COSMOS
Tentativa de definição
RELIGIÃO E SUPERSTIÇÃO
Se analisarmos com lógica o nosso
mundo, compreendemos que ele corre para um fim e, por muitas guerras e mortes antinaturais
que haja, a evolução não pára, sobrevivendo os mais fortes - biologicamente e
não tecnicamente ou materialmente.
O desentendimento entre povos,
reunidos sobre a mesma organização comum - as Nações - e as chacinas feitas à
sombra de uma ideologia, ou ideologias, e mesquinhices do mundo actual, nada
pesam na evolução da humanidade.
Talvez dêem apenas um contributo,
directo ou indirecto, negativo e retardador, como foi a longa noite da idade
média. Os homens deviam compreender que a sua evolução é em frente, no ponto de
vista da evolução mental ou espiritual, com uma transcendência tal que esses
actos de puro egoísmo e ambição pessoais, fomentadores de guerras e conflitos
não desejados pelos povos que os sentem na carne, em nada a vão beneficiar, e
deixarem também de evocarem - hipocritamente - o nome de Deus para a defesa e
justificação das suas atitudes que reflectem apenas a cobiça e podridão da
vida, somente virados para o materialismo, escudados nesses argumentos que
brincam e desrespeitam o sentimento, dignidade e senso verdadeiro de justiça
que o homem porta nele em estado adormecido.
A maioria das pessoas pensam - e os
representantes das autoridades divinas não as esclarecem - que basta cruzar as
mãos e pedir a um misterioso Deus a concessão de vantagens sobre o próximo. Francamente!
Deus não é uma Excelsa Figura que se senta a uma mesa a ouvir requerimentos,
sobre a forma de preces, e a conceder tudo o que se Lhe pede.
Os homens deviam deixar de
"abençoar", em nome de Deus, uma cruzada de extermínio ou de
conquista, ou o nome de uma máquina de guerra, ou os locais onde outros homens
são encarcerados e privados do que mais amam - a sua liberdade - porque não
concordam com o sistema desses indivíduos gananciosos que só os levam ao caos e
à destruição. Grupos de homens, querendo destruir outros homens, rogam a esse
Deus - que não pode ser de modo nenhum, o nosso espírito universal - para os
proteger e ajudar a exterminar o adversário, o qual por sua vez roga a esse
mesmo Deus algo semelhante, sem se aperceberem que são irmãos e têm em si a
mesma essência.
Será que o espírito universal vai
atender essas pretensões indignas e egoístas que nada contribuem para a
evolução da Alma e, consequentemente, melhoria de relações nas gerações futuras
e descoberta da verdadeira fraternidade e amor universais?
Certamente não haveriam, como hoje,
milhares de seres humanos a pagarem os erros "históricos" cometidos,
na sua euforia de seres superiores portadores da verdadeira
"civilização" que querem impor, aos mais fracos, pela força.
Se Mussolini, por exemplo, conseguisse
concretizar os seus planos sobre a ocupação da Abissínia - cruzada
"abençoada" pela Santa Igreja Católica - hoje haveria, além dos
mortos e estropiados nessa altura, mais uns milhares de seres a pagarem com o
seu sangue, sofrimento e lágrimas, essa atitude de pura ambição pessoal
escudada e legitimada por um organismo religioso de grande influência
espiritual sobre os homens.
O ser humano considera Deus - espírito
universal para nós - à sua semelhança, retractando-O ingenuamente com os
hábitos e defeitos do seu mundo - por ele criado - apodando-O de omnipotente,
infinitamente bom, infinitamente justo, e outros “infinitamentes”, com
qualidades individualizadas à escala humana e..., o que é mais importante para
os super-homens, do sexo masculino. As diversas religiões, dentro deste prisma,
procuram argumentos válidos, e mais ou menos convincentes, para justificarem os
seus credos que, finalmente, após análise profunda, e até mesmo superficial,
acabam por cair em contradição.
