A PERCEPÇÃO
EXTRA-SENSORIAL
(Texto sem adopção às regras do acordo
ortográfico de 1990)
Hoje encontrei nos meus arquivos um artigo, já antigo,
de 1985, do meu grande amigo F.C., numa versão livre e comentários sobre a
percepção extra-sensorial.
Preparei um texto aproveitando também os ensinamentos
desta fonte, mas com o meu ponto de vista sobre o assunto sem, no entanto,
querer contradizer a linha de pensamento de F.C. O mesmo tema pode ser abordado
de várias formas, em função da crença de cada um porque a base é a mesma e as
opiniões só divergem no modo de descodificação das sensações em percepções
físicas compreensíveis no mundo material. O resultado é o mesmo. Só as linhas
de comunicação é que divergem, mas a “realidade” manter-se-á apesar de “vista”
por ângulos diferentes e com outros nomes.
Suponhamos que duas partículas (dois eléctrons por exemplo) sofrem uma
influência recíproca ocasional para seguirem, depois, trajectórias diferentes
que as distanciem grandemente. Num dado momento essa separação pode ser enorme.
A teoria quântica diz-nos que apesar de essa distância
ser suficiente para as diversas forças conhecidas deixarem de actuar, essas
partículas jamais se podem considerar independentes. Manterão sempre uma união
tão intensa que o comportamento de uma se reflectirá instantaneamente na outra.
Este fenómeno é chamado de continuidade, de características não
especiais.
Pode-se demonstrar que essa nova relação entre duas
partículas não pode ser explicada ou determinada pelas características
individuais de cada uma quando separadas. Variadíssimas experiências realizadas
nos últimos anos comprovam a realidade destes factos.
A matéria, no mundo físico, tem forma e ocupa espaço.
É impenetrável, descontínua e espacial. Um corpo com estas
características, só poderá exercer alguma influência sobre outro pelo contacto
directo (como acontece numa colisão) ou através de uma corrente de energia que
flua entre ambos, a uma velocidade finita. Os fenómenos da continuidade e da
interacção mostram claramente que estas partículas do micromundo não são
localizáveis no espaço físico porque têm massa nula de matéria. O seu
comportamento, numa dada região do espaço, pode ser dependente do de outras
partículas em regiões diferentes.
Podemos extrapolar estes factos para o cérebro e
sistema nervoso humano que consideramos constituídos por partículas do
micromundo (moléculas, átomos, partículas atómicas) que poderão estar sujeitas
à influência de outras, de idêntica natureza, localizadas em regiões distantes.
Podemos, deste modo, estabelecer uma relação entre as
que existem no sistema nervoso e as que se encontram no exterior, cuja
interacção será estabelecida, como causa primária, pelo espírito humano que
actua directamente sobre a mente e mantém o cérebro como o maquinismo físico
nas relações com o mundo material. Pelo que, além da relação entre partículas
distantes com as do sistema nervoso que podem ser já uma das conhecidas pela
física contemporânea, podem existir outras ainda desconhecidas, naquela
fronteira entre o mundo do espírito e o mundo da matéria. Poderá haver um
contacto indirecto através de uma cadeia de interacções entre diversas
partículas, estabelecendo-se os necessários elos de ligação entre o
investigador e o assunto em análise.
Para que as informações contidas nas micropartículas
se possam converter em percepções sensoriais torna-se necessária a existência
de um mecanismo sensível às impulsões destas partículas, capaz de as converter
em percepções.
Este maquinismo pode ser capaz de usar formas
especiais de organização dos neurónios. Devem existir células receptoras
especiais capazes de transformar em impulsos nervosos a informação proporcionada
pelas micropartículas que o constituem. Estes impulsos devem ser conduzidos a
uma zona específica do córtex cerebral com muitas áreas cuja função é ainda
desconhecida.
Do córtex, estas informações deverão seguir para
outras áreas do cérebro antes de se manifestarem como percepções de objectos ou
acontecimentos distantes. Paralelamente, a percepção extra-sensorial poderá ser
considerada como uma função residual de
um sentido. A nossa intuição
alerta-nos para o fenómeno, mas a boa ou má recepção depende da conexão do
nosso espírito com a nossa mente que utiliza os meios de percepção do mundo
físico para termos consciência do facto.
O problema é que não sabemos como é e como tudo se
processa na nossa “central” energética do corpo físico que é o cérebro. A mente
toma conhecimento do fenómeno e só precisa de “obrigar” o cérebro a estimular o
“tal” órgão extra-sensorial que o codifica em termos de percepção na matéria.
Podemos supor, por exemplo, que as células receptoras
visuais da retina são influenciadas pela incidência de fotões ou por outras
partículas relacionadas com determinado acontecimento ocorrido à distância.
Neste caso, para além de informações relacionadas com os órgãos da visão,
aquelas partículas poderão transportar informações extra-sensoriais. E nada
impede que essa fonte de alimentação dos órgãos visuais seja igualmente
portadora de outras informações, normalmente relacionadas com outro sentido,
como seja o da audição. Descodificadas, estas informações poderão completar as
anteriores, dando um conhecimento perfeito, quer visual, quer auditivo, de um
acontecimento distante.
A distância não oferece obstáculo ao exercício das
faculdades extra-sensoriais, seja ela qual for, embora se reconheça existir
maior facilidade na sua efectivação a curtas distâncias. E também não há
barreiras que impeçam o seu uso, nem mesmo quando se reconhece constituírem
obstáculos físicos intransponíveis para as forças físicas.
