O
grande triângulo estratégico que está a modificar o mundo (e a
contrariar os Illuminati que querem
impor a sua Nova Ordem Mundial, continuando a manter o sistema atual com a
predominância do eixo sionista/caucasiano. R).
11.03.2017, Federico
Pieraccini - Strategic Culture
Domingo, 12 de março de 2017
Tradução: btpsilveira
(Minha tradução para português de
Portugal sem alterar o sentido do texto. R)
Importantes mudanças mundiais
acontecem dentro do grande triângulo estratégico em curso entre a Rússia, China
e Irão, enquanto o resto do mundo continua a perder tempo tentando decifrar ou
assimilar a nova presidência Trump.
Distante do atual caos nos Estados Unidos, grandes
acontecimentos estão a acontecer a pleno vapor, com o Irão, Rússia e China
coordenados numa série de movimentos significativos para o futuro do continente
eurasiático. Com uma população total de mais de cinco mil milhões de almas, que
constituem cerca de dois terços da população do planeta, o futuro da humanidade
passa obrigatoriamente através dessa área imensa. Apontando para uma mudança de
grande magnitude na ordem mundial que se baseia atualmente na Europa e nos
Estados Unidos, em direção ao mundo multipolar monitorizado pela China, Irão e
Rússia, os estados eurasiáticos preparam-se para um papel de liderança no
desenvolvimento desse enorme continente. Como parte dos desafios que deverão
enfrentar os líderes desses países multipolares, os eventos prejudiciais que se
originam na ordem mundial Euro/Atlântica construída depois da Segunda Grande
Guerra mundial terão que ser encarados.
(Nota: um mundo unipolar é aquele que
está dominado por uma só potência, sem oposição alguma e exerce uma hegemonia
absoluta. Nunca houve, e é a pretensão dos Illuminati
que pretendem implantar a "sua" Nova Ordem Mundial. Um mundo bipolar
é aquele em que duas potências que se enfrentam dominam o seu respetivo bloco à
escala mundial, como aconteceu com os EUA e a URSS na guerra fria. Um mundo
multipolar será aquele em que haja mais de dois focos de poder como se está a
preparar atualmente pelos países que rejeitam a Nova Ordem Mundial dos Illuminati. R)
Analisando os principais projetos do continente
eurasiático, uma coisa que se destaca é o papel da China, Rússia e Irão nas
diferentes áreas sob a sua influência. O projeto One Belt, One Road
(um cinturão, uma estrada, também conhecido como OBOR – ntrad) que foi
proposto por Pequim (com investimento de
cerca de um trilião de dólares dentro
dos próximos dez anos); a União Económica Eurasiática (Eurasian
Economic Union – ntrad) proposta por Moscovo para integrar as antigas
repúblicas soviéticas da Ásia Central e o papel do Irão no Médio Oriente como
esforço para trazer de volta a estabilidade de prosperidade para a região – são
todos de importância crucial para o desenvolvimento eurasiático. Claro que
possuindo uma perspectiva multipolar, todos estes projetos convergem
totalmente, e requerem desenvolvimento conjunto e coordenado para que resultem
realmente no sucesso do continente eurasiático.
Neste sentido, as principais áreas de grande agitação
incluem aquelas sob a esfera de influência destes principais países
eurasiáticos. As principais concentrações de turbulência podem ser facilmente
identificadas no Médio Oriente e no Norte da África, isso para não fazer menção
ao Golfo Pérsico, onde a guerra criminosa da Arábia Saudita contra o Iémen
continua sem tréguas há 24 meses.
Uma fonte de cooperação: o terrorismo islâmico
A fonte comum de instabilidade no continente
eurasiático resulta do terrorismo islâmico, utilizado pelas grandes potências
ocidentais como um instrumento de divisão e conflito. Assim, o papel de
sauditas e turcos, alimentando e espalhando o Wahhabismo, bem como a Irmandade
Muçulmana significa que eles estão diretamente contra a estabilidade pretendida
pela esfera Russa, Chinesa e Iraniana. Previsivelmente, o papel de Teerão na
região tornou-se decisivo, com o apoio total, financeiramente da China e
militarmente da Rússia. Hoje, o Irão é o país no qual a influência sino/russa
se manifesta em todos os níveis, na região e além dela. A deterioração da
situação militar na Síria, no entanto, obrigou Moscovo a intervir militarmente
para ajudar à Síria, aliado regional mais importante do Irão na região, mas ao
mesmo tempo providenciou uma desculpa perfeita para conter a influência da
Arábia Saudita e da Turquia na região. O Crescente Xiita em ascensão, que liga o
Irão, Iraque, Síria e Líbano, é de importância vital para quem quer estabelecer
ou manter a influência de um mundo multipolar na região. Até agora, Washington
tem sido capaz de impor os seus assuntos através de ações levadas a termo pela
Arábia Saudita e Turquia, seus submissos ativos regionais, cujos interesses se
alinham sempre com os mesmos de elementos sionistas, neoconservadores e
Wahhabis que existem no estado profundo dos Estados Unidos. Washington quer claramente
manter e preservar a ordem mundial de um mundo unipolar através dos seus
aliados regionais, com o objetivo de se manter o principal árbitro nas questões
do Médio Oriente, uma área que reflete a instabilidade desde o Golfo Pérsico
até ao Norte de África.
Não é de admirar, portanto, que Moscovo tente manter
relações especiais com o governo egípcio que sucedeu a Irmandade Muçulmana de
Morsi, com a intenção de conter a influência saudita/(norte)americana no Cairo
e no Norte de África, especialmente na sequência da destruição da Líbia de
Kaddafi. Os sinais emitidos por Al Sisi são encorajadores e representam um
exemplo claro de um mundo multipolar em construção. O Egito aceitou
financiamento saudita durante a época de elevada tensão entre Doha e Riad, o
que representava um movimento de fraqueza óbvia do Cairo, especialmente depois
do golpe que removeu Morsi, o qual era apoiado pelo Catar, Turquia e Estados
Unidos. Hoje, o Egito está feliz em cooperar com Moscovo, especialmente no que
diz respeito a armamentos (a compra de dois navios Mistral da França representa
futuras compras de armamento de Moscovo; da mesma forma, é o caso de
desenvolvimento de fontes de energia nuclear, que seria alternativa para a
importação massiva de petróleo da Arábia Saudita, a qual foi suspensa por Riad,
logo depois do início do diálogo entre o Cairo e Damasco). O Egito trabalha
para estabelecer uma posição estratégica na região, cada vez mais influenciada
pelo triângulo russo/sino/iraniano (conversações sobre a inclusão do Egito na
EAEU [União Económica Euroasiática- ntrad] Estão em andamento já há algum
tempo), embora não descarte completamente a contribuição económica da Arábia
Saudita e dos Estados Unidos. Por outro lado, a influência de Turquia e Irão é
rejeitada e declarada hostil, principalmente por causa do contínuo
relacionamento com a Irmandade Muçulmana, uma das maiores preocupações do país
no Sinai.
A estabilidade no Médio Oriente e no Norte de África
depende de uma expansão do papel mediador do Irão; de importantes contribuições
financeiras da República Popular da China (pense um pouco na situação da Líbia
e na reconstrução da Síria); e de uma cooperação militar da Federação Russa. A
importância de focar nestas áreas jamais será superestimada, já que representam
os primeiros passos na direção de uma reestruturação mais fundamental da Nova Ordem
Mundial em partes diferentes da massa continental eurasiática.
