O CÉU E O INFERNO
Para os
curiosos e todos aqueles que não sabem no que acreditar, este trecho que
encontrei desmistifica as versões tão assustadoras, do fogo e chamas
devoradoras, das doutrinas mais radicais que, na época, acharam que se
assustassem de tal maneira as pessoas estas se reconverteriam mais rapidamente.
Mas isso foi num momento da história em que, praticamente, todo o ocidental, no
berço da civilização "moderna" e mais sofisticada, estava totalmente
dominado pela forte Igreja de Roma e não conhecia outras doutrinas ou
filosofias de vida. Eram povos ignorantes e todos aqueles que quisessem estudar
e evoluir eram imediatamente reprimidos pela força. O inferno será, então, o
mundo material da mais baixa densidade em que houve o corte total com o mundo
de Deus. É o mundo sem espírito,
um lugar de "trevas" ininterruptas e absolutas. Não trevas
literais, físicas, mas as trevas da maldade, perversão e impiedade. O inferno
será um lugar do qual toda a bondade terá sido expurgada. Quando o mundo der o salto para a outra
dimensão mais elevada (que está muito
perto de acontecer, conforme profetizado e mitos de antigas civilizações) em que só conseguirão passar os seres que
mantêm o contato com o Espírito Universal, todos aqueles que se desvincularam
de Deus, escolhendo o mundo da carne, do vício, esquecendo-se da sua origem do
mundo do espírito, ficarão nesta dimensão da carne corrupta e finita, vivendo
num autêntico inferno (sentido
figurado) e no silêncio vazio de um
mundo passado, negro e morto. (Traduzi o texto para português de Portugal)
R.
O Céu: o lar é onde está o Pai
Naquele trecho maravilhosamente confortante em João 14:1-3, Jesus tenta acalmar a angústia de seus discípulos que o anúncio de que ele iria aonde eles não poderiam seguir havia causado (João 13:33-37). As suas advertências sobre traição tê-los-iam mistificado e confundido, até magoado. Eles compreendem pouco do que ele está a falar, mas o que tem causado um estremecimento nas suas almas é a notícia de que ele iria aonde eles não poderiam ir. A ideia da perda da sua presença amedrontavam- nos e derrotavam-nos.
Jesus garante aos discípulos que a sua partida não é um abandono, mas sim por consideração a eles - para que ele pudesse ir preparar um lugar para eles com o seu Pai. Eles estariam separados por um tempo, disse ele, para então estarem juntos para sempre.
Alguns pensam que Jesus falava da igreja, da área de uma nova relação com Deus através da morte redentora do Filho (1 Timóteo 3:15; Hebreus 3:6). E a ideia de que o lugar que Jesus promete preparar para os seus discípulos começa nesta vida, não é sem mérito. No contexto desta mesma conversa Jesus mais tarde disse: "Se alguém me ama, guardará a minha palavra e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele a nossa morada" (João 14:23). Mas a morada com que Jesus consola os seus discípulos em 14:1-3 pareceria necessariamente incluir o transcendente e final. Como tem observado Leon Morris, "Muito atraente é a sugestão de Milligan e Moulton, que 'a casa do meu Pai' inclui a terra assim como o céu, de modo que onde quer que nos encontramos estamos naquela casa. Mas por este ponto de vista não é fácil entender porque Jesus deveria 'ir' a fim de nos preparar um lugar" (Evangelho de João, p. 638).
A questão sobre o céu que vem à tona nesta experiência de Jesus com os seus discípulos é que não é tanto um mero lugar, quanto um relacionamento que tem alcançado na sua máxima intimidade e proximidade, um lugar com Deus e o seu Filho. Como se tem apropriadamente observado, "Não é no céu que encontramos Deus, mas em Deus que encontramos o céu". Não é nos nossos arredores que o céu se encontra mas em Deus. É verdade que João nas suas visões vê uma cidade com ruas de ouro, paredes de jaspe e portas de pérola (Apocalipse 21), mas aquela cidade representa muito mais a glória do povo redimido de Deus do que as circunstâncias em que eles deverão viver, e é afinal de contas apenas a figura da verdadeira coisa (veja Apocalipse 19:8, 2:2 e Hebreus 12:22-24).
