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quarta-feira, 10 de julho de 2019


A “ILUSÃO” DAS SANSÕES DOS EUA CONTRA A RÚSSIA

 
 (Tradução minha para português de Portugal, sem adopção às regras do acordo ortográfico de 1990, e sem alterar o sentido do texto original, que poderá ser consultado no site que vem citado no fim. Apresento aqui uma versão leve com algumas imagens da Net para o texto não ficar tão condensado e ficar ao alcance de todos. R)

 
Este texto já é antigo, (4.8.2014) e a ideia é dar conhecimento da política de bastidores, com os truques e provocações que poderão, um dia, provocar uma confrontação. A humanidade está sempre sobre “a corda-bamba” e muito do que chega ao conhecimento do público são apenas factos retorcidos que na maior parte das vezes não revelam a VERDADE. São fantasias e ilusões criadas pelas elites para justificarem certas atitudes. Aparentemente se “esgadanham” mas por trás a conversa é outra. Querem apenas manter as aparências, o que às vezes se torna muito perigoso.

Para mandar um recado, devemos ignorar o gângster-chefe e chutar primeiro o guarda-costas – eis um velho método, moribundo, da guerra fria, que a Rússia pode estar a ressuscitar, ao notificar a Polónia de que está a suspender a importação de frutas e legumes daquele país, medida que entra em vigor em Agosto de 2014, ao mesmo tempo em que medidas similares estão a ser consideradas contra os países da União Europeia em conjunto.
 
A Rússia diz que foram violadas as condições sanitárias, mas, se, como suspeita a Voz da
América, Moscovo está apenas a chutar deliberadamente um dos guarda-costas dos EUA, os norte-americanos não poderão fingir que não perceberam ou não entenderam o recado. A decisão de Moscovo equivale a chutar as partes moles sensíveis da Polónia, que exporta dois terços de toda a sua produção de frutas e legumes para a Rússia.


Na verdade, trata-se de momento de provação Zen para o presidente Obama dos EUA. Um guarda-costas dos mais firmes e leais está a ser impiedosamente espancado... E o chefão (EUA) tem de assistir de longe, sem poder mover um músculo. É pouco provável que Washington tenha condições de oferecer compensação financeira a Varsóvia pela renda que perderá. Obama, provavelmente, recomendará que Varsóvia procure Bruxelas, para tentar compensação. Começará um ciclo vicioso de sanções?

É difícil dizer quem vencerá e o mais provável é que todos só percam. Todos os relatos sugerem que a Rússia entrou em modo de contestação. A União Europeia terá de incluir nessa contabilidade, que Moscovo começará em breve a remover as cláusulas de tratamento preferencial (isenção de taxas e impostos aduaneiros) que há tempos garante aos produtos que a Ucrânia exporta para o mercado russo.

 
A Agência Reuters diz que Moscovo está a preparar as novas regras necessárias. É problema para a União Europeia, porque os EUA estão com as mãos firmemente cerradas no que tenha a ver com dinheiro, e esperarão que a Europa (leia-se: a Alemanha) compense a Ucrânia por qualquer perda de renda, o que virtualmente significa salvar a economia daquele país, porque, sem as exportações para o mercado russo, a indústria ucraniana ruirá.

Mas, nesta história ainda em andamento, todos os olhos estão postos na parte da Terceira
Rodada de sanções que envolvem transferência, para a Rússia, de “tecnologias sensíveis” no sector do petróleo. A impressão que ficou no discurso de Obama na Terça-feira, quando anunciava as sanções, é que a exploração e a produção de petróleo russo serão terrivelmente atingidos.

A Agência Reuters conta uma história bem diferente, em análise aprofundada da situação presente do mercado de petróleo, e sugere que a coisa é muito complicada e que é altamente provável que Obama tenha dado “um tiro no pé”.

 
As três principais conclusões da análise distribuída pela Reuters são:

a) A Rússia dependeu sempre, tradicionalmente, da tecnologia ocidental, sobretudo por uma questão de conveniência; agora, será obrigada a pôr a mão na massa e a desenvolver tecnologias próprias, o que só fará acelerar a erosão que já se observa no monopólio do ocidente sobre aquela tecnologia;

b) A China, principalmente, apostará na situação que se vê e, no final, será a grande vencedora nessa questão; e

c) As sanções contra a Rússia, muito provavelmente, marcarão o fim da liderança tecnológica do ocidente no sector do petróleo.

