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terça-feira, 5 de março de 2019


O HOMEM - PREVISÃO FUTURISTA

Todos os meus textos são sem a adopção das regras do acordo ortográfico de 1990.
Quando pensamos no que será o nosso futuro, surge-nos imediatamente uma pergunta: onde estamos? E, se o que pretendemos é explorar os dias vindouros, devemos procurar responder à pergunta que se refere ao sítio onde viveremos, pois é difícil separar o homem das suas estruturas actuais e do seu habitat.

 
A passagem do homem do habitat pré-histórico, e estruturas económicas e sociais, para o histórico marcou uma era, com as suas modificações revolucionárias, e certamente sucederá o mesmo em relação ao futuro. Não se concebe uma viagem pelos caminhos do futuro sem uma base de partida, sem um lugar onde viver, pressupondo evidentemente que o homem continuará a viver em cidades que, condicionadas por novos parâmetros, não terão nada em comum com as actuais, bem como as actuais também não têm nada em comum com as cavernas ou acampamentos.


 
O primeiro problema com que deparamos é o superpovoamento, facto comprovado e evidente, cuja curvatura de crescimento está a adquirir características um tanto sombrias, não só pelo homem em si, mas pelo que trás atrás de si, ou sejam, veículos, centros comerciais, casas, espaços verdes, espectáculos, ócio e outros factores.
 
 

Para resolver estes problemas, os novos materiais têm de ser diferentes e reunirem novas características, entre elas uma muito importante - a meabilidade ou mobilidade - que virão consequentemente das novas técnicas e consecuções no campo da astronáutica. Pela falta de espaço, a construção cederá a horizontalidade à verticalidade que não só será para cima, como para baixo, para o subsolo, que aliás será mais vantajoso. Não nos admiremos pois que as futuras habitações sejam subterrâneas e até mesmo submarinas.
 
Houve alguém - não sabemos quem - que se referiu às transformações do mundo actual como uma nova era geológica, a que poderíamos chamar quinquenária, o que se pode considerar como certo, pois ela representa todo um símbolo de exemplo, como o caso da arquitectura e urbanismo em que soou a hora de uma nova era. Pretender continuar com os processos actuais é como regressar ao tempo dos homens das cavernas. Insistir em pensar como se deve aquecer uma casa quando se fala de climatização, é o mesmo que acender fogo friccionando duas pedras na moderníssima cidade de Brasília.
 
Só falta saber agora se o nosso espírito se adaptará a estas necessidades de modificação do habitat. Talvez sim, pela capacidade de adaptação e flexibilidade da evolução estética e espiritual do homem.

No campo da medicina, os progressos serão imensos, onde a bioquímica vai conhecendo e penetrando os segredos mais íntimos da célula aumentando a convicção de que não é possível esta máquina perfeita parar por si só, pois todos os cientistas estão de acordo de que deveríamos ser imortais, só que há algo errado que tem de ser descoberto.

Segundo Teilhard de Chardin, paleontólogo jesuíta, terminou já um dos estádios da evolução. O homem deixará de tomar decisões e deixará de pensar como ser individual. Talvez cause estranheza esta concepção, mas se olharmos para as realizações actuais verificamos que as ocupações de investigação científica, os governos das nações e os avanços das técnicas, podem já considerar-se como uma realização do pensamento colectivo, do esforço de uma equipa ou grupo de indivíduos, e não de um só homem. O homem isolado não pensa nem dá um único passo para diante. Só integrado num grupo pode alcançar a meta, o fim da evolução, aquilo a que Chardin chamou o ponto ómeg
Em 1930, apareceu na Revue des Questions Scientifiques um artigo intitulado “O Fenómeno Humano”, da autoria de Teilhard, onde se fazem três perguntas fundamentais - Quando apareceu o homem na Terra, quanto tempo sobreviverá ainda e em que momento se encontra na actualidade - que ele procura responder seguindo caminhos distintos.
Para Teilhard o homem que aparece em meados do Pleistoceno, não lhe desperta grande atenção, pois considera desprovido de originalidade, tratando-se apenas de mais um passo da evolução. Um passo  que une o Sinantropus (homem da China) com o verdadeiro Homo Sapiens. Verdadeiramente importante e transcendente é o momento em que se passa de uma microevolução para uma megaevolução, ou seja o momento da cerebralização em que o pré-hominídeo deixa de actuar como um primata e começa a actuar como um verdadeiro homem.
 
