europeia, porque os EUA estão com
as mãos firmemente cerradas no que tenha a ver com dinheiro, e esperarão
que a Europa (leia-se: a Alemanha) compense a Ucrânia por qualquer
perda de renda, o que virtualmente significa salvar a economia daquele país,
porque, sem as exportações para o mercado russo, a indústria ucraniana
ruirá.
Mas,
nesta história ainda em andamento, todos os olhos estão postos na parte da Terceira
Rodada de sanções que envolvem transferência, para a Rússia, de “tecnologias
sensíveis” no sector
do petróleo. A impressão que ficou no discurso de Obama na Terça-feira, quando
anunciava as sanções,
é que a exploração e a produção de petróleo russo serão terrivelmente
atingidos.
A
Agência Reuters conta uma história bem diferente, em análise aprofundada
da situação presente do mercado de petróleo, e sugere que a coisa é muito
complicada e que é altamente provável que Obama
tenha dado “um tiro no pé”.
As
três principais conclusões da análise distribuída pela Reuters são:
a)
A Rússia dependeu sempre, tradicionalmente, da tecnologia ocidental, sobretudo
por uma questão de conveniência; agora, será obrigada a pôr a mão na massa e a
desenvolver tecnologias próprias, o que só fará acelerar a erosão que já se
observa no monopólio do ocidente sobre aquela tecnologia;
b)
A China, principalmente, apostará na situação que se vê e, no final, será a
grande vencedora nessa questão; e
c)
As sanções contra a Rússia, muito provavelmente, marcarão o fim da
liderança tecnológica do ocidente no sector do petróleo.
Curiosamente,
os especialistas em petróleo também questionam o fundamento da onda de propaganda
comandada por Obama. Cito um trecho mais longo da opinião de especialistas, no conceituado
periódico sobre petróleo, Peak Oil News: “Os estudiosos de política
externa no Departamento de Estado talvez não compreendam que a produção
de petróleo na Rússia acaba de atingir um pico do período pós-URSS e daqui em
diante já estaria em declínio. O efeito das sanções de EUA-UE será
apressar esse declínio russo, o que fará subir os preços do petróleo, no
instante em que a produção dos EUA atinja o seu máximo possível e
imediatamente depois caia em mergulho inevitável, de nariz rumo ao fundo do
poço, o que deve acontecer em 2017-2020. A Rússia, ainda estará a
exportar petróleo naquele ponto futuro, e beneficiará dos preços mais
altos (talvez suficientemente mais altos a ponto de compensar a produção
perdida por causa das sanções). Os EUA, por sua vez, que ainda serão um dos maiores importadores de
petróleo do mundo, estarão ante a repetição do choque do petróleo de 2008, que
contribuiu para o seu crash financeiro”.
“Não há dúvidas de que os especialistas em política externa do
Departamento de Estado acreditam sinceramente na propaganda recente, sobre os
EUA repentinamente convertidos em nova superpotência energética, capaz de
abastecer a Europa de petróleo e gás, para substituir as exportações russas. É
possível que os europeus sejam doidos a ponto de também terem embarcado
nessa fantasia. Mas essa aposta tem de altíssima, o que tem de ruinosa.
Deve-se esperar que os jogadores acordem dessas alucinações, antes de o jogo
ficar realmente feio.”
Bem
obviamente, os europeus não são doidos. Bateram na mesa e exigiram que o gás
ficasse fora do pacote de sanções que Obama propunha. A questão é simples: as
economias europeias não vivem sem o gás russo (Washington Post).
Pode-se
dizer, para manter a metáfora, de que quem está em posição de poder bater na
mesa agora é a Rússia. Será que a Rússia retaliará, racionando o gás para a
Europa? Analistas de Morgan Stanley estimam que, sim, Moscovo pode decidir-se
por essa opção. Hmm. Sentiram calafrios?
A
minha opinião, porém, é que não se deve temer que Moscovo escolha essa via. Por
um lado, o imposto sobre exportações de gás para a Europa é bom dinheiro para a
Rússia; segundo, Moscovo
compreende perfeitamente bem que os grandes países europeus – excepto talvez a
Grã-Bretanha
– não estão realmente empenhados no que o “chefão-Maior” os pressiona a fazer,
e só cederam porque sangue, afinal, é mais denso do que a água.
Esse
parece ser também o entendimento de Moscovo sobre a coisa toda. A reacção mais
detalhada dos russos à Terceira Rodada de sanções veio do ministro
Sergey Lavrov das Relações Exteriores, em reunião com a imprensa em Moscovo na
Terça-feira. Lavrov ofereceu um resumo detalhado e consistente do que realmente
se passa por trás do teatro de sombras apresentado para a opinião pública na
Ucrânia; destacou que os EUA estão a calibrar deliberadamente as tensões,
torpedeando
toda e qualquer incipiente iniciativa de paz que apareça.
Revelou
que parceiros europeus da Rússia revelaram a Moscovo, em contactos privados, as
desconfianças e preocupações que lhes causam o plano de jogo de Obama. Lavrov
disse, com palavras cuidadosamente medidas e seleccionadas, que as atitudes
europeias ante as sanções contra a Rússia são “artificiais”.
Interessante:
o jornal britânico Independent publicou também matéria exclusiva,
evidentemente baseada em fontes ocidentais de alto nível, em que diz que Berlin
e Moscovo estavam, sim, bem próximos de firmar um acordo sensibilíssimo sobre a
Ucrânia; mas tiveram de pô-lo em banho-maria, quando o avião da Malaysian
Airlines foi derrubado no leste da Ucrânia.
Nas
palavras do Independent, “fontes internas, que participaram das
discussões, disseram ontem que o plano de paz alemão continua sobre a mesa e é
a única proposta de acordo que está a ser analisada. As negociações pararam por
causa do desastre do MH17, mas recomeçarão tão logo as investigações tenham
sido concluídas”.
Ora,
ora... Essa informação dispara uma pergunta recheada de possibilidades: Por
que, afinal, neste mundo, um homem racional como o presidente Putin tomaria atitude
tão descabida e bizarra como minar o seu próprio plano de paz, que ele
trabalhosamente estava a discutir com a chanceler Ângela
Merkel, e derrubaria à bomba o avião de um país amigo, como a Malásia, com o
qual a Rússia até já teve cooperação de defesa?
Será possível, pois, que alguém tenha tentado minar o tratado de
paz russo-alemão? Será possível, pois, que os russos tenham razão todas as vezes que
sugerem que haja mais, na tragédia do MH17 no leste da Ucrânia, do que o olho
já viu? (Lavrov também tocou nisso.)
Curiosamente,
na declaração de 29/7, o Ministério de Relações Exteriores da Rússia especifica
que os EUA, Grã-Bretanha e Lituânia, recorrem “desavergonhadamente” a tácticas
de bloqueio dentro do Conselho de Segurança da ONU contra qualquer movimento a
favor de o caso do voo MH17ser
investigado por uma comissão internacional.
Leia mais: http://www.anovaordemmundial.com/2014/08/a-ilusao-das-sancoes-dos-eua-contra-arussia.
html#ixzz3SZt0dqTu
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