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domingo, 14 de outubro de 2018


A PERCEPÇÃO EXTRA-SENSORIAL

(Texto sem adopção às regras do acordo ortográfico de 1990)

Hoje encontrei nos meus arquivos um artigo, já antigo, de 1985, do meu grande amigo F.C., numa versão livre e comentários sobre a percepção extra-sensorial.

Preparei um texto aproveitando também os ensinamentos desta fonte, mas com o meu ponto de vista sobre o assunto sem, no entanto, querer contradizer a linha de pensamento de F.C. O mesmo tema pode ser abordado de várias formas, em função da crença de cada um porque a base é a mesma e as opiniões só divergem no modo de descodificação das sensações em percepções físicas compreensíveis no mundo material. O resultado é o mesmo. Só as linhas de comunicação é que divergem, mas a “realidade” manter-se-á apesar de “vista” por ângulos diferentes e com outros nomes.

Suponhamos que duas partículas (dois eléctrons por exemplo) sofrem uma influência recíproca ocasional para seguirem, depois, trajectórias diferentes que as distanciem grandemente. Num dado momento essa separação pode ser enorme.

A teoria quântica diz-nos que apesar de essa distância ser suficiente para as diversas forças conhecidas deixarem de actuar, essas partículas jamais se podem considerar independentes. Manterão sempre uma união tão intensa que o comportamento de uma se reflectirá instantaneamente na outra. Este fenómeno é chamado de continuidade, de características não especiais.

Pode-se demonstrar que essa nova relação entre duas partículas não pode ser explicada ou determinada pelas características individuais de cada uma quando separadas. Variadíssimas experiências realizadas nos últimos anos comprovam a realidade destes factos.

 
A matéria, no mundo físico, tem forma e ocupa espaço. É impenetrável, descontínua e espacial. Um corpo com estas características, só poderá exercer alguma influência sobre outro pelo contacto directo (como acontece numa colisão) ou através de uma corrente de energia que flua entre ambos, a uma velocidade finita. Os fenómenos da continuidade e da interacção mostram claramente que estas partículas do micromundo não são localizáveis no espaço físico porque têm massa nula de matéria. O seu comportamento, numa dada região do espaço, pode ser dependente do de outras partículas em regiões diferentes.

 
 
                                                             
Podemos extrapolar estes factos para o cérebro e sistema nervoso humano que consideramos constituídos por partículas do micromundo (moléculas, átomos, partículas atómicas) que poderão estar sujeitas à influência de outras, de idêntica natureza, localizadas em regiões distantes.

Podemos, deste modo, estabelecer uma relação entre as que existem no sistema nervoso e as que se encontram no exterior, cuja interacção será estabelecida, como causa primária, pelo espírito humano que actua directamente sobre a mente e mantém o cérebro como o maquinismo físico nas relações com o mundo material. Pelo que, além da relação entre partículas distantes com as do sistema nervoso que podem ser já uma das conhecidas pela física contemporânea, podem existir outras ainda desconhecidas, naquela fronteira entre o mundo do espírito e o mundo da matéria. Poderá haver um contacto indirecto através de uma cadeia de interacções entre diversas partículas, estabelecendo-se os necessários elos de ligação entre o investigador e o assunto em análise.

 
Para que as informações contidas nas micropartículas se possam converter em percepções sensoriais torna-se necessária a existência de um mecanismo sensível às impulsões destas partículas, capaz de as converter em percepções.

Este maquinismo pode ser capaz de usar formas especiais de organização dos neurónios. Devem existir células receptoras especiais capazes de transformar em impulsos nervosos a informação proporcionada pelas micropartículas que o constituem. Estes impulsos devem ser conduzidos a uma zona específica do córtex cerebral com muitas áreas cuja função é ainda desconhecida.

Do córtex, estas informações deverão seguir para outras áreas do cérebro antes de se manifestarem como percepções de objectos ou acontecimentos distantes. Paralelamente, a percepção extra-sensorial poderá ser considerada como uma função residual de um sentido. A nossa intuição alerta-nos para o fenómeno, mas a boa ou má recepção depende da conexão do nosso espírito com a nossa mente que utiliza os meios de percepção do mundo físico para termos consciência do facto.

O problema é que não sabemos como é e como tudo se processa na nossa “central” energética do corpo físico que é o cérebro. A mente toma conhecimento do fenómeno e só precisa de “obrigar” o cérebro a estimular o “tal” órgão extra-sensorial que o codifica em termos de percepção na matéria.

Podemos supor, por exemplo, que as células receptoras visuais da retina são influenciadas pela incidência de fotões ou por outras partículas relacionadas com determinado acontecimento ocorrido à distância. Neste caso, para além de informações relacionadas com os órgãos da visão, aquelas partículas poderão transportar informações extra-sensoriais. E nada impede que essa fonte de alimentação dos órgãos visuais seja igualmente portadora de outras informações, normalmente relacionadas com outro sentido, como seja o da audição. Descodificadas, estas informações poderão completar as anteriores, dando um conhecimento perfeito, quer visual, quer auditivo, de um acontecimento distante.

A distância não oferece obstáculo ao exercício das faculdades extra-sensoriais, seja ela qual for, embora se reconheça existir maior facilidade na sua efectivação a curtas distâncias. E também não há barreiras que impeçam o seu uso, nem mesmo quando se reconhece constituírem obstáculos físicos intransponíveis para as forças físicas.

