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segunda-feira, 8 de março de 2021

 

AS CONSPIRAÇÕES NO VATICANO



Uma Igreja Institucional deixa de cumprir a sua verdadeira missão para ser mais uma Corporação virada para o lucro, para o negócio e interesses materiais deixando para último plano os assuntos do espírito e dos fiéis carentes que procuram uma igreja que ponha a religião em destaque e cumpra os mandamentos de Deus, muito bem explícitos na Bíblia Sagrada.

O pântano já cheira mal. Os escândalos são demasiados e os sacerdotes perdem credibilidade.

Isabel Lacerda, no seu artigo, desvenda factos interessantes que se passavam no Vaticano (e já do conhecimento dos "Teóricos da Conspiração" e das publicações fora do sistema), como o assassinato de Alois Estermann no dia 4 de Maio de 1998. Era Comandante da Guarda Suíça. Perto das 21h00 a freira Anna Meier ouviu tiros e entrou no quarto do Comandante, onde o encontrou morto. Suspeita-se que tenha sido assassinado pelo Cabo Cédric Tornay.

A esposa do Comandante Estermann (Gladys Romero) também foi assassinada no mesmo dia. O Vaticano disse que fora duplo homicídio seguido de suicídio. Num acto de loucura, o Cabo Cédric matou o Comandante Estermann e a esposa, suicidando-se a seguir. Segundo o Vaticano o motivo foi porque o Cabo ficou revoltado por não ter sido nomeado para a lista de distinções honoríficas. Ainda alegaram que um tumor no cérebro de Cédric teria causado esse acto tresloucado. E ainda mencionam uma carta que ele teria supostamente enviado à mãe. Nove meses depois foi encerrado o inquérito.

Porém. Muitas questões ficaram por responder: Porque é que não chamaram a Polícia quando encontraram o corpo? Porque é que uma segunda autópsia não encontrou nenhum tumor no cérebro do Cabo Cédric?

Detectaram apenas uma fractura no crânio, que não fora causada pela bala, e os ferimentos foram feitos por uma arma de calibre 7mm e não de 9mm, como a arma que ele usava. A suposta carta que ele enviara à mãe, estava repleta de erros, a letra era diferente, o nome pela qual ele se dirigia à mãe era outro, e outros erros sobre a família. A família dele contactou um grafologista que analisou a carta e constatou que ela foi escrita por alguém que não conhecia bem a família. O Vaticano também não permite que a família do Cabo Cédric aceda aos resultados do inquérito. Porquê? Como pode a pistola ter sido encontrada debaixo do corpo de Cédric, quando este, segundo diz o Vaticano, se matou com um tiro na garganta? Como foi possível haver cinco tiros num edifício silencioso, sem que ninguém tenha ouvido mais do que um estrondo?

O caso fica mais nebuloso quando se suspeita que Estermann seria um agente do KGB infiltrado no Vaticano, mesmo sendo ele um dos primeiros a socorrer João Paulo II, quando foi alvejado em 13 de Maio de 1981.


Facto curioso, pois dizem que ele, agente do KGB, é que ajudou a planear esse atentado, porque o Papa poderia inspirar o anticomunismo no seu país natal, a Polónia.

Conforme o que conta o historiador Paul Henze no livro "The Plot to Kill the Pope", Agca (que alvejou o Papa) chegou a admitir que o crime lhe fora encomendado por pouco mais de um milhão de dólares. De acordo com Henze, o próprio Papa não tinha dúvidas de que seu atentado havia sido planeado pela KGB, mas não o quis acusar abertamente, não tanto por falta de provas, mas por acreditar que essa denúncia só pioraria o contacto entre a Igreja e os países comunistas. Preferiu oferecer a outra face, e esperar a queda da Cortina de Ferro e seus perigosos agentes secretos.

No século XIX os austríacos conseguiram subornar funcionários dos correios de Roma, por onde passava toda a correspondência do Vaticano. No último dia da Primeira Guerra Mundial, a polícia secreta italiana já tinha decifrado os códigos da Santa Sé e ficado a par de todas as mensagens. Só em 1931 é que o Vaticano passou a ter meios próprios de comunicação. O padre bávaro, Rudolph Herlach, foi um espião da polícia secreta alemã, que também se infiltrou no Vaticano durante a Primeira Grande Guerra. Também o padre da Estónia, Alexander Kurtora, que trabalhou no Vaticano, era agente duplo. Espiava os serviços do Papa, tanto para a Rússia como para a Alemanha, na Segunda Guerra Mundial. Chegou a ser condenado à morte por espionagem, mas a Gestapo (Itália e Alemanha eram aliadas) mandou libertá-lo. Introduzido novamente no Vaticano, até que um dia deu sumiço sem deixar rasto.

Mas o Vaticano também tinha espiões seus. Três homens interceptaram, em 1758, nos arredores de Lisboa, a carruagem de José Francisco Norberto de Bragança (Rei D. José I). O Rei e o condutor foram alvejados com gravidade. O Rei conseguiu sobreviver. Os três homens eram dos serviços secretos do Vaticano, organização conhecida como "Santa Aliança". Essa rede de espiões foi criada por Pio IV em 1566. Pio X criou um serviço ultra-secreto "Dalitium Pianum" que se dedicava à espionagem, intercepção de correio e telegramas, vigilância pessoal e perseguições dos colegas da Cúria Romana, também conhecido como "Sagrado Terror". Ainda hoje, afirma um grupo de 20 influentes prelados do Vaticano, sob anonimato, mantêm-se activas essas técnicas de espionagem no Vaticano. Todos os funcionários sabem que os seus telefones podem estar sob escuta. Publicaram, sob pseudónimo, um livro "O Vaticano contra Cristo".

Simon Wiesenthal, caçador de nazis e escritor, um sobrevivente do Holocausto  que ficou famoso depois da Segunda Guerra Mundial  pelo seu trabalho na perseguição e captura de nazis, afirmou que os serviços secretos do Vaticano são dos mais eficazes e hoje já nem se chamam "Santa Aliança", mas sim "A Entidade". Os anos em que João Paulo II (Karol Wojtyla) esteve à frente do Vaticano foram os mais férteis na espionagem da Santa Sé. O papado de João Paulo II financiou (Juntamente com a CIA com a Opus Dei) o Sindicato Solidariedade de Lech Walesa, na Polónia, na luta contra o comunismo. O Cardeal Ratzinger (actual Papa Emérito Bento XVI) foi o pilar básico do poder de João Paulo II, que utilizou a "Santa Aliança" em seu proveito e Bento XVI também utilizou mais tarde. O serviço de espionagem do Vaticano passou por uma modernização durante o mandato de João Paulo II, ao aproximar-se da CIA e do Mossad. Segundo Fratini, um exemplo dessa aproximação aconteceu em 1973. Foi a Operação Diamante, em que a Primeira-ministra Israelita Golda Meir escapou a um atentado em Roma, durante uma visita ao Papa Paulo VI, graças à intervenção conjunta da Mossad e do serviço secreto do Vaticano, disse ele à revista "Visão", de Portugal, fazendo referência a um documento da CIA.

Em 18 de Junho de 1982, pelas 07h30, encontraram o cadáver de Roberto Calvi, "Banqueiro de Deus", dirigente do Banco Ambrosiano, cujo principal accionista era o Vaticano (IOR – Instituto para as Obras Religiosas, Banco do Vaticano).



Roberto Calvi, com 62 anos, jazia morto, com os bolsos do fato com mais de cinco quilos de pedras. Sempre usou bigode, mas agora estava sem ele, para passar despercebido em Itália, com um passaporte falso. Ele era antigo membro da Loja Maçónica P2 (Propaganda 2). Os membros da seita denominavam-se de "Frades Negros" (Blackfriars). O relatório oficial apontou para suicídio, mas quando o cadáver foi exumado 16 anos depois, concluiu-se que fora assassinado. O crime foi atribuído à Máfia, alegadamente insatisfeita porque fundos seus tinham sido desviados.

As investigações concluíram que uma série de operações ilícitas do Banco Ambrosiano, que o levaram à bancarrota, lavava dinheiro da Máfia italiana proveniente do tráfico de drogas e armamento. O Vaticano acabou por assumir a "responsabilidade moral" pelo colapso do Banco e pagar uma parte da dívida aos credores. O Presidente do Banco do Vaticano era o Arcebispo Paul Marciukus, que pertencia à Loja Maçónica P2, que é considerada uma organização criminosa com ligação à Mafia pelas autoridades italianas. E João Paulo II nunca aceitou tirar-lhe a imunidade para que ele fosse julgado. E o Papa ainda chegou mesmo a coloca-lo na lista de promoções a Cardeal.

Um terceiro homem envolvido no caso foi Michele Sindona, membro da Máfia Siciliana, condenado a prisão perpétua pelo assassinato de um magistrado que investigava os seus negócios. Morreu na cadeia depois de ter bebido café envenenado com cianeto. Ele também era membro da P2. Na casa de Licio Gelli (ex-mestre da P2) foi encontrada uma lista com mais de 900 nomes de pessoas pertencentes à maçonaria italiana. Lá constavam nomes de ministros, deputados, generais, chefes dos serviços secretos italianos, directores de jornais, banqueiros, magistrados, prelados ligados ao Vaticano, etc.



