A ASCENSÃO
ESPIRITUAL
Na ascensão
espiritual surgem dores comuns como perda de amigos, mal-entendidos na família,
serem escarnecidos e ridicularizados pela sociedade, mudanças na carreira
profissional e, por último a solidão, que é um subproduto natural da ascensão
espiritual.
Pode ser
bastante traumática a perda de alguns amigos que não entenderão as novas
facetas no carácter da pessoa. Conforme a conexão espiritual (entre o nosso Espírito e o Espírito de Deus)
for melhor, as mudanças no nosso íntimo são bastante rápidas e isso pode
afectar algumas das nossas amizades mais próximas que não compreendem esta
mudança súbita no nosso comportamento (nova
visão da Criação, o respeito pela Vida, o repúdio de actividades consideradas
cruéis no tratamento de outras espécies como a caça, touradas, criação
acelerada de seres vivos para consumo, repúdio do aborto e falta de respeito
pelo nosso corpo que é o templo de Deus e deve ser respeitado, protecção activa
dos animais domésticos, repúdio da violência, respeito das Leis por imposição da
própria consciência e não por estarem escritas, repúdio pela comercialização do
corpo humano como as “barrigas de aluguer” que implicam forçosamente o
pagamento de impostos, etc.).
Sentimo-nos
vazios, sem interesse pelas conversas fúteis que costumávamos ter com os
amigos, preferindo discutir questões que esses amigos não entendem ou não estão
interessados. Chegam ao ponto de nos consideraram loucos, desequilibrados ou
deprimidos em último grau.
A verdade é
que não temos o poder de converter ninguém para o nosso modo de pensar e nem
devemos, sequer, insistir com eles. Nesta caminhada para a Luz muitos ficarão
para trás, alienados para os valores materiais presentes sem questionarem se
estão certos ou errados. Tudo o que podemos fazer é sermos genuínos, e o
Espírito Santo irá conectar-nos com pessoas que estejam em maior sintonia com a
nossa vibração conforme formos ascendendo.
Quanto às
relações familiares, parte também se afastará por ficarem confusos pela nossa
mudança de perspectiva e nos encararem como “outra” pessoa, talvez mal
influenciada ou perdida nos valores a que estão habituados a considerarem como
imutáveis. Basta sermos “nós mesmos” e trazermos para cada conversa a energia
adequada para os entes mais queridos compreenderem. É melhor sermos mal
interpretados por sermos o que somos do que nos escondermos com medo do que a
família possa pensar.
Enquanto
muitas pessoas estão num caminho espiritual consciente no mundo de hoje, há
muitas outras que permanecem na escuridão sobre a sua verdadeira natureza.
Essas pessoas, assustadas, tudo farão para nos ridicularizar por sermos
diferentes, e zombar, ridicularizar e maltratar é apenas uma parte de estar
distante de um mundo que está a “dormir”.
Esta é,
provavelmente, a dor de crescimento mais comum na ascensão espiritual. O facto
de nos considerarem “fora” do sistema considerado como certo e imutável, pode
ser desconfortável de início, mas com o desenvolvimento espiritual e as
“certezas” alcançadas será mais fácil de lidar. A partir de dado momento conseguimos
“projectar” conforto para o mundo e ser menos julgados como resultado da nossa
confiança e influência sobre quem nos rodeia.
O Espírito
Santo filtra as experiências que se abatem sobre os nossos pontos fracos e
deste modo transforma os pontos fracos em pontos fortes.
Quanto à
carreira profissional, quando há mudança de perspectiva sobre determinado
trabalho pode não ser uma boa opção continuar nessa situação. De repente, o
trabalho que temos pode ficar “pequeno”, desadequado ou insignificante para a
perspectiva de Vida que começamos a descobrir, prejudicando a nossa Alma.
Durante o
despertar espiritual podemos chegar à conclusão de que o trabalho que temos não
funciona como uma extensão da nossa Alma (competitividade
gratuita, materialismo puro, ganância, “golpadas” para juntar mais uns tostões,
desapego da família para seguir uma carreira materialista atrás do dinheiro,
negócios à frente do bem estar das famílias e da comunidade, etc).
Será
necessário, nestes casos, uma mudança de carreira que pode ser intencional e
planeada ou, por ajuda do Espírito Santo que nos protege, ser demitido
repentinamente. (Muita gente, que se vai
espiritualizando, foge da competitividade e correria das cidades para irem
viver para o campo e terem uma vida mais calma, gozando a companhia da família.
Muitos tomam essa decisão e só dizem que querem uma vida calma, mas a verdade é
que estão a ser guiados e ajudados pelo Espírito Santo e agiram por impulso.).
Quando somos incompatíveis vibracionalmente
com a forma como gastamos o nosso tempo é uma questão de tempo descobrir que a
solução ideal é mudar de trabalho. Pelo avanço espiritual a situação é
resolvida por intervenção Divina sem sequer nos apercebermos.
Comigo
sucedeu uma situação destas e não me apercebi de nada na altura. Contra todos
os cálculos e previsões, o “salto” foi dado por impulso. Ainda hoje me admiro
como é que, naquela altura, em início de vida (Vim na ponte aérea de Angola, sem trazer nada de valor comigo, apenas
umas mudas de roupa) tive a coragem de abandonar uma situação estável, no
Quadro definitivo de uma empresa, com um bom salário (lugar de chefia) para regressar ao Estado - onde trabalhava em
Angola e esperei três anos para ser integrado - ganhar menos do que ganhava na
empresa onde estava.
