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segunda-feira, 1 de maio de 2017


NORUEGA – Um exemplo a seguir

Ao rever os meus apontamentos, que tenho em “espera”, encontrei este muito interessante que nos dá uma ideia por que razão estes povos nórdicos vivem bem e, consequentemente, olham para Portugal como um país de corruptos e preguiçosos que não merecem ajuda.

Estando eles a terem uma vida organizada, austera, mas em que não lhes falta nada, sem luxos e sem ser necessário explorar os mais fracos, para depois desbaratarem os seus rendimentos para sustentar povos desorganizados e corruptos não lhes interessa.

A verdadeira social-democracia dá resultado no norte da Europa. Porque não acontece o mesmo com Portugal?

O mal não está na ideologia, mas no sistema corrupto que foi montado por uma minoria que tem sugado o país, e tenciona continuar a fazê-lo, quer sejam do PSD, CDS ou PS, se o povo não acordar e reagir.


Na Noruega, o horário de trabalho começa cedo (às 8 horas) e acaba cedo (às 15.30). As mães e os pais noruegueses têm uma parte significativa dos seus dias para serem pais, para proporcionar aos filhos algo mais do que um serão de televisão ou videojogos. Têm um ano de licença de maternidade e nunca ouviram falar de despedimentos por gravidez.

A riqueza que produzem nos seus trabalhos garante-lhes o maior nível salarial da Europa. Que é também, desculpem-me os menos sensíveis ao argumento, o mais igualitário. Apesar de serem produtores de petróleo, só extraem anualmente quantidades mínimas para compensar alguns custos sociais, tendo a preocupação estratégica de preservar as suas reservas de petróleo para que a muito longo prazo as gerações futuras também dele possam vir a beneficiar.

Todos descontam um IRS limpo e transparente que não é depois desbaratado em rotundas e estatuária kitsh, nem em autoestradas (só têm 200 quilómetros dessas «alavancas de progresso»), nem em Expos "da especulação imobiliária" mas deficitária para o Estado, nem Euros-futebolísticos.

É tempo de os empresários e os portugueses em geral constatarem que, na Noruega, a fuga ao fisco não é uma «vantagem competitiva». Ali, o cruzamento de dados «devassa» as contas bancárias, as apólices de seguros, as propriedades móveis e imóveis e as «ofertas» de património a familiares que, em Portugal, país de gentes inventivas, garantem anonimato aos crimes e «confundem» os poucos olhos que se dedicam ao combate à fraude económica. Em Portugal existem propriedades enormes (quintas, herdades, lotes de terrenos) com luxuosas moradias e/ou palácios, repletos de riquezas, que pagam de IMI o mesmo que paga um T3 no Cacém. Na Noruega isto era impossível de acontecer, não por serem comunistas, bloquistas ou outra coisa qualquer, mas simplesmente por serem sociais-democratas, mas não neoliberais.

Mais do que os costumeiros «bons negócios», deviam os portugueses pôr os olhos naquilo que a Noruega tem para nos ensinar. E, já agora, os políticos. Numa crónica inspirada, o correspondente da TSF naquele país, afiança que os ministros não se medem pelas gravatas, nem pela alta cilindrada das suas frotas. Pelo contrário, andam de metro, e não se ofendem quando os tratam por tu. Aqui, em Portugal, nesta terra de parolos e novos-ricos nascidos e multiplicados pela corrupção e outras vigarices pequenas, grandes e colossais, cada Ministério faz uso de dezenas de carros topos de gama, com vidros fumados para não dar lastro às ideias de transparência dos cidadãos. Os ministros portugueses fazem-se preceder de batedores motorizados, poluem o ambiente, dão maus exemplos e gastam a rodos o dinheiro que escasseia para assuntos verdadeiramente importantes.

 
Mais: os noruegueses sabem que não se «projeta o nome do país» com despesismos faraónicos, basta ser-se sensato e fazer da gestão das contas públicas um exercício de ética e responsabilidade. Arafat e Rabin assinaram um tratado de paz em Oslo. E, que se saiba, não foi preciso desbaratarem milhões de euros para que o nome da capital norueguesa corresse mundo por uma boa causa. Até os clubes de futebol noruegueses, que pedem meças aos seus congéneres lusos em competições internacionais, nunca precisaram de pagar aos seus jogadores 400 salários mínimos por mês para que estes joguem à bola.

Nas gélidas terras dos vikings conheci empresários portugueses que ali montaram negócios florescentes. Um deles, isolado numa ilha acima do círculo polar Ártico, deixava elogios rasgados à «social-democracia nórdica». Ao tempo para viver e à segurança social. Ali, naquele país, também há patos-bravos. Mas para os vermos precisamos de apontar binóculos para o céu. Não andam de jipe e óculos escuros. Não clamam por messias nem por prebendas. Não se queixam do «excessivo peso do Estado», para depois exigirem isenções e subsídios, fazerem negócios fabulosos com o Estado onde este sai sempre lesado, e que o Estado (os contribuintes) entrem com somas astronómicas, em condições muito favoráveis, para ajudar a "capitalizar" os Bancos privados que, durante décadas acumularam lucros fabulosos e que sempre tiveram um regime tributário escandalosamente favorável.

É tempo de aprendermos que os bárbaros somos nós. Seria meio caminho andado para nos civilizarmos.

 
Nota: Apresento as minhas desculpas ao autor deste texto, que aqui não menciono porque quando o gravei, já há alguns anos, por falta de prática e de hábito cometi o erro de não apontar a fonte. Nunca pensei enviar este texto para quem quer que fosse, porque a ideia era apenas gravar e encadernar apontamentos úteis para eu ir relendo de vez em quando e estar a saber o que se passa pelo mundo.
 
R.

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