E para terminar, transponho para aqui os comentários
do meu amigo F.C., muito esclarecedores, que descartam mais informação, de tão
sucintamente resumidos:
“Ainda não compreendemos a natureza da matéria, as
leis que a regem nem tão-pouco a língua em que é necessário descrevê-la”. Esta opinião de
Opennheimer permanece tão actual hoje como no tempo em que a formulou.
De facto, só no final do século passado a ciência
conseguiu derrubar o mito da indivisibilidade do átomo (assunto já abordado pelos rosacruzes na sua concepção da matéria). As
velhas concepções sobre a constituição do mundo sofreram, finalmente, a
necessária mudança. O golpe foi rude e os físicos ficaram privados, durante
algum tempo, de uma teoria que descrevesse os fenómenos atómicos recém
descobertos. Todavia, ao romperem com os dogmas de séculos criaram as suas
próprias limitações. Ao descobrirem certas forças, como as nucleares, nada mais
fizeram do que lhes atribuir nomes. Com efeito, apesar de serem conhecidas,
ainda não se compreende a sua essência. O nome não identifica com perfeição a
pessoa a que pertence.
O estudo destas forças está relacionado com o
comportamento de certas partículas de matéria, os electrões, os protões e os
neutrões. A lista destas partículas ainda não foi concluída. Nem se pode dizer,
com certeza, quando terminará a listagem destas partículas, quais são elementares
ou não, etc. O seu conhecimento, a compreensão das causas internas dos
fenómenos pela observação das suas manifestações interiores é, de facto,
importante. Mas não é tudo. É preciso compreender que nada existe no universo
que não seja espírito puro, cristalizado em diversos graus, seja qual for o
nome utilizado para o caracterizar. A sua manifestação que se faz através do
polo negativo, permite à química dotá-lo de rótulos especiais, embora
naturalmente necessários.
Durante muito tempo, o quadro da construção da matéria
foi executado com as três figuras fundamentais: o electrão, o protão e o
neutrão. Mas a descoberta de um mundo de partículas elementares transformaram a
obra, que parecia definitiva num simples esboço para conclusão futura. No exército
de partículas existem outras leis e ordens ainda desconhecidas.
Valerá a pena o seu estudo? É evidente que sim, pois o
conhecimento não deve deter-se nem construir barreiras que possam condicionar a
caminhada. Cada nova descoberta não é o limite, mas o início de outra jornada
por uma região totalmente desconhecida.
O que é preciso, é que o cientista não caia no erro de
procurar apenas o que deseja ver. Curiosamente, se analisarmos os conceitos de
Newton, o pai da teoria da gravidade, encontraremos a cada passo a defesa dos
conceitos espiritualistas e não meramente mecanicistas-positivistas. Ele
próprio, ao estabelecer um paralelo entre o espírito e a luz, sugere a
possibilidade de “que os corpos e a luz se transformem uns nos outros”.
Mais tarde descobriu-se que o espaço não era, de modo
algum, uma porção vazia do quadro antes referido. Pelo contrário, era a própria
“substância” donde saiam todos os materiais nele usados. O universo é já
considerado como preenchido por diversas formas de uma única substância,
chamada “espaço” (ou melhor, espaço-tempo). Com esta noção, já é possível
compreender o universo como um todo, incluindo não só o inanimado mas também
tudo o que vive e pensa.
O espaço tem a particularidade de se poder curvar.
Para J. Charon, algumas partículas da física, como os electrões, são
verdadeiros micro-universos encerrados num espaço-tempo particular, fechado
sobre si mesmo, a flutuar no espaço aparentemente “vazio”, que nos circunda.
Este micromundo, apesar da sua pequenez, pode interagir
com o exterior. A repulsão electrostática entre dois electrões é um exemplo.
Mas – poderá perguntar-se – como isso é possível neste caso, em que existe um
espaço completamente fechado? É que o electrão não está vazio. Pode dizer-se
que encerra um gás de fotões e que estes se deslocam em todas as direcções e
velocidades. Os fotões de um electrão podem trocar as suas velocidades com as
de outros. Note-se que há apenas uma troca de velocidades e não de electrões.
Por isso a troca é virtual, o que significa que realmente nada passou de um
electrão para outro, com excepção de um certo número de informações. Este facto
coloca-nos perante uma autêntica interacção à distância, produzida entre os
fotões correspondentes de cada electrão. É por causa desta troca que os
electrões ficam sujeitos a uma força que tende a afastá-los (repulsão).
Este tipo de informação aumenta sem cessar o conteúdo
das já existentes em cada electrão. A troca efectua-se a qualquer distância (embora a influência varie com o inverso do quadrado
da distância), seguindo um princípio idêntico ao utilizado na interacção
electrostática. O enriquecimento destas informações é constante e não pode
regredir. Estas informações são como que um registo ou inscrição de certas
“experiências” sob a forma de radiação electromagnética codificada.
Resumindo, o electrão pode ser portador de uma
individualidade autónoma e de um espaço-tempo próprios. E também dotado de um
certo grau de psiquismo, como diz J. Charon. Não pode, de facto, haver objecção
a este facto, porque tudo, ao nosso redor, está manifestamente impregnado de
psiquismo. Ou não seja a matéria uma “condensação” do espírito absoluto, como
vemos no Conceito Rosacruz do Cosmo.
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