PORTUGAL
TEVE SEMPRE TRAIDORES
Como disse em Março de 2015, o destino da
Grécia estava traçado pelos "Senhores" e só era necessário arranjar argumentos para justificar a
mudança da política europeia, sem dar muito nas vistas. Tem que haver
argumentos para explicarem certas “reviravoltas” na história dada a conhecer ao
cidadão comum.
Portanto há que "armar" os factos
que irão provocar essa mudança e não foi coincidência nenhuma a manifestação
repentina convocada pelo grupo activista Blockupy (muito discreto), que terá mobilizado cerca de dez mil pessoas que,
de acordo com a BBC (Imprensa controlada pelos iluminados), foram trazidas pelo grupo
de várias partes da Alemanha e da Europa, para protestar contra as medidas de austeridade na Europa.
Ao mesmo tempo (mais uma coincidência) o Comissário
europeu, Pierre Moscovici, garantiu que não havia hipótese de "um qualquer
tipo de veto à lei sobre crise humanitária".
Ou seja, a
Comissão Europeia não iria vetar
qualquer lei proposta pelo Governo grego para ajudar a população necessitada.
"Damos o nosso total apoio ao objectivo
de ajuda aos mais vulneráveis, aos que foram mais afectados pela crise, e não
há qualquer hipótese de haver um qualquer tipo de veto à lei sobre crise
humanitária", garantiu
Moscovici, que falava numa conferência de imprensa.
O
acordo-quadro, esclareceu o comissário, implicava que haveriam consultas às
instituições que sancionaram o prolongamento da ajuda externa à Grécia e
adiantou que a questão foi discutida entre o presidente da Comissão Europeia,
Jean-Claude Juncker, e o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, na visita
deste a Bruxelas.
Tudo mudou.
Já não era a Troika, conectada com técnicos de terceira linha, simples
contabilistas, mas "Instituições
que sancionaram o prolongamento da ajuda externa" o que pressupunha o
contacto com políticos e não meramente técnicos de contas.
Infelizmente,
a nossa Ministra, na altura, apareceu toda sorridente a conferenciar com os
técnicos de contas da troika que
estavam em Portugal a emitir "sugestões" em voz grossa, apesar de o
país já não estar intervencionado.
Ela devia
ter enviado representantes do Ministério, também de segunda ou terceira linha,
fazer par com os técnicos da troika e
dar o apoio necessário para cumprirem a sua missão técnica, e não se rebaixar
(rebaixando o país) para agradar aos alemães. O papel dela era político.
Portugal tem
uma história triste por sempre tentar "encostar-se" aos mais fortes e
poderosos, mas nunca beneficiou com isso e pelos vistos os nossos líderes ainda
não aprenderam as lições do passado.
Junto um
pequeno artigo do jornalista Alberto Pinto Nogueira
A
História não esquece e não perdoa
Artigo de Alberto Pinto Nogueira 27/09/2013 no Público.pt (Sublinhados meus. R.)
Filipe II de Espanha foi I de Portugal. Mau vizinho, assaltou o extremo da
Ibéria. Para acabar com dúvidas, decretou que o reino de cá lhe pertencia, que
o herdara e conquistara. Comprara! Era o ano de 1580.
Teve o colaboracionismo dos traidores
domésticos. O costume. Miguel de Vasconcelos foi expoente. Povo oprimido, escravizado. Impostos e mais impostos.
Em 1640, o Povo
revoltou-se, farto de rei e exploração estrangeiros. Sitiado de impostos.
Miguel de Vasconcelos defenestrado. O jugo durou 60 anos. A Casa de Bragança
legitimou o novo poder político. Regressou a gerência doméstica.
Mais duzentos anos de
História se passaram.
Portugal titubeava entre
a “velha aliada” (?!), a Inglaterra, e o império francês. Em 1801, Carlos IV de
Espanha e a França tramam em Madrid a sua invasão. Napoleão, insaciável de
império, cozinhava a conquista de Portugal. Em Outubro de 1807, a corte portuguesa, com centenas de
embarcações e navios de guerra, fez-se ao Atlântico. Assentou praça no Brasil.
Junot, general gaulês,
desceu de França no dia seguinte, assaltou o reino até Lisboa. A bota cardada
da França dominou uns quatro anos. Assassinatos,
massacres, saques, roubos, pilhagens, violações. Um festim. Impostos. A mando do Imperador, Junot assina um
decreto: 100 milhões de francos a cobrar. No regresso, o poder imperial leva
tudo, santos das igrejas, seus olhos de pedras preciosas. Um sacrilégio. (Nota: O autor aqui não
fala nos colaboracionistas, os afrancesados,
como aconteceu sempre em Portugal. R)
A Inglaterra, “velha
aliada”, como tal, mandou Wellington afrontar os galos. Foi conde, marquês e
duque. Tem direito a uma estátua, na entrada do Hospital de Santo António, no
Porto. Sucedeu-lhe um facínora, o marechal-general William Beresford. Estiveram
cá dez anos. Mais execuções sumárias,
massacres, roubos, pilhagens. Impostos. Como aliados (?), não largavam o poder
de Lisboa e arredores. A Ilha tomou o lugar da Gália na opressão. D. João VI, I
do Brasil, regressa. Instaura-se um regime de monarquia constitucional.
Duzentos anos depois, a História repete-se. É fado.
O país é colónia da Europa que impõe leis, regras, procedimentos,
previsões orçamentais. O Ministério das Finanças é de Berlim. O orgulho de ser
português definha. Emigra-se a conselho do Governo. O Povo é tratado sem honra
e dignidade. Como caloteiro relapso.
O Terreiro do Paço faz
de oficial de diligências. Assina
de cruz a sentença condenatória do tribunal criminal de Berlim. Uma fatalidade a que é alheio. O
anterior e os anteriores do anterior também. A responsabilidade criminal é do Povo. Cumpre a pena de
austeridade. O Orçamento do
Estado é um código penal de penas parcelares. Renega a irretroactividade da lei
penal, consagra o cúmulo material das penas. Há sempre mais um corte no
salário, pensão, emprego (pena), a adicionar a outro corte (mais pena). O
plenário da troika decide, o Governo executa. Se fala ou espirra, sai
imposto, corte, desemprego.
Cumpre ordens do invasor. Faz de Miguel de Vasconcelos.
Não fica sempre o
traidor. A História não esquece. E não perdoa!
“Felizmente há luar”
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