Qualquer indivíduo que raciocine e
estude um pouco, sabe que as religiões foram fundadas sobre alguns
conceitos de verdade, sobre aquilo que os seus fundadores criam ser a verdade. Todas elas procuram focar as relações Homem-universo,
com argumentos que crêem ser respostas às grandes incógnitas acerca do seu
destino e qual a melhor maneira de viver a vida. Esses princípios, ao contrário
da Ciência que se fundamenta em factos concretos e experimentados, surgiram de
formas invulgares de experiência onde os indivíduos, através dos quais foram
canalizados essas verdades, receberam-nas como uma revelação de sabedoria e
ensinamento supostamente derivados de agentes externos ou divinos. Tais
experiências designadas como místicas podem ter sido realizadas pelas mais
variadas formas, desde os sonhos ao contacto directo com essa entidade ou
entidades reveladoras.
Podemos supor agora que, pela evolução
do mundo, novas verdades podem surgir, ultrapassando as já conhecidas, pois não
é lógico acreditarmos que tudo o que se refere à natureza espiritual já foi
descoberto pelos velhos métodos que procederam a ciência.
Ao observarmos o progresso da própria
religião através do seu período de história escrita notamos que, apesar de
certas barreiras e entraves por parte dos mais fanatizados, tem sido um sistema
expansivo, ascendente, de conceitos. A adaptação progressiva da doutrina às
necessidades e conhecimentos dos tempos em transformação, cria em nós a não
certeza dos dogmas que só podem
existir em épocas determinadas. Muitos dogmas com a evolução dos tempos
desaparecem e nós, como seres pensantes que somos, temos o direito e até o
dever de nos debruçarmos sobre estas doutrinas e racionalmente tentarmos
conseguir uma resposta mais de acordo com as realidades da nossa época. Não
podemos aceitar de modo nenhum, como seres irracionais, doutrinas dogmáticas
que foram impostas numa dada época - muitas das vezes pela força e brutalidade
- sob certas condições, em que o nível evolutivo do homem era outro, mais atrasado,
e aberto a esse sistema de imposição da verdade.
Ainda hoje se verifica uma aceitação
ampla dessas doutrinas dogmáticas nas camadas mais baixas e ignorantes de um
povo, extremamente mergulhadas na superstição e crenças mais absurdas. Podemos
citar o caso de algumas organizações religiosas que, subsistindo há escassos
séculos, apregoam ser necessário a remissão de um pecado original por meio de
ritos e práticas perfeitamente mecanizadas e rotineiras e da necessidade de uma
absolvição final quando no acto da morte, para assim poderem ser recebidos no
Paraíso, reservado apenas para o ser humano, pois as outras almas menos
evoluídas não têm direito à salvação. Só o omnipotente ser humano, o senhor da
Terra, tem direito a tudo ... até tirar vidas por desporto.
Se uma loba ataca um rebanho para
alimentar as suas crias, é uma assassina... se o homem mata uma gazela meiga
para se distrair, é desporto, assim como era desporto praticar tiro ao alvo
contra pombos indefesos e é “espectáculo” torturar um touro numa arena. Há quem
defenda as “tradições”, mas também era “tradição” a escravatura e o
“espectáculo” das lutas de morte nas arenas, o que foi desmantelado com a
evolução dos princípios morais e éticos da humanidade.
Ora, há miríades de Almas criadas, ou
formadas, desde o início, como de uns dez mil anos para cá - apesar de sabermos
que o ser hominídeo (pré-humano)
existia à face da Terra há cem mil anos pelo menos, com provas - sendo deste
modo salvos apenas uma minoria. O resto será destinado às penas eternas, tendo
o demónio a parte de leão.
Dizem que Deus deseja a salvação de todos, que não lhe agrada a destruição
de ninguém, que é infinitamente bom e justo, e que deu para salvação da
humanidade o seu único filho (afinal os outros não são seus filhos)
mas este plano falha pela base. É como um navio que naufraga no oceano com
centenas de passageiros e só lhe enviem uma lancha para salvar dois ou três.
Combatem as diferenças de classes porque
os homens são todos irmãos e criados pelo mesmo Deus à sua semelhança, o que
muito nos espanta, pois nesta ordem de ideias não há evolução - pelo menos
física - estando o homem estacionário, o que não é verdadeiro.
