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terça-feira, 12 de novembro de 2019


A VIOLÊNCIA E O MEDO DA MORTE

O nascimento de qualquer ser vivente (incluindo o hominídeo) deu-se com a centelha do Espírito Universal, obedecendo ao “Plano” preparado durante tempos sem conta, no momento em que “o Verbo se fez Carne”. https://www.gotquestions.org/Portugues/Verbo-se-fez-carne.html

Desde então tudo se passa num plano de angélica pureza, até ao “segundo nascimento” (modelação do Homo Sapiens a partir do hominídeo primitivo), com o aparecimento do primeiro Homem (Adão) que “conheceu” EVA (Teve relações sexuais com ela) e rompe com a inocência e desencadeia a crise que se vem prolongando enquanto “houver tempo”, manifestando-se sob a forma de violência.

Todos os registos conhecidos falam no mesmo impulso da humanidade para a violência. O Antigo Testamento está cheio de imagens de grande violência legítima e outra que se considerava proibida. Na óptica bíblica, Javé, o Deus da paz é também o Deus da guerra. As guerras nacionais são guerras de Javé dos Exércitos.

  
A violência que protege Caim pode chamar-se violência instituída. A que saboreia Lamec (uma vingança) de violência proibida. Segundo o Génesis, Deus disse: “se alguém matar Caim será vingado 7 vezes”. Surge, deste modo, a protecção da Lei pela violência. Caim é culpado porque matou Abel, embora seja protegido pelo sinal, que é a marca de violência ordenada. A violência de Lamec (Génesis 4:23) a vingança não será de 7 mas 77 vezes. É a violência desenfreada, sedenta, orgulhosa, a violência da susceptibilidade mais do que a da honra, o excesso da força que não tem acima de si nada mais do que o poder.

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Deus instituiu na Terra um certo número de relações em que não se trata de desarmar a violência pela generosidade, mas de constranger a maldade pela violência. Em Romanos 12 e 14-16 fala-se das relações que envolvem Amor. Em Romanos 13 fala-se das que se realizam com recurso a obrigações que constrangem e submetem.

Certas instituições podiam, então, ser reconhecidas como queridas de Deus.

Lutero disse uma vez: “Louvar-me-ei a mim mesmo dizendo que nenhum homem da história da Igreja pronunciou tanto como eu o elogio da autoridade temporal e militar”. Baseava-se em João Baptista, que não pediu aos soldados que renunciassem ao seu ofício, mas que se contentassem com o soldo que lhes era dado. E prossegue chamando à guerra uma “obra de amor”, se se tratar de “intervenção cirúrgica necessária para purificar o corpo”.

Esta justificação teológica da acção da violência é uma porta aberta para todo o tipo acções sanguinárias e de conquista. Ao longo da história vêem-se largos exemplos de erros cruéis. A violência era, no passado, considerada fruto da degenerescência do Homem por causa do pecado. O Homem antigo purificava a Alma para atingir a paz eterna ou, então, santificava a violência em nome da sua verdade. Ainda hoje é normal a bênção das Instituições religiosas para as forças armadas que vão para a guerra, tanto de um lado como do outro do conflito. Talvez para testarem de que lado está Deus.

Na Bíblia o apelo à liberdade prevalece sobre a submissão. Javé, o Libertador, salva o “Povo Eleito” da escravatura do Egipto. O Deus de Israel constitui-se em autoridade soberana para que o povo deixe de viver na submissão e seja livre. No Antigo Testamento interpreta-se que Javé quer uma sociedade de iguais, fraterna e livre (em minha opinião, o método utilizado, com a chacina e submissão de outros povos, qualquer que seja a sua doutrina, não conduz ao ideal de uma sociedade universal fraterna e livre. O resultado foi as chacinas perpetradas pela Inquisição Católica e o fanatismo Islâmico. Só para eles, o Povo Escolhido” é que este método resultou).

Jesus, porém, consuma este desígnio para TODOS os humanos. Obedecendo à autoridade humana, nega dialecticamente toda a escravidão e dirige aos homens o apelo mais radical para a liberdade e fraternidade. “Cristo libertou-nos para que sejamos verdadeiramente livres. Portanto, permanecei firmes e não vos submetais de novo ao jugo da escravidão”. (Gálatas 5:1).

A heresia é o terreno onde germina e cresce a verdade justa. Tal verdade imposta pelos argumentos que a História conhece, definida em clima de polémica confina de muito perto com o erro. E todo o erro, por maior que seja, comporta sempre uma parcela de verdade. Por isso a “verdade” definida em espírito de polémica (a maioria) torna-se meia-verdade. O que ela afirma é exacto, mas o que silencia é exacto também. E sendo a meia-verdade um meio-erro, não se compreende por que os Homens vivam encarniçados na defesa das SUAS verdades e pontos de vista, gerando violência, às vezes bem dissimuladas.

A Bíblia incita-nos a ser o fermento do progresso, mas induz-nos a fazê-lo transformando a autoridade em serviço, e serviço prestado à humanidade. A autoridade como poder é que gera a violência e totalitarismo. Transforma-se em dirigismo e exige a submissão porque escamoteia a investigação da verdade. Devemos procurar a verdade dinamicamente, sem mestres nem “polícias” doutrinais. Na nossa sociedade (muitos não sabem, ou ignoram) quem tiver a maior oportunidade para fazer o bem é o mais feliz. Não devemos alimentar a ambição, que vive paredes meias com a violência. Devemos esforçar-nos para despertar a consciência para a real finalidade da vida que é, de facto, a obtenção de conhecimentos que nos hão-de elevar a níveis divinos.

