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sábado, 29 de julho de 2017


PORTUGAL TEVE SEMPRE TRAIDORES

Como disse em Março de 2015, o destino da Grécia estava traçado pelos "Senhores" e só era necessário arranjar argumentos para justificar a mudança da política europeia, sem dar muito nas vistas. Tem que haver argumentos para explicarem certas “reviravoltas” na história dada a conhecer ao cidadão comum.

Portanto há que "armar" os factos que irão provocar essa mudança e não foi coincidência nenhuma a manifestação repentina convocada pelo grupo activista Blockupy (muito discreto), que terá mobilizado cerca de dez mil pessoas que, de acordo com a BBC (Imprensa controlada pelos iluminados), foram trazidas pelo grupo de várias partes da Alemanha e da Europa, para protestar contra as medidas de austeridade na Europa.
Ao mesmo tempo (mais uma coincidência) o Comissário europeu, Pierre Moscovici, garantiu que não havia hipótese de "um qualquer tipo de veto à lei sobre crise humanitária".
 
Ou seja, a Comissão Europeia não iria vetar qualquer lei proposta pelo Governo grego para ajudar a população necessitada.

"Damos o nosso total apoio ao objectivo de ajuda aos mais vulneráveis, aos que foram mais afectados pela crise, e não há qualquer hipótese de haver um qualquer tipo de veto à lei sobre crise humanitária", garantiu Moscovici, que falava numa conferência de imprensa.

O acordo-quadro, esclareceu o comissário, implicava que haveriam consultas às instituições que sancionaram o prolongamento da ajuda externa à Grécia e adiantou que a questão foi discutida entre o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, na visita deste a Bruxelas.

Tudo mudou. Já não era a Troika, conectada com técnicos de terceira linha, simples contabilistas, mas "Instituições que sancionaram o prolongamento da ajuda externa" o que pressupunha o contacto com políticos e não meramente técnicos de contas.

Infelizmente, a nossa Ministra, na altura, apareceu toda sorridente a conferenciar com os técnicos de contas da troika que estavam em Portugal a emitir "sugestões" em voz grossa, apesar de o país já não estar intervencionado.

Ela devia ter enviado representantes do Ministério, também de segunda ou terceira linha, fazer par com os técnicos da troika e dar o apoio necessário para cumprirem a sua missão técnica, e não se rebaixar (rebaixando o país) para agradar aos alemães. O papel dela era político.

Portugal tem uma história triste por sempre tentar "encostar-se" aos mais fortes e poderosos, mas nunca beneficiou com isso e pelos vistos os nossos líderes ainda não aprenderam as lições do passado.

Junto um pequeno artigo do jornalista Alberto Pinto Nogueira  que resume muito bem o trajecto dos traidores portugueses.


A História não esquece e não perdoa
Artigo de  Por Alberto Pinto Nogueira  27/09/2013  no Público.pt (Sublinhados meus. R.)

Filipe II de Espanha foi I de Portugal. Mau vizinho, assaltou o extremo da Ibéria. Para acabar com dúvidas, decretou que o reino de cá lhe pertencia, que o herdara e conquistara. Comprara! Era o ano de 1580.

Teve o colaboracionismo dos traidores domésticos. O costume. Miguel de Vasconcelos foi expoente. Povo oprimido, escravizado. Impostos e mais impostos.

Em 1640, o Povo revoltou-se, farto de rei e exploração estrangeiros. Sitiado de impostos. Miguel de Vasconcelos defenestrado. O jugo durou 60 anos. A Casa de Bragança legitimou o novo poder político. Regressou a gerência doméstica.

Mais duzentos anos de História se passaram.

Portugal titubeava entre a “velha aliada” (?!), a Inglaterra, e o império francês. Em 1801, Carlos IV de Espanha e a França tramam em Madrid a sua invasão. Napoleão, insaciável de império, cozinhava a conquista de Portugal. Em Outubro de 1807, a corte portuguesa, com centenas de embarcações e navios de guerra, fez-se ao Atlântico. Assentou praça no Brasil.

Junot, general gaulês, desceu de França no dia seguinte, assaltou o reino até Lisboa. A bota cardada da França dominou uns quatro anos. Assassinatos, massacres, saques, roubos, pilhagens, violações. Um festim. Impostos. A mando do Imperador, Junot assina um decreto: 100 milhões de francos a cobrar. No regresso, o poder imperial leva tudo, santos das igrejas, seus olhos de pedras preciosas. Um sacrilégio. (Nota: O autor aqui não fala nos colaboracionistas, os afrancesados, como aconteceu sempre em Portugal. R)

A Inglaterra, “velha aliada”, como tal, mandou Wellington afrontar os galos. Foi conde, marquês e duque. Tem direito a uma estátua, na entrada do Hospital de Santo António, no Porto. Sucedeu-lhe um facínora, o marechal-general William Beresford. Estiveram cá dez anos. Mais execuções sumárias, massacres, roubos, pilhagens. Impostos. Como aliados (?), não largavam o poder de Lisboa e arredores. A Ilha tomou o lugar da Gália na opressão. D. João VI, I do Brasil, regressa. Instaura-se um regime de monarquia constitucional.

Duzentos anos depois, a História repete-se. É fado.

O país é colónia da Europa que impõe leis, regras, procedimentos, previsões orçamentais. O Ministério das Finanças é de Berlim. O orgulho de ser português definha. Emigra-se a conselho do Governo. O Povo é tratado sem honra e dignidade. Como caloteiro relapso.

O Terreiro do Paço faz de oficial de diligências. Assina de cruz a sentença condenatória do tribunal criminal de Berlim. Uma fatalidade a que é alheio. O anterior e os anteriores do anterior também. A responsabilidade criminal é do Povo. Cumpre a pena de austeridade. O Orçamento do Estado é um código penal de penas parcelares. Renega a irretroactividade da lei penal, consagra o cúmulo material das penas. Há sempre mais um corte no salário, pensão, emprego (pena), a adicionar a outro corte (mais pena). O plenário da troika decide, o Governo executa. Se fala ou espirra, sai imposto, corte, desemprego.

Cumpre ordens do invasor. Faz de Miguel de Vasconcelos.

Não fica sempre o traidor. A História não esquece. E não perdoa!

“Felizmente há luar”

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