CORRUPÇÃO NA MEDICINA MODERNA
Por: Allan S. Levin
Médicos honestos são pressionados pelos
grandes laboratórios interessados em lucro e não em saúde
(Tradução minha para português de Portugal, sem adopção às regras do acordo ortográfico de 1990, e
sem alterar o sentido do texto original.
Apresento aqui uma versão leve com algumas imagens da Net para o texto não
ficar tão condensado e ficar ao alcance de todos. R)
O Sr. J. é advogado em São
Francisco e a Sra. J. é auditora com um escritório próspero em Santa Clara. Têm
três filhos, o mais velho com seis anos e o mais novo com onze meses. Como não
eram pais inexperientes e histéricos, não ficaram muito preocupados com a
diarreia crónica do filho mais novo, até que ela se manteve por mais de seis
meses. Procuraram o melhor pediatra das redondezas e ficaram felizes quando
conseguiram que o filho fosse examinado pelo professor catedrático da
Universidade de Stanford, um médico experiente e muito respeitado, com pouco
mais de cinquenta anos e que falava com autoridade. Ele fez o histórico e um
exame físico e disse para a Sra. J.: "Olha,
querida, o Jimmy está muito bem. A diarreia dele é funcional. Incomoda-a mais a
si do que a ele. Ele só precisa de um pouco de Kaomagna e você só precisa de alguns comprimidos de Valium". A Sra. J. ficou ressentida com o modo condescendente do professor
e, mais do que isso, não se sentiu bem com o diagnóstico dele. Por intermédio
de um amigo, descobriu um médico dedicado ao estudo de doenças causadas por
alimentos, pelos factores ambientais, além de bactérias e vírus. Este tipo de
médico costuma receitar menos medicamentos e, frequentemente, prescreve
mudanças alimentares e ambientais em vez de medicamentos. Ele disse: "Sra. J., pode ser que seu filho seja
alérgico ao leite de vaca. Vamos experimentar um simples controlo alimentar por
algumas semanas e veremos o que acontece". Dito e feito: dois dias após a suspensão do leite, as fezes do
pequeno Jimmy ficaram normais.
A Sra. J. ficou uma fera. Ela veio ter comigo e gritou: "Será que o Dr. da Universidade de Stanford não sabe nada a respeito de alergia a leite?" A minha resposta foi: "Só posso imaginar duas razões por que o doutor não levou em consideração a alergia ao leite. Ou ele ignora a copiosa literatura publicada a respeito do assunto ou tem um particular interesse na distribuição de grande quantidade de medicamentos".
A saúde tornou-se um negócio arquimilionário e os médicos continuam a ser os principais distribuidores dos produtos da indústria farmacêutica. À medida que aumentavam o custo de desenvolvimento e comercialização dos medicamentos, os laboratórios intensificaram os seus esforços para conquistar os médicos.
Houve um enorme aumento, não apenas dos custos operacionais dos laboratórios, mas também dos lucros. O aumento do lucro atraiu concorrentes, o que provocou um aumento geral da publicidade sobre medicamentos. Anúncios em periódicos médicos e revistas tornaram-se atractivos, porque os noticiários vinham cuidadosamente associados a "descobertas médicas".
Este "esforço de publicidade", que começou com presentes para médicos e estudantes de medicina, tornou-se numa campanha maciça para moldar atitudes, pensamentos e directrizes dos médicos. Os laboratórios empregam representantes para visitar os consultórios médicos e distribuir amostras grátis. Eles descrevem as indicações para esses medicamentos e tentam persuadir os médicos a usar os seus produtos. Como qualquer outro vendedor, falam mal dos produtos dos seus concorrentes, enquanto passam por cima das limitações dos seus próprios produtos. Os representantes não têm nenhuma formação médica ou farmacológica e não são fiscalizados por nenhum órgão estatal ou federal. Este sistema de vendas teve tanto sucesso que, hoje em dia, o médico comum foi virtualmente treinado pelos representantes de laboratórios. Esta prática levou ao uso excessivo de medicamentos por parte dos médicos e por parte da população ignorante. Uma pesquisa recente mostrou que, actualmente, uma em cada três situações de baixa em hospitais é resultado directo do uso indevido de medicamentos vendidos com ou sem receita.
A indústria farmacêutica corteja jovens estudantes de medicina, oferecendo presentes, passagens para participação em "congressos" e "material educativo" gratuito. Jovens médicos recebem de laboratórios verbas para pesquisa. As escolas de medicina recebem grandes somas de dinheiro para experiências clínicas e pesquisas farmacêuticas. Os laboratórios oferecem regularmente jantares de gala e coquetéis para grupos médicos. Fornecem verbas para a construção de hospitais, escolas de medicina e institutos "independentes" de pesquisa.
A indústria farmacêutica, propositadamente, procura exercer uma forte influência dentro das escolas de medicina. Na universidade, o médico é perito em doenças agudas, em doenças terminais e em modelos animais (cobaias) de doenças humanas. O médico tem pouca ou nenhuma experiência quanto às necessidades diárias de um doente crónico ou de um doente com sintomas precoces de doença grave. Como o médico académico não depende da boa vontade do paciente para a sua sobrevivência, o bem-estar do paciente torna-se de pouca importância para ele. Estes factores tornam-no num péssimo juiz da eficácia dos tratamentos, e um simples peão no jogo da indústria da saúde. Com a ajuda de médicos académicos de influência, os laboratórios conseguiram controlar o exercício da medicina nos Estados Unidos. Actualmente, eles estabelecem os padrões, contratando pesquisadores para fazer estudos que mostrem a eficácia de seus produtos ou desmerecem os produtos dos concorrentes.
A indústria alimentícia e a indústria farmacêutica estão intimamente ligadas. Os laboratórios frequentemente produzem os aditivos usados nos produtos alimentícios. Várias indústrias de alimentos foram compradas pela indústria farmacêutica. Esse conglomerado muitas das vezes patrocina pesquisas em universidades de grande prestígio. Um professor de nutrição da Universidade de Harvard publicou vários estudos comprovando que os aditivos químicos na comida não causam hiperactividade nas crianças. Ele fomentou publicamente o consumo de refrigerantes, doces e aditivos químicos na alimentação infantil, argumentando que as crianças hiperactivas não devem ser tratadas com controlo alimentar, mas sim com os medicamentos de rotina. A Nutrition Foundation prestigiou este cientista, fundando um laboratório, com o seu nome, no campus da Universidade de Harvard. A terapia de rotina para crianças hiperactivas implica o uso de Ritalina, uma droga semelhante às anfetaminas. A Ritalina leva à dependência, pode provocar comportamento psicótico e atinge altos preços no tráfico das drogas.
Estes factos descrevem apenas uma parte do problema. Os médicos são pressionados para adoptar tratamentos que sabem que não funcionam. Um exemplo claro é a quimioterapia, que não funciona para a maioria dos cancros. Há mais de uma década que existem provas a mostrar que a quimioterapia não elimina o cancro da mama, do cólon ou do pulmão. Os estudos que relatam efeitos positivos da quimioterapia nesses tumores foram comprovadamente manipulados. A maior parte de estudos sobre quimioterapia de cancro considera os pacientes que morrem pela toxicidade dos medicamentos como "impossíveis de serem avaliados". Essas mortes não entram nas estatísticas de mortalidade. Num conhecido documento sobre quimioterapia, os pesquisadores ignoraram as estatísticas das mulheres cujos tumores não respondiam. Apesar desta omissão clamorosa, a sobrevivência do grupo das mulheres tratadas foi de apenas 12% superior ao grupo das mulheres não tratadas. Avaliando cuidadosamente o estudo original, fica evidente que a quimioterapia reduz o tempo em que viviam sem tumores.
A maioria dos médicos concorda que a quimioterapia é ineficaz para a maior parte dos tipos de cancro. Apesar deste facto, médicos honestos são forçados a usar esta modalidade de tratamento por grupos de pressão, que têm interesse nos lucros da indústria farmacêutica. Quando um médico da Califórnia prescreve 5-flourouracil para um paciente com cancro no cólon, é recompensado. Isto acontece apesar de muitos artigos em revistas médicas de prestígio terem demonstrado que o medicamento não funciona. O mesmo médico não será recompensado se tratar o paciente com alta dosagem de vitamina C. De facto, ele corre o risco de perder a sua licença médica. Não há nada na literatura médica a indicar que o tratamento nutricional de pacientes com cancro é perigoso. Por outro lado, existe vasta literatura sustentando o raciocínio científico que recomenda o uso deste tipo de tratamento.
Situação semelhante existe no campo da alergia. Médicos académicos — com o apoio da indústria alimentícia e da indústria farmacêutica — tentam desacreditar os pesquisadores que descobriram que a alergia a alimentos é um grande problema médico. Eles citam diversos estudos não controlados, enquanto ignoram a enorme quantidade de estudos científicos que mostram a disseminação de alergias a alimentos.
Estes são apenas alguns factos que mostram a corrupção no campo da medicina. O médico de família deixou de ter a liberdade de escolher o tratamento que julga ser o melhor. Tem de seguir regras estabelecidas por médicos comprometidos, cujas decisões podem não ser do interesse do paciente. O contribuinte, eleitor, consumidor, pode ajudar a enfrentar esta corrupção. Precisa assumir o controlo sobre a sua saúde. Se não entende por que razão o médico prescreve certo medicamento ou tratamento, de fazer perguntas. Se o médico fica impaciente ou zangado, deve procurar cuidados médicos noutro lugar. Dê forças para o médico que usa formas não-convencionais de tratamento, sem usar medicamentos. Ele arrisca o seu ganha-pão e a liberdade pessoal. Ele procura ajudar e não quer acomodar-se aos mandamentos da indústria da saúde. Com o nosso apoio, ele pode aliar-se a um número crescente de médicos que repudiam a tirania do complexo industrial da saúde.
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Dr. Alan S. Levin é médico catedrático de imunologia e dermatologia na Universidade da Califórnia, São Francisco. Ele é co-autor de dois livros, sendo um deles "A Consumer Guide for the Chemically Sensitive" (Guia do consumidor para as pessoas sensíveis a produtos químicos).
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