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domingo, 4 de dezembro de 2016


EUA/UE e as suas “sanções apavorantes”

Quinta-feira, 1 de Maio de 2014

FONTE: http://noticia-final.blogspot.pt/2012/10/o-fim-da-nova-ordem-mundial-1.html

(NOTA: Tradução minha para português de Portugal e alguns sublinhados sem alterar o sentido do texto. R.)


A China já criticou fortemente, oficialmente, todas as sanções; disse que não servem para nada.

Outras seis cidades no leste da Ucrânia rebelaram-se.

Dmitry Rogozin, Embaixador Extraordinário Plenipotenciário e vice-primeiro ministro da Rússia, encarregado da indústria de Defesa, declarou que a Rússia responderá a palavras, com palavras; e ações, com ações. Por exemplo, disse que, se os EUA tentarem causar dano à indústria aeroespacial russa, os russos podem mandar astronautas, eles mesmos, para a Estação Espacial Internacional.

Oleg Tsarev, uma das figuras políticas mais populares do leste da Ucrânia abandonou oficialmente a corrida presidencial; disse que a sua participação é impossível.

Mikhail Dobkin, figura destacada do Partido das Regiões, e amigo próximo do prefeito de Cracóvia, Gennadi Kermes – que sofreu um atentado à bala e está em estado crítico num hospital israelita, declarou que também está a pensar em desistir da candidatura à presidência.

Pilotos russos informaram que o sinal de GPS sobre a Ucrânia parece ter sido degradado pelos EUA. Os EUA fizeram o mesmo na Líbia, e durante o massacre de 8/8/2008 em Ossétia. Por sorte, a constelação de satélites GLONASS operam em plena capacidade (24) e já assumiram todas as frequências.

O Secretário de Estado dos EUA John Kerry: “Hoje, que a Rússia tenta mudar a paisagem de segurança da Europa do Leste e Central, temos de deixar absolutamente claro para o Kremlin, que o território da OTAN é inviolável e nós defenderemos cada polegada dele”.

Em Kiev, o Setor Direitista e os maidanistas brigam entre eles. Turchinov admite que essa operação falhou: “Gostaria de dizer francamente que no momento as estruturas de segurança não conseguem retomar rapidamente sob o seu controle a situação nas regiões de Donetsk e Luhansk. O pessoal de segurança encarregado da proteção dos cidadãos está sem apoio. Mais que isso, algumas dessas unidades ou ajudam ou cooperam com os terroristas. A nossa tarefa é, antes de tudo, deter a disseminação da ameaça terrorista para todas as regiões da Cracóvia e Odessa”.

Foi anunciado pelas autoridades militares na Rússia, que dois recém-chegados
participarão do desfile do próximo dia 9/5/2014, “Dia da Vitória”, em Moscovo: uma
unidade da Spetsnaz, com os novos uniformes à prova de bala e rifles com silenciador; e uma unidade de Infantaria Naval da Frota do Mar Negro que levará a bandeira da República Russa da Crimeia. Pode-se facilmente imaginar a fúria dos Adidos militares da OTAN, convidados para assistir ao desfile (como são sempre convidados, anualmente).

Boris Nemtsov, ativista neoliberal pró-EUA cometeu suicídio político, ao mostrar-se na TV da Junta de Kiev, e comparar Putin a Estaline. Não que tenha grande coisa a perder, dado que o seu partido “Parnas” não passa do 1-dígito, nas pesquisas eleitorais.

Nemtsov, Khodorkovsky, Kasparov e Navalnyi e alguns outros, já são, absolutamente, cadáveres políticos.

No mesmo programa da TV da Junta de Kiev no qual falou Nemtsov, Iurii Lutsenko,
conhecido nacionalista ucraniano, declarou, com ares de máxima seriedade, que “o código genético do povo ucraniano dá aos ucranianos a habilidade de viver longe de mentiras, mas o código genético de filhos de Gengis Khan os faz desejar viver em mentira e disseminar a sífilis patriótica”. Esse comentário sobre a “genética” soou particularmente cómico, porque Lutsenko estava sentado ao lado de um judeu (Nemtsov), num programa de TV cujo apresentador é judeu (Savik Shuster) e está co-organizando a conferência que convidou Nemtsov a Kiev com outro famoso judeu (Khodorkovsky). Fico a pensar porque esses judeus, que são usualmente super sensíveis a questões “genéticas”, se mantiveram calados e sorridentes enquanto um nacionalista neonazi afirmava, a sério, que os genes asiáticos dos russos os tornariam menos capazes de resistir a mentiras de uma suposta “raça” ucraniana.

