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terça-feira, 11 de julho de 2017


Política versus Economia

Em 28.3.2008, Mário Soares, no Editorial MM, previa “novos” conflitos referindo que serão “as pessoas contra estados”. Parece que ele tinha razão, pelo que verificamos hoje.

Ele pensava que o mundo iria assistir, nos próximos anos, a grandes conflitos, de natureza diferente daqueles que tivemos até à data em que escreveu. Já não se trataria de estados contra estados, mas de pessoas contra estados.

Segundo a agência noticiosa Lusa, o ex-presidente da Republica transmitiu esta ideia à noite, na Fundação Serralves no Porto, naquela que foi a primeira de quatro conferências sobre “a Política”, promovida por aquela Instituição.

Mário Soares explicou que actualmente a economia sobrepõe-se à política. Pobreza, desemprego crescente e dinheiro sujo, são apenas alguns dos resultados que, na sua análise, foram produzidos por esta ideologia de matriz economicista.

O Mundo vive uma crise seríssima (isto em 2008) e, segundo ele, os estados têm sido forçados a intervir. Para ele, seria preciso fazer reformas a sério se quiséssemos evitar tumultos e revoltas.

A política, com P grande, estaria de volta e Soares revelou que pretendia contribuir para a sua revitalização com um livro dedicado aos jovens, que intitulou “o Elogio da Política”.

A sua atenção encaminhou-se depois para a Democracia, que já não é só o direito ao voto, sendo também social, ambiental e muito mais, tanto que considerou a Democracia como a grande utopia do nosso século. Ou seja, os Governos não nos governam, mas… governam-se e governam o grande capital (principalmente a Banca).

No meio da crise, de tanto desempregado, os ricos são cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. A classe média está em vias de desaparecer, todos (trabalhadores por conta de outrem) pagam cada vez mais impostos (IRS), descontam mais para a Segurança Social, pagam taxas moderadoras para uma consulta médica, pagam portagens nas estradas e pontes, pagam impostos indirectos (como o IVA, taxa de circulação, imposto automóvel, imposto sobre os combustíveis), pagam uma taxa maior quando vão às urgências num hospital, pagam taxas camufladas para as empresas estatais investirem (o maior exemplo é a EDP), são explorados pelos autênticos cartéis (combustível, comunicações) onde fingem haver concorrência mas os preços são semelhantes, entre eles, descontam para a ADSE além de descontarem para a CNP, Têm de “ajudar”, alimentar e doar géneros, vestuário e outros, em casos de catástrofe, em que o Estado deveria estar devidamente organizado, dar para o Banco Alimentar, para os bombeiros (Quando criam “tachos” para chefias da Defesa Civil e coordenação que nada coordenam),etc, etc.  Pergunto: para onde vão os impostos se ao fim e ao cabo temos de pagar tantas taxas e impostos indirectos.

E os Bancos têm lucros cada vez maiores e quando fazem asneira, os accionistas não assumem. O povo tem de contribuir, com os seus impostos, para a estabilização desses Bancos.

Mais tarde, ou mais cedo, o povo vai reagir. Como dizia o Dr. Mário Soares: a economia não pode sobrepor-se à política. Actualmente os políticos não mandam nada. A alta finança é que manda. Na reunião do G20 deste ano os tumultos foram enormes. Houve mortos e feridos.

O Povo “acordou” e o melhor é estarmos preparados porque a tormenta aproxima-se.

R.

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