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terça-feira, 19 de março de 2019


COSMOS
Tentativa de definição

RELIGIÃO E SUPERSTIÇÃO

 
Se analisarmos com lógica o nosso mundo, compreendemos que ele corre para um fim e, por muitas guerras e mortes antinaturais que haja, a evolução não pára, sobrevivendo os mais fortes - biologicamente e não tecnicamente ou materialmente.

O desentendimento entre povos, reunidos sobre a mesma organização comum - as Nações - e as chacinas feitas à sombra de uma ideologia, ou ideologias, e mesquinhices do mundo actual, nada pesam na evolução da humanidade.

Talvez dêem apenas um contributo, directo ou indirecto, negativo e retardador, como foi a longa noite da idade média. Os homens deviam compreender que a sua evolução é em frente, no ponto de vista da evolução mental ou espiritual, com uma transcendência tal que esses actos de puro egoísmo e ambição pessoais, fomentadores de guerras e conflitos não desejados pelos povos que os sentem na carne, em nada a vão beneficiar, e deixarem também de evocarem - hipocritamente - o nome de Deus para a defesa e justificação das suas atitudes que reflectem apenas a cobiça e podridão da vida, somente virados para o materialismo, escudados nesses argumentos que brincam e desrespeitam o sentimento, dignidade e senso verdadeiro de justiça que o homem porta nele em estado adormecido.

A maioria das pessoas pensam - e os representantes das autoridades divinas não as esclarecem - que basta cruzar as mãos e pedir a um misterioso Deus a concessão de vantagens sobre o próximo. Francamente! Deus não é uma Excelsa Figura que se senta a uma mesa a ouvir requerimentos, sobre a forma de preces, e a conceder tudo o que se Lhe pede.

Os homens deviam deixar de "abençoar", em nome de Deus, uma cruzada de extermínio ou de conquista, ou o nome de uma máquina de guerra, ou os locais onde outros homens são encarcerados e privados do que mais amam - a sua liberdade - porque não concordam com o sistema desses indivíduos gananciosos que só os levam ao caos e à destruição. Grupos de homens, querendo destruir outros homens, rogam a esse Deus - que não pode ser de modo nenhum, o nosso espírito universal - para os proteger e ajudar a exterminar o adversário, o qual por sua vez roga a esse mesmo Deus algo semelhante, sem se aperceberem que são irmãos e têm em si a mesma essência.
 
Será que o espírito universal vai atender essas pretensões indignas e egoístas que nada contribuem para a evolução da Alma e, consequentemente, melhoria de relações nas gerações futuras e descoberta da verdadeira fraternidade e amor universais?

Certamente não haveriam, como hoje, milhares de seres humanos a pagarem os erros "históricos" cometidos, na sua euforia de seres superiores portadores da verdadeira "civilização" que querem impor, aos mais fracos, pela força.

Se Mussolini, por exemplo, conseguisse concretizar os seus planos sobre a ocupação da Abissínia - cruzada "abençoada" pela Santa Igreja Católica - hoje haveria, além dos mortos e estropiados nessa altura, mais uns milhares de seres a pagarem com o seu sangue, sofrimento e lágrimas, essa atitude de pura ambição pessoal escudada e legitimada por um organismo religioso de grande influência espiritual sobre os homens.

O ser humano considera Deus - espírito universal para nós - à sua semelhança, retractando-O ingenuamente com os hábitos e defeitos do seu mundo - por ele criado - apodando-O de omnipotente, infinitamente bom, infinitamente justo, e outros “infinitamentes”, com qualidades individualizadas à escala humana e..., o que é mais importante para os super-homens, do sexo masculino. As diversas religiões, dentro deste prisma, procuram argumentos válidos, e mais ou menos convincentes, para justificarem os seus credos que, finalmente, após análise profunda, e até mesmo superficial, acabam por cair em contradição.

Qualquer indivíduo que raciocine e estude um pouco, sabe que as religiões foram fundadas sobre alguns conceitos de verdade, sobre aquilo que os seus fundadores criam ser a verdade. Todas elas procuram focar as relações Homem-universo, com argumentos que crêem ser respostas às grandes incógnitas acerca do seu destino e qual a melhor maneira de viver a vida. Esses princípios, ao contrário da Ciência que se fundamenta em factos concretos e experimentados, surgiram de formas invulgares de experiência onde os indivíduos, através dos quais foram canalizados essas verdades, receberam-nas como uma revelação de sabedoria e ensinamento supostamente derivados de agentes externos ou divinos. Tais experiências designadas como místicas podem ter sido realizadas pelas mais variadas formas, desde os sonhos ao contacto directo com essa entidade ou entidades reveladoras.

Podemos supor agora que, pela evolução do mundo, novas verdades podem surgir, ultrapassando as já conhecidas, pois não é lógico acreditarmos que tudo o que se refere à natureza espiritual já foi descoberto pelos velhos métodos que procederam a ciência.

Ao observarmos o progresso da própria religião através do seu período de história escrita notamos que, apesar de certas barreiras e entraves por parte dos mais fanatizados, tem sido um sistema expansivo, ascendente, de conceitos. A adaptação progressiva da doutrina às necessidades e conhecimentos dos tempos em transformação, cria em nós a não certeza dos dogmas que só podem existir em épocas determinadas. Muitos dogmas com a evolução dos tempos desaparecem e nós, como seres pensantes que somos, temos o direito e até o dever de nos debruçarmos sobre estas doutrinas e racionalmente tentarmos conseguir uma resposta mais de acordo com as realidades da nossa época. Não podemos aceitar de modo nenhum, como seres irracionais, doutrinas dogmáticas que foram impostas numa dada época - muitas das vezes pela força e brutalidade - sob certas condições, em que o nível evolutivo do homem era outro, mais atrasado, e aberto a esse sistema de imposição da verdade.

Ainda hoje se verifica uma aceitação ampla dessas doutrinas dogmáticas nas camadas mais baixas e ignorantes de um povo, extremamente mergulhadas na superstição e crenças mais absurdas. Podemos citar o caso de algumas organizações religiosas que, subsistindo há escassos séculos, apregoam ser necessário a remissão de um pecado original por meio de ritos e práticas perfeitamente mecanizadas e rotineiras e da necessidade de uma absolvição final quando no acto da morte, para assim poderem ser recebidos no Paraíso, reservado apenas para o ser humano, pois as outras almas menos evoluídas não têm direito à salvação. Só o omnipotente ser humano, o senhor da Terra, tem direito a tudo ... até tirar vidas por desporto.

Se uma loba ataca um rebanho para alimentar as suas crias, é uma assassina... se o homem mata uma gazela meiga para se distrair, é desporto, assim como era desporto praticar tiro ao alvo contra pombos indefesos e é “espectáculo” torturar um touro numa arena. Há quem defenda as “tradições”, mas também era “tradição” a escravatura e o “espectáculo” das lutas de morte nas arenas, o que foi desmantelado com a evolução dos princípios morais e éticos da humanidade.

Ora, há miríades de Almas criadas, ou formadas, desde o início, como de uns dez mil anos para cá - apesar de sabermos que o ser hominídeo (pré-humano) existia à face da Terra há cem mil anos pelo menos, com provas - sendo deste modo salvos apenas uma minoria. O resto será destinado às penas eternas, tendo o demónio a parte de leão.

Dizem que Deus deseja a salvação de todos, que não lhe agrada a destruição de ninguém, que é infinitamente bom e justo, e que deu para salvação da humanidade o seu único filho (afinal os outros não são seus filhos) mas este plano falha pela base. É como um navio que naufraga no oceano com centenas de passageiros e só lhe enviem uma lancha para salvar dois ou três.

Combatem as diferenças de classes porque os homens são todos irmãos e criados pelo mesmo Deus à sua semelhança, o que muito nos espanta, pois nesta ordem de ideias não há evolução - pelo menos física - estando o homem estacionário, o que não é verdadeiro.

Pelos estudos paleontológicos, é mais do que sabido por todos, que o homem desde a sua origem vem sofrendo transformações profundas, tanto físicas como espirituais, onde raças e tipos com características simiescas evoluíram, como as de Muge e Wadjak, ou os hominídeos Pitecantropídeos, Australopitecídeos e Neandertalóides, até ao ser humano actual.

