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sexta-feira, 13 de setembro de 2019


QUAL A FINALIDADE DA CRENÇA RELIGIOSA


Devemos ter em mente que a verdadeira religião existe para nos fazer conhecer Deus como nosso Pai e o Homem como nosso irmão.

A religião não é a crença escrava em ameaças de punição, nem em promessas mágicas de recompensas místicas futuras. A religião de Jesus é a influência mais dinâmica que jamais estimulou a raça humana. Jesus abalou a tradição, destruiu o dogma e convocou a humanidade à realização dos seus ideais mais elevados no tempo e na eternidade – ser perfeito, como o próprio Pai no céu é perfeito. Jesus procurou restaurar a dignidade do homem, quando declarou que todos os homens são filhos de Deus.

Qualquer crença religiosa que seja eficaz para a espiritualização do crente tem repercussões poderosas na vida social.

A experiência religiosa produz, infalivelmente, os “frutos do espírito” na vida diária do mortal que é guiado pelo Espírito. Quando compartilham as suas crenças religiosas, os homens criam grupos religiosos de alguma espécie, que finalmente gerarão metas comuns.

Algum dia, os religiosos deixarão de tentar reunir-se baseando-se em opiniões psicológicas e crenças teológicas, e efectivarão uma cooperação real, com base na unidade de ideais e de propósitos.

As metas, mais do que as crenças, é que devem unificar os religiosos. Já que a verdadeira religião é uma questão de experiência espiritual pessoal, é inevitável que cada religioso, individualmente, deva ter a sua interpretação própria e pessoal da realização dessa experiência espiritual.

Jesus não exigiu que os seus seguidores se reunissem periodicamente e que recitassem fórmulas rituais indicadoras das suas crenças comuns. (como fazem nas Igrejas institucionalizadas, com os seus dogmas, hierarquias e regulamentos). Ele apenas ordenou que se reunissem para fazer algo, factualmente – compartilhar da ceia comunitária em lembrança da sua vida de entrega total na Terra.

O sectarismo é uma doença da religião institucionalizada, enquanto o dogmatismo é uma escravização da natureza espiritual. De longe, é melhor ter uma religião sem uma igreja, do que uma igreja sem religião.

O tumulto religioso do século XX não indica, em si e por si mesmo, uma decadência espiritual. A confusão vem antes do crescimento, tanto quanto antes da destruição. Há um propósito, de facto, na socialização da religião. É propósito das actividades religiosas grupais dramatizar as lealdades à religião, exagerar as seduções da verdade, da beleza e da bondade, fomentar as atracções dos valores supremos, elevar os serviços feitos na fraternidade altruísta, glorificar os potenciais da vida familiar, promover a educação religiosa, prover o conselho sábio e a orientação espiritual, e encorajar a adoração grupal. E todas as religiões vivas encorajam a amizade humana, conservam a moralidade, promovem o bem-estar da comunidade, e facilitam a disseminação do evangelho essencial das suas respectivas mensagens de salvação eterna.

No entanto, quando a religião se torna institucionalizada, o seu poder para o bem fica reduzido, ao passo que as possibilidades para o mal se tornam grandemente multiplicadas.

Os perigos da religião formalizada são:

 
- A fixação das crenças e a cristalização dos sentimentos,

          - A acumulação de direitos e interesses adquiridos com um crescimento da
            seculização 

- A tendência para a padronização e a fossilização da verdade,

- O desvio da religião para o serviço da igreja, em vez do serviço de Deus,

- A inclinação dos líderes de se tornarem administradores, em vez de ministradores,

- A tendência a formar seitas e divisões competitivas,

- O estabelecimento de uma autoridade eclesiástica opressiva,

- A criação da atitude aristocrática do tipo “povo-escolhido”,

- O estímulo ao surgimento de ideias falsas e exageradas sobre o sagrado,

- A transformação da religião em algo rotineiro e a petrificação da adoração,

- A tendência a venerar o passado e ignorar as solicitações do presente,

- O fracasso em fazer interpretações atuais da religião,

- O envolvimento com as funções das instituições seculares,

- A criação do mal que é a discriminação por castas religiosas,

- O perigo de a religião transformar-se num juiz ortodoxo intolerante,

- O fracasso de manter vivo o interesse da juventude aventurosa e a perda gradativa
  da mensagem salvadora do evangelho da salvação eterna.

