A MENSAGEM MÍSTICA DO NATAL
Leio
amiudadamente a pequena Revista de Esoterismo da Fraternidade Rosacruz de
Portugal e conheço a sua Filosofia desde os tempos em que era proibida pela
ditadura em Portugal.
Muitos
pensam que a Fraternidade Rosacruz é uma organização religiosa, o que não
corresponde à realidade. É, sim, uma escola de pensamento cuja finalidade é
divulgar a Filosofia Rosacruz, tal como foi transmitida por intermédio de Max
Heindel, escolhido para esse efeito pelos Irmãos Maiores dessa Ordem.
Conforme
vem explícito no verso da capa da referida Revista, o ensinamento Rosacruz
projecta luz sobre o lado científico (Cristianismo
científico) e o aspecto espiritual dos problemas emergentes da Origem e
Evolução do Homem e do Universo, fazendo sobressair que não reside aí todo o
seu fim. O conhecimento há-de tornar-nos verdadeiramente religiosos, na acepção
legítima de religar-nos (re-ligare) à
essência espiritual que temos dentro de nós. O conhecimento desenvolverá assim,
o sentimento do altruísmo e do dever, para estabelecimento da Fraternidade
ideal.
A sua
mensagem é: MENTE SÃ, CORAÇÃO TERNO, CORPO PURO. E a sua divisa: SERVIÇO.
Mas,
qualquer pessoa que queira adquirir um conhecimento precioso para a sua
evolução, e esteja disposta a acatar os seus regulamentos, e não seja, por
profissão, Hipnotizador, Quiromante, Médium ou Astrólogo, encontrará o melhor acolhimento
da Fraternidade.
Quem
quiser maiores esclarecimentos deve dirigir-se por carta, ou pessoalmente, a
esta Fraternidade na Rua Manuel Múrias, 12-5º Esq. 1500-419 Lisboa.
A
Filosofia Rosacruz é muito importante para mim, apesar de não concordar com
tudo o que defendem. Todos nós temos o dom do Livre Arbítrio e capacidade de
desenvolver a nossa própria Filosofia de Vida depois de acessar a todas as
outras. O conhecimento é muito importante e para ter uma perspectiva mais
correcta sobre esta matéria tão controversa é essencial conhecer as histórias e
conteúdos das outras filosofias e cruzar a informação. Depois, além do
conhecimento da História e falta de certezas absolutas, temos de recorrer à
nossa Intuição que, como sabemos vem
da conexão do nosso espírito com o Espírito Santo, o Espírito de Deus para uns
ou Espírito Universal para outros. O Conhecimento está à nossa disposição e o
acesso consegue-se com a “espiritualização” ou desenvolvimento espiritual que
não deixe que a “ligação” com o Espírito Universal, onde todos nós estamos
mergulhados, se rompa ou deteriore. Para a grande maioria das pessoas essa
comunicação de conhecimentos, que o nosso espírito absorve e tenta a todo o
custo passar para a nossa mente, surge como “pressentimentos”. Motivo porque
falo na Intuição.
Na
minha opinião a Filosofia Rosacruz, actual, abarca prioritariamente a evolução
dos seres vivos, incluído o Homem, nos mundos materiais mais densos, se bem que
fale por alto numa evolução futura por mundos cada vez mais etéreos. A partir
de determinada fase do desenvolvimento espiritual, creio que começamos a
perceber que a Vida do Homem num mundo material é uma passagem muito fugaz e
que a evolução da Alma no mundo do espírito é que conta, porque, ao contrário
da Filosofia Rosacruz que considera o Homem Físico com um espírito, eu defendo
que nós, humanos, somos Espírito que utilizamos uma roupagem adequada para um
mundo material (Corpo Físico) para aprendermos a dominar a matéria. Esta fase
evolutiva com a experiência conjunta do Espírito e Corpo material são de suma
importância na formação da Alma e seu “Ego”. A matéria é espírito cristalizado
e a Alma é preparada, desde o início da sua caminhada, do espírito mais denso
até ao espírito de luz.
Acredito
que a evolução se processa no mundo do espírito, pelo que acho que esta fase da
evolução no mundo mais denso, no chamado mundo
dos efeitos, com enfase na reencarnação não me satisfaz. Acho insuficiente
e não credível. Se um individuo “desencarna” e tem de preparar-se para uma nova
“encarnação” para corrigir o que fez de mal e, deste modo ser mais justo e com
valores mais elevados, não compreendo por que razão a humanidade está cada vez
mais degradada, sem ética e sem valores morais, se “em teoria” cada
reencarnação é para se corrigir e melhorar o seu comportamento. A humanidade
deveria estar melhor. Além disso, seres que fizeram a diferença pelo seu
comportamento, são evocados constantemente pelos espiritistas e médiuns para responderem às suas
perguntas inúteis, só para passarem o tempo numa pretensa sessão de
esclarecimento ou de “cura” o que logicamente não os deixaria prepararem-se
para uma nova reencarnação. Estariam escravizados sem poderem continuar a sua
evolução. Vejamos, por exemplo, o doutor Sousa Martins que é evocado por
centenas de “fiéis” em simultâneo e, pelos vistos todos conseguem contactá-lo.
Só que, o Único Ser que é Omnisciente e pode estar em todo o lado ao mesmo
tempo é Deus e não vejo o doutor Sousa Martins a “desdobra-se” para responder a
todos os chamamentos ao mesmo tempo.