Se o ser humano foi concebido à semelhança de Deus (no aspecto físico como a gente comum entende e ainda, para mais, sabendo nós que Deus é essência pura, Luz, Espírito), nós hoje seriamos completamente diferentes, tanto física como mentalmente, desse Deus, porque evoluímos e nos aperfeiçoamos. Não seria mais lógico sermos semelhantes a Deus só no fim da nossa evolução, depois de adquirirmos a perfeição digna de um Deus?

Não! não acreditamos que um Australopitecídeo, ou mesmo um Neandertalóide, mais macacos do que homens, com uma vivência completamente animalesca, tenham sido criados à semelhança de Deus. Acreditamos sim numa evolução contínua, progressiva, admitindo a hipótese da coexistência de variadas formas duma mesma raça ou grupo de animais (talvez humanóides) em que se tenha especulado sobre as semelhanças que possam ter existido entre um determinado grupo indígena com outro mais evoluído ou completamente formado como o homem actual.

Entrando num campo polémico, podemos adiantar que o facto de se admitir a hipótese de uma evolução progressiva do homem desde o estado simiesco até ao actual, não quer dizer que não se admita a hipótese de existirem, a par desses seres, outros mais evoluídos e superiores, os quais talvez expliquem certas crenças e afirmações - de determinadas correntes de pensamento - sobre seres provenientes do exterior.

A Bíblia refere-se a Elohim, cuja tradução correcta é deuses, os quais também tinham um Senhor - Adonai - e segundo o Génese 2:15, “O senhor dos Elohim instalou o homem no jardim do Éden, para o cultivar e o guardar”, o que é absurdo, pois um Deus sobrenatural, que criou a natureza, não devia precisar de homens para guardar o jardim.

Guardar contra quem?

São todos humanos, e cá ou lá sofrem uma evolução, vindos de formas mais atrasadas.

Se admitirmos a existência desses seres no nosso planeta, em paralelo com a evolução dos indígenas terráqueos, talvez se explique o grande enigma da evolução do ser humano e suas crenças nos deuses, pois segundo peritos investigadores os saltos na história da evolução não podem ser mera coincidência ou acaso, sendo impossíveis numa evolução normal.

Em pleno século XIX ainda existiam homens que, dez mil anos depois da "explosão inovadora" da agricultura e da criação de gado, no médio oriente, viviam da caça e das colheitas de sementes selvagens. A evolução natural pode justificar a explosão inovadora de 6 000 a.C. no médio oriente, mas não pode justificar que uma raça tenha passado do Paleolítico Superior à astronáutica na vintena de milénios necessários a outras raças para atingirem a agricultura.

 
A raça que alcançou a astronáutica terá beneficiado de “uma ajuda vinda do céu” como afirma a Tradição, ou será um produto mestiço ou descendente directamente desses seres exteriores, enquanto as outras evoluíram "naturalmente", o que quer dizer, com sábia lentidão?

Cientistas que trabalhavam no projeto Human Genome (Projeto Genoma) ficaram perplexos diante de uma descoberta: acreditam que 97% das chamadas "sequências não-codificadas" do DNA humano correspondem a uma porção de herança genética proveniente de formas de vida extraterrestre. As sequências foram analisadas por programadores de computadores, matemáticos e outros estudiosos. O Professor Chang concluiu que o "DNA-lixo" foi criado por algum tipo de "programador alienígena".

Alguém manipulou e "aperfeiçoou" a vida e a raça humana, fazendo de um hominídeo primitivo, como o homo erectus o homo sapiens que originou, já pela evolução, o atual homo sapiens sapiens. Um dos argumentos em que se apoia essa ideia é a improbabilidade do surgimento do homo sapiens de maneira súbita, um processo que fere os princípios do Darwinismo ortodoxo. O homem contemporâneo lembra, em tudo, um ser híbrido, uma combinação genética de material extraterrestre com a herança do homo erectus. (Scientists find Extraterrestrial genes in Human DNA por John Stokes)

Jean Sendy em L'ère du Verseau - Fin de l' illusion humaniste, 1970, declara: “É perfeitamente legítimo pensar que todos os terrenos teriam conseguido alcançar, pelos seus próprios meios o estado astronáutico, se tivessem tido tempo, se tivessem disposto de algumas dezenas (ou centenas) de milénios a partir do ‘talhe solutreano do sílex’; A evolução que conduziu do primata à cosmonáutica pôde, portanto, fazer-se, de forma perfeitamente natural, num sistema planetário de onde seriam originários os primeiros civilizadores, que, vindos do céu, pousaram sobre planetas menos evoluídos”.