 
A religião formal restringe os homens nas suas actividades espirituais pessoais, em vez de liberá-los para o serviço mais elevado de edificadores do Reino.

 

Inicialmente o crescimento espiritual é um despertar para as necessidades e, em seguida, um discernimento dos significados e, depois, uma descoberta dos valores. A evidência do verdadeiro desenvolvimento espiritual consiste em demonstrar uma personalidade humana motivada pelo amor, animada pela ministração não egoísta e dominada pela adoração sincera dos ideais de perfeição da divindade.

E toda essa experiência constitui a realidade da religião, em contraste com a das meras crenças teológicas. A religião pode progredir até aquele nível de experiência em que se torna uma técnica esclarecida e sábia de reacção espiritual ao universo. Tal religião glorificada pode funcionar em três níveis da personalidade humana: o intelectual, o astral (mundo intermédio entre o material e o espiritual) e o espiritual, sobre a mente, sobre a alma em evolução e junto ao Espírito divino.

A espiritualidade passa imediatamente a ser indicadora da nossa proximidade de Deus e a medida da nossa capacidade de servir aos nossos semelhantes.

A espiritualidade realça a capacidade de:                                                                      . 

- Descobrir a beleza nas coisas.

- Reconhecer a verdade nos significados.

- Descobrir a bondade nos valores.

 
O desenvolvimento espiritual é determinado por estas capacidades e é directamente proporcional à eliminação das qualidades egoístas do amor. O status espiritual real é a medida do nosso alcance da Deidade, da nossa sintonização com o nosso Espírito. O alcançar da finalidade da espiritualidade é equivalente a atingir o máximo de realidade, o máximo de semelhança a Deus. A vida eterna é a busca sem fim dos valores infinitos.

A meta da auto-realização humana deveria ser espiritual, e não material.

As únicas realidades que valem o esforço são as divinas, as espirituais e eternas. O homem mortal encontra-se capacitado para desfrutar do prazer físico e da satisfação de afectos humanos. Ele beneficia da lealdade da associação a outros homens e das instituições temporais, mas estas não são fundações eternas sobre as quais se deva edificar a personalidade imortal, a qual deve transcender ao espaço, vencer o tempo e alcançar o destino da perfeição divina na fusão final entre a Alma e o Espírito.

 
As nossas preferências e os desagrados não determinam o bem e o mal. Os valores morais não crescem com os desejos realizados, nem com a frustração emocional. Na contemplação dos valores, devemos distinguir entre aquilo que é valor e aquilo que tem valor. Devemos reconhecer a relação entre as actividades agradáveis, a integração significativa delas e a realização engrandecida em níveis sempre mais elevados da experiência humana.

Os ensinamentos de Jesus constituíram a primeira religião a abranger tão plenamente uma coordenação harmoniosa de conhecimento, sabedoria, fé, verdade e amor, tão completa e simultaneamente, a ponto de proporcionar a tranquilidade temporal, a certeza intelectual, o esclarecimento moral, a estabilidade filosófica, a sensibilidade ética, a consciência de Deus e a certeza positiva da sobrevivência pessoal. A fé de Jesus apontou o caminho para a finalidade da salvação humana, para a sublimidade da realização mortal no universo, pois ela assegurou:

 
1. A salvação das correntes materiais, pela realização da filiação a Deus, que é espírito.

2. A salvação da escravidão intelectual: o homem conhecerá a verdade, e a verdade o libertará.

           3. A salvação da cegueira espiritual, a realização humana da fraternidade entre os seres mortais e a consciência astral da irmandade de todas as criaturas do universo, o serviço-descoberta da realidade espiritual e do ministério-revelação da bondade dos valores espirituais. (Fase da realidade do universo que intervém e que constrói uma ponte entre os reinos materiais e espirituais. Após a sobrevivência da personalidade (na morte física) esta é personificada num corpo Astral (corpo semi-espiritual/semi-material), existindo a partir desse instante como uma inteligência Astral- etapa posterior à Inteligência Fisica, portanto já no plano dimensional acima do plano material das 3 dimensões. A EVOLUÇÃO processa-se neste mundo num plano dimensional mais elevado, passando por várias fases de ensinamentos – como nas escolas no mundo material – onde a Alma vai subindo de escalão até passar a outra dimensão superior e continuar a evoluir até que o Espírito, que o acompanhou na Terra e o acompanhou no mundo astral, acabe por se fundir com a Alma – etapa de inteligência espiritual - e continuarem até à identificação com Deus. Esta é a diferença entre a Reencarnação e a Ressurreição. A reencarnação seria a evolução no planeta Terra, uma perda de tempo - os valores verdadeiros a desenvolver tanto se desenvolvem agora, como depois e se desenvolveram no passado da história humana, porque a história repete-se ciclicamente e nada de novo ensina - e a verdadeira evolução processa-se depois da ressurreição no plano dimensional superior ao plano material em que vivemos. Esta teoria da encarnação interessa aos seres demoníacos que habitam num mundo paralelo ao mundo do homem e que conseguem estabelecer um contacto com o homem, desde que este o permita (influenciado pelos espíritas e ocultistas). Esses seres vivem das emoções dos seres humanos e não podem ascender ao plano dimensional mais elevado para onde os homens vão e tudo fazem para que o homem opte por ficar no mundo material. Como o homem tem o livre arbítrio pode, mesmo que enganado, deixar-se seduzir, e pelos seus actos ficar preso nesta dimensão e servir de alimento a esses seres inferiores.


4. A salvação da incompletude do ego, por meio de um alcance até aos níveis espirituais mais elevados.

5. A salvação do eu, a liberação das limitações da autoconsciência, por meio do alcance dos níveis cósmicos da mente do Supremo e pela coordenação com as realizações de todos os outros seres Auto conscientes.

6. A salvação do tempo, a realização de uma vida eterna de progressão infindável no reconhecimento de Deus e no serviço de Deus.

7. A salvação do finito, por meio da unidade perfeccionada com a Deidade no Supremo, e por meio do qual a criatura intenta a descoberta transcendental do Último, nos níveis da realidade intermediária entre o finito e o absoluto, caracterizado por elementos e seres sem início ou fim, e pela transcendência espaço/temporal.

 
Esta salvação Séptupla é equivalente à realização completa e perfeita da experiência em intimidade com o Pai Universal. E tudo isto, em potencial, está contido na realidade da fé da experiência humana na religião.

E pode estar assim contida, posto que a fé de Jesus foi nutrida por realidades até mesmo além do Último, e foi reveladora delas. A fé de Jesus aproximou-se do status de um absoluto no universo, na medida em que tal seja possível de ser manifestado no cosmo em evolução do tempo e do espaço.

 

Por meio da apropriação da fé de Jesus, o homem mortal pode antecipar, no tempo, o gosto das realidades da eternidade. Jesus fez a descoberta, na sua experiência humana, do Pai Final, e os seus irmãos na carne, em vida mortal, podem segui-lo ao longo dessa mesma experiência de descoberta do Pai. Eles podem até mesmo alcançar, sendo o que são, a mesma satisfação, nessa experiência com o Pai, que Jesus alcançou, sendo o que ele era.

Novos potenciais concretizaram-se no nosso universo em consequência da entrega final de Jesus, e um destes é a nova iluminação do caminho de eternidade que conduz ao Pai, e que pode ser percorrido pelos mortais de carne e sangue material, ainda na vida inicial nos planetas do espaço. Jesus foi e é o novo caminho vivo, por meio do qual o homem pode chegar à herança divina que o Pai decretou que fosse dele, apenas ele assim o pedisse. Com Jesus ficam abundantemente demonstrados os começos e os fins da experiência de fé da humanidade, e até mesmo da humanidade divina.

 
Fonte: O Livro de Urântia.

 
(Sem adopção às regras do acordo ortográfico de 1990)

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