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segunda-feira, 31 de dezembro de 2018


A MENSAGEM MÍSTICA DO NATAL

Leio amiudadamente a pequena Revista de Esoterismo da Fraternidade Rosacruz de Portugal e conheço a sua Filosofia desde os tempos em que era proibida pela ditadura em Portugal.

 
 
Muitos pensam que a Fraternidade Rosacruz é uma organização religiosa, o que não corresponde à realidade. É, sim, uma escola de pensamento cuja finalidade é divulgar a Filosofia Rosacruz, tal como foi transmitida por intermédio de Max Heindel, escolhido para esse efeito pelos Irmãos Maiores dessa Ordem.

Conforme vem explícito no verso da capa da referida Revista, o ensinamento Rosacruz projecta luz sobre o lado científico (Cristianismo científico) e o aspecto espiritual dos problemas emergentes da Origem e Evolução do Homem e do Universo, fazendo sobressair que não reside aí todo o seu fim. O conhecimento há-de tornar-nos verdadeiramente religiosos, na acepção legítima de religar-nos (re-ligare) à essência espiritual que temos dentro de nós. O conhecimento desenvolverá assim, o sentimento do altruísmo e do dever, para estabelecimento da Fraternidade ideal.

A sua mensagem é: MENTE SÃ, CORAÇÃO TERNO, CORPO PURO. E a sua divisa: SERVIÇO.

Mas, qualquer pessoa que queira adquirir um conhecimento precioso para a sua evolução, e esteja disposta a acatar os seus regulamentos, e não seja, por profissão, Hipnotizador, Quiromante, Médium ou Astrólogo, encontrará o melhor acolhimento da Fraternidade.

Quem quiser maiores esclarecimentos deve dirigir-se por carta, ou pessoalmente, a esta Fraternidade na Rua Manuel Múrias, 12-5º Esq. 1500-419 Lisboa.

A Filosofia Rosacruz é muito importante para mim, apesar de não concordar com tudo o que defendem. Todos nós temos o dom do Livre Arbítrio e capacidade de desenvolver a nossa própria Filosofia de Vida depois de acessar a todas as outras. O conhecimento é muito importante e para ter uma perspectiva mais correcta sobre esta matéria tão controversa é essencial conhecer as histórias e conteúdos das outras filosofias e cruzar a informação. Depois, além do conhecimento da História e falta de certezas absolutas, temos de recorrer à nossa Intuição que, como sabemos vem da conexão do nosso espírito com o Espírito Santo, o Espírito de Deus para uns ou Espírito Universal para outros. O Conhecimento está à nossa disposição e o acesso consegue-se com a “espiritualização” ou desenvolvimento espiritual que não deixe que a “ligação” com o Espírito Universal, onde todos nós estamos mergulhados, se rompa ou deteriore. Para a grande maioria das pessoas essa comunicação de conhecimentos, que o nosso espírito absorve e tenta a todo o custo passar para a nossa mente, surge como “pressentimentos”. Motivo porque falo na Intuição.

Na minha opinião a Filosofia Rosacruz, actual, abarca prioritariamente a evolução dos seres vivos, incluído o Homem, nos mundos materiais mais densos, se bem que fale por alto numa evolução futura por mundos cada vez mais etéreos. A partir de determinada fase do desenvolvimento espiritual, creio que começamos a perceber que a Vida do Homem num mundo material é uma passagem muito fugaz e que a evolução da Alma no mundo do espírito é que conta, porque, ao contrário da Filosofia Rosacruz que considera o Homem Físico com um espírito, eu defendo que nós, humanos, somos Espírito que utilizamos uma roupagem adequada para um mundo material (Corpo Físico) para aprendermos a dominar a matéria. Esta fase evolutiva com a experiência conjunta do Espírito e Corpo material são de suma importância na formação da Alma e seu “Ego”. A matéria é espírito cristalizado e a Alma é preparada, desde o início da sua caminhada, do espírito mais denso até ao espírito de luz.

Acredito que a evolução se processa no mundo do espírito, pelo que acho que esta fase da evolução no mundo mais denso, no chamado mundo dos efeitos, com enfase na reencarnação não me satisfaz. Acho insuficiente e não credível. Se um individuo “desencarna” e tem de preparar-se para uma nova “encarnação” para corrigir o que fez de mal e, deste modo ser mais justo e com valores mais elevados, não compreendo por que razão a humanidade está cada vez mais degradada, sem ética e sem valores morais, se “em teoria” cada reencarnação é para se corrigir e melhorar o seu comportamento. A humanidade deveria estar melhor. Além disso, seres que fizeram a diferença pelo seu comportamento, são evocados constantemente pelos espiritistas e médiuns para responderem às suas perguntas inúteis, só para passarem o tempo numa pretensa sessão de esclarecimento ou de “cura” o que logicamente não os deixaria prepararem-se para uma nova reencarnação. Estariam escravizados sem poderem continuar a sua evolução. Vejamos, por exemplo, o doutor Sousa Martins que é evocado por centenas de “fiéis” em simultâneo e, pelos vistos todos conseguem contactá-lo. Só que, o Único Ser que é Omnisciente e pode estar em todo o lado ao mesmo tempo é Deus e não vejo o doutor Sousa Martins a “desdobra-se” para responder a todos os chamamentos ao mesmo tempo.