Nos achados arqueológicos também subsiste uma dúvida reveladora para nós, que é a classificação, ou localização no tempo, do primeiro Homo Sapiens por volta de 250 000 anos a.C., o qual é sem dúvida nenhuma superior ao Homem de Solo, Homem de Neandertal e Homem da Rodésia, que subsistiram paralelamente e até em época mais recente. Ou seja, pela evolução normal e natural estes deveriam ser mais evoluídos do que aquele.
 


Quem seria esse Homo Sapiens?

Certamente coexistiram civilizações de afastamento como actualmente, em que uns Estados Unidos da América mandam homens à Lua ao mesmo tempo que descobrem na Colômbia homens desconhecidos ainda na idade da pedra lascada.

Se um arqueólogo do futuro - do ano 5 000, por exemplo - fizer escavações na actual Colômbia, ficará satisfeito por provar que o ser humano do século XX vivia em plena idade da pedra. E se descobrir manifestações artísticas, desses mesmos povos, exteriorizadas a seu modo, daquilo que viram nos seus conquistadores e civilizadores de hoje, os quais aparecem com trajes estranhos e brilhantes (nylon, cabedal, seda, plástico), com máquinas maravilhosas (relógios, carros, aviões), produzindo fogo do nada (fósforos, isqueiros) e comunicando com vozes vindas do céu (telefonia, emissores/receptores), e se sentem orgulhosos por serem semelhantes a esses seres que consideram deuses, então poderá afirmar que esse povo tinha a religião pagã com uma mitologia e crenças absurdas. Esses povos adoravam deuses seus semelhantes, ou um Deus que os criou à sua imagem, e uma legião de anjos, santos e outros que coadjuvavam esses Deus (o chefe de uma equipa de estudos).

A partir daí nascem as formas de interpretação mais excêntricas das fontes históricas deixadas por esses seres que pelo "hermetismo" da sua religião preferiam registar os seus conhecimentos por meio de parábolas e cabalas quase indecifráveis...

 


...Como os índios do Amazonas, que criaram ritos e ídolos inspirados nas técnicas - misteriosas para eles - dos outros seres humanos mais evoluídos, é fácil crer que os humanos na antiguidade também tenham sido influenciados e tentassem registar essas maravilhas, adorando-os como deuses porque não os compreendiam. Na foto o traje do intérprete faz lembrar um fato espacial. Talvez tenham tido contactos com seres vindos do espaço…

E quando o ser humano não compreende, enfronhando-se na superstição e medo de forças ocultas, inventa uma forma de "escape" mais fácil e mais tranquilizadora: uma religião, ou ritual, para ficar mais sossegado. O facto é que esses rituais, sem nada de sobrenatural e baseado em crenças inofensivas, são deturpados com o tempo, surgindo dogmas absurdos que finalmente serão o seu próprio sustentáculo. De uma forma sobre-humana de conhecimentos, naquela época histórica, a religião deturpada transforma-os numa forma sobrenatural de conhecimentos, com todas as suas implicações.

Mesmo os próprios credos e orações rituais reflectem a época histórica da sua criação, dando a impressão de "alguém" mais evoluído pretender impedir os pobres gentios de caírem na adoração descontrolada e supersticiosa de toda a espécie de ídolos e símbolos por não compreenderem o mundo circundante, criado e construído por esse ser, ou seres mais evoluídos. Mas essa orientação, que cremos ser para defesa dos indígenas, em tom violento e ditatorial não surtiu efeito, lançando o homem noutra espécie de adoração, muito mais complexa e perigosa, abstracta, que não compreende mas aceita, apesar de hoje verificar que muitos desses conceitos, absolutamente necessários para a mentalidade evolutiva em que se encontrava, estão ultrapassados e se mostram verdadeiramente ridículos para o nível evolutivo actual.