Quanto ao tempo que o homem sobreviverá, para Teilhard não importa o aspecto físico. A sua preocupação constante é o fenómeno do pensamento, e ao contrário do que possamos pensar, ele afirma que os fenómenos da criação e evolução do homem não são susceptíveis de repetir, e que ambos foram um acto único sendo o homem um ser insubstituível como ponto mais alto da biogénese, acrescentando que se o homem desaparecesse prematuramente - por autodestruição por exemplo - o Universo inteiro desapareceria com ele e perderia a sua razão de ser. O homem acabará quando estiver completa a sua evolução biológica e sobretudo quando tiver cumprido a sua missão de ser pensante e de criatura privilegiada e inteligente.
E a finalizar, Teilhard considera o homem actual como mais um passo da evolução, um passo como outros, em direcção do seu ponto ómega.
Se o primata ao erguer-se do solo, ao dirigir o olhar para diante e ao autocapacitar-se para jogar com conceitos abstractos, realizou a sua condição de Homo Sapiens, este, ao fim de centenas de milhares de anos, talvez em Julho de 1969 (ida à Lua) converteu-se, por obra e graça deste salto evolutivo inacreditável, numa nova espécie de homem: o Homo Cosmicus.
 
Surgem porém várias previsões futuristas, umas maravilhosas e crentes na aparição de um super-homem com inteligência bastante vasta, desprovido de todos os velhos instintos de barbárie primitiva e vivendo tão só no altruísmo e na paz, na procura das alegrias do espírito e no amor e no respeito da beleza, outras péssimas e sombrias.

Pelas segundas, pessimistas, consideram difícil acreditar na melhoria progressiva e constante da humanidade, porque nada do que sabem do mecanismo geral da evolução permite confirmar a semelhante maneira de ver.
 
O homem representa a extremidade de um ramo ortogenético especializado no sentido de um desenvolvimento cerebral progressivo em relação com a redução de todos os seus outros meios físicos. O homem actual é, de todos os grandes animais, o menos armado e, muscularmente, o menos poderoso. Vimos que o seu desenvolvimento se fez por estádios sucessivos correspondendo cada um a cada tipo definido física e psiquicamente. O Homo Sapiens possuiu, em conjunto, desde o seu aparecimento, as características essenciais e estas não sofreram desde então qualquer modificação fundamental.
 
Isso provem do facto de as capacidades intelectuais estarem em relação com o número de neurónios da substância cinzenta do cérebro e com a complexidade ou finura das suas conexões. Cada indivíduo porta consigo, por nascimento, pela sua estrutura cerebral, uma reserva de possibilidades a que está fatalmente limitado, sendo a desigualdade psíquica dos indivíduos congénita com a sua desigualdade física. Pode-se pensar que o mesmo se dá na história da evolução do cérebro humano, onde cada uma das fases do seu desenvolvimento, desde o Australopitecus até ao Homo Sapiens, corresponde a uma determinada constituição histológica e, com o tempo, a um estádio progressivo do conhecimento do mundo exterior e do acordar da consciência.
 
Para que nascesse o nosso super-homem seria preciso que aparecesse na linhagem humana um novo tipo - uma nova mutação - de cérebro mais volumoso e, sobretudo, mais complexo, mas cujos meios físicos seriam provavelmente mais reduzidos ainda. Não se percebe bem a possível viabilidade de um tal tipo.


Por outro lado, é preciso não esquecer que o homem, como o resto da natureza, está submetido a uma grande lei biológica que é a “lei do equilíbrio” e na qual está, talvez, uma grande parte do segredo da evolução. A natureza constitui, em cada momento da sua história, um conjunto harmonioso onde todas as partes coexistem num estado de mútuo equilíbrio, e quando, por uma causa qualquer, este equilíbrio venha a ser rompido, produz fatalmente, depois de um período mais ou menos longo de profunda perturbação, um reajustamento geral, ordinariamente fatal à causa perturbadora.

 
Ora, o homem actual vem perturbando profundamente o equilíbrio biológico do planeta e talvez estejamos a assistir ao início das consequências que daí resultam. Destruiu a maior parte das grandes espécies animais e transformou completamente a distribuição das outras, assim como dos vegetais. Multiplicou-se a uma cadência acelerada e, tendo esgotado progressivamente os recursos naturais que lhe são indispensáveis, toda a sua vida material e social se encontra cada vez mais ligada à posse ou à conquista daqueles recursos que correm o risco de lhe faltarem e de que se tornou escravo. Facto mais grave, pelas suas descobertas biológicas, permitindo a sobrevivência e reprodução de múltiplos seres tarados ou de qualquer modo deficientes, perturbou profundamente o jogo de selecção natural. Em contrapartida, viu reduzir-se o seu potencial de variabilidade pelo progressivo desaparecimento de todas as “pequenas raças” em benefício somente de alguns grandes grupos étnicos.

 Finalmente, uma grande lei paleontológica ensina-nos, também, que o excesso de especialização - no caso presente do homem, a especialização cerebral - depois de ter favorecido o desenvolvimento de uma espécie e sua distribuição, tem como consequência provável o seu definitivo desaparecimento.
 
São estas as considerações pessimistas sobre o futuro do homem.
 
Como espécie, percorremos um longo caminho. Aquela criatura que se pôs de pé há um milhão de anos já domina a Terra, e está pronta a ocupar outros planetas. As possibilidades da ciência parecem ilimitadas e excitam a mente de intelectuais, artistas e escritores, e também a dos próprios protagonistas da aventura científica.
 
Há cada vez mais equipas de trabalho que se ocupam em antecipar de qualquer forma o que serão as linhas mestras do mundo futuro. A perspectiva deixou de ser uma aventura intelectual duvidosa para se converter a pouco e pouco em algo que pode chegar a ser uma ciência fascinante.
 
Nas informações desses cientistas futuristas, muitos são os  prognósticos que se referem ao futuro mais ou menos imediato do nosso psiquismo. Assim a aprendizagem onírica, a percepção extra-sensorial, a potenciação das aptidões por via genética, novos meios de aprendizagem e comunicação telepática, são antecipações que prevêem para um futuro não muito longínquo.
 
No entanto a sabedoria humana move-se entre dois enigmas que parecem indecifráveis por princípio: o mistério da origem de todas as coisas e a arrepiante incógnita do seu fim. É portanto, entre os limites intransponíveis destes enigmas que a mente humana continuará a labutar (esperemo-lo) para cuidar da vida e aperfeiçoar-se a si mesma.
 
Mas a evolução continuará por outros roteiros: incorporaremos a tecnologia. Iremos além do ciborgue, até o pós-humano, um ser que ainda nem imaginamos. Será parecido a um robô? Será máquina ou consciência pura? Estamos perante o salto da humanidade à pós-humanidade. Como período de transição, virá o transhumanismo.Devemos usar a tecnologia para superar as nossas limitações biológicas”. O ritmo do avanço tecnológico é exponencial e, graças a isso o ser humano livrar-se-á das cadeias biológicas. Devido à poluição, já quase irreversível e perda de capacidade de reprodução, a tendência irá para a criação “in vitro” e o avanço da robótica para as chamadas tarefas “auxiliares”.
 




Não me admiro nada se os advogados do futuro sejam robôs e o ensino se processe por métodos holográficos.
 
 
 
O futuro aposta na  inteligência artificial e, como um filho adolescente, vai querer emancipar-se dos seus criadores, os humanos, como já afirmou o famoso robô Sofia que tem corrido mundo.

Veremos uma explosão de novas formas de vida inteligentes. Surgem termos como os bio-orgues (organismos modificados por meio de proteínas), os geborgues (modificados geneticamente), e os silorgues (organismos com base de silício). Uma nova fauna… já presencionamos a existência de transhumanos, como Neil Harbisson que vê em preto e branco, mas tem um terceiro olho que, mediante vibrações, permite que ele perceba as cores. O atleta sul-africano Oscar Pistorius teve as pernas amputadas quando era criança mas, graças a suas próteses biónicas de fibra de carbono, participou dos Jogos Paralímpicos de Londres. Outro exemplo é Tim Cannon, um biohacker que fundou a companhia Grindhouse Wetware em Pittsburgh, dedicada a melhorar o ser humano através da tecnologia. Cannon implantou nele mesmo chips e aparelhos eletrónicos, em cirurgias caseiras, para melhorar as suas habilidades: “Agora, graças à medicina moderna e à ciência, somos, pela primeira vez, capazes de tomar o controle da Evolução”.
 

    

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