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sábado, 12 de novembro de 2022

 

BURACO NEGRO “COSPE” ESTRELA ANOS DEPOIS DE DESTRUÍ-LA


Buraco negro a devorar uma estrela


Em 2018, astrónomos observaram uma estrela a ser “devorada” por um buraco negro em uma galáxia a 665 milhões de anos-luz da Terra. O fenómeno é comum, mas o que se seguiu três anos depois pegou os pesquisadores de surpresa: o buraco negro devolveu a estrela destruída, como se vomitasse.

A observação foi registada no periódico científico Astrophysical Journal. “Ninguém nunca viu nada assim antes”, disse em um comunicado Yvette Cendes, pesquisadora associada do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian e a principal autora do estudo.

Ela explicou que “arrotar” depois que consomem algo faz parte do comportamento alimentar dos buracos negros, mas que não se sabe ao certo por que esse processo demorou três anos para acontecer.

Trata-se de um fenómeno chamado de evento de ruptura de maré (TDE, do inglês tidal disruption event), que elimina partes de estrelas absorvidas por buracos negros libertando uma onda luminosa de raios X. Observando o espaço com o telescópio espacial Very Large Array (VLA), os astrónomos identificaram a explosão em um buraco negro que não havia consumido mais nada desde 2018

"Uma estrela que vagueia demasiado perto do buraco negro supermassivo no centro da sua galáxia será dilacerada pela gravidade do buraco negro num violento cataclismo, produzindo um clarão luminoso de radiação", explica o Núcleo de Astronomia do Centro Ciência Viva do Algarve.

Os astrónomos colectaram observações do fenómeno, que recebeu o nome de AT2018hyz, em vários comprimentos de ondas de luz. Para isso, foram usados o VLA, o Observatório Alma, que fica no Chile, o MeerKAT, na África do Sul, o Australian Telescope Compact Array (ATCA), na Austrália, e os telescópios Chandra X-Ray Observatory e Neil Gehrels Swift Observatory, que ficam no espaço.

O material estelar despedaçado fica na órbita do buraco negro em vez de ser sugado imediatamente. Esse material aquece, criando sinais que os astrónomos podem detectar da Terra. Às vezes, os eventos de ruptura por força de maré são rápidos. Outras vezes, as estrelas são lentamente dilaceradas enquanto orbitam os buracos negros.

Os eventos de ruptura de maré são conhecidos por emitir luz quando ocorrem. À medida que uma estrela se aproxima de um buraco negro, as forças gravitacionais começam a esticar, em fiapos, a estrela. Eventualmente, o material alongado avança em espiral ao redor do buraco negro e aquece, criando uma explosão luminosa que os astrónomos podem detectar a milhões de anos-luz de distância.

Os buracos negros não costumam ser muito “limpos” a “comer”, por isso é comum que lancem material estelar de volta para o espaço. Mas três anos é um tempo extraordinariamente longo para um buraco negro manter o seu almoço no “estômago”. Normalmente, quando uma estrela é despedaçada por um buraco negro, as regurgitações são quase imediatas.

Neste caso, o buraco negro manteve o material estelar durante anos antes de o expelir a metade da velocidade da luz – extraordinariamente rápido, já que o fluxo da maioria dos evento de perturbação por forças de maré viaja a cerca de 10% da velocidade da luz.

Parte do material em fiapos é lançado ocasionalmente de volta ao espaço. Mas essa emissão, conhecida como fluxo de saída, normalmente ocorre logo após um TDE – não anos depois, como foi o caso do AT2018hyz.

Houve silêncio de rádio nos primeiros três anos, e agora está dramaticamente iluminado para se tornar um dos TDEs mais luminosos já observados”, relatou Edo Berger, professor de astronomia da Universidade de Harvard e coautor do estudo publicado no Astrophysical Journal.

O post Buraco negro ‘cospe’ estrela anos depois de destruí-la e surpreende pesquisadores apareceu primeiro em ISTOÉ Independente.


Sem adopção às regras do acordo ortográfico de 1990. Fotos da Net.

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