 
Curiosamente, os especialistas em petróleo também questionam o fundamento da onda de propaganda comandada por Obama. Cito um trecho mais longo da opinião de especialistas, no conceituado periódico sobre petróleo, Peak Oil News: “Os estudiosos de política externa no Departamento de Estado talvez não compreendam que a produção de petróleo na Rússia acaba de atingir um pico do período pós-URSS e daqui em diante já estaria em declínio. O efeito das sanções de EUA-UE será apressar esse declínio russo, o que fará subir os preços do petróleo, no instante em que a produção dos EUA atinja o seu máximo possível e imediatamente depois caia em mergulho inevitável, de nariz rumo ao fundo do poço, o que deve acontecer em 2017-2020. A Rússia, ainda estará a exportar petróleo naquele ponto futuro, e beneficiará dos preços mais altos (talvez suficientemente mais altos a ponto de compensar a produção perdida por causa das sanções). Os EUA, por sua vez, que ainda serão um dos maiores importadores de petróleo do mundo, estarão ante a repetição do choque do petróleo de 2008, que contribuiu para o seu crash financeiro”.

“Não há dúvidas de que os especialistas em política externa do Departamento de Estado acreditam sinceramente na propaganda recente, sobre os EUA repentinamente convertidos em nova superpotência energética, capaz de abastecer a Europa de petróleo e gás, para substituir as exportações russas. É possível que os europeus sejam doidos a ponto de também terem embarcado nessa fantasia. Mas essa aposta tem de altíssima, o que tem de ruinosa. Deve-se esperar que os jogadores acordem dessas alucinações, antes de o jogo ficar realmente feio.”

Bem obviamente, os europeus não são doidos. Bateram na mesa e exigiram que o gás ficasse fora do pacote de sanções que Obama propunha. A questão é simples: as economias europeias não vivem sem o gás russo (Washington Post).

 

Pode-se dizer, para manter a metáfora, de que quem está em posição de poder bater na mesa agora é a Rússia. Será que a Rússia retaliará, racionando o gás para a Europa? Analistas de Morgan Stanley estimam que, sim, Moscovo pode decidir-se por essa opção. Hmm. Sentiram calafrios?

A minha opinião, porém, é que não se deve temer que Moscovo escolha essa via. Por um lado, o imposto sobre exportações de gás para a Europa é bom dinheiro para a Rússia; segundo, Moscovo compreende perfeitamente bem que os grandes países europeus – excepto talvez a Grã-Bretanha – não estão realmente empenhados no que o “chefão-Maior” os pressiona a fazer, e só cederam porque sangue, afinal, é mais denso do que a água.

Esse parece ser também o entendimento de Moscovo sobre a coisa toda. A reacção mais detalhada dos russos à Terceira Rodada de sanções veio do ministro Sergey Lavrov das Relações Exteriores, em reunião com a imprensa em Moscovo na Terça-feira. Lavrov ofereceu um resumo detalhado e consistente do que realmente se passa por trás do teatro de sombras apresentado para a opinião pública na Ucrânia; destacou que os EUA estão a calibrar deliberadamente as tensões, torpedeando toda e qualquer incipiente iniciativa de paz que apareça.

Revelou que parceiros europeus da Rússia revelaram a Moscovo, em contactos privados, as desconfianças e preocupações que lhes causam o plano de jogo de Obama. Lavrov disse, com palavras cuidadosamente medidas e seleccionadas, que as atitudes europeias ante as sanções contra a Rússia são “artificiais”.

Interessante: o jornal britânico Independent publicou também matéria exclusiva, evidentemente baseada em fontes ocidentais de alto nível, em que diz que Berlin e Moscovo estavam, sim, bem próximos de firmar um acordo sensibilíssimo sobre a Ucrânia; mas tiveram de pô-lo em banho-maria, quando o avião da Malaysian Airlines foi derrubado no leste da Ucrânia.

 
Nas palavras do Independent, “fontes internas, que participaram das discussões, disseram ontem que o plano de paz alemão continua sobre a mesa e é a única proposta de acordo que está a ser analisada. As negociações pararam por causa do desastre do MH17, mas recomeçarão tão logo as investigações tenham sido concluídas”.

Ora, ora... Essa informação dispara uma pergunta recheada de possibilidades: Por que, afinal, neste mundo, um homem racional como o presidente Putin tomaria atitude tão descabida e bizarra como minar o seu próprio plano de paz, que ele trabalhosamente estava a discutir com a chanceler Ângela Merkel, e derrubaria à bomba o avião de um país amigo, como a Malásia, com o qual a Rússia até já teve cooperação de defesa?

Será possível, pois, que alguém tenha tentado minar o tratado de paz russo-alemão? Será possível, pois, que os russos tenham razão todas as vezes que sugerem que haja mais, na tragédia do MH17 no leste da Ucrânia, do que o olho já viu? (Lavrov também tocou nisso.)

Curiosamente, na declaração de 29/7, o Ministério de Relações Exteriores da Rússia especifica que os EUA, Grã-Bretanha e Lituânia, recorrem “desavergonhadamente” a tácticas de bloqueio dentro do Conselho de Segurança da ONU contra qualquer movimento a favor de o caso do voo MH17ser investigado por uma comissão internacional.

 
Leia mais: http://www.anovaordemmundial.com/2014/08/a-ilusao-das-sancoes-dos-eua-contra-arussia.
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