Pelos estudos paleontológicos, é mais
do que sabido por todos, que o homem desde a sua origem vem sofrendo
transformações profundas, tanto físicas como espirituais, onde raças e tipos
com características simiescas evoluíram, como as de Muge e Wadjak, ou os
hominídeos Pitecantropídeos, Australopitecídeos e Neandertalóides, até ao ser
humano actual.
Se o ser humano foi concebido à
semelhança de Deus (no aspecto físico
como a gente comum entende e ainda, para mais, sabendo nós que Deus é essência
pura, Luz, Espírito), nós hoje seriamos completamente diferentes, tanto
física como mentalmente, desse Deus, porque evoluímos e nos aperfeiçoamos. Não
seria mais lógico sermos semelhantes a Deus só no fim da nossa evolução, depois
de adquirirmos a perfeição digna de um Deus?
Não! não acreditamos que um
Australopitecídeo, ou mesmo um Neandertalóide, mais macacos do que homens, com
uma vivência completamente animalesca, tenham sido criados à semelhança de
Deus. Acreditamos sim numa evolução contínua, progressiva, admitindo a hipótese
da coexistência de variadas formas duma mesma raça ou grupo de animais (talvez humanóides) em que se tenha
especulado sobre as semelhanças que possam ter existido entre um determinado
grupo indígena com outro mais evoluído ou completamente formado como o homem
actual.
Entrando num campo polémico, podemos
adiantar que o facto de se admitir a hipótese de uma evolução progressiva do
homem desde o estado simiesco até ao actual, não quer dizer que não se admita a
hipótese de existirem, a par desses seres, outros mais evoluídos e superiores,
os quais talvez expliquem certas crenças e afirmações - de determinadas
correntes de pensamento - sobre seres provenientes do exterior.
A Bíblia refere-se a Elohim, cuja tradução correcta é deuses, os quais também tinham um Senhor
- Adonai - e segundo o Génese 2:15, “O senhor dos Elohim instalou o homem no jardim do Éden, para o
cultivar e o guardar”, o que é absurdo, pois um Deus sobrenatural, que
criou a natureza, não devia precisar de homens para guardar o jardim.
Guardar contra quem?
São todos humanos, e cá ou lá sofrem
uma evolução, vindos de formas mais atrasadas.
Se admitirmos a existência desses
seres no nosso planeta, em paralelo com a evolução dos indígenas terráqueos,
talvez se explique o grande enigma da evolução do ser humano e suas crenças nos
deuses, pois segundo peritos investigadores os saltos na história da evolução não podem ser mera coincidência ou
acaso, sendo impossíveis numa evolução normal.
Em pleno século XIX ainda existiam
homens que, dez mil anos depois da "explosão inovadora" da
agricultura e da criação de gado, no médio oriente, viviam da caça e das colheitas
de sementes selvagens. A evolução natural pode
justificar a explosão inovadora de 6 000 a.C. no médio oriente, mas não pode justificar que uma raça tenha
passado do Paleolítico Superior à astronáutica na vintena de milénios
necessários a outras raças para atingirem a agricultura.
A raça que alcançou a astronáutica
terá beneficiado de “uma ajuda vinda do céu” como afirma a Tradição, ou será um produto mestiço ou descendente directamente
desses seres exteriores, enquanto as outras evoluíram "naturalmente",
o que quer dizer, com sábia lentidão?
Cientistas
que trabalhavam no projeto Human Genome (Projeto Genoma) ficaram
perplexos diante de uma descoberta: acreditam que 97% das chamadas
"sequências não-codificadas" do DNA humano correspondem a uma porção
de herança genética proveniente de formas de vida extraterrestre. As sequências
foram analisadas por programadores de computadores, matemáticos e outros
estudiosos. O Professor Chang concluiu que o "DNA-lixo" foi criado
por algum tipo de "programador alienígena".
Alguém
manipulou e "aperfeiçoou" a vida e a raça humana, fazendo de um
hominídeo primitivo, como o homo erectus o homo sapiens que
originou, já pela evolução, o atual homo sapiens sapiens.