É triste ver cristãos que pensam no céu simplesmente como um lugar maravilhoso onde não haverá mais sofrimento, mágoa ou morte. Tudo isso sobre o céu é verdadeiro, mas a estreitura do foco faz-nos lembrar de uma noiva que se gaba sem parar da mobília magnífica do novo lar sem dizer nem uma palavra sobre o futuro marido. Aqueles que entre nós foram casados por algum tempo qualquer sabem que o lar é aonde está a amada, e apenas esse facto ilumina qualquer lugar com alegria. Nunca foi o lugar, mas sim pessoas, que nos trazem contentamento e satisfação, e a última expressão dessa verdade é que Paraíso é estar onde Deus e Cristo estão. Eles são totalmente suficientes para iluminar o lugar com glória (Apocalipse 21:23). Não é o objetivo de Deus que o seu povo deveria conhecer o amor ilimitado de Cristo e ficar tomado de toda a plenitude de Deus? (Efésios 3:19). E poderia estar a faltar qualquer coisa a esses que vivem na intimidade perfeita com aquele que é "corporalmente, toda a plenitude da Divindade" (Colossenses 2:9-10), e a "plenitude daquele que a tudo enche em todas as cousas" (Efésios 1:23)? Nós talvez deveríamos passar mais tempo a aprender sobre Jesus e viver próximo a ele, do que contemplar todas as maravilhosas acomodações celestiais. Eu tenho a distinta impressão de que Deus não estará a convidar pessoas totalmente desconhecidas para viverem com ele em sua casa. "Mas que espécie de corpo iremos possuir?" pergunta número um, e "iremos reconhecer-nos um ao outro no céu?" indaga outro. Eu não estou a condenar a curiosidade, mas aqueles que estão seriamente preocupados com tais coisas têm falta de confiança no poder daquele "que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos" (Efésios 3:20). Por mim mesmo, estou inteiramente satisfeito em deixar os planos e acomodações nas mãos de Deus. Francamente, não estou tão certo de que iremos prestar qualquer atenção aonde é que estamos pela alegria de estarmos com o nosso Pai e o Filho que nos trouxe a ele, sem mencionar todas aquelas pessoas maravilhosas que o têm amado da mesma maneira que nós.
O Inferno: o último vácuo
Sobre o inferno C. S. Lewis uma vez escreveu: "Não há nenhuma doutrina que eu removeria de mais bom grado do cristianismo do que isto, se eu tivesse o poder. Mas essa doutrina tem o pleno apoio das Escrituras, e sobretudo das próprias palavras do nosso Senhor."
Lewis não está sozinho no seu temor da verdadeira ideia do inferno. É um assunto que pode causar um calafrio de horror em qualquer coração. Mas a verdade é que o inferno não é um acréscimo arbitrário. Ele é essencial ao céu e à própria existência de um Deus justo.
Não pode haver um paraíso sem um inferno, não somente porque o evangelho fala de ambos, mas porque se não há um inferno todos os caminhos conduzem ao mesmo local. E se todos os caminhos conduzem ao mesmo local, não faz diferença qual caminho você toma, e bondade e maldade cessam de existir. A presença de um Deus justo num tal mundo seria inconcebível!
O inferno faz uma diferença infinita. A altura da montanha é medida pela profundidade do vale. É o inferno que faz o paraíso. A grandeza da salvação é vista em oposição ao horror da condenação. É exatamente o inferno que tememos, que fala de um Deus moral, que rege num mundo moral onde bondade e maldade se diferenciam, ambos em caráter e em consequência. O céu e o inferno não podem ser separados. Como Lewis também uma vez observou, "Eu não tenho conhecido ninguém que houvesse completamente descrito sobre o Inferno e que tivesse também uma convicção viva e vivificante sobre o Céu". No evangelho de Cristo o conceito do inferno é inevitável.
A palavra grega traduzida por nossa palavra inferno é gehenna. Ela é derivada do Vale de Hinom ao sudoeste de Jerusalém, onde crianças eram sacrificadas nos fogos do deus Moloque durante o reino dividido (2 Crônicas 28:3; 33:6) e foi por essa razão profanado por Josias a fim de terminar o costume (2 Reis 23:20). Jeremias chamou-o de Vale da Matança por causa dos cadáveres que em breve ali seriam amontoados pela arremetida babilónica (Jeremias 7:32; 19:6). O vale tornou-se uma metáfora para morte, corrupção e incêndio.