Para os curiosos:

https://casadasaranhas.com/2012/07/19/a-maconaria-em-portugal-uma-historia-de-corrupcao-e-conspiracao/

 

Quanto ao Papa João Paulo I, denominado de "Papa sorriso", era considerado bondoso e calmo. Um reformista liberal com intensões, segundo os rumores, de mudar a posição da Igreja contra a concepção (uso de preservativo), dispensar os Cardeais Maçónicos e pôr em ordem o Banco do Vaticano. Por isso é que o assassinaram. (Ia acabar com as mordomias da corte instalada que de facto detinha o poder secreto no Vaticano). João Paulo I foi Papa apenas um mês. Ao 33º dia encontraram-no morto (por "coincidência" a Maçonaria tem 33 graus).



O Vaticano declarou que ele teve um ataque cardíaco, mas os investigadores não concordam. A freira Vicenza encontrou-o morto na madrugada de 29 de Setembro de 1978. O investigador David Yallop diz que alguém fez desaparecer as roupas interiores e os óculos do Papa, talvez para eliminar provas. (As roupas estariam manchadas com vómito, causado pelo veneno). Embalsamaram o corpo nessa mesma noite, porque as regras papais proíbem autópsias. Uma sobrinha do Papa disse que ele nunca teve problemas cardíacos, e o irmão dele disse que ele fez exames três semanas antes e não tinham sido detectados problemas de saúde. Quase trinta anos depois da morte misteriosa ainda há quem exija a exumação do seu corpo e uma autópsia, mas o Vaticano nega todos os pedidos.

Sobre a "Opus Dei", é a organização mais misteriosa da Igreja Católica. Já foi acusada de satanismo e houve quem relatasse que o próprio josemaría Escrivá de Balanguer, fundador do movimento em 1928, se dedicava a missas negras, rituais e sessões de levitação. Um dos pontos polémicos da Opus Dei é a mortificação corporal. O Cilicio, uma espécie de corrente metálica com farpas, deve ser usado na parte superior da coxa durante 2 horas por dia. Depois da morte de Josemaría, João Paulo II elevou o fundador a beato. Em 2002 terminou numa das canonizações mais rápidas de sempre. Suspeitava-se que o próprio João Paulo II era membro da Opus Dei.



A Opus Dei ajudou João Paulo II, sempre, com o apoio dos Cardeais americanos e dos Arcebispos de Viena e Munique (Ratzinger). Para a última oração antes de entrar no conclave, João Paulo II ajoelhou-se diante do túmulo de Josemaría Balanguer, no Quartel-General da Opus Dei em Roma. O Papa João Paulo II convidou um membro da Opus Dei para chefiar o serviço da imprensa do Vaticano (Joaquim Navarro Valls). A Opus Dei contribuiu também para saldar a dívida do Banco do Vaticano aos credores do Banco Ambrosiano.

Bento XVI (Ratzinger) é também simpatizante da Opus Dei e trabalhou directamente com vários membros da prelatura na Congregação para a Doutrina da Fé. Em Setembro de 2001, ao divulgar o polémico documento no qual insistia que as outras religiões "têm uma situação gravemente deficitária" em relação ao Cristianismo. Tinha ao seu lado o monsenhor Fernando Ócariz, consultor da Congregação e vigário da Opus Dei. Quando Ratzinger foi eleito Papa, o Bispo Javier Echevarria, prelado da Opus Dei, disse que o Papa sabe que pode contar com eles, e sabe que o Papa continuará a apoiá-la também.

O Papa actual, jesuíta, tem o apoio da maior força existente no seio da Igreja - A Companhia de Jesus. Talvez por isso, se atreve a fazer profundas reformas no Vaticano. No ano passado, o pontífice havia pronunciado um discurso muito severo, no qual denunciou as 15 "enfermidades" da Cúria, entre elas "o Alzheimer espiritual, a mundanismo e corrupção".