Síria, um caso de estudo: o Cáucaso, a Ásia Central e
AfPak (região do Afeganistão/Paquistão – ntrad)
Ao prestarmos atenção aos perigos que representam um
Islão politizado e o extremismo wahhabista, sempre vêm à mente três áreas do
continente eurasiático para considerações: as antigas repúblicas soviéticas da
Ásia Central; a fronteira sempre problemática entre o Afeganistão e Paquistão e
a área do Cáucaso. Nestas áreas, a cooperação entre a China, Rússia e Irão está
mais uma vez a desempenhar um papel chave, e presenciamos muitas tentativas de
mediação de tensões e conflitos que podem ser potencialmente catastróficos para
o desenrolar de projetos económicos e de desenvolvimento. Os ataques terroristas
que aconteceram recentemente na cidade de Lahore, capital da província do
Punjab no Paquistão, mostram a verdadeira face da cooperação entre o Afeganistão
e o Paquistão, decididamente encorajada pela China e pela Rússia. Logo após uma
breve troca de tiros entre militares dos dois países na fronteira comum, um
acordo foi arranjado entre Kabul e Islamabad para reduzir as tensões e fazer
progredir conversações de paz fortemente apoiadas por Moscovo e Pequim. A
necessidade de interromper a escalada de tensões entre Paquistão e Afeganistão
é um dos principais objetivos de Rússia e China, naquela que é uma das regiões
mais instáveis do mundo e pela qual deverão transitar os futuros projetos
liderados pela aliança Irão/Rússia/China. A instabilidade dessa área em
particular depende em grande parte do papel que a Índia, Arábia Saudita,
Estados Unidos e Turquia pretendem desempenhar para colocar um contrapeso ao
papel do trio eurasiático. Assim, não é por coincidência que Moscovo tenta
várias formas de entendimento complexo com cada um desses atores. A Arábia
Saudita e a Turquia são os centros de controlo e administração do terrorismo
internacional, e a influência negativa de Riad e Ancara é sentida desde a Líbia
e a Síria, até ao Paquistão, Afeganistão e o Cáucaso. Aqui, o fator
determinante não é exercido pelos Estados Unidos, embora Washington não tenha
nenhum pejo em encorajar quaisquer esforços destrutivos diretos contra a integração
do continente eurasiático.
No papel representado pela Rússia e pela Turquia, o
primeiro ponto positivo de entendimento parece ser a Síria, e pode, caso seja
encontrado um resultado positivo para o conflito, representar a pedra
fundamental sobre a qual se poderá construir uma cooperação estratégica em
áreas como a AfPak e Ásia Central. Neste sentido, os incentivos do corredor
energético representado pelos oleogasodutos, nos quais o principal empreendedor
é a Rússia, não pode ser subestimado, como é o caso, por exemplo, do Turkish
Stream. Também no Cáucaso, que é outra área de instabilidade acentuada, o papel
desempenhado pela Rússia e Irão foi decisivo durante os quatro dias da Guerra
em Nagorno-Karabakh.
Em relação ao campo energético, é certamente um grande
fator de interesse para a Arábia Saudita, que há tempos observa a diversificação
do setor energético com atenção, em especial a energia nuclear civil, campo no
qual a Rússia tem posição de liderança mundial. Moscovo diversifica o seu jogo,
valorizando as suas cartas ao prover cooperação económica e militar com os seus
parceiros mais próximos (Irão, China, Síria, Cazaquistão, Tajiquistão e
Quirguistão); fortalecendo as alianças bilaterais através de incentivo na forma
de cooperação em sistemas de armamentos (Índia, Paquistão e Egito); e
cooperação no setor de energia com países tão distantes como Catar, Emirados
Árabes Unidos e Arábia Saudita, na intenção de abrir brechas que lhe permitam
alcançar acordos geopolíticos mais amplos.
Toda a estratégia das três principais nações
eurasiáticas dirige-se primariamente para a consolidação das suas fronteiras
nacionais com os países das regiões mais turbulentas. A recente viagem de Putin
ao Cazaquistão, Tajiquistão e Quirguistão tinha o objetivo de fortalecer a
parte mais vulnerável da Federação Russa, ao eliminar a ameaça e influência do
terrorismo islâmico radical, permitindo a expansão da cooperação económica na
União Eurasiática. Embora não seja uma tarefa fácil, há o encorajamento da
perspectiva de ganhos de parte a parte para as nações envolvidas, com acordos
bilaterais mutuamente vantajosos, em vez de imposições. De certa forma, é o que
a República Popular da China também tenta fazer na Ásia Central, uma das
regiões mais voláteis do planeta, esforçando-se para estabelecer acordos e
expandir o conjunto dos seus recursos energéticos, como ocorreu recentemente no
Turcomenistão. Outro exemplo da redução de ameaças no continente eurasiano pode
ser visto na província chinesa de Xinjiang, onde a China colocou os seus
esforços numa área onde existe a necessidade urgente de minimizar as tensões
políticas e sociais, caso se queira evitar o sucesso de esforços estrangeiros
para desestabilizar a China, a partir principalmente da Turquia, através de seu
aliado Turcomenistão.
Neste contexto, o papel mais difícil de entender é o
desempenhado pela Índia, encaixotada dentro de sentimentos contrários ao
Paquistão e China, bem como uma antiga sujeição aos Estados Unidos e uma boa
amizade histórica com a Federação Russa. As ações de Nova Deli nesta parte do
mundo são as mais difíceis de decifrar, vendo-se os inescrutáveis esforços da Índia
para avançar na direção dos seus objetivos estratégicos. A importância
estratégica de Moscovo e Teerão é essencial para equilibrar a posição da Índia.
Historicamente, a Índia é um parceiro importante da URSS, e em anos mais
recentes o exército hindu continua a desenvolver projetos militares importantes
com a Federação Russa. Mais recentemente, a República Islâmica do Irão
contribuiu muito para a diversificação dos suprimentos de energia da Índia. O
facto de que Teerão é um parceiro privilegiado de Pequim mostra como se parece
um mundo multipolar, e também ajuda a equilibrar o sentimento de antipatia
contra a China, profundamente enraizado no establishment
hindu. Neste caso, a Rússia e o Irão desempenham claramente o papel de
mediadores entre a China e Índia. O facto de que tanto a Índia quanto a China
são compradores importantes de gás do Irão, bem como o facto de que tanto a China
quanto a Índia cooperam com a Rússia em termos militares, ajuda a compreender
como Moscovo e Teerão estão pouco a pouco eliminando Washington e amenizando o
sentimento contra a China na Índia.
As tensões dos fãs de Washington na Índia são cada vez
mais afastadas, não apenas porque trazem dificuldades para a necessidade do
país de criar um ambiente confiável de desenvolvimento sem excluir qualquer
oportunidade de parceria. O maior e mais difícil desafio é o processo de paz
entre o Afeganistão e Paquistão, o qual vai contra os interesses geopolíticos
da Índia na região, nesta questão alinhados com a posição (norte)americana.
Para amenizar a situação, é necessária grande cooperação conjunta. A SCO – Shanghai Cooperation Organization
(Organização de Cooperação de Xangai – ntrad) tentará construir um quadro
dentro do qual se discuta e se encontre acordos possíveis entre todos os
participantes envolvidos. Mais uma vez, uma conversação regional entre poderes
eurasiáticos não incluirá a velha ordem mundial composta pela Europa e Estados
Unidos.
Não se pode declarar que o esforço exercido pela China
e Rússia na Ásia Central são exagerados por causa da importância dos recursos
energéticos potencialmente disponíveis. Isso para não mencionar a futura
possível cooperação entre duas áreas económicas gigantescas, como a União
Europeia e Ásia, que deverá fluir através da Ásia Central, transformando a
União Eurasiática em uma ponte dourada ligando a Europa e a Ásia. Até agora, a
Organização do Tratado de Segurança Coletiva (CSTO – Collective Security Treaty
Organization – ntrad) portou-se apenas como uma organização nos moldes da SCO,
que tem a tendência de priorizar a luta contra o terrorismo; mas é vista cada
vez mais como um lugar disponível para conversações, uma organização que pode
oferecer um caminho para a cooperação económica e que oferece prioritariamente
as bases para a estabilização territorial da região. Nesta área do planeta, a
prosperidade económica depende profundamente da estabilidade militar e
política.
Resumindo, trata-se do principal desafio que a Rússia,
China e Irão estão a encarar, nomeadamente, arrefecer as zonas quentes (Médio Oriente,
Golfo Pérsico e Norte de África) através da erradicação do problema do
terrorismo, e evitar nova escalada de tensões nas regiões vizinhas que se
situam dentro da sua esfera de influência (o Cáucaso, Afeganistão/Paquistão e
Ásia Central). Assim, evitam uma desestabilização destrutiva.
Somente quando um
quadro internacional estiver firmemente implementado nestas áreas,
estabilizando-as totalmente, será possível uma grande e abrangente cooperação
económica que terá significado histórico. Neste sentido, a admissão da Índia e
do Paquistão na SCO foi o primeiro passo de um acordo complicado arranjado pela
China e Rússia e que cobriu uma dúzia de nações. A mesma situação será
observada com a futura entrada do Irão na SCO, com o objetivo específico de
aumentar a influência da SCO em áreas instáveis como o Golfo Pérsico e Médio Oriente.