Há várias razões para acreditar na existência do inferno, mas nenhuma tão convincente como a que Jesus mesmo disse. Das onze vezes que gehenna aparece no Novo Testamento, todas, exceto uma, vêm da boca do Senhor (Tiago 3:6). É Jesus que em todo o Novo Testamento pinta a figura mais gráfica do julgamento dos condenados, advertindo aos seus ouvintes severamente de tal destino (Mateus 5:22,29; 10:28; 23:15,33; Marcos 9:45-48; Lucas 12:5). Ele pinta o inferno como uma fornalha de fogo eterno e um processo interminável de corrupção (Mateus 25:41; Marcos 9:48). São trevas enchidas de um choro angustiante, um lugar de castigo eterno (Mateus 8:12; 25:46).
Este fogo, estas trevas, devem ser subentendidos literalmente? Talvez não, pois o diabo e os seus anjos que não possuem corpos materiais deverão sofrer a mesma sorte. Mas não há qualquer consolo nisso. Linguagem figurada é usada quando palavras comuns falham. A realidade do inferno será muito pior do que as figuras sugerem. O inferno é o lugar onde Deus não está, e poucos de nós têm seriamente contemplado como seria a absoluta ausência de Deus.
O inferno, em última análise, não é algo que Deus tenha acrescentado ao destino dos incrédulos, mas sim a consequência natural das escolhas que eles têm feito. Há afinal somente duas espécies de pessoas: aquelas que dizem a Deus, faça-se a tua vontade, e aquelas a quem Deus diz, no final, faça-se a tua vontade. Todos os que irão para o inferno ali estarão porque escolheram contra a vontade e a misericórdia de Deus. E o que têm escolhido?
Eles têm escolhido afastar-se de Deus e de todas as suas qualidades. Isso significa que desde que Deus como Criador tem dado à vida o seu propósito e sentido, a vida no inferno será eternamente sem sentido e inútil. Será uma terra cinzenta e desesperada, destruída de esperança e sonhos.
E porque Deus é amor (1 João 4:8), o inferno será um lugar onde não haverá amor. Nele estará a miséria empilhada de todo o ódio, malícia, inveja e ciúmes que jamais houve. Não haverá nenhuma compaixão, nenhuma meiguice, nenhuma atenção, nenhuma preocupação desinteressada por outros; somente o choro ininterrupto de egoísmo.
E porque Deus é luz (1 João 1:5-6), o inferno será verdadeiramente um lugar de "trevas" -- ininterruptas e absolutas. Não trevas literais, físicas, mas as trevas da maldade, perversão e impiedade. O inferno será um lugar do qual toda a bondade terá sido expurgada. E lá não haverá, como aqui tem havido para os desobedientes e incrédulos, a luz refletida da bondade e justiça de outros. Serão trevas totais!
E é assim, que os que vão ao inferno terão recebido exatamente o que desejavam, que é ter posto Deus fora de suas vidas. Não haverão mais apelos divinos para mudar de rumo, não mais apelos para voltar à casa, somente o silêncio vazio de um mundo passado, negro e morto.
-por Paul Earnhart
O Céu: o lar é onde está o Pai
Naquele trecho maravilhosamente confortante em João 14:1-3, Jesus tenta acalmar a angústia de seus discípulos que o anúncio de que ele iria aonde eles não poderiam seguir havia causado (João 13:33-37). As suas advertências sobre traição tê-los-iam mistificado e confundido, até magoado. Eles compreendem pouco do que ele está a falar, mas o que tem causado um estremecimento nas suas almas é a notícia de que ele iria aonde eles não poderiam ir. A ideia da perda da sua presença amedrontavam- nos e derrotavam-nos.
Jesus garante aos discípulos que a sua partida não é um abandono, mas sim por consideração a eles - para que ele pudesse ir preparar um lugar para eles com o seu Pai. Eles estariam separados por um tempo, disse ele, para então estarem juntos para sempre.
Alguns pensam que Jesus falava da igreja, da área de uma nova relação com Deus através da morte redentora do Filho (1 Timóteo 3:15; Hebreus 3:6). E a ideia de que o lugar que Jesus promete preparar para os seus discípulos começa nesta vida, não é sem mérito. No contexto desta mesma conversa Jesus mais tarde disse: "Se alguém me ama, guardará a minha palavra e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele a nossa morada" (João 14:23). Mas a morada com que Jesus consola os seus discípulos em 14:1-3 pareceria necessariamente incluir o transcendente e final. Como tem observado Leon Morris, "Muito atraente é a sugestão de Milligan e Moulton, que 'a casa do meu Pai' inclui a terra assim como o céu, de modo que onde quer que nos encontramos estamos naquela casa. Mas por este ponto de vista não é fácil entender porque Jesus deveria 'ir' a fim de nos preparar um lugar" (Evangelho de João, p. 638).
