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segunda-feira, 31 de outubro de 2022

 

SONDA À DESCOBERTA PELO ESPAÇO SIDERAL



Imagem: Dread Central

Astrónomos do Pan-Starrs, um projecto da Universidade do Havaí com o objectivo de mapear o céu em busca de objetos que possam entrar em colisão com a Terra, avistaram um objecto estranho. Com 800 metros de comprimento, largura dez vezes menor e superfície avermelhada, ele girava rapidamente, tinha uma trajetória caótica e um brilho que mudava de forma abrupta. Os cientistas deram-lhe o nome de Oumuamua, que em havaiano quer dizer “mensageiro de muito longe que chega primeiro”. Foi descoberto, mais precisamente, por Robert Weryk em 19 de Outubro de 2017.

As discussões sobre ele ficaram principalmente restritas ao universo científico até quando pesquisadores da Universidade de Harvard publicaram um estudo com uma tese de que Oumuamua seria uma sonda operacional enviada por uma civilização de outra galáxia.

Esta afirmação de pesquisadores de uma Universidade tão prestigiada pôs o mundo em polvorosa, aumentando exponencialmente a curiosidade e os meios de busca dos mais variados. Só no Brasil, as buscas no Google aumentaram mais de 1.550% em 24 horas e foi um dos cinco termos mais buscados no período. Eis as respostas para algumas das perguntas que foram postas:

O que é Oumuamua?


Oumuamua não é um cometa, mas comporta-se como tal. Isso porque um cometa é um corpo celeste congelado que, quando aquecido pelo sol, desenvolve uma atmosfera e uma “cauda” de uma material volátil vaporizado. À primeira vista, os cientistas acharam que ele era um cometa, mas sem encontrar a cauda. Supuseram que se tratava de um asteroide. No entanto, sempre que acelera, uma cauda pode ocorrer, embora não seja visível dos telescópios.


O que significa Oumuamua?


Oumuamua significa “mensageiro de muito longe que chega primeiro” em havaiano. E ele de facto veio de muito longe: por causa da alta velocidade (87,3 km/s), veio de fora do Sistema Solar. Não se sabe ao certo. Os cometas têm muita poeira, mas não é o caso do Oumuamua. Gases, como monóxido de carbono e dióxido de carbono, talvez estejam na composição, pois têm menos probabilidade de produzir uma cauda visível.


De onde veio ele?


Também não se sabe, embora seja certo de que ele ele não é do nosso sistema. Porque a sua velocidade é próxima da velocidade média de estrelas próximas às nossas, e porque a velocidade de estrelas mais jovens são mais estáveis que a das mais velhas, o Oumuamua pode ter vindo de um sistema jovem. Mas tudo não passa de uma suposição, e o objeto pode estar a viajar pela galáxia por biliões de anos.



Trajetória do Oumuamua no Sistema Solar (Foto: ESA)


E, afinal, é alienígena ou não?


No estudo publicado na revista
Astrophysical Journal Letters os astrónomos Shmuel Bialy e Abraham Loeb escrevem que “considerando uma origem artificial, uma possibilidade é a de que o Oumuamua seja um veleiro a flutuar no espaço interestelar como um resíduo de um equipamento tecnológico avançado”. Para eles, a explicação para o excesso de aceleração do Oumuamua seria a de que ele é “empurrado” pela radiação solar, comparando-o às velas solares criadas pela nossa própria civilização, como a IKAROS, a primeira sonda interplanetária impulsionada por uma vela solar, lançada pelo Japão em 2010 com destino a Vénus.

A comunidade científica, porém, como seria de esperar da ciência pura e dura, não está de acordo com os pesquisadores. Entre as críticas, está a de que se o objecto fosse de facto uma vela solar, seria mais fino do que de facto é. E, se fosse uma nave em funcionamento, teria trajetória mais suave. A dúvida fica no ar, já que sem mais dados sobre Oumuamua fica difícil afirmar com certeza o que ele é (e quais eram as suas intenções).


Será uma sonda a recolher informação? Imagem: Earth Sky

Agora, um novo estudo publicado na Nature Astronomy prometeu esclarecer mais sobre a origem e a composição do estranho objecto, cujo formato de "charuto" intriga os cientistas.

As novas análises foram conduzidas por pesquisadores dos Observatórios Astronómicos Nacionais da Academia Chinesa de Ciências e da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, que usaram simulações de computador para deduzir como o Oumuamua pode ter-se formado. Segundo eles, uma força gravitacional secundária como a "maré" é essencial para a formação do objecto, pois interfere na movimentação de corpos celestes no espaço.

Os especialistas usaram simulações de computador para entender o que acontece com vários objectos com órbitas próximas às próprias estrelas. Por exemplo, se um asteroide passar a 60 milhões de quilómetros da sua estrela-mãe, ele será esticado e depois despedaçado pelas forças de maré fortes, criando um grande número de fragmentos alongados (como o Oumuamua), dos quais alguns seriam ejectados para o espaço interestelar.

Se o corpo que formou o Oumuamua era um cometa, o que aconteceu foi mais ou menos a mesma coisa. As fortes marés gravitacionais destroçaram o cometa e grande parte do gelo na sua superfície evaporou, deixando apenas um pouco de água e dióxido de carbono abaixo da crosta rochosa do objecto.


Se esse for o caso, os especialistas acreditam que o gelo residual pode ter servido como combustível para o objeto. A ideia é que cada depósito de água tenha servido como uma fonte de energia e a sua evaporação desigual levou o Oumuamua a apresentar uma trajetória peculiar.

"O cenário de fragmentação das marés não apenas fornece um caminho para (explicar) a formação do singular Oumuamua, mas também justifica a vasta população de objetos interestelares do tipo asteroide no Universo", disse Yun Zhang, líder da pesquisa, em comunicado.

O especialista também acredita que a descoberta sustenta a teoria de que vários outros objectos peculiares como o Oumuamua estejam por aí, e estudá-los é fundamental se quisermos compreender mais sobre outros sistemas planetários. "Esse é um campo muito novo. Esses objetos interestelares podem fornecer pistas críticas sobre como os sistemas planetários se formam e evoluem", explicou Zhang.


Sem adopção às regras do acordo ortográfico de 1990. Fotos da Net.

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