Pela minha formação tradicional, recorro consequentemente a exemplos que melhor conheço, neste caso dentro do campo da Cristandade, pelo que vamos transcrever as três primeiras passagens de Os Dez Mandamentos que eram ministrados nas catequeses não há muito tempo:

1 - Não terás deuses estrangeiros diante de mim.

2 - Não farás para ti imagens de escultura nem figura alguma de tudo o que há em cima no céu, e do que há em baixo na terra, nem coisa que haja nas águas debaixo da terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o Senhor Teu Deus, o Deus forte e zeloso, que vinga a iniquidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta gerações daqueles que me aborrecem; e que usa da misericórdia até mil gerações com aqueles que me amam, e que guardam os meus preceitos.

3 - Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente aquele que tomar em vão o nome do Senhor seu Deus. (Os negritos são meus. R)

Podemos verificar nos negritos que quem ditou, ou fez estas regras, tinha por preocupação primária impedir que os seus servos o desautorizassem ou se desviassem para servirem outro senhor - que certamente existia no mesmo pé de igualdade desse Deus, pois se assim não fosse não se preocuparia em ordenar aos seus servos para o adorarem só a ele - recorrendo à ameaça de castigos aterradores para alcançar os seus fins, como aliás ainda hoje fazem, em certas zonas do globo, os senhores feudais e faziam os nobres nas extensões europeias e asiáticas. Em suma: a necessidade de manterem maior poderio pessoal, económico e político.

Ao lermos o Velho Testamento apercebemo-nos, sem grande esforço, da luta travada entre um Deus que quer ser obedecido, mostrando-se umas vezes bom e justo para o "povo escolhido" e outras vezes cruel e sanguinário por represália, e um povo que acaba por trair inúmeras vezes esse mesmo Deus.

O melhor é ficarmos por aqui, pois haveria muito mais para dizer e ocuparia muito tempo, e também correríamos o risco de entrar numa polémica sem interlocutores válidos ou razões válidas, pois como atrás referimos, na hipótese de um arqueólogo do século 50 vir fazer escavações à Colômbia, surgiriam inúmeras formas de interpretação dos dados históricos indo fatalmente cair num impasse e então se "criar", como já se criou, interpretações esotéricas, cabalísticas, e muitas outras, só com o fim de poderem explicar as teorias como desejam e querem os seus defensores respectivos. Geralmente cai-se na afirmação de que um determinado povo deixou as suas fontes históricas em código, ou qualquer outra forma hermética, não se sabendo bem para quê ...

Existem três formas de interpretar a Bíblia, e nenhuma delas é convergente.

Quanto à hipótese de terem existido seres mais evoluídos e não restarem vestígios culturais ou mesmo nos próprios traços genéticos dos seus descendentes pode explicar-se pelo progresso da mente e evolução cultural. E além disso, temos de tomar em conta as barreiras que se levantaram, e destruição sistemática de tudo que transmitisse saber.

Jacques Bergier numa das suas obras, Os Livros Malditos, após estudo feito acerca das destruições sistemáticas de patrimónios culturais da humanidade, interroga-se se não existirá uma conspiração permanente que visa impedir o saber humano de desenvolver-se mais depressa. Diz Bergier que se encontram traços dessa conspiração tanto na história da China ou da Índia, como na do ocidente.

 
A destruição da grande biblioteca de Alexandria foi rematada pelos Árabes em 646 da era cristã. Mas essa destruição foi precedida de outras, e o furor com que essa fantástica colecção do saber foi aniquilada é particularmente significativo.

Em 1885, o escritor Saint-Yves d'Alveydre recebeu uma ordem, sob pena de morte, de destruir a sua última obra Missão da Índia na Europa e Missão da Europa na Ásia. A Questão dos Mahatmas e sua Solução. No entanto um exemplar escapou à destruição e deu origem a uma impressão limitada em 1909, pelo editor Dorbon. Em 1940, quando os alemães entraram em Paris destruíram todos os exemplares reimpressos.

