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quarta-feira, 19 de abril de 2017


COMO O HOMEM DETURPA TUDO

Sobre as minhas mensagens anteriores, quero salientar mais uma vez de que não pretendo converter quem quer que seja. Estou absolutamente ciente que Deus endureceu o coração a quem não quer ver, escutar ou sentir.

Ao recorrer à Bíblia faço-o não como um objeto de culto mas sim como um conjunto muito completo de normas de comportamento, cuja finalidade na sua coletânea era o de dar impulso para o aparecimento de uma sociedade mais avançada que se destacasse das comunidades tribais que pareciam não conseguirem sair da barbárie.

O Velho Testamento não é mais do que o repositório desses ensinamentos sobre a constituição de uma nação, com normas de higiene, de convívio, de governação, e de todos os requisitos necessários para a sobrevivência “civilizada” de uma comunidade.

Aquele “povo escolhido”, não por serem os mais inteligentes ou espertos mas por viverem precisamente no local onde se cruzavam, na época, todos os nómadas e migrantes do mundo conhecido, um ponto de passagem muito importante e indicado para espalhar com rapidez qualquer doutrina, iriam servir de exemplo para todos os outros povos limítrofes e povos que com eles contatassem.

O mal de tudo, que estabeleceu a confusão, é que esse “povo escolhido”, um aglomerado de tribos que se digladiavam entre eles sem terem “ainda” o espírito de união desejado, misturaram a sua história bélica, para a formação de uma nação, com as revelações divinas, vindas do Criador, criando uma amalgama que com o decorrer do tempo consideraram como o texto sagrado, a palavra do Senhor, a palavra do “seu” deus da raça, para se imporem sobre todos os povos.

Em toda a sua história, esse “povo escolhido, os Hebreus, conseguiram fazer a simbiose entre o ensinamento de cariz religioso, as tais normas de convívio para uma verdadeira sociedade e início da uma civilização humana, com a sua história particular, tribal, e de conquista para a formação de uma nação com a união das tribos daquela região. Os Palestinianos de hoje faziam parte dessa união e a história deturpada pelo homem conseguiu transformar esses “primos” como os maiores inimigos na região.

O Novo Testamento é que é o verdadeiro texto para a orientação da espiritualização do ser humano, liberto das correntes do materialismo, que podemos considerar como o repositório da formação religiosa de um povo. A revelação dos objetivos de Deus Pai para a humanidade. Objetivos esses que já foram revelados noutras ocasiões da história humana que, pelos vistos, são relembrados periodicamente, visto os seres humanos se desviarem e deturparem normalmente a doutrina que lhes é revelada.

Na formação e institucionalização das “igrejas” que passam a ser controladas por castas de sacerdotes, essa doutrina é adaptada lentamente para satisfação dos seus interesses e perpetuação da casta que se sobrepõem aos interesses genuinamente espirituais, motivo porque Deus teve, e terá, de intervir diretamente para a sua correção.

Alguns exemplos simples: Naqueles tempos recuados, os humanos consumiam carne e tudo aquilo que não era consumido na altura, como as vísceras, peles, cascos, tendões, etc., eram deixados ao abandono em céu aberto. Esta falta de higiene provocava epidemias constantes.

Os livros da Bíblia, ensinavam, entre outras, normas de higiene, como queimar esses restos em locais adequados que, pela superstição desses povos atrasados e interesse dos sacerdotes eram classificados como altares e para melhor convencerem o povo ignorante, lhes era comunicado que Deus “adorava” o cheiro da gordura e da carme queimada. Transformaram esse cuidado higiénico, num ritual de “sacrifício”, fazendo que os Homens o passassem a praticar como hábito de adoração a Deus, esquecendo-se da verdadeira finalidade do ato.

Os sacerdotes convenceram os humanos a fazerem oferendas ao “templo” para sacrifício diário.

Afinal o que é que acontecia; a casta sacerdotal consumia toda essa carne (eles e familiares, no interior dos templos) e uma parte era queimada publicamente, após um ritual encenado para satisfação do povo crente.

