EM NOME DA CIÊNCIA
Texto de Cidoval
Morais de Sousa jornalista, professor de Sociologia da
Universidade de Taubaté, doutorando pelo Instituto de Geociências da Unicamp e
director académico da ABJC (Associação Brasileira de Jornalismo Científico).
(Tradução minha para português de
Portugal, sem adopção às regras do acordo ortográfico de 1990, e sem alterar o
sentido do texto original.R)
"Sempre soube que a
Ciência tem múltiplas faces, como quase tudo neste mundo. No entanto, nunca me
preocupei em investigar, mesmo como jornalista, o universo obscuro das experiências
científicas, particularmente aquele que contempla o uso de cobaias humanas,
voluntárias ou involuntárias, e que envolve dor, sofrimento, ambições, e,
sobretudo, atentados à ética, altas somas investidas pela indústria
farmacêutica, e cujos resultados nem sempre “compensam” os danos causados à
vida.
O livro Cobaias Humanas, de Andrew
Goliszek, um biólogo, especialista em pesquisa biomédica e professor de
biologia da Universidade Estadual A&T, da Carolina do Norte, traz informações,
até bem pouco tempo secretas, sobre experiências com cobaias humanas realizadas
nos últimos 50 anos, nos Estados Unidos e no mundo.
Não dá para fazer uma
resenha neste espaço, mas, para os curiosos, é importante destacar que o autor
documenta pesquisas com armas químicas, experiências de radiação, programas da
CIA de modificação do comportamento e controle da mente, esforços
inescrupulosos de testar produtos inócuos para promover empresas, descreve a origem
sinistra de programas eugénicos, expõe a agenda dos EUA de controlar a
indústria farmacêutica e a assistência médica global e analisa os avanços na
área de engenharia genética.
Para cada uma dessas
investidas da ciência, o autor denuncia dezenas de experiências, que resultaram
em mortes, mutações genéticas, amputações, aberrações sinistras, e, com farta
documentação, prova que, nem sempre, o desenvolvimento da ciência se fez
acompanhar de uma compreensão mais ética da vida e do mundo. Por traz de cada
experiência está não apenas a busca de prestígio e reconhecimento académico, mas, principalmente, a mão invisível do
mercado a querer tirar proveito das desgraças humanas.
Não é um livro de ficção,
mas, pela sua minúcia, aproxima de nós narrativas como a de Huxley, em Admirável Mundo Novo, em
que indivíduos de todas as castas recebiam uma droga chamada soma para garantir que ninguém nunca
tivesse dor, nem se sentisse infeliz. Desde o momento da fertilização do óvulo
ele é condicionado a tornar-se parte da Utopia.
A sociedade é governada pela Ciência e pela Tecnologia. Os bebés são produzidos
em massa, sem espaço para a vida familiar, sentimentos ou emoções. Algo
parecido, também, com Inteligência Artificial.
Também nos aproxima de H. G,
Wells, com a sua Ilha do Dr.
Moreau, que muitos se devem lembrar, mais pelo filme do que pelo
livro, onde o náufrago Edward Prendick tropeça em criaturas monstruosas –
metade homem, metade animal -, “brinquedos” de um médico sem pudor, que não
pensa duas vezes ao afirmar que “o estudo da natureza torna um homem finalmente
tão sem remorsos quanto a natureza”. O tema foi repetido, mais recentemente,
por Michael Crichton, em Parque
dos Dinossauros (Mundo Jurássico, em Portugal), que também só veio a público pelas mãos mágicas
de Spielberg.
Goliszek afirma que com os
avanços na medicina e no DNA recombinante e com a conclusão do Projecto Genoma
Humano, estamos à beira de descobertas que, alguns temem, tornarão real a
ameaça de controlo populacional, guerra eugénica, limpeza étnica ou algo muito
pior. Segundo ele, o admirável
mundo novo de Huxley e a ilha
vulcânica de Wells já não são ficção. A genética molecular tem sido
responsável, nos últimos anos, segundo o autor, pelas experiências mais
assombrosas, que tem tornado possível a clonagem, inclusive de seres humanos.
Aquilo que antes
considerávamos impossíveis, diz ele, agora são trivialidades. E a menos que
consideremos as consequências da pesquisa futura sem limites, o nosso ímpeto
pela descoberta científica poderá muito bem levar-nos até o nosso próprio Parque dos Dinossauros. A
melhor maneira de garantir que tal facto não aconteça, explica, é expor a
verdade e aprender com o passado.
E agora…
OBS minha:
A evolução do Homem na Terra é precisamente para aprender a dominar a matéria,
em todos os seus campos científicos e práticos. A parceria corpo/espírito
contribui para o aperfeiçoamento da Alma, nas suas duas componentes, a
consciência que tudo abarca e mantém o registo eterno do conhecimento e o
intelecto com a criação e desenvolvimento do cérebro que regista e funciona
apenas no mundo material. O Corpo Físico com o seu cérebro desenvolvido
desenvolve o conhecimento no mundo material até o conseguir dominar e
manipular. Só depois passará para a fase da evolução por outras dimensões, por
mundos cada vez mais espiritualizados, até a matéria ficar para trás. Na fase
actual, o Homem com o seu conhecimento mais avançado, intelectual apenas, que
por arrogância não procura o desenvolvimento espiritual para um trabalho
harmonioso, já está a entrar num campo em que pretende criar Vida, o que lhe
está vedado, entrando por campos aberrantes e descontrolados.
Enquanto o
Homem não respeitar todos os outros seres vivos a sua pretensão não se
realizará porque para criar Vida é preciso primeiro saber respeitá-la. A mera
multiplicação de seres vivos, por clonagem, não significa estar a criar Vida. É
um campo completamente desconhecido e imprevisível e, quando abusa, a Natureza,
a Força Divina, reage assim como o nosso corpo físico reage quando é invadido
por alguma ameaça vinda do exterior criando anticorpos. Se não tiver anticorpos
suficientes o intelecto funciona para criar algum anticorpo necessário.
Estamos a
atravessar aquela fase muito perigosa em que julgamos ser auto-suficientes e
nos queremos comparar com Deus. E isso pode provocar, mais uma vez, a eliminação
de uma vaga evolutiva.
Esta
pandemia que nos atinge presentemente, é a prova da falta de respeito do Homem
pela Vida e está a receber uma lição sobre a sua fragilidade neste mundo
recheado por tantas formas de vida, muitas delas desconhecidas, que o Homem na
sua loucura tem dizimado como um parasita insaciável. Esta vaga de destruição
do Planeta tem de acabar, porque o Planeta Terra, e as suas formas de vida, vão
reagir ainda com mais violência.
Devíamos
reconhecer os exemplos da História passada e tentar viver em harmonia na nossa
casa, este Planeta isolado no espaço infindo. R
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