Em 1897, foi dada ordem para destruir quatro manuscritos inéditos, do escritor Stanislas, que versavam sobre magia negra, assim como todo o seu arquivo. Em 1933, os nazis queimaram na Alemanha, além de outras obras consideradas subversivas, uma infinidade de exemplares do livro sobre os Rosa Cruzes, Die Rosenkreuzer, zur Geschichte Einer Reformation.

 
Enfim, muitas obras destruídas sem motivo aparente pelos doutos senhores, detentores e portadores do conhecimento condicionado, e teimoso, do ser humano escolhido por Deus para "dominar" todas as outras espécies viventes do Universo.

Voltando atrás, e sobre a matéria que estávamos a desenvolver sobre o espírito religioso do homem, os humanos - segundo algumas doutrinas - irmãos entre si e filhos do mesmo Deus, têm os mesmos direitos, não havendo distinções pois são todos iguais. No entanto descrevem o paraíso, retractando-o alguns com o melhor da vida terrena, como mulheres, boa comida e prazeres carnais, e outros com santos, anjos, guardas e uma legião de hierarquias.

Em suma: segundo os ensinamentos da Igreja de Roma, que se intitula a Igreja de Cristo, numa possível vida eterna junto de Deus, após o julgamento final (qual o pai que julga os filhos e os condena?), há os privilegiados, o filho predilecto à sua direita, e os outros, não contando os que tiveram pior sorte e em maior número que foram para o Inferno sofrer uma pena eterna. Aquele que procedeu mal, foi cruel, assassino, e teve a sorte de ser assistido na hora da morte, e se arrependeu, é perdoado e aceite no Paraíso, após passagem pelo Purgatório, não falando naqueles que "compravam" a absolvição com metal sonante. Aqueles que sempre foram virtuosos, só com algumas culpas próprias da fraqueza humana (ninguém é perfeito), mais devaneios do que verdadeiros pecados, e não foram assistidos na hora da morte, não conseguem a absolvição e seguem para o Inferno.

Pelas descrições da vida eterna no Paraíso inventado pelas religiões, nota-se a diferença de classes que contrariam a lógica e bom senso. Seria muito mais lógico e "humano" um círculo evolutivo onde todos teriam as mesmas oportunidades e direito ao paraíso. Os que melhor procedessem, por mérito próprio, alcançariam mais cedo esse objectivo. Os outros chegariam mais tarde, mas chegariam. Pois não há pai nenhum que não queira dar outra oportunidade a um filho.

A mente lógica não compreende facilmente como um Deus "justo e amoroso" pode exigir as mesmas virtudes aos milhares de seres que ele mesmo colocou debaixo de diferentes condições. Uns vivem luxuosamente e outros têm de roer o duro pão da miséria. Uns possuem boa educação moral e ambiente de elevados ideais, outros são colocados em ambientes degradados e ensinados a mentir e a roubar para sobreviverem.

Porquê isto, onde há privilegiados e sofredores que no fim serão julgados pela mesma bitola? Porque não tiveram todas as mesmas oportunidades e os mesmos ambientes?

Não podemos compreender nem aceitar esta disparidade, onde se conclui, logicamente, serem salvos apenas uma minoria.

Podemos dizer como Buda: “Se Deus permite tais misérias, não pode ser bom, e se Ele não tem o poder de impedi-las, não é Deus”.

Não podemos concordar com tais doutrinas de religiões que julgando trilhar o caminho certo não admitem outro, porque sabemos que portamos a centelha do espírito universal, a qual, depois de valorizada pela sua evolução, há-de retornar a Ele. Só assim compreendemos uma igualdade justa, em que todos os seres estão irmanados, e não haja categorias hierárquicas junto do Ente Divino, criado pelo homem à sua imagem.

Já Huxley, nos Ensaios de um Biologista, afirmava: “A fé humana desenvolveu-se do Espírito para os espíritos, depois dos espíritos para os deuses e dos deuses para Deus”.