Todas as normas eram ritualizadas para não perderem o controlo sobre o público ignorante. E os excessos foram tantos, como sempre acontece nestas organizações, que o culto descambou até, em alguns meios, para o sacrifício humano para conseguirem melhores benesses de Deus, ou deuses que foram criando para aumentar a procura dos crentes por benesses variadas. Criou-se um deus para cada especialidade e a humanidade, mais uma vez, a precipitar-se no abismo.

No Livro da Bíblia Levítico podemos apreciar o cap. 11 sobre animais puros e impuros, não no sentido religioso mas na escolha daqueles que podem ser comidos sem causarem problemas de saúde; o cap. 12 que fala sobre a purificação depois do parto e como proceder para evitar complicações. Mais à frente compreende-se a necessidade da introdução mística de rituais, único modo de fazer com que a população aceitasse, sem hesitar, estas normas rígidas. Ainda hoje são necessárias Leis, com a sua força, para “obrigar” os cidadãos a cumprirem certos procedimentos.

No cap. 13 do mesmo Livro, aborda-se as doenças de pele, com recomendações para o seu tratamento, como proceder para que os doentes sejam identificados e não transmitam a doença, o tratamento das roupas e a limpeza das casas para erradicar os germes. O cap. 15 é sobre as impurezas sexuais, com ensinamentos para impedir a transmissão de doenças venéreas. O cap. 18 é sobre as uniões proibidas.

Enfim, em todo o Velho Testamento se encontram as instruções precisas como se exercer o poder político, a diplomacia, a divisão de terras, leis agrárias, leis civis, leis sobre heranças, procedimentos quanto a sucessões, etc., etc. É como que o princípio Constitucional que as comunidades humanas deviam adotar.

Mas todas as “igrejas” passaram a ter apenas cerimónias ritualizadas em que os “crentes” executam tudo por hábito sem consciencializarem o que estão a fazer no momento. É uma fé, sem fé genuína, porque o ser humano nesses templos de culto não está a comungar com Deus, mas a seguir um ritual em que se repetem litanias mecanicamente e não “escutam” sequer, a palavra de Deus,

Isto não é ser religioso. É ser um “robot” que participa numa cerimónia ritualizada, sem “alma”, conduzida por sacerdotes que não explicam, nem se dão a esse trabalho, a verdadeira mensagem da Bíblia, onde vem a palavra de Deus.

Leem umas passagens e não explicam o seu significado, principalmente nas igrejas católicas.

Na Bíblia está a mensagem. Só é preciso lê-la com atenção e separar o que é de âmbito religioso, profundo, da história dos Hebreus que se apoderaram dos textos sagrados para sagrarem a sua história. Será que os Judeus, descendentes, desse povo estão a pagar esse pecado de se apoderarem da mensagem de Deus para toda a humanidade como sendo propriedade sua?

O que interessa é tirar essa carga negativa que se foi acumulando sobre a Bíblia Sagrada que, por interesse dos que pretendem destruir a civilização, foi até considerado um livro maldito e proibido de ser lido pelos homens comuns. Só os que se intitulavam como representantes de Deus na Terra é que o podiam ler, e mesmo assim só a hierarquia mais elevada é que tinha essa permissão. Quando da loucura da Inquisição, a legalização do genocídio e assassinato em nome de Deus, muitos homens e mulheres foram queimados nas fogueiras só porque sabiam ler e leram a Bíblia.

Todas as Leis avançadas sobre os direitos humanos, que muitas Nações ostentam com orgulho nas suas Constituições, vêm na Bíblia. Está lá tudo. Por isso, não é demais, deitar preconceitos para atrás das costas e tentar lê-la com atenção e descobrir o de bom que ela tem. Muita matéria foi introduzida por humanos, principalmente pelo “povo escolhido” que acrescentou a sua história pessoal, bélica, à semelhança de todas as Nações modernas. Já repararam que quando estudamos a História de um país, 90% da matéria é sobre o seu percurso bélico e militar?

Foi isso que os escribas Hebreus “acrescentaram” ao livro sagrado para o ocidente.

R.

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