O Papa Francisco, além de acabar com certas mordomias e dispensar Cardeais demasiado "acomodados" nas suas áreas de poder, está a fazer uma das mais profundas reformas nas finanças do Vaticano. Retirou a gestão de fundos da Secretaria de Estado do Vaticano que passaram a ser geridos, a partir de Janeiro de 2021, pela Administração do Património da Sé Apostólica (APSA), um marco da reforma na Cúria para conseguir maior transparência nas finanças. O Papa Francisco assinou o “motu proprio” (documento papal) no qual retira do secretário de Estado a gestão de fundos, contas bancárias e investimentos imobiliários, reduzindo o número de gestores económicos na Santa Sé e concentra a administração, a gestão e as decisões económicas e financeiras nos dicastérios (ministérios) que têm essa tarefa. Os fundos e investimentos administrados pela APSA “estarão sujeitos ao controlo ‘ad hoc’ do Ministério da Economia, que doravante também exercerá a função de Secretariado Pontifício em matéria económica e financeira”.

A partir de 2021, as contribuições devidas ou devolvidas à Santa Sé por órgãos eclesiásticos de qualquer espécie serão lançadas numa conta denominada “Orçamento Geral da Santa Sé”, administrada pela APSA, que também se encarregará do pagamento de despesas ordinárias e extraordinárias do secretário de Estado.

O Vaticano explica que a APSA constituirá uma provisão orçamental denominada fundos papais que, para maior transparência, fará parte dos resultados financeiros consolidados da Santa Sé. Haverá subcontas específicas para o Obolus de San Pedro, o Fundo Discricionário do Santo Padre e os chamados “fundos titulados”, que têm objectivos particulares por vontade dos doadores ou por regulamento. A APSA informará periodicamente o secretário de Estado sobre a situação dos fundos. “Com isso, o Santo Padre deseja proceder a uma melhor organização da Cúria Romana e a um funcionamento ainda mais especializado da Secretaria de Estado”, explica a Santa Sé.

A decisão do Papa resulta da investigação da operação financeira da venda de um prédio em Londres, pelo qual alguns funcionários do secretário de Estado foram suspensos dos seus empregos, incluindo Tommaso Di Ruzza, director da Autoridade de Informação Financeira (AIF), órgão instituído para a luta contra a lavagem de dinheiro. A carta de Francisco é anterior à demissão pelo Papa do substituto da Secretaria de Estado (2011-2018) e prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, Angelo Becciu, que teve de renunciar aos direitos de cardeal, depois de se envolver neste escândalo.

O Papa Francisco reestrutura também a unidade de combate ao branqueamento de capitais da Santa Sé, entidade que controla as movimentações financeiras do Vaticano que passa a chamar-se Autoridade de Supervisão e Informação Financeira (ASIF) e a ser presidida por um antigo funcionário do banco central italiano, na sequência de vários escândalos, incluindo uma investigação interna de corrupção em curso, como afirmaram funcionários do Vaticano.

O presidente da nova autoridade, Carmelo Barbagallo, um antigo funcionário do banco central italiano disse que as alterações ordenadas por Francisco sob a forma de um novo estatuto iriam reforçar as responsabilidades de supervisão financeira da entidade. As actividades da ASIF passam a ser divididas em três unidades: vigilância, regras e assuntos jurídicos e informação financeira. As suas funções incluem “supervisão destinada à prevenção e combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento do terrorismo”, de acordo com o novo estatuto. Ao assinar o estatuto, o Papa Francisco anunciou as “implementações progressivas dos gabinetes de supervisão em matéria de luta contra o branqueamento, combate ao terrorismo e proliferação das armas de destruição maciça” da Santa Sé.

Os escândalos financeiros têm perseguido o Vaticano durante décadas, sendo o mais recente o negócio imobiliário em Londres envolvendo um investimento de 350 milhões de dólares do Vaticano.

Como eu disse logo de princípio "uma Igreja Institucional deixa de cumprir a sua verdadeira missão para ser mais uma Corporação virada para o lucro, para o negócio e interesses materiais deixando para último plano os assuntos do espírito e dos fiéis carentes que procuram uma igreja que ponha a religião em destaque e cumpra os mandamentos de Deus, muito bem explícitos na Bíblia Sagrada".



O Papa Francisco considera que a Igreja é e continua forte apesar de a corrupção ser um problema profundo e revela numa entrevista que sobre este tema recolheu os testemunhos de Bento XVI, continuando o seu trabalho.

A Igreja é e continua forte, mas o tema da corrupção é um problema profundo, que se perdeu ao longo dos séculos. No início do meu pontificado fui ver Bento XVI e enquanto me passava as ordens deu-me uma grande caixa:" tudo isto - disse ele - são os actos com as situações mais difíceis, cheguei até aqui, intervim nesta situação, afastei essas pessoas e agora ... depende de você", afirmou o Papa à agência noticiosa italiana Adnkronos.

“Não fiz nada além de recolher os testemunhos do Papa Bento XVI e continuar o seu trabalho”, sublinhou.

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