Da mesma forma as discussões relativas à entrada do Egito na SCO como membro
efetivo é destinada a expandir a influência positiva da SCO em lugares tão
longínquos quanto o Norte de África.
As fundações desenvolvimentistas que a Rússia, China e
Irão estão a arquitetar destinam-se a tornar irrelevantes os Estados Unidos nos
seus esforços para esticar o seu momento unipolar. Ao combinar o
desenvolvimento económico e demográfico dessas áreas com a população do
continente eurasiático, é fácil entender como, no espaço de duas décadas, se
tanto, a área que vai de Portugal à China e que inclui dúzias de nações em
todas as latitudes e longitudes e que se estende desde as regiões Árticas da
Federação Russa até as praias da Índia no Golfo Pérsico, deverá ser o pivô
central a girar a economia mundial. A combinação dos corredores de mar e terra
fará do continente eurasiático o coração do mundo, não apenas em termos de
produção mas também em negócios e consumo, devido ao crescimento da riqueza da
classe média dessas áreas do planeta.
Numa visão estratégica que historicamente incorporou
décadas de planeamento, Teerão, Moscovo e Pequim conseguiram compreender
totalmente que a estabilidade é o objetivo principal a ser conquistado para
promover o desenvolvimento económico efetivo que beneficie todas as nações
envolvidas. Na Ásia, a ASEAN (Association of Southeast Asian Nations –
Associação das Nações do Sudeste Asiático – ntrad) começou a agir de forma
menos beligerante com a China. Embora Pequim continue a assegurar os seus
interesses estratégicos com a construção e militarização de ilhas artificiais
no Mar do Sul da China. O presidente Duterte, das Filipinas, parece ter
compreendido os ganhos potenciais de uma cooperação multipolar, e a recente guinada
estratégica efetuada pelo seu país está a mostrar o caminho para todas as
nações asiáticas, especialmente na sequência do fracasso do projeto de livre comércio
denominado TPP (Trans-Pacific Partnership), abandonado por Washington, que o
projetara. Pertence ao futuro o papel que deverá ser representado pelo velho
continente europeu, desde que continua amarrado à estratégia (norte)americana,
focada em isolar a Rússia, China e Irão e comprometido em promover a hegemonia
de Washington a qualquer custo, mesmo que isso envolva uma espécie de suicídio
económico, como pode ser visto nas sanções contra a Federação Russa motivadas
pelos acontecimentos na Ucrânia.
Embora não se possa
predizer, não se pode da mesma forma excluir uma mudança de direção pela
Europa, como resultado direto das políticas fracassadas de se ajoelhar perante
os interesses dos Estados Unidos em detrimento dos interesses dos cidadãos
europeus. Não é por acaso que muitos partidos europeus, considerados populistas
ou nacionalistas, têm mesmo a intenção de se voltar para o oriente, na busca de
uma cooperação que por longo tempo vem sendo evitada pela estupidez das elites
ocidentais.
China, Rússia e Irão parecem ter mesmo a intenção de
acelerar o projeto de uma cooperação global e não mostram disposição para
fechar a porta a qualquer ator de fora da Eurásia, especialmente em um mundo
cada vez mais globalizado e interconectado. Dê uma olhadela nas ligações da
República Popular da China com projetos de desenvolvimento em países da América
Latina para entender como a dimensão ciclópica dessa vontade de incluir todas
as nações sem exceção. É sobre essa fundação que a nova ordem mundial
multipolar está assentada, e cedo ou tarde as elites europeias e
(norte)americanas terão que entender. O dilema que a elite ocidental tem uma
dificuldade enorme de assimilar é o facto de que o seu papel será diminuído na
futura ordem mundial: os Estados Unidos e a Europa não mais serão
protagonistas, e sim atores em pé de igualdade no elenco internacional. A ordem
multipolar está a todo o vapor, deixando sem tempo e em crise o mundo unipolar.
Como reagirão europeus e (norte)americanos? Aceitarão o papel de fazer parte do
elenco em pé de igualdade ou rejeitarão a mudança histórica inexorável,
relegando-se ao papel de um doloroso processo de aniquilação e esquecimento?
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