O
chamado mundo das causas, ou
suprafísico, está no mundo do espírito, invisível, e a ressurreição, defendida
pela Bíblia Sagrada, é mais plausível, só que, por enquanto, incompleta, porque deste modo a evolução do ser espiritual
que é o Homem se vai processar no “seu” mundo ou seja no mundo do espírito.
Jesus deixou pistas sobre outros Céus ou planos dimensionais onde essa evolução
se irá processar. Filtros foram adicionados pelos antigos porque o Universo
para eles era a região que conheciam, no Velho Testamento, não compreendendo a
existência de um Universo muito superior. Jesus Cristo alargou o conceito para
toda a Terra, mas a humanidade ainda não estava preparada para “absorver”
conceitos mais evoluídos. Penso que a “revelação” é dada através dos tempos em
função do grau de desenvolvimento da humanidade na altura.
O conhecimento não é estático. Há sempre mais
e mais conforme o nosso desenvolvimento tecnológico e espiritual.
Portanto:
Como estamos na quadra natalícia aproveito para transcrever umas das “Cartas
aos Estudantes” de Max Heindel, publicada na Revista Rosacruz nº 414, acerca do
Natal sobre o ponto de vista esotérico.
Sinos
de Natal! Quem não terá sentido essa magia nos dias da infância, antes que a
dúvida se insinuasse no coração, abalasse e despedaçasse as ideias incutidas
pela Igreja? É verdade que o mesmo sino continua a repicar aos domingos e nos
dias da semana, mas no Natal da nossa infância continha algo de invulgarmente
festivo. Era qualquer coisa que agora atribuímos à imaginação infantil. Poderá
até agradar-nos a “emancipação” do que chamamos “fantasias da Igreja”. O poeta
inglês Wordsworth, expressou o agudo sentimento de tristeza pela perda dos
ideais da infância na sua Ode à
Imortalidade. Nada consegue substituí-los. Até podemos ser abençoados com
bens materiais, mas o certo é que ficamos sempre mais pobres quando desaparece
o “encanto” da juventude e conceitos intelectuais substituem essas pretensas
“superstições”.
Paulo
exortou-nos a estarmos sempre preparados para justificar a nossa fé. As várias
práticas seguidas na Igreja desde a mais remota Antiguidade têm fundamentos
místicos. O costume de fazer repicar o sino quando se acendem as velas no altar
foi iniciado por videntes espiritualmente iluminados para demonstrar a unidade
cósmica entre a Luz e o Som. O badalo metálico do sino traz a
mensagem mística de Cristo à humanidade de uma forma ainda hoje tão clara como
da primeira vez que Ele anunciou o amoroso convite: “Vinde a mim todos os que
estais cansados e oprimidos e eu vos aliviarei” (Mt, 11:28). O sino torna-se,
por isso, um símbolo de Cristo, “a Palavra”, quando nos chama do trabalho para
a oração diante do altar iluminado onde nos acolhe como a “Luz do Mundo”.
A
sensação festiva que os sinos despertam no Natal é produzida por fenómenos
cósmicos particularmente activos nesta época do ano, por sinal uma quadra
verdadeiramente santa, como agora veremos. Os que estudam a ciência das
estrelas reconhecem nos signos do Zodíaco um instrumento cósmico sonoro. Cada
signo possui uma vibração característica. Atendendo a que as órbitas em marcha
circulam em caleidoscópica procissão, de signo em signo, numa combinação sempre
variável, os acordos da harmonia cósmica, conhecidos pelos místicos como a
“música das esferas”, emitem um eterno hino de oração e glorificação ao
Criador. Não se trata de uma concepção fantástica, mas de um facto real,
perceptível ao vidente e capaz de ser demonstrado aos pensadores através dos
efeitos que provoca. A harmonia das esferas não é um som monofónico, visto
alterar-se diariamente, à medida que o Sol e os planetas descrevem as suas
órbitas, cruzando signo após signo. Há também a registar épocas de variações
anuais devido à precessão dos equinócios. Existe uma infinita variedade na
música das esferas, como realmente deve ser, pois esta constante mudança de
vibrações espirituais constitui a base da evolução física e espiritual. Se ela
cessasse por um só instante que fosse, o Cosmos converter-se-ia em Caos.
Observemos
a Natureza com vista a identificar a qualidade da vida amorosa emanada do
Cristo-Sol ao transitar na Primavera pelo beligerante signo do carneiro. O amor
sexual é a nota-chave da Natureza. Visto todas as suas energias serem aplicadas
na reprodução, desencadeia-se uma tendência para desordens passionais. Comparemos
isto como o efeito do Sol em Dezembro, quando atravessa o benevolente signo do
Sagitário, regido pelo planeta Júpiter. Os seus impulsos induzem ao sentimento
religioso e à filantropia; o ar vibra com a generosidade e a vida de amor da
estrela-Cristo encontra a sua mais alta expressão neste signo amável.
Externamente reina a tristeza do Inverno, porque o símbolo visível da “Luz do
Mundo” se obscureceu. No entanto, na noite mais escura do ano, os cânticos de
Natal evocam uma pronta resposta aos sentimentos natalícios que nos tornam
todos irmãos, filhos do Pai que está nos Céus.
Que a
mística música dos cânticos de Natal consiga despertar as fibras mais ternas do
seu coração, e que a nota-chave da alegria se manifeste em toda a sua pujança
no seu ser ao longo do próximo ano. Sãos estes os votos de Natal de todos os
que trabalham em Monte Eclésia.
Fachada do Templo de
Cura em Monte Eclésia.
Max
Heindel
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