Todos os seres sofrem esta evolução encontrando-se o homem adiantado - em relação aos outros seres existentes no seu mundo conhecido - e como todas as formas da matéria se encontram em transição, não estando estacionárias, o ser humano continua a sua evolução e certamente surgirá um ser mais avançado tanto biológica como intelectualmente. Será uma evolução lenta ou por saltos - mutações - que criarão um ser ainda mais avançado. É como a larva com o seu mundo limitado pelo tronco da árvore onde vive, pensando apenas na sobrevivência e na folha mais suculenta a atacar, e num dado momento isola-se e surge como uma borboleta, abrangendo um mundo maior, neste caso o campo circunvizinho com a árvore onde se formou. Deve ser um choque grande para este pequeno ser com um mundo conhecido e dum momento para o outro descobrir outro mundo maior e cheio de beleza.

Estamos dentro dos limites do conhecimento da realidade formada e compreendida pelo Homem, não custando a acreditar que possa haver outra forma de conhecimento fora dos nossos limites da imaginação, do nosso Universo, da nossa realidade.

Podemos concluir, talvez, que se trata de uma experiência do espírito universal para adquirir mais conhecimentos em campos diferentes e inimagináveis por nós.

Como os seres têm em si o espírito universal, também possuem faculdades criadoras tanto no campo material em que se reproduzem e multiplicam, começando nos seres menos complexos até ao humano, como no campo espiritual ou mental em que criam condições propícias para a Alma se valorizar e acumular mais conhecimentos e experiências favoráveis à sua evolução, até à identificação total, o que irá valorizar consequentemente o espírito universal com a adição de novos conhecimentos. Tudo sucede como no planeamento de uma novela, onde o escritor imagina um certo fim mas não sabe como serão os pormenores do enredo. Surge-lhe a ideia e começa a escrever, seguindo o correr a pena, enredando-se cada vez mais por capítulos não premeditados (muitas das vezes inspirando-se nos factos que vai observando no dia a dia) até chegar ao fim determinado.

Frisemos que a princípio o escritor deu uma orientação, ou melhor, traçou um plano com um objectivo a que procura não fugir. Os pormenores da história, ou matéria acessória, são ao acaso, conforme as situações de momento, só intervindo com alterações premeditadas se o tema começar a divergir muito do objectivo traçado de início, dando o equilíbrio e harmonia desejadas à novela. Os pequenos pormenores - pequenos quando integrados na globalidade da obra que pretende, e muito grandes quando isolados - não interessam desde que não desequilibrem o conjunto.

Ao chegar ao fim da obra respira aliviado e satisfeito porque adquiriu nova experiência, valorizando-se com novos conceitos e novas formas.

O espírito universal ao criar o mundo, o nosso Universo, teria agido assim? Será mais uma experiência em que se valorizará pelos novos conceitos desenvolvidos e encontrados durante a evolução?

É absurdo raciocinarmos nestes termos, e incompreensível, mas podemos supor que o espírito universal cria, ou melhor, força situações para uma valorização cada vez mais completa, mais rica, originando um Universo, ou Universos, para as suas experiências. Podemos supor também que o mundo é uma aberração, criado para satisfação da sua curiosidade.

Podemos imaginar, para uma comparação simples, o mundo das formigas.

Todos sabem como as formigas vivem em comunidade com as suas características próprias devido ao ambiente em que estão inseridas e a que se habituaram. Um cientista, portanto um indivíduo com vastos conhecimentos e que pode passar por um Deus nas tribos mais atrasadas da Terra, que não imaginam o avanço da tecnologia, pode querer satisfazer a sua curiosidade alterando o modo de vida de algumas formigas criando, artificialmente, outras condições de vida. Pode interferir no clima, criando uma zona completamente controlada, com ciclos diferentes, gravidade alterada, com emissões de raios ultravioletas, raios gama, X, etc. Enfim, um cientista pode alterar completamente o Universo da formiga e satisfazer a sua curiosidade de investigador, observando os resultados do novo ciclo evolutivo desses seres, em condições completamente diferentes das habituais.

E isto não quer dizer que não existam outros grupos de formigas, a poucos passos de distância, com outras condições, também, de vida.

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