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sábado, 20 de junho de 2020


A PROPOSTA DE JESUS


Nós ainda vivemos num mundo onde a palavra tem o seu maior poder. Na antiguidade, quando ainda não havia os meios de comunicação (rádio, imprensa, TV) principalmente informáticos (internet), como hoje, a máxima expressão desse poder era nas reuniões, nas praças e átrios das igrejas. Daí saíram as grandes cruzadas, quase que vivas, para espalhar os Evangelhos pelos quatro cantos do mundo.

O problema era esse fervor fanático na crença de que todos aqueles que não fossem convertidos, pela força se necessário, seriam sumariamente excluídos da salvação. Por este "dogma", o propósito maior seria o controlo e formatação dos seus seguidores. E como seria de esperar, cometeram-se grandes exageros e mortes desnecessárias.

Jesus, muito longe desta forma agressiva de abordagem, nunca mencionou a institucionalização de religião. Antes pelo contrário. Jesus atacou sempre as formas dominantes eclesiásticas do seu tempo, acabando por ser considerado como um "herege" a ponto de ser levado à morte por crucificação pelos "sacerdotes" da época.

Jesus apregoou sempre uma mudança de mentalidade, a conversão de toda a forma de hipocrisia, egoísmo e autoridade em virtudes e qualidades. Usou o poder da sua linguagem para libertar as pessoas e não para aprisiona-las nas garras da religiosidade fanática e dos interesses do corpo eclesiástico. Jesus pregou a comunhão "directa" com o Pai sem traumas e sem culpas.



Infelizmente, o que chegou até nós como "igreja" foi apenas um organismo institucionalizado, cheio de hierarquias, dogmas, campanhas, estratégias, lideranças, utilizando uma linguagem opressora onde aquele que pensa de modo diferente já não pode compartilhar da mesa daquele que nos chamou para a grande comunhão do amor. Este tipo de pregação tem como objectivo "amolecer" os fiéis, fazendo-os reconhecer que é "pecador", diferente, e de que precisa da intermediação da "igreja" para poder ser perdoado e de beneficiar da comunhão maior com Deus.

A mensagem do Evangelho oferece-nos um convite à Vida, ao contrário da mensagem do Antigo Testamento que nos coloca nas costas um jugo pesado fundamentado na Lei (Lei dos Homens). Noventa por cento das igrejas actuais seguem a cartilha do Antigo Testamento, com campanhas baseadas na violência, exemplificada nas histórias de Sansão, Gideão, David, Moisés, e, principalmente, um Deus ciumento, rancoroso e irado, ficando de fora o Evangelho da Vida, o único lugar de Jesus, e os profetas banidos e expulsos.

É a verdade. Pregando o Antigo Testamento, as lideranças eclesiásticas sentem-se poderosas, com autoridade sobre os fiéis, centralizando todo o evento espiritual no "templo", batendo metas de conversões que na verdade são formatações, como verdadeiros clones, que geram "prosperidade" ao templo e ao sacerdócio, enquanto a maioria dos fiéis … até passam fome para os sustentar.




A Igreja institucional criou o "negócio" das indulgências". Desde que o pior assassino (pecador) pagasse era absolvido.

A proposta de Jesus é totalmente contrária. Jesus desloca a actividade e servidão do templo para uma comunhão interior, (Que há de comum entre o templo de Deus e os ídolos? Ora, nós somos o templo do Deus vivo, como disse o próprio Deus. "Habitareis no meio deles e com eles caminharei, serei o seu Deus e eles serão o meu Povo"). (2Coríntios 6:16), que nos conduz a uma vida plena.

A proposta de Jesus é clara: Viva e deixe viver. Quando amar verdadeiramente o próximo não há religião que o separe dessa comunhão. Nós não estamos na Terra para sermos juízes. É hora de deixarmos de lado todas essas estratégias "satânicas" de convencimento à conversão, pois não precisamos de elaborar estratégias para convencer as pessoas e não estar sempre a julga-las por fumarem, beberem ou praticarem outros "pecados", pois Deus conhece o coração de todos (e não nós), e devem passar a ser o "próximo", aquele que está ao lado para ajudar, amar, e não para "condenar". Devemos construir pontes, e não muros. Devemos conviver harmoniosamente com todos, independentemente da religião, nível cultural, social, racial ou qualquer outra diferença. "Se for possível, no que depende de vós, vivei em paz com todos". (Romanos 12:18).



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