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domingo, 19 de maio de 2019


A HISTÓRIA NÃO ESQUECE E NÃO PERDOA

Infelizmente os homens nada aprendem com a história, motivo porque os erros se repetem constantemente, se bem que com novas roupagens.

Em Portugal sucede o mesmo e, por vezes, até demais. No entanto como somos um povo de brandos costumes onde não há a tradição de responsabilizar rigorosamente os “infractores” que procedem ainda hoje como se fossem os donos do país desde que estejam no “poleiro”.

Não há, também, a tradição de qualquer governante, ou líder, reconhecer que foi mandatado pelo povo e que está a utilizar bens públicos num país tradicionalmente pobre. Partem sempre do princípio que “eles” é que mandam e não prestam contas a ninguém.

Em teoria o povo pode responsabilizá-los nas urnas, mas na prática o povo só serve para bater palmas e pagar impostos. Prova disso é que para a entrada de Portugal na CEE, hoje União Europeia, o povo não foi visto nem achado. Segundo os líderes, nomeadamente Mário Soares, o povo ignorante não tinha a mínima noção da complexidade que era a entrada na CEE e foram “atirados” para uma arena em que só podiam perder, como de facto aconteceu. Desmantelaram a indústria, a agricultura e o comércio. Portugal, com a maior área marítima da Europa, entregou a sua exploração a Bruxelas. Estávamos destinados apenas aos “serviços” e ao turismo.

Todas as áreas estratégicas, de defesa, foram entregues de bandeja aos mais ricos da Europa e, agora, à China (por enquanto). Se, por acaso, acabar a EU Portugal não tem nada para sobreviver.

Apesar dos avisos do passado, e da nossa História, continuam a proliferar os traidores, os acomodados e aqueles que beneficiam com a submissão do país ao jugo dos Comissários de Bruxelas. E o povo a pagar, como sempre.

Vejamos este artigo de Alberto Pinto Nogueira:

 

Artigo de  Por Alberto Pinto Nogueira  27/09/2013  no Público.pt (Sublinhados meus. R.)

Filipe II de Espanha foi I de Portugal. Mau vizinho, assaltou o extremo da Ibéria. Para acabar com dúvidas, decretou que o reino de cá lhe pertencia, que o herdara e conquistara. Comprara! Era o ano de 1580.

Teve o colaboracionismo dos traidores domésticos. O costume. Miguel de Vasconcelos foi expoente. Povo oprimido, escravizado. Impostos e mais impostos.

Em 1640, o Povo revoltou-se, farto de rei e exploração estrangeiros. Sitiado de impostos. Miguel de Vasconcelos defenestrado. O jugo durou 60 anos. A Casa de Bragança legitimou o novo poder político. Regressou a gerência doméstica.

Mais duzentos anos de História se passaram.

Portugal titubeava entre a “velha aliada” (?!), a Inglaterra, e o império francês. Em 1801, Carlos IV de Espanha e a França tramam em Madrid a sua invasão. Napoleão, insaciável de império, cozinhava a conquista de Portugal. Em Outubro de 1807, a corte portuguesa, com centenas de embarcações e navios de guerra, fez-se ao Atlântico. Assentou praça no Brasil.

Junot, general gaulês, desceu de França no dia seguinte, assaltou o reino até Lisboa. A bota cardada da França dominou uns quatro anos. Assassinatos, massacres, saques, roubos, pilhagens, violações. Um festim. Impostos. A mando do Imperador, Junot assina um decreto: 100 milhões de francos a cobrar. No regresso, o poder imperial leva tudo, santos das igrejas, seus olhos de pedras preciosas. Um sacrilégio. (Nota: O autor aqui não fala nos colaboracionistas, os afrancesados, como aconteceu sempre em Portugal. R)

A Inglaterra, “velha aliada”, como tal, mandou Wellington afrontar os galos. Foi conde, marquês e duque. Tem direito a uma estátua, na entrada do Hospital de Santo António, no Porto. Sucedeu-lhe um facínora, o marechal-general William Beresford. Estiveram cá dez anos. Mais execuções sumárias, massacres, roubos, pilhagens. Impostos. Como aliados (?), não largavam o poder de Lisboa e arredores. A Ilha tomou o lugar da Gália na opressão. D. João VI, I do Brasil, regressa. Instaura-se um regime de monarquia constitucional.

Duzentos anos depois, a História repete-se. É fado.

O país é colónia da Europa que impõe leis, regras, procedimentos, previsões orçamentais. O Ministério das Finanças é de Berlim. O orgulho de ser português definha. Emigra-se a conselho do Governo. O Povo é tratado sem honra e dignidade. Como caloteiro relapso.

O Terreiro do Paço faz de oficial de diligências. Assina de cruz a sentença condenatória do tribunal criminal de Berlim. Uma fatalidade a que é alheio. O anterior e os anteriores do anterior também. A responsabilidade criminal é do Povo. Cumpre a pena de austeridade. O Orçamento do Estado é um código penal de penas parcelares. Renega a irretroactividade da lei penal, consagra o cúmulo material das penas. Há sempre mais um corte no salário, pensão, emprego (pena), a adicionar a outro corte (mais pena). O plenário da troika decide, o Governo executa. Se fala ou espirra, sai imposto, corte, desemprego.

Cumpre ordens do invasor. Faz de Miguel de Vasconcelos.

Não fica sempre o traidor. A História não esquece. E não perdoa!

“Felizmente há luar”

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