A questão sobre o céu que vem à tona nesta experiência de Jesus com os seus discípulos é que não é tanto um mero lugar, quanto um relacionamento que tem alcançado na sua máxima intimidade e proximidade, um lugar com Deus e o seu Filho. Como se tem apropriadamente observado, "Não é no céu que encontramos Deus, mas em Deus que encontramos o céu". Não é nos nossos arredores que o céu se encontra mas em Deus. É verdade que João nas suas visões vê uma cidade com ruas de ouro, paredes de jaspe e portas de pérola (Apocalipse 21), mas aquela cidade representa muito mais a glória do povo redimido de Deus do que as circunstâncias em que eles deverão viver, e é afinal de contas apenas a figura da verdadeira coisa (veja Apocalipse 19:8, 2:2 e Hebreus 12:22-24).
É triste ver cristãos que pensam no céu simplesmente como um lugar maravilhoso onde não haverá mais sofrimento, mágoa ou morte. Tudo isso sobre o céu é verdadeiro, mas a estreitura do foco faz-nos lembrar de uma noiva que se gaba sem parar da mobília magnífica do novo lar sem dizer nem uma palavra sobre o futuro marido. Aqueles que entre nós foram casados por algum tempo qualquer sabem que o lar é aonde está a amada, e apenas esse facto ilumina qualquer lugar com alegria. Nunca foi o lugar, mas sim pessoas, que nos trazem contentamento e satisfação, e a última expressão dessa verdade é que Paraíso é estar onde Deus e Cristo estão. Eles são totalmente suficientes para iluminar o lugar com glória (Apocalipse 21:23). Não é o objetivo de Deus que o seu povo deveria conhecer o amor ilimitado de Cristo e ficar tomado de toda a plenitude de Deus? (Efésios 3:19). E poderia estar a faltar qualquer coisa a esses que vivem na intimidade perfeita com aquele que é "corporalmente, toda a plenitude da Divindade" (Colossenses 2:9-10), e a "plenitude daquele que a tudo enche em todas as cousas" (Efésios 1:23)? Nós talvez deveríamos passar mais tempo a aprender sobre Jesus e viver próximo a ele, do que contemplar todas as maravilhosas acomodações celestiais. Eu tenho a distinta impressão de que Deus não estará a convidar pessoas totalmente desconhecidas para viverem com ele em sua casa. "Mas que espécie de corpo iremos possuir?" pergunta número um, e "iremos reconhecer-nos um ao outro no céu?" indaga outro. Eu não estou a condenar a curiosidade, mas aqueles que estão seriamente preocupados com tais coisas têm falta de confiança no poder daquele "que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos" (Efésios 3:20). Por mim mesmo, estou inteiramente satisfeito em deixar os planos e acomodações nas mãos de Deus. Francamente, não estou tão certo de que iremos prestar qualquer atenção aonde é que estamos pela alegria de estarmos com o nosso Pai e o Filho que nos trouxe a ele, sem mencionar todas aquelas pessoas maravilhosas que o têm amado da mesma maneira que nós.
O Inferno: o último vácuo
Sobre o inferno C. S. Lewis uma vez escreveu: "Não há nenhuma doutrina que eu removeria de mais bom grado do cristianismo do que isto, se eu tivesse o poder. Mas essa doutrina tem o pleno apoio das Escrituras, e sobretudo das próprias palavras do nosso Senhor."
Lewis não está sozinho no seu temor da verdadeira ideia do inferno. É um assunto que pode causar um calafrio de horror em qualquer coração. Mas a verdade é que o inferno não é um acréscimo arbitrário. Ele é essencial ao céu e à própria existência de um Deus justo.
Não pode haver um paraíso sem um inferno, não somente porque o evangelho fala de ambos, mas porque se não há um inferno todos os caminhos conduzem ao mesmo local. E se todos os caminhos conduzem ao mesmo local, não faz diferença qual caminho você toma, e bondade e maldade cessam de existir. A presença de um Deus justo num tal mundo seria inconcebível!
O inferno faz uma diferença infinita. A altura da montanha é medida pela profundidade do vale. É o inferno que faz o paraíso. A grandeza da salvação é vista em oposição ao horror da condenação. É exatamente o inferno que tememos, que fala de um Deus moral, que rege num mundo moral onde bondade e maldade se diferenciam, ambos em caráter e em consequência. O céu e o inferno não podem ser separados. Como Lewis também uma vez observou, "Eu não tenho conhecido ninguém que houvesse completamente descrito sobre o Inferno e que tivesse também uma convicção viva e vivificante sobre o Céu". No evangelho de Cristo o conceito do inferno é inevitável.
A palavra grega traduzida por nossa palavra inferno é gehenna. Ela é derivada do Vale de Hinom ao sudoeste de Jerusalém, onde crianças eram sacrificadas nos fogos do deus Moloque durante o reino dividido (2 Crônicas 28:3; 33:6) e foi por essa razão profanado por Josias a fim de terminar o costume (2 Reis 23:20). Jeremias chamou-o de Vale da Matança por causa dos cadáveres que em breve ali seriam amontoados pela arremetida babilónica (Jeremias 7:32; 19:6). O vale tornou-se uma metáfora para morte, corrupção e incêndio.
Há várias razões para acreditar na existência do inferno, mas nenhuma tão convincente como a que Jesus mesmo disse. Das onze vezes que gehenna aparece no Novo Testamento, todas, exceto uma, vêm da boca do Senhor (Tiago 3:6). É Jesus que em todo o Novo Testamento pinta a figura mais gráfica do julgamento dos condenados, advertindo aos seus ouvintes severamente de tal destino (Mateus 5:22,29; 10:28; 23:15,33; Marcos 9:45-48; Lucas 12:5). Ele pinta o inferno como uma fornalha de fogo eterno e um processo interminável de corrupção (Mateus 25:41; Marcos 9:48). São trevas enchidas de um choro angustiante, um lugar de castigo eterno (Mateus 8:12; 25:46).
Este fogo, estas trevas, devem ser subentendidos literalmente? Talvez não, pois o diabo e os seus anjos que não possuem corpos materiais deverão sofrer a mesma sorte. Mas não há qualquer consolo nisso. Linguagem figurada é usada quando palavras comuns falham. A realidade do inferno será muito pior do que as figuras sugerem. O inferno é o lugar onde Deus não está, e poucos de nós têm seriamente contemplado como seria a absoluta ausência de Deus.
O inferno, em última análise, não é algo que Deus tenha acrescentado ao destino dos incrédulos, mas sim a consequência natural das escolhas que eles têm feito. Há afinal somente duas espécies de pessoas: aquelas que dizem a Deus, faça-se a tua vontade, e aquelas a quem Deus diz, no final, faça-se a tua vontade. Todos os que irão para o inferno ali estarão porque escolheram contra a vontade e a misericórdia de Deus. E o que têm escolhido?
Eles têm escolhido afastar-se de Deus e de todas as suas qualidades. Isso significa que desde que Deus como Criador tem dado à vida o seu propósito e sentido, a vida no inferno será eternamente sem sentido e inútil. Será uma terra cinzenta e desesperada, destruída de esperança e sonhos.
E porque Deus é amor (1 João 4:8), o inferno será um lugar onde não haverá amor. Nele estará a miséria empilhada de todo o ódio, malícia, inveja e ciúmes que jamais houve. Não haverá nenhuma compaixão, nenhuma meiguice, nenhuma atenção, nenhuma preocupação desinteressada por outros; somente o choro ininterrupto de egoísmo.
E porque Deus é luz (1 João 1:5-6), o inferno será verdadeiramente um lugar de "trevas" -- ininterruptas e absolutas. Não trevas literais, físicas, mas as trevas da maldade, perversão e impiedade. O inferno será um lugar do qual toda a bondade terá sido expurgada. E lá não haverá, como aqui tem havido para os desobedientes e incrédulos, a luz refletida da bondade e justiça de outros. Serão trevas totais!
E é assim, que os que vão ao inferno terão recebido exatamente o que desejavam, que é ter posto Deus fora de suas vidas. Não haverão mais apelos divinos para mudar de rumo, não mais apelos para voltar à casa, somente o silêncio vazio de um mundo passado, negro e morto.
-por Paul Earnhart
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