E para terminar, transponho para aqui os comentários do meu amigo F.C., muito esclarecedores, que descartam mais informação, de tão sucintamente resumidos:

“Ainda não compreendemos a natureza da matéria, as leis que a regem nem tão-pouco a língua em que é necessário descrevê-la”. Esta opinião de Opennheimer permanece tão actual hoje como no tempo em que a formulou.

De facto, só no final do século passado a ciência conseguiu derrubar o mito da indivisibilidade do átomo (assunto já abordado pelos rosacruzes na sua concepção da matéria). As velhas concepções sobre a constituição do mundo sofreram, finalmente, a necessária mudança. O golpe foi rude e os físicos ficaram privados, durante algum tempo, de uma teoria que descrevesse os fenómenos atómicos recém descobertos. Todavia, ao romperem com os dogmas de séculos criaram as suas próprias limitações. Ao descobrirem certas forças, como as nucleares, nada mais fizeram do que lhes atribuir nomes. Com efeito, apesar de serem conhecidas, ainda não se compreende a sua essência. O nome não identifica com perfeição a pessoa a que pertence.

O estudo destas forças está relacionado com o comportamento de certas partículas de matéria, os electrões, os protões e os neutrões. A lista destas partículas ainda não foi concluída. Nem se pode dizer, com certeza, quando terminará a listagem destas partículas, quais são elementares ou não, etc. O seu conhecimento, a compreensão das causas internas dos fenómenos pela observação das suas manifestações interiores é, de facto, importante. Mas não é tudo. É preciso compreender que nada existe no universo que não seja espírito puro, cristalizado em diversos graus, seja qual for o nome utilizado para o caracterizar. A sua manifestação que se faz através do polo negativo, permite à química dotá-lo de rótulos especiais, embora naturalmente necessários.

Durante muito tempo, o quadro da construção da matéria foi executado com as três figuras fundamentais: o electrão, o protão e o neutrão. Mas a descoberta de um mundo de partículas elementares transformaram a obra, que parecia definitiva num simples esboço para conclusão futura. No exército de partículas existem outras leis e ordens ainda desconhecidas.

Valerá a pena o seu estudo? É evidente que sim, pois o conhecimento não deve deter-se nem construir barreiras que possam condicionar a caminhada. Cada nova descoberta não é o limite, mas o início de outra jornada por uma região totalmente desconhecida.

O que é preciso, é que o cientista não caia no erro de procurar apenas o que deseja ver. Curiosamente, se analisarmos os conceitos de Newton, o pai da teoria da gravidade, encontraremos a cada passo a defesa dos conceitos espiritualistas e não meramente mecanicistas-positivistas. Ele próprio, ao estabelecer um paralelo entre o espírito e a luz, sugere a possibilidade de “que os corpos e a luz se transformem uns nos outros”.

Mais tarde descobriu-se que o espaço não era, de modo algum, uma porção vazia do quadro antes referido. Pelo contrário, era a própria “substância” donde saiam todos os materiais nele usados. O universo é já considerado como preenchido por diversas formas de uma única substância, chamada “espaço” (ou melhor, espaço-tempo). Com esta noção, já é possível compreender o universo como um todo, incluindo não só o inanimado mas também tudo o que vive e pensa.

 
O espaço tem a particularidade de se poder curvar. Para J. Charon, algumas partículas da física, como os electrões, são verdadeiros micro-universos encerrados num espaço-tempo particular, fechado sobre si mesmo, a flutuar no espaço aparentemente “vazio”, que nos circunda.

Este micromundo, apesar da sua pequenez, pode interagir com o exterior. A repulsão electrostática entre dois electrões é um exemplo. Mas – poderá perguntar-se – como isso é possível neste caso, em que existe um espaço completamente fechado? É que o electrão não está vazio. Pode dizer-se que encerra um gás de fotões e que estes se deslocam em todas as direcções e velocidades. Os fotões de um electrão podem trocar as suas velocidades com as de outros. Note-se que há apenas uma troca de velocidades e não de electrões. Por isso a troca é virtual, o que significa que realmente nada passou de um electrão para outro, com excepção de um certo número de informações. Este facto coloca-nos perante uma autêntica interacção à distância, produzida entre os fotões correspondentes de cada electrão. É por causa desta troca que os electrões ficam sujeitos a uma força que tende a afastá-los (repulsão).

Este tipo de informação aumenta sem cessar o conteúdo das já existentes em cada electrão. A troca efectua-se a qualquer distância (embora a influência varie com o inverso do quadrado da distância), seguindo um princípio idêntico ao utilizado na interacção electrostática. O enriquecimento destas informações é constante e não pode regredir. Estas informações são como que um registo ou inscrição de certas “experiências” sob a forma de radiação electromagnética codificada.

Resumindo, o electrão pode ser portador de uma individualidade autónoma e de um espaço-tempo próprios. E também dotado de um certo grau de psiquismo, como diz J. Charon. Não pode, de facto, haver objecção a este facto, porque tudo, ao nosso redor, está manifestamente impregnado de psiquismo. Ou não seja a matéria uma “condensação” do espírito absoluto, como vemos no Conceito Rosacruz do Cosmo.

 

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