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sexta-feira, 29 de novembro de 2019


DRAGÕES NEOLIBERAIS E DELÍRIOS À ROBOCOP

 
Sexta-feira, 27 de Abril de 2012

 

 



Uma história do mundo BRIC a BRIC

 

Goldman Sachs – na pessoa do economista Jim O’Neill – inventou o conceito de um novo bloco nascente no planeta: os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul). Os mais cínicos imediatamente traduziram a sigla BRIC como “Bloody Ridiculous Investment Concept” - aprox. “Conceito de Investimento MUITO Ridículo”.

 




Nada tinha de ridículo. O mesmo Goldman estima que, em 2050, os países BRICS serão responsáveis por quase 40% do Produto Interno Bruto (PIB) global, e lá estarão reunidas quatro das cinco maiores economias mundiais.

De facto, a sigla terá de ser expandida para incluir a Turquia, Indonésia, Coreia do Sul e, sim, sim, também o Irão nuclear. Talvez BRIIICTSS? Apesar de todos os problemas de nação que vive com a economia sitiada, o Irão também vai abrindo caminho no grupo N-11, outro conceito prospectivo já circulante. (N-11, ‘Next-11’ - ‘Próximos’-11- são as 11 economias que se estima que se tornarão emergentes num futuro próximo.)


A pergunta de multitriliões de dólares continua no ar: a emergência dos BRICS é sinal de que realmente entramos num novo mundo multipolar?

Paul Kennedy, historiador de Yale, especialista (famoso pela “super extensão imperial das Grandes Potências”) está convencido de que ou estamos bem próximos de atravessar ou já atravessamos uma “catarata histórica” que nos levou até bem além do mundo unipolar pós-Guerra Fria da “única superpotência”. Há, diz Kennedy, quatro razões para isso: a lenta erosão do dólar norte-americano (antes, 85% das reservas globais, hoje, menos de 60%), a “paralisia do projeto europeu”, a ascensão da Ásia (o fim de 500 anos de hegemonia ocidental), e a decrepitude da ONU.


O Grupo dos Oito (G-8) já é cada dia mais irrelevante. O G-20, no qual se incluem os BRICS, podem ainda vir a revelar-se importantíssimos. Mas há muito a fazer para cruzar a tal “catarata histórica”, além de simplesmente deixar-se sugar inapelavelmente para dentro de grupos: é preciso reformar o Conselho de Segurança da ONU e, sobretudo, é preciso reformar o sistema de Bretton Woods (O sistema financeiro que surgiria de Bretton Woods, no final da Segunda Guerra Mundial, seria amplamente favorável aos Estados Unidos, que dali em diante teria o controle de facto de boa parte da economia mundial bem como de todo o seu sistema de distribuição de capitais. Os Estados Unidos finalmente tomavam as rédeas das finanças mundiais), com especial atenção a duas de suas instituições cruciais: o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial.

 


Por outro lado, é possível que o jeito do mundo seja mesmo o vai-que-vai queira-ou-não-queira. Afinal, como superpotências emergentes, os BRICS têm uma tonelada de problemas. Sim, só nos últimos sete anos, o Brasil acrescentou 40 milhões de pessoas ao mercado de consumo de classe média; até 2016, terão sido investidos outros 900 mil milhões de dólares – mais de 1/3 do PIB – em energia e infra-estruturas, e o Brasil não está tão exposto quantos os outros países BRICS ao imponderável comércio mundial, dado que as exportações não passam de 11% do PIB, menos, até, que nos EUA.


Apesar de tudo isso, há problemas-chave que não mudam: falta de melhor administração, para nem falar no pântano da corrupção. Os jovens neo-endinheirados brasileiros não dão qualquer sinal de serem menos corruptos que as velhas e arrogantes elites de compradores que governavam o país.

Na Índia, a opção parece estar entre o caos administrável e caos não administrável. A corrupção entre a elite política do país faria Shiva corar de orgulho. Abuso do poder estatal, controle nepotista sobre os contratos relacionados à infraestrutura, saque desabrido de recursos minerais, escândalos em grandes negócios imobiliários envolvendo património público – de tudo há muito, mesmo que a Índia não seja um Paquistão hindu. Não, pelo menos, até agora.

Desde 1991, “reforma” na Índia só significa uma coisa: comércio desenfreado e afastar o estado, da economia. Não surpreende pois que nada se faça para reformar as instituições públicas que são, elas mesmas, um escândalo. Administração pública eficiente? Nem pensar! Em resumo, a Índia é um motor económico caótico e, em certo sentido, ainda não é sequer potência emergente; muito menos é superpotência.


 

A Rússia, também, ainda tenta encontrar a poção mágica, inclusive uma política de estado capaz de explorar a abundante riqueza dos recursos naturais, o território/espaço extraordinários e o impressionante talento social que lá se acumulou. A Rússia tem de modernizar-se rapidamente; excepto em Moscovo e São Petersburgo, no resto do país prevalece um relativo atraso social. Os líderes russos ainda não se sentem confortáveis com a China na vizinhança (conscientes de que em qualquer aliança sino-russa, a Rússia será sempre o primo visivelmente mais pobre); e tampouco confiam em Washington. Estão ansiosos com a depopulação dos territórios orientais e preocupados com a alienação religiosa das suas populações muçulmanas.




E eis que entra em cena novamente o Putinactor-presidente, com a sua fórmula mágica para a modernização: uma parceria estratégica Alemanha-Rússia que beneficiará a elite do poder/oligarquia dos negócios, mas não, necessariamente, a maioria dos russos.

Dead in the Woods (Morto no bosque)

O sistema Bretton Woods, criado depois da II Guerra Mundial, já está oficialmente morto, é totalmente ilegítimo, mas... O que os BRICS planeiam fazer em relação a ele?


Na reunião em Nova Díli no final de Março, trabalharam para criar um banco de desenvolvimento dos BRICS que possa investir em infraestrutura e garantir-lhes crédito para enfrentar as crises financeiras que surjam no percurso. Os BRICS sabem perfeitamente bem que Washington e a União Europeia (UE) de modo algum aliviarão o controlo que exercem através do FMI e do Banco Mundial. Apesar de tudo, o comércio entre esses países alcançará os impressionantes 500 mil milhões de dólares em 2015, quase todo nas suas próprias moedas.

 



Mas a coesão entre os BRICS, ou, no mínimo, a coesão que exista, centra-se principalmente na frustração, que todos partