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quinta-feira, 28 de maio de 2020


EM NOME DA CIÊNCIA

 

Texto de Cidoval Morais de Sousa jornalista, professor de Sociologia da Universidade de Taubaté, doutorando pelo Instituto de Geociências da Unicamp e director académico da ABJC (Associação Brasileira de Jornalismo Científico).

(Tradução minha para português de Portugal, sem adopção às regras do acordo ortográfico de 1990, e sem alterar o sentido do texto original.R)

 

"Sempre soube que a Ciência tem múltiplas faces, como quase tudo neste mundo. No entanto, nunca me preocupei em investigar, mesmo como jornalista, o universo obscuro das experiências científicas, particularmente aquele que contempla o uso de cobaias humanas, voluntárias ou involuntárias, e que envolve dor, sofrimento, ambições, e, sobretudo, atentados à ética, altas somas investidas pela indústria farmacêutica, e cujos resultados nem sempre “compensam” os danos causados à vida.



O livro Cobaias Humanas, de Andrew Goliszek, um biólogo, especialista em pesquisa biomédica e professor de biologia da Universidade Estadual A&T, da Carolina do Norte, traz informações, até bem pouco tempo secretas, sobre experiências com cobaias humanas realizadas nos últimos 50 anos, nos Estados Unidos e no mundo.

Não dá para fazer uma resenha neste espaço, mas, para os curiosos, é importante destacar que o autor documenta pesquisas com armas químicas, experiências de radiação, programas da CIA de modificação do comportamento e controle da mente, esforços inescrupulosos de testar produtos inócuos para promover empresas, descreve a origem sinistra de programas eugénicos, expõe a agenda dos EUA de controlar a indústria farmacêutica e a assistência médica global e analisa os avanços na área de engenharia genética.



Para cada uma dessas investidas da ciência, o autor denuncia dezenas de experiências, que resultaram em mortes, mutações genéticas, amputações, aberrações sinistras, e, com farta documentação, prova que, nem sempre, o desenvolvimento da ciência se fez acompanhar de uma compreensão mais ética da vida e do mundo. Por traz de cada experiência está não apenas a busca de prestígio e reconhecimento académico, mas, principalmente, a mão invisível do mercado a querer tirar proveito das desgraças humanas.

Não é um livro de ficção, mas, pela sua minúcia, aproxima de nós narrativas como a de Huxley, em Admirável Mundo Novo, em que indivíduos de todas as castas recebiam uma droga chamada soma para garantir que ninguém nunca tivesse dor, nem se sentisse infeliz. Desde o momento da fertilização do óvulo ele é condicionado a tornar-se parte da Utopia. A sociedade é governada pela Ciência e pela Tecnologia. Os bebés são produzidos em massa, sem espaço para a vida familiar, sentimentos ou emoções. Algo parecido, também, com Inteligência Artificial.

Também nos aproxima de H. G, Wells, com a sua Ilha do Dr. Moreau, que muitos se devem lembrar, mais pelo filme do que pelo livro, onde o náufrago Edward Prendick tropeça em criaturas monstruosas – metade homem, metade animal -, “brinquedos” de um médico sem pudor, que não pensa duas vezes ao afirmar que “o estudo da natureza torna um homem finalmente tão sem remorsos quanto a natureza”. O tema foi repetido, mais recentemente, por Michael Crichton, em Parque dos Dinossauros (Mundo Jurássico, em Portugal), que também só veio a público pelas mãos mágicas de Spielberg.

Goliszek afirma que com os avanços na medicina e no DNA recombinante e com a conclusão do Projecto Genoma Humano, estamos à beira de descobertas que, alguns temem, tornarão real a ameaça de controlo populacional, guerra eugénica, limpeza étnica ou algo muito pior. Segundo ele, o admirável mundo novo de Huxley e a ilha vulcânica de Wells já não são ficção. A genética molecular tem sido responsável, nos últimos anos, segundo o autor, pelas experiências mais assombrosas, que tem tornado possível a clonagem, inclusive de seres humanos.



Aquilo que antes considerávamos impossíveis, diz ele, agora são trivialidades. E a menos que consideremos as consequências da pesquisa futura sem limites, o nosso ímpeto pela descoberta científica poderá muito bem levar-nos até o nosso próprio Parque dos Dinossauros. A melhor maneira de garantir que tal facto não aconteça, explica, é expor a verdade e aprender com o passado.

E agora…

OBS minha: A evolução do Homem na Terra é precisamente para aprender a dominar a matéria, em todos os seus campos científicos e práticos. A parceria corpo/espírito contribui para o aperfeiçoamento da Alma, nas suas duas componentes, a consciência que tudo abarca e mantém o registo eterno do conhecimento e o intelecto com a criação e desenvolvimento do cérebro que regista e funciona apenas no mundo material. O Corpo Físico com o seu cérebro desenvolvido desenvolve o conhecimento no mundo material até o conseguir dominar e manipular. Só depois passará para a fase da evolução por outras dimensões, por mundos cada vez mais espiritualizados, até a matéria ficar para trás. Na fase actual, o Homem com o seu conhecimento mais avançado, intelectual apenas, que por arrogância não procura o desenvolvimento espiritual para um trabalho harmonioso, já está a entrar num campo em que pretende criar Vida, o que lhe está vedado, entrando por campos aberrantes e descontrolados.

Enquanto o Homem não respeitar todos os outros seres vivos a sua pretensão não se realizará porque para criar Vida é preciso primeiro saber respeitá-la. A mera multiplicação de seres vivos, por clonagem, não significa estar a criar Vida. É um campo completamente desconhecido e imprevisível e, quando abusa, a Natureza, a Força Divina, reage assim como o nosso corpo físico reage quando é invadido por alguma ameaça vinda do exterior criando anticorpos. Se não tiver anticorpos suficientes o intelecto funciona para criar algum anticorpo necessário.

Estamos a atravessar aquela fase muito perigosa em que julgamos ser auto-suficientes e nos queremos comparar com Deus. E isso pode provocar, mais uma vez, a eliminação de uma vaga evolutiva.

Esta pandemia que nos atinge presentemente, é a prova da falta de respeito do Homem pela Vida e está a receber uma lição sobre a sua fragilidade neste mundo recheado por tantas formas de vida, muitas delas desconhecidas, que o Homem na sua loucura tem dizimado como um parasita insaciável. Esta vaga de destruição do Planeta tem de acabar, porque o Planeta Terra, e as suas formas de vida, vão reagir ainda com mais violência.

Devíamos reconhecer os exemplos da História passada e tentar viver em harmonia na nossa casa, este Planeta isolado no espaço infindo. R

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