Um dos argumentos em que se apoia essa ideia é a improbabilidade do surgimento
do homo sapiens de maneira súbita, um processo que fere os princípios do
Darwinismo ortodoxo. O homem contemporâneo lembra, em tudo, um ser híbrido, uma
combinação genética de material extraterrestre com a herança do homo erectus. (Scientists find Extraterrestrial genes in Human DNA por John Stokes)
Jean Sendy em L'ère du Verseau - Fin de l'
illusion humaniste, 1970, declara: “É perfeitamente
legítimo pensar que todos os terrenos teriam conseguido alcançar, pelos seus
próprios meios o estado astronáutico, se tivessem tido tempo, se tivessem
disposto de algumas dezenas (ou centenas) de milénios a partir do ‘talhe
solutreano do sílex’; A evolução que conduziu do primata à cosmonáutica pôde,
portanto, fazer-se, de forma perfeitamente natural, num sistema planetário de
onde seriam originários os primeiros civilizadores, que, vindos do céu,
pousaram sobre planetas menos evoluídos”.
Nos achados arqueológicos também
subsiste uma dúvida reveladora para nós, que é a classificação, ou localização
no tempo, do primeiro Homo Sapiens
por volta de 250 000 anos a.C., o qual é sem dúvida nenhuma superior ao Homem de Solo, Homem de Neandertal e Homem da Rodésia, que subsistiram
paralelamente e até em época mais recente. Ou seja, pela evolução normal e
natural estes deveriam ser mais evoluídos do que aquele.
Quem seria esse Homo Sapiens?
Certamente coexistiram civilizações de
afastamento como actualmente, em que uns Estados Unidos da América mandam
homens à Lua ao mesmo tempo que descobrem na Colômbia homens desconhecidos
ainda na idade da pedra lascada.
Se um arqueólogo do futuro - do ano 5
000, por exemplo - fizer escavações na actual Colômbia, ficará satisfeito por provar que o ser humano do século XX
vivia em plena idade da pedra. E se descobrir manifestações artísticas, desses
mesmos povos, exteriorizadas a seu modo, daquilo que viram nos seus
conquistadores e civilizadores de hoje, os quais aparecem com trajes estranhos
e brilhantes (nylon, cabedal, seda,
plástico), com máquinas maravilhosas (relógios,
carros, aviões), produzindo fogo do nada (fósforos, isqueiros) e comunicando com vozes vindas do céu (telefonia, emissores/receptores), e se
sentem orgulhosos por serem semelhantes a esses seres que consideram deuses,
então poderá afirmar que esse povo tinha a religião pagã com uma mitologia e
crenças absurdas. Esses povos adoravam deuses seus semelhantes, ou um Deus que
os criou à sua imagem, e uma legião de anjos, santos e outros que coadjuvavam
esses Deus (o chefe de uma equipa de
estudos).
A partir daí nascem as formas de
interpretação mais excêntricas das fontes históricas deixadas por esses seres
que pelo "hermetismo" da sua religião preferiam registar os seus
conhecimentos por meio de parábolas e cabalas quase indecifráveis...
E quando o ser humano não compreende,
enfronhando-se na superstição e medo de forças ocultas, inventa uma forma de
"escape" mais fácil e mais tranquilizadora: uma religião, ou ritual, para
ficar mais sossegado. O facto é que esses rituais, sem nada de sobrenatural e
baseado em crenças inofensivas, são deturpados com o tempo, surgindo dogmas
absurdos que finalmente serão o seu próprio sustentáculo. De uma forma sobre-humana de conhecimentos, naquela
época histórica, a religião deturpada transforma-os numa forma sobrenatural de conhecimentos, com todas
as suas implicações.
Mesmo os próprios credos e orações
rituais reflectem a época histórica da sua criação, dando a impressão de
"alguém" mais evoluído pretender impedir os pobres gentios de caírem
na adoração descontrolada e supersticiosa de toda a espécie de ídolos e
símbolos por não compreenderem o mundo circundante, criado e construído por
esse ser, ou seres mais evoluídos. Mas essa orientação, que cremos ser para
defesa dos indígenas, em tom violento e ditatorial não surtiu efeito, lançando
o homem noutra espécie de adoração, muito mais complexa e perigosa, abstracta,
que não compreende mas aceita, apesar de hoje verificar que muitos desses
conceitos, absolutamente necessários para a mentalidade evolutiva em que se encontrava,
estão ultrapassados e se mostram verdadeiramente ridículos para o nível
evolutivo actual.