E para terminar, concentremo-nos agora na continuidade da vida, o objectivo que o ser humano deseja mas perde-se na violência e guerras fratricidas. A guerra é um flagelo, não só para os que estão no terreno a matar e a morrer, como para os muitos outros que receiam e temem, porque não querem perder a vida.

As máquinas que deviam ser concebidas e fabricadas para o alívio e bem-estar das pessoas, são antes adaptadas e empregadas para a destruição e morte. Este quadro enche de pavor, sobretudo aqueles que supõem que só existe a justiça (ou injustiça) dos homens e que, com a destruição do Corpo Físico, termina a vida e se extingue a consciência (Alma).

É curioso observar que a grande maioria dos “crentes” das diversas religiões, em circunstâncias críticas, comportam-se de maneira idêntica aos que não têm qualquer crença. Têm os mesmos receios, as mesmas inquietações no que respeita à ideia da morte, e a mesma falta de esperança quanto ao restabelecimento da justiça entre os Homens. Seria natural que o facto de acreditarem na existência e imortalidade da Alma os dotasse de coragem para enfrentarem o problema da morte com mais serenidade. Não é assim porque a sua crença é simplesmente superficial. A sua atitude em relação ao corpo inerte, abandonado pelo espírito, as honras fúnebres, o culto que lhe consagra, mostra que a sua crença se limita, verdadeiramente, ao Corpo Físico material e visível, ou pouco mais. Se o espírito se mantem, e a sua consciência na plenitude, na crença de muita gente é coisa que não vale a pena pensar. Apesar desses pseudo-crentes, que infelizmente formam a maioria, há os crentes autênticos que podem ser membros de qualquer escola de pensamento ou religião.

Para estes, a morte não é o problema máximo da existência. O espírito é para eles a máxima realidade. O corpo não passa de um veículo do espírito, criado para este poder evoluir no mundo material. O objectivo principal da evolução neste mundo é o Homem (Alma = Mente + espírito) aprender a dominar e manipular a matéria.

A imortalidade e indestrutibilidade do espírito é um facto que a razão reconhece e aceita. A morte é uma mutação da consciência (Alma) que abandona o corpo físico para um plano espiritual ou suprafísico. Não há, portanto, morte no sentido de aniquilamento da Vida. Há, sim, uma passagem para outro plano dimensional superior (mundo astral) para continuar o processo evolutivo.

Quando o “destino”, ou circunstâncias alheias à nossa vontade dão por finda a existência terrestre, devemos aceitar, como sinal de que a tarefa marcada para esta Vida está pronta e que nos cabe usufruir em seguida uma existência menos dura, menos limitada no tempo, por outros planos evolutivos cada vez menos densos até chegarmos ao mundo do espírito puro onde a maior parte funde a sua individualidade com a centelha do Espírito Universal que o acompanhou por toda a jornada. Digo a “maior parte”, porque alguns não conseguem a fusão, ou porque fracassaram em alguma coisa, ou porque estava predestinado ser assim. Esses terão novas missões nos universos que estão constantemente em formação.

Como os cientistas já verificaram o Universo está a expandir-se, e até já descobriram uma área desocupada que está a ser “povoada” por objectos celestes e, quem sabe, novos mundos para suportarem novas formas de vida.

Recentemente foi publicado um estudo na revista científica Monthly Notices of the Royal Astronomic Society  revelando a descoberta dessa área, como um buraco gigante: um espaço no universo que está invulgarmente vazio. Esse espaço tem mais de 1.8 mil milhões de anos-luz de um lado ao outro e, de acordo com o cientista que liderou a investigação para o compreender, poderá ser "a maior estrutura individual alguma vez identificada pela humanidade". Esse espaço vazio tem lugar para milhões de Galáxias. Isto no espaço que o Homem conseguiu alcançar com a tecnologia actual. Portanto, espaço para criar mais universos.

No mapa da radiação cósmica que restou após a formação do Universo é possível ver a Mancha Fria, com temperaturas invulgarmente baixas, assinalada pelo círculo. Fotografia © ESA Planck Collaboration.

Numa experiência espiritual em que o Apóstolo Paulo contemplou a transcendência divina, que nenhuma palavra humana jamais poderá descrever, ou seja, na sua segunda epístola aos Coríntios (12:2,3,4) diz: "Conheço um homem em Cristo que há catorze anos foi arrebatado ao terceiro céu. Se estava em seu corpo, não sei; se fora do corpo, não sei; Deus o sabe. Sei apenas que esse homem – se no corpo ou fora do corpo não sei; Deus o sabe! – foi arrebatado até ao paraíso e ouviu palavras inefáveis, que não são permitidas ao homem repetir". Naquele tempo só lhe foi permitido saber da existência de três Céus, portanto a existência do primeiro Céu, ou mundo astral na fronteira do mundo material e o mundo espiritual que é considerado como semi-material ou semi-espiritual, porque permite o acesso, em sonhos ou em vigília, dos seres humanos. É o mundo da quarta, e quinta, dimensão, onde não há doenças nem os problemas que o Homem enfrenta na Terceira Dimensão essencialmente material. (S. Paulo chamou-lhe terceiro céu porque deve ter considerado o firmamento visível como o primeiro céu, e o mundo celestial - muito próximo dos profetas - onde estão os anjos protectores, invisível, como o segundo céu).

(Sem adopção às regras do acordo ortográfico de 1990).

R.

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