Não me sentia
confortável no meu trabalho porque como Designer Gráfico preferia trabalhar na
profissão do que estar num lugar de Direcção a fazer orçamentos, reuniões desgastantes
onde nada se resolvia, coordenar os trabalhos e equipa de vendedores e demais
burocracias. Fui sempre um técnico e detestava trabalho administrativo.
Mas ao pensar
em mudar de actividade, e regressar inclusivamente ao meu vínculo com o Estado
que esperava a sua activação para os ex-assalariados que não pertenciam aos
Quadros, metia-se na frente o factor “rendimentos”, ou seja, não interessava ir
ganhar menos.
Quando fui
integrado no Estado, recebi convite para coordenar uma gráfica de uma
Direcção-Geral, cujo Director-Geral conhecia o meu trabalho em Angola, mas o
salario era inferior ao que eu usufruía na Empresa particular. As condições
eram boas, no campo psicológico, pois teria liberdade e autonomia para
organizar o Serviço a meu gosto. Sempre dei mais valor à situação de autonomia
laboral e consideração entre as partes (empregador
e empregado) do que ganhar muito bem mas estar limitado e não poder ter
iniciativa sobre o que fazer.
Numa tarde,
sozinho em casa, sentado à varanda, a meditar nos prós e contras, com o desejo
do raciocínio intelectual a martelar que devia ficar onde ganhava mais e
ocupava um cargo de direcção, se bem que com pouca autonomia, e o desejo do
coração a mandar seguir a minha intuição, resolvi aceitar o convite e pedir a
demissão na empresa onde trabalhava, tendo consciência que iria atravessar uma
fase difícil porque o rendimento seria menor. Ganhava em 1978, 13 000 escudos, limpos, e
iria ganhar no Estado apenas 10.000. (Baixaram-me
três letras quando ingressei no Estado em Portugal). E a renda de casa eram
5 500 escudos e tinha mulher e filha para sustentar.
Hoje acredito
que esta tomada de decisão foi por influência Divina, pois não fiquei
prejudicado. Digo isto porque não acredito em coincidências. Foi o
reconhecimento do meu trabalho, ou da minha postura como empregado.
Pedi a
demissão, o que logo à partida me fazia perder qualquer indemnização a que
teria direito, mas a Administração da empresa deu-me o ordenado mais três meses
de indemnização e, surpresa das surpresas, pediu-me “um favor”. Um favor!!.
Fiquei inquieto.
Propuseram-me
que fosse à empresa uma hora por dia para fazer os orçamentos, já que não
pretendiam contratar outro Director Técnico mas sim nomear um Encarregado-Geral
para coordenar os trabalhos na Oficina. Estipularam uma avença de 6 000 escudos
mensais, o que eu aceitei imediatamente. Ainda estive nessa situação mais de um
ano até que eu é que me afastei para fazer trabalhos em casa e que rendiam
mais.
Na altura
pensei que tive sorte. Hoje sei que houve um propósito e nada devemos à sorte.
Confiamos em Deus e o Seu Espírito levar-nos-á ao sítio certo.
Desenvolvi
uma boa Oficina Gráfica no Ministério onde prestei serviço, acompanhei sempre
as novas tecnologias e tive sempre autonomia para fazer o que queria, desde que
respondesse às solicitações dos Organismos que recorriam aos nossos serviços.
Foi feita uma Oficina Gráfica de raiz, funcional, elogiada por todos os
técnicos do ramo que lá iam. O meu chefe directo estava na Praça do Comércio e
eu estava em Xabregas, absolutamente à vontade.
E outra
“coincidência”. Aquele serviço, com 400 metros quadrados, foi “levantado”
obedecendo à planta feita por mim, com as tomadas de corrente, esgotos,
canalização e distribuição dos diversos sectores de intervenção. Passei lá toda
a minha carreira profissional em Portugal, 25 anos, e quando me reformei foi
desmantelado. Devo ser o único funcionário que recebeu um Serviço devidamente
equipado que fechou quando passei à reforma. Tive um trabalho só para mim onde
tive total liberdade de acção. Hoje não tenho aquela nostalgia, ou “ciúme” de o
meu gabinete estar ocupado por outro.
E para
finalizar, a última dor do crescimento espiritual, a Solidão. Como os nossos
relacionamentos, emprego e estilo de vida, tiveram de mudar, também mudou a
nossa capacidade de confiar nas coisas que costumávamos confiar. O Espírito
Santo guia-nos e vai-nos preparando para novos cenários e estilo de vida, mas
temos também que nos esforçar para conseguirmos isso.
Uma coisa é
certa. As pessoas que encontrarmos movidas pela luz do desenvolvimento
espiritual irão fornecer-nos amizades e conhecimentos que são genuínos e
edificantes. As nossas vibrações atrairão pessoas que sentirão este campo
benéfico onde se sentirão bem. Teremos menos amigos mas do tipo certo.
Quando
alinhamos as emoções, pensamentos e intenções, conseguimos ser disciplinados,
condição para podermos utilizar e usufruir do conhecimento e saber do Espírito de
Deus.
R.
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