A HISTÓRIA NÃO
ESQUECE E NÃO PERDOA
Infelizmente os homens nada aprendem com a história,
motivo porque os erros se repetem constantemente, se bem que com novas
roupagens.
Em Portugal sucede o mesmo e, por vezes, até demais.
No entanto como somos um povo de brandos costumes onde não há a tradição de
responsabilizar rigorosamente os “infractores” que procedem ainda hoje como se
fossem os donos do país desde que estejam no “poleiro”.
Não há, também, a tradição de qualquer governante, ou
líder, reconhecer que foi mandatado pelo povo e que está a utilizar bens
públicos num país tradicionalmente pobre. Partem sempre do princípio que “eles”
é que mandam e não prestam contas a ninguém.
Em teoria o povo pode responsabilizá-los nas urnas,
mas na prática o povo só serve para bater palmas e pagar impostos. Prova disso
é que para a entrada de Portugal na CEE, hoje União Europeia, o povo não foi
visto nem achado. Segundo os líderes, nomeadamente Mário Soares, o povo
ignorante não tinha a mínima noção da complexidade que era a entrada na CEE e
foram “atirados” para uma arena em que só podiam perder, como de facto
aconteceu. Desmantelaram a indústria, a agricultura e o comércio. Portugal, com
a maior área marítima da Europa, entregou a sua exploração a Bruxelas. Estávamos
destinados apenas aos “serviços” e ao turismo.
Todas as áreas estratégicas, de defesa, foram
entregues de bandeja aos mais ricos da Europa e, agora, à China (por enquanto).
Se, por acaso, acabar a EU Portugal não tem nada para sobreviver.
Apesar dos avisos do passado, e da nossa História,
continuam a proliferar os traidores, os acomodados e aqueles que beneficiam com
a submissão do país ao jugo dos Comissários de Bruxelas. E o povo a pagar, como
sempre.
Vejamos este artigo de Alberto Pinto Nogueira:
Artigo de Alberto Pinto Nogueira 27/09/2013
no Público.pt (Sublinhados meus. R.)
Filipe II de Espanha foi I de Portugal. Mau vizinho, assaltou o extremo da
Ibéria. Para acabar com dúvidas, decretou que o reino de cá lhe pertencia, que
o herdara e conquistara. Comprara! Era o ano de 1580.
Teve o colaboracionismo dos traidores
domésticos. O costume. Miguel de Vasconcelos foi expoente. Povo oprimido, escravizado. Impostos e mais impostos.
Em 1640, o Povo
revoltou-se, farto de rei e exploração estrangeiros. Sitiado de impostos.
Miguel de Vasconcelos defenestrado. O jugo durou 60 anos. A Casa de Bragança
legitimou o novo poder político. Regressou a gerência doméstica.
Mais duzentos anos de
História se passaram.
Portugal titubeava
entre a “velha aliada” (?!), a Inglaterra, e o império francês. Em 1801, Carlos
IV de Espanha e a França tramam em Madrid a sua invasão. Napoleão, insaciável
de império, cozinhava a conquista de Portugal. Em Outubro de 1807, a corte portuguesa, com centenas de embarcações
e navios de guerra, fez-se ao Atlântico. Assentou praça no Brasil.
Junot, general gaulês,
desceu de França no dia seguinte, assaltou o reino até Lisboa. A bota cardada
da França dominou uns quatro anos. Assassinatos,
massacres, saques, roubos, pilhagens, violações. Um festim. Impostos. A mando do Imperador, Junot assina um
decreto: 100 milhões de francos a cobrar. No regresso, o poder imperial leva
tudo, santos das igrejas, seus olhos de pedras preciosas. Um sacrilégio. (Nota: O autor aqui não fala
nos colaboracionistas, os afrancesados,
como aconteceu sempre em Portugal. R)
A Inglaterra, “velha
aliada”, como tal, mandou Wellington afrontar os galos. Foi conde, marquês e
duque. Tem direito a uma estátua, na entrada do Hospital de Santo António, no
Porto. Sucedeu-lhe um facínora, o marechal-general William Beresford. Estiveram
cá dez anos. Mais execuções sumárias,
massacres, roubos, pilhagens. Impostos. Como aliados (?), não largavam o poder
de Lisboa e arredores. A Ilha tomou o lugar da Gália na opressão. D. João VI, I
do Brasil, regressa. Instaura-se um regime de monarquia constitucional.
Duzentos anos depois, a História repete-se. É fado.
O país é colónia da Europa que impõe leis, regras, procedimentos,
previsões orçamentais. O Ministério das Finanças é de Berlim. O orgulho de ser
português definha. Emigra-se a conselho do Governo. O Povo é tratado sem honra
e dignidade. Como caloteiro relapso.
O Terreiro do Paço faz
de oficial de diligências. Assina
de cruz a sentença condenatória do tribunal criminal de Berlim. Uma fatalidade a que é alheio. O
anterior e os anteriores do anterior também. A responsabilidade criminal é do Povo. Cumpre a pena de
austeridade. O Orçamento do
Estado é um código penal de penas parcelares. Renega a irretroactividade da lei
penal, consagra o cúmulo material das penas. Há sempre mais um corte no
salário, pensão, emprego (pena), a adicionar a outro corte (mais pena). O
plenário da troika decide, o Governo executa. Se fala ou espirra, sai
imposto, corte, desemprego.
Cumpre ordens do invasor. Faz de Miguel de Vasconcelos.
Não fica sempre o
traidor. A História não esquece. E não perdoa!
“Felizmente há luar”
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