Os EUA e a União Europeia adotaram mais sanções simbólicas contra a Rússia, que só ajudam numa direção: convencer os russos de que o ocidente não pode tomar e não tomará qualquer medida punitiva significativa contra a Rússia.

Os EUA noticiam entusiasticamente que as sanções fazem a Rússia sangrar
horrivelmente, por efeito de uma fuga de capitais. Há uma certa saída de capitais, mas é capital especulativo, que, como aconteceu em 08/08/2008, é sacado por plutocratas
ocidentais, em movimento para ser “noticiado”; e o dinheiro voltará rapidamente para a
Rússia. Até aqui não se vê qualquer sinal de desinvestimento, pela simples razão de que os plutocratas ocidentais não têm interesse algum em sofrer as consequências desse movimento.

Talvez eu já tenha escrito sobre ele, mas há um excelente ditado russo sobre ameaças vazias: “Ninguém espanta o porco-espinho, só com a bunda pelada”.

É precisamente o que os EUA e UE tentam fazer agora: querem espantar a Rússia com sanções que ferirão muito mais os EUA e a EU, do que a Rússia. E não só isso.

A simples noção de que impedir 15 ou 30 pessoas de viajar à Eurozona por seis meses abalaria a alma de gente que resistiu por 900 dias contra o cerco de Leningrado pelas forças alemãs (e que passou fome, frio, sede, sob raids aéreos diários da Luftwaffe) é risível.

A boa notícia é que Turchinov já admitiu que perdeu Lugansk e Donetsk Oblast [província], e que agora lhe resta impedir que os mesmos eventos atinjam outras partes da Ucrânia como as regiões de Odessa e Cracóvia.

Mapa atual (quase) com todas as províncias (oblasts) da Ucrânia

A minha sensação pessoal é de que a Cracóvia também já se foi. Mas Odessa pode ser mais complicada. E a situação em Dnepropetrovsk é ainda mais complexa.

O que pode acontecer é uma desintegração da Ucrânia, em duas etapas. Na primeira etapa, as regiões de Lugansk, Donetsk e Cracóvia separam-se e formam a sua própria república independente. Na sequência, uma relativa calmaria, as futuras eleições presidenciais (assumindo-se que venham a acontecer), a questão das reformas, os preços sobem e o fim, completo, do fornecimento de gás russo à Ucrânia. Então, ao longo do Verão e início do Outono, o resto da Ucrânia explodirá em protestos sociais, que empurrarão regiões como Odessa ou Zaporozhie a romper, enquanto os oligarcas e neonazis combatem uns contra os outros pelo controle de Kiev.

Como factor mais poderoso, que afetará o processo de desintegração da Ucrânia, haverá o boom económico da Crimeia. Se, no ano passado, os ucranianos comparavam a prosperidade económica dos russos e dos cidadãos da União Europeia, este ano eles compararão a situação económica na Ucrânia-da-Junta (que chamo de “Banderastão”) e a da Crimeia.

Quanto à República Popular de Donetsk, terá de se integrar á Rússia, mais cedo ou mais tarde, nem que seja por razões de segurança.

         John Kerry

Daí que só resta rir da mais recente ejaculação de conversa fiada, de Kerry. O que significa(ria), exatamente, “nós temos de deixar absolutamente claro para o Kremlin, que o território da OTAN é inviolável e que defenderemos cada palmo dele”?!

Será que Kerry acredita seriamente que alguém – qualquer pessoa, mas muito menos, ainda, os russos – acreditaria que os tanques russos estejam prestes a atacar a OTAN? E ainda falta(ria) explicar como a OTAN planeia lutar , exatamente, contra a Rússia, se a Rússia “já ocupou os Estados Bálticos” (que a Rússia não quer e dos quais a Rússia não precisa)...

Kerry está-se a converter em bufão ridículo em tempo integral, que faz Hillary parecer racional.

Uma última coisa: Tenho ouvido que quase 70% dos norte-americanos não estão felizes com Obama nem com o modo como Obama está a administrar a crise ucraniana; enquanto a popularidade de Putin não baixa dos 80% de aprovação.

Pode-se concluir que o povo russo e o povo dos EUA têm pontos de vista bem semelhantes. Azar, mesmo, da plutocracia parasitária que pôs no poder uma não entidade do quilate de Obama.

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