Pela minha formação tradicional,
recorro consequentemente a exemplos que melhor conheço, neste caso dentro do
campo da Cristandade, pelo que vamos transcrever as três primeiras passagens de
Os Dez Mandamentos que eram
ministrados nas catequeses não há muito tempo:
1 - Não terás deuses
estrangeiros diante de mim.
2 - Não farás para ti imagens de escultura nem figura
alguma de tudo o que há em cima no céu, e do que há em baixo na terra, nem
coisa que haja nas águas debaixo da terra. Não as adorarás, nem lhes darás
culto; porque eu sou o Senhor Teu Deus, o
Deus forte e zeloso, que vinga a iniquidade dos pais nos filhos até à terceira
e quarta gerações daqueles que me aborrecem; e que usa da misericórdia até mil
gerações com aqueles que me amam, e que guardam os meus preceitos.
3 - Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque
o Senhor não terá por inocente aquele que tomar em vão o nome do Senhor seu
Deus. (Os negritos são
meus. R)
Podemos verificar nos negritos que
quem ditou, ou fez estas regras, tinha por preocupação primária impedir que os
seus servos o desautorizassem ou se desviassem para servirem outro senhor - que
certamente existia no mesmo pé de igualdade desse Deus, pois se assim não fosse
não se preocuparia em ordenar aos seus servos para o adorarem só a ele -
recorrendo à ameaça de castigos aterradores para alcançar os seus fins, como
aliás ainda hoje fazem, em certas zonas do globo, os senhores feudais e faziam
os nobres nas extensões europeias e asiáticas. Em suma: a necessidade de
manterem maior poderio pessoal, económico e político.
Ao lermos o Velho Testamento apercebemo-nos, sem grande esforço, da luta
travada entre um Deus que quer ser obedecido, mostrando-se umas vezes bom e
justo para o "povo escolhido" e outras vezes cruel e sanguinário por
represália, e um povo que acaba por trair inúmeras vezes esse mesmo Deus.
O melhor é ficarmos por aqui, pois
haveria muito mais para dizer e ocuparia muito tempo, e também correríamos o
risco de entrar numa polémica sem interlocutores válidos ou razões válidas,
pois como atrás referimos, na hipótese de um arqueólogo do século 50 vir fazer
escavações à Colômbia, surgiriam inúmeras formas de interpretação dos dados
históricos indo fatalmente cair num impasse e então se "criar", como
já se criou, interpretações esotéricas, cabalísticas, e muitas outras, só com o
fim de poderem explicar as teorias como desejam e querem os seus defensores
respectivos. Geralmente cai-se na afirmação de que um determinado povo deixou
as suas fontes históricas em código, ou qualquer outra forma hermética, não se
sabendo bem para quê ...
Existem
três formas de interpretar a Bíblia, e nenhuma delas é convergente.
Quanto à hipótese de terem existido
seres mais evoluídos e não restarem vestígios culturais ou mesmo nos próprios
traços genéticos dos seus descendentes pode explicar-se pelo progresso da mente
e evolução cultural. E além disso, temos de tomar em conta as barreiras que se
levantaram, e destruição sistemática de tudo que transmitisse saber.
Jacques Bergier numa das suas obras, Os Livros Malditos, após estudo feito acerca das destruições
sistemáticas de patrimónios culturais da humanidade, interroga-se se não
existirá uma conspiração permanente que visa impedir o saber humano de
desenvolver-se mais depressa. Diz Bergier que se encontram traços dessa
conspiração tanto na história da China ou da Índia, como na do ocidente.
A destruição da grande biblioteca de
Alexandria foi rematada pelos Árabes em 646 da era cristã. Mas essa destruição
foi precedida de outras, e o furor com que essa fantástica colecção do saber
foi aniquilada é particularmente significativo.
Em 1885, o escritor Saint-Yves
d'Alveydre recebeu uma ordem, sob pena de morte, de destruir a sua última obra Missão da Índia na Europa e Missão da Europa
na Ásia. A Questão dos Mahatmas e sua Solução. No entanto um exemplar
escapou à destruição e deu origem a uma impressão limitada em 1909, pelo editor
Dorbon. Em 1940, quando os alemães entraram em Paris destruíram todos os
exemplares reimpressos.
