A PROPOSTA DE
JESUS
Nós ainda vivemos num mundo onde a
palavra tem o seu maior poder. Na antiguidade, quando ainda não havia os meios
de comunicação (rádio, imprensa, TV)
principalmente informáticos (internet),
como hoje, a máxima expressão desse poder era nas reuniões, nas praças e átrios
das igrejas. Daí saíram as grandes cruzadas, quase que vivas, para espalhar os
Evangelhos pelos quatro cantos do mundo.
O problema era esse fervor fanático
na crença de que todos aqueles que não fossem convertidos, pela força se
necessário, seriam sumariamente excluídos da salvação. Por este
"dogma", o propósito maior seria o controlo e formatação dos seus
seguidores. E como seria de esperar, cometeram-se grandes exageros e mortes
desnecessárias.
Jesus, muito longe desta forma
agressiva de abordagem, nunca mencionou a institucionalização de religião.
Antes pelo contrário. Jesus atacou
sempre as formas dominantes eclesiásticas do seu tempo, acabando por ser
considerado como um "herege" a ponto de ser levado à morte por crucificação
pelos "sacerdotes" da época.
Jesus apregoou sempre uma mudança
de mentalidade, a conversão de toda a forma de hipocrisia, egoísmo e autoridade
em virtudes e qualidades. Usou o poder da sua linguagem para libertar as
pessoas e não para aprisiona-las nas garras da religiosidade fanática e dos
interesses do corpo eclesiástico. Jesus pregou a comunhão "directa"
com o Pai sem traumas e sem culpas.
Infelizmente, o que chegou até nós
como "igreja" foi apenas um organismo institucionalizado, cheio de
hierarquias, dogmas, campanhas, estratégias, lideranças, utilizando uma
linguagem opressora onde aquele que pensa de modo diferente já não pode
compartilhar da mesa daquele que nos chamou para a grande comunhão do amor.
Este tipo de pregação tem como objectivo "amolecer" os fiéis,
fazendo-os reconhecer que é "pecador", diferente, e de que precisa da
intermediação da "igreja" para poder ser perdoado e de beneficiar da
comunhão maior com Deus.
A mensagem do Evangelho oferece-nos
um convite à Vida, ao contrário da mensagem do Antigo Testamento que nos coloca
nas costas um jugo pesado fundamentado na Lei (Lei dos Homens). Noventa por cento das igrejas actuais seguem a
cartilha do Antigo Testamento, com campanhas baseadas na violência,
exemplificada nas histórias de Sansão, Gideão, David, Moisés, e,
principalmente, um Deus ciumento, rancoroso e irado, ficando de fora o
Evangelho da Vida, o único lugar de Jesus, e os profetas banidos e expulsos.
É a verdade. Pregando o Antigo
Testamento, as lideranças eclesiásticas sentem-se poderosas, com autoridade
sobre os fiéis, centralizando todo o evento espiritual no "templo",
batendo metas de conversões que na verdade são formatações, como verdadeiros
clones, que geram "prosperidade" ao templo e ao sacerdócio, enquanto a
maioria dos fiéis … até passam fome para os sustentar.
A
Igreja institucional criou o "negócio" das indulgências". Desde
que o pior assassino (pecador) pagasse era absolvido.
A proposta de Jesus é totalmente
contrária. Jesus desloca a actividade e servidão do templo para uma comunhão
interior, (Que há de comum entre o templo de Deus e
os ídolos? Ora, nós somos o templo do Deus vivo, como disse o próprio Deus.
"Habitareis no meio deles e com eles caminharei, serei o seu Deus e eles
serão o meu Povo"). (2Coríntios
6:16), que nos conduz a uma vida plena.
A proposta de Jesus é clara: Viva e deixe viver.
Quando amar verdadeiramente o próximo não há religião que o separe dessa
comunhão. Nós não estamos na Terra para sermos juízes. É hora de deixarmos de
lado todas essas estratégias "satânicas" de convencimento à
conversão, pois não precisamos de elaborar estratégias para convencer as
pessoas e não estar sempre a julga-las por fumarem, beberem ou praticarem
outros "pecados", pois Deus conhece o coração de todos (e não nós), e devem passar a ser o
"próximo", aquele que está ao lado para ajudar, amar, e não para
"condenar". Devemos construir pontes, e não muros. Devemos conviver
harmoniosamente com todos, independentemente da religião, nível cultural,
social, racial ou qualquer outra diferença. "Se
for possível, no que depende de vós, vivei em paz com todos". (Romanos 12:18).
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