O chamado mundo das causas, ou suprafísico, está no mundo do espírito, invisível, e a ressurreição, defendida pela Bíblia Sagrada, é mais plausível, só que, por enquanto, incompleta, porque deste modo a evolução do ser espiritual que é o Homem se vai processar no “seu” mundo ou seja no mundo do espírito. Jesus deixou pistas sobre outros Céus ou planos dimensionais onde essa evolução se irá processar. Filtros foram adicionados pelos antigos porque o Universo para eles era a região que conheciam, no Velho Testamento, não compreendendo a existência de um Universo muito superior. Jesus Cristo alargou o conceito para toda a Terra, mas a humanidade ainda não estava preparada para “absorver” conceitos mais evoluídos. Penso que a “revelação” é dada através dos tempos em função do grau de desenvolvimento da humanidade na altura.

O conhecimento não é estático. Há sempre mais e mais conforme o nosso desenvolvimento tecnológico e espiritual.

Portanto: Como estamos na quadra natalícia aproveito para transcrever umas das “Cartas aos Estudantes” de Max Heindel, publicada na Revista Rosacruz nº 414, acerca do Natal sobre o ponto de vista esotérico.

 
Sinos de Natal! Quem não terá sentido essa magia nos dias da infância, antes que a dúvida se insinuasse no coração, abalasse e despedaçasse as ideias incutidas pela Igreja? É verdade que o mesmo sino continua a repicar aos domingos e nos dias da semana, mas no Natal da nossa infância continha algo de invulgarmente festivo. Era qualquer coisa que agora atribuímos à imaginação infantil. Poderá até agradar-nos a “emancipação” do que chamamos “fantasias da Igreja”. O poeta inglês Wordsworth, expressou o agudo sentimento de tristeza pela perda dos ideais da infância na sua Ode à Imortalidade. Nada consegue substituí-los. Até podemos ser abençoados com bens materiais, mas o certo é que ficamos sempre mais pobres quando desaparece o “encanto” da juventude e conceitos intelectuais substituem essas pretensas “superstições”.

Paulo exortou-nos a estarmos sempre preparados para justificar a nossa fé. As várias práticas seguidas na Igreja desde a mais remota Antiguidade têm fundamentos místicos. O costume de fazer repicar o sino quando se acendem as velas no altar foi iniciado por videntes espiritualmente iluminados para demonstrar a unidade cósmica entre a Luz e o Som. O badalo metálico do sino traz a mensagem mística de Cristo à humanidade de uma forma ainda hoje tão clara como da primeira vez que Ele anunciou o amoroso convite: “Vinde a mim todos os que estais cansados e oprimidos e eu vos aliviarei” (Mt, 11:28). O sino torna-se, por isso, um símbolo de Cristo, “a Palavra”, quando nos chama do trabalho para a oração diante do altar iluminado onde nos acolhe como a “Luz do Mundo”.

A sensação festiva que os sinos despertam no Natal é produzida por fenómenos cósmicos particularmente activos nesta época do ano, por sinal uma quadra verdadeiramente santa, como agora veremos. Os que estudam a ciência das estrelas reconhecem nos signos do Zodíaco um instrumento cósmico sonoro. Cada signo possui uma vibração característica. Atendendo a que as órbitas em marcha circulam em caleidoscópica procissão, de signo em signo, numa combinação sempre variável, os acordos da harmonia cósmica, conhecidos pelos místicos como a “música das esferas”, emitem um eterno hino de oração e glorificação ao Criador. Não se trata de uma concepção fantástica, mas de um facto real, perceptível ao vidente e capaz de ser demonstrado aos pensadores através dos efeitos que provoca. A harmonia das esferas não é um som monofónico, visto alterar-se diariamente, à medida que o Sol e os planetas descrevem as suas órbitas, cruzando signo após signo. Há também a registar épocas de variações anuais devido à precessão dos equinócios. Existe uma infinita variedade na música das esferas, como realmente deve ser, pois esta constante mudança de vibrações espirituais constitui a base da evolução física e espiritual. Se ela cessasse por um só instante que fosse, o Cosmos converter-se-ia em Caos.

Observemos a Natureza com vista a identificar a qualidade da vida amorosa emanada do Cristo-Sol ao transitar na Primavera pelo beligerante signo do carneiro. O amor sexual é a nota-chave da Natureza. Visto todas as suas energias serem aplicadas na reprodução, desencadeia-se uma tendência para desordens passionais. Comparemos isto como o efeito do Sol em Dezembro, quando atravessa o benevolente signo do Sagitário, regido pelo planeta Júpiter. Os seus impulsos induzem ao sentimento religioso e à filantropia; o ar vibra com a generosidade e a vida de amor da estrela-Cristo encontra a sua mais alta expressão neste signo amável. Externamente reina a tristeza do Inverno, porque o símbolo visível da “Luz do Mundo” se obscureceu. No entanto, na noite mais escura do ano, os cânticos de Natal evocam uma pronta resposta aos sentimentos natalícios que nos tornam todos irmãos, filhos do Pai que está nos Céus.

Que a mística música dos cânticos de Natal consiga despertar as fibras mais ternas do seu coração, e que a nota-chave da alegria se manifeste em toda a sua pujança no seu ser ao longo do próximo ano. Sãos estes os votos de Natal de todos os que trabalham em Monte Eclésia.

                                                                               Fachada do Templo  de Cura em  Monte Eclésia.

 
Max Heindel

 

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