Política versus Economia
Em
28.3.2008, Mário Soares, no Editorial MM, previa “novos” conflitos referindo
que serão “as pessoas contra estados”. Parece que ele tinha razão, pelo que
verificamos hoje.
Ele
pensava que o mundo iria assistir, nos próximos anos, a grandes conflitos, de
natureza diferente daqueles que tivemos até à data em que escreveu. Já não se
trataria de estados contra estados, mas de pessoas contra estados.
Segundo
a agência noticiosa Lusa, o ex-presidente da Republica transmitiu esta ideia à
noite, na Fundação Serralves no Porto, naquela que foi a primeira de quatro
conferências sobre “a Política”, promovida por aquela Instituição.
Mário
Soares explicou que actualmente a
economia sobrepõe-se à política. Pobreza, desemprego crescente e dinheiro
sujo, são apenas alguns dos resultados que, na sua análise, foram produzidos
por esta ideologia de matriz economicista.
O
Mundo vive uma crise seríssima (isto em 2008) e, segundo ele, os estados têm
sido forçados a intervir. Para ele, seria preciso fazer reformas a sério se
quiséssemos evitar tumultos e revoltas.
A
política, com P grande, estaria de volta e Soares revelou que pretendia
contribuir para a sua revitalização com um livro dedicado aos jovens, que
intitulou “o Elogio da Política”.
A
sua atenção encaminhou-se depois para a Democracia, que já não é só o direito
ao voto, sendo também social, ambiental e muito mais, tanto que considerou a
Democracia como a grande utopia do nosso século. Ou seja, os Governos não nos governam, mas… governam-se e governam o grande
capital (principalmente a Banca).
No meio da crise, de
tanto desempregado, os ricos são cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais
pobres. A classe média está em vias de desaparecer, todos (trabalhadores por
conta de outrem) pagam cada vez mais
impostos (IRS), descontam mais para
a Segurança Social, pagam taxas moderadoras para uma consulta médica, pagam
portagens nas estradas e pontes, pagam impostos indirectos (como o IVA,
taxa de circulação, imposto automóvel, imposto sobre os combustíveis), pagam uma taxa maior quando vão às
urgências num hospital, pagam taxas camufladas para as empresas estatais
investirem (o maior exemplo é a EDP), são
explorados pelos autênticos cartéis (combustível, comunicações) onde fingem haver concorrência mas os
preços são semelhantes, entre eles, descontam para a ADSE além de descontarem
para a CNP, Têm de “ajudar”, alimentar e doar géneros, vestuário e outros, em
casos de catástrofe, em que o Estado deveria estar devidamente organizado, dar
para o Banco Alimentar, para os bombeiros (Quando criam “tachos” para
chefias da Defesa Civil e coordenação que nada coordenam),etc, etc. Pergunto: para onde
vão os impostos se ao fim e ao cabo temos de pagar tantas taxas e impostos
indirectos.
E os Bancos têm lucros
cada vez maiores e quando fazem asneira, os accionistas não assumem. O povo tem
de contribuir, com os seus impostos, para a estabilização desses Bancos.
Mais
tarde, ou mais cedo, o povo vai reagir. Como
dizia o Dr. Mário Soares: a economia não pode sobrepor-se à política.
Actualmente os políticos não mandam nada. A alta finança é que manda. Na
reunião do G20 deste ano os tumultos foram enormes. Houve mortos e feridos.
O
Povo “acordou” e o melhor é estarmos preparados porque a tormenta aproxima-se.
R.
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