Em 1897, foi dada ordem para destruir
quatro manuscritos inéditos, do escritor Stanislas, que versavam sobre magia
negra, assim como todo o seu arquivo. Em 1933, os nazis queimaram na Alemanha,
além de outras obras consideradas subversivas, uma infinidade de exemplares do
livro sobre os Rosa Cruzes, Die
Rosenkreuzer, zur Geschichte Einer Reformation.
Enfim, muitas obras destruídas sem
motivo aparente pelos doutos senhores, detentores e portadores do conhecimento condicionado,
e teimoso, do ser humano escolhido por Deus para "dominar" todas as
outras espécies viventes do Universo.
Voltando atrás, e sobre a matéria que estávamos
a desenvolver sobre o espírito religioso do homem, os humanos - segundo algumas
doutrinas - irmãos entre si e filhos do mesmo Deus, têm os mesmos direitos, não
havendo distinções pois são todos iguais. No entanto descrevem o paraíso,
retractando-o alguns com o melhor da vida terrena, como mulheres, boa comida e
prazeres carnais, e outros com santos, anjos, guardas e uma legião de
hierarquias.
Em suma: segundo os ensinamentos da
Igreja de Roma, que se intitula a Igreja de Cristo, numa possível vida eterna
junto de Deus, após o julgamento final (qual
o pai que julga os filhos e os condena?), há os privilegiados, o filho predilecto à sua direita, e os outros,
não contando os que tiveram pior sorte e em maior número que foram para o
Inferno sofrer uma pena eterna. Aquele que procedeu mal, foi cruel, assassino,
e teve a sorte de ser assistido na hora da morte, e se arrependeu, é perdoado e
aceite no Paraíso, após passagem pelo Purgatório, não falando naqueles que
"compravam" a absolvição com metal sonante. Aqueles que sempre foram
virtuosos, só com algumas culpas próprias da fraqueza humana (ninguém é perfeito), mais devaneios do
que verdadeiros pecados, e não foram assistidos na hora da morte, não conseguem
a absolvição e seguem para o Inferno.
Pelas descrições da vida eterna no
Paraíso inventado pelas religiões, nota-se a diferença de classes que
contrariam a lógica e bom senso. Seria muito mais lógico e "humano"
um círculo evolutivo onde todos teriam as mesmas oportunidades e direito ao
paraíso. Os que melhor procedessem, por mérito próprio, alcançariam mais cedo
esse objectivo. Os outros chegariam mais tarde, mas chegariam. Pois não há pai nenhum que não queira dar outra
oportunidade a um filho.
A mente lógica não compreende
facilmente como um Deus "justo e amoroso" pode exigir as mesmas
virtudes aos milhares de seres que ele mesmo colocou debaixo de diferentes
condições. Uns vivem luxuosamente e outros têm de roer o duro pão da miséria.
Uns possuem boa educação moral e ambiente de elevados ideais, outros são
colocados em ambientes degradados e ensinados a mentir e a roubar para
sobreviverem.
Porquê isto, onde há privilegiados e
sofredores que no fim serão julgados pela mesma bitola? Porque não tiveram todas
as mesmas oportunidades e os mesmos ambientes?
Não podemos compreender nem aceitar
esta disparidade, onde se conclui, logicamente, serem salvos apenas uma
minoria.
Podemos dizer como Buda: “Se Deus permite tais misérias, não pode
ser bom, e se Ele não tem o poder de impedi-las, não é Deus”.
Não podemos concordar com tais
doutrinas de religiões que julgando trilhar o caminho certo não admitem outro,
porque sabemos que portamos a centelha do espírito universal, a qual, depois de
valorizada pela sua evolução, há-de retornar a Ele. Só assim compreendemos uma
igualdade justa, em que todos os seres estão irmanados, e não haja categorias
hierárquicas junto do Ente Divino, criado pelo homem à sua imagem.
Já Huxley, nos Ensaios de um Biologista, afirmava: “A fé humana desenvolveu-se do Espírito para os espíritos, depois dos
espíritos para os deuses e dos deuses para Deus”.
Todos os seres sofrem esta evolução
encontrando-se o homem adiantado - em relação aos outros seres existentes no
seu mundo conhecido - e como todas as formas da matéria se encontram em
transição, não estando estacionárias, o ser humano continua a sua evolução e
certamente surgirá um ser mais avançado tanto biológica como intelectualmente.
Será uma evolução lenta ou por saltos - mutações - que criarão um ser ainda
mais avançado. É como a larva com o seu mundo limitado pelo tronco da árvore
onde vive, pensando apenas na sobrevivência e na folha mais suculenta a atacar,
e num dado momento isola-se e surge como uma borboleta, abrangendo um mundo
maior, neste caso o campo circunvizinho com a árvore onde se formou. Deve ser
um choque grande para este pequeno ser com um mundo conhecido e dum momento
para o outro descobrir outro mundo maior e cheio de beleza.
Estamos dentro dos limites do
conhecimento da realidade formada e compreendida pelo Homem, não custando a
acreditar que possa haver outra forma de conhecimento fora dos nossos limites
da imaginação, do nosso Universo, da nossa realidade.
Podemos concluir, talvez, que se trata
de uma experiência do espírito universal para adquirir mais conhecimentos em
campos diferentes e inimagináveis por nós.
Como os seres têm em si o espírito universal,
também possuem faculdades criadoras tanto no campo material em que se
reproduzem e multiplicam, começando nos seres menos complexos até ao humano,
como no campo espiritual ou mental em que criam condições propícias para a Alma
se valorizar e acumular mais conhecimentos e experiências favoráveis à sua
evolução, até à identificação total, o que irá valorizar consequentemente o
espírito universal com a adição de novos conhecimentos. Tudo sucede como no
planeamento de uma novela, onde o escritor imagina um certo fim mas não sabe
como serão os pormenores do enredo. Surge-lhe a ideia e começa a escrever,
seguindo o correr a pena, enredando-se cada vez mais por capítulos não
premeditados (muitas das vezes
inspirando-se nos factos que vai observando no dia a dia) até chegar ao fim
determinado.
Frisemos que a princípio o escritor
deu uma orientação, ou melhor, traçou um plano com um objectivo a que procura
não fugir. Os pormenores da história, ou matéria acessória, são ao acaso,
conforme as situações de momento, só intervindo com alterações premeditadas se
o tema começar a divergir muito do objectivo traçado de início, dando o
equilíbrio e harmonia desejadas à novela. Os pequenos pormenores - pequenos
quando integrados na globalidade da obra que pretende, e muito grandes quando
isolados - não interessam desde que não desequilibrem o conjunto.
Ao chegar ao fim da obra respira
aliviado e satisfeito porque adquiriu nova experiência, valorizando-se com
novos conceitos e novas formas.
O espírito universal ao criar o mundo,
o nosso Universo, teria agido assim? Será mais uma experiência em que se
valorizará pelos novos conceitos desenvolvidos e encontrados durante a
evolução?
É absurdo raciocinarmos nestes termos,
e incompreensível, mas podemos supor que o espírito universal cria, ou melhor,
força situações para uma valorização cada vez mais completa, mais rica,
originando um Universo, ou Universos, para as suas experiências. Podemos supor
também que o mundo é uma aberração, criado para satisfação da sua curiosidade.
Podemos imaginar, para uma comparação
simples, o mundo das formigas.
Todos sabem como as formigas vivem em
comunidade com as suas características próprias devido ao ambiente em que estão
inseridas e a que se habituaram. Um cientista, portanto um indivíduo com vastos
conhecimentos e que pode passar por um Deus nas tribos mais atrasadas da Terra,
que não imaginam o avanço da tecnologia, pode querer satisfazer a sua
curiosidade alterando o modo de vida de algumas formigas criando,
artificialmente, outras condições de vida. Pode interferir no clima, criando
uma zona completamente controlada, com ciclos diferentes, gravidade alterada,
com emissões de raios ultravioletas, raios gama, X, etc. Enfim, um cientista
pode alterar completamente o Universo da formiga e satisfazer a sua curiosidade
de investigador, observando os resultados do novo ciclo evolutivo desses seres,
em condições completamente diferentes das habituais.
E isto não quer dizer que não existam
outros grupos de formigas, a poucos passos de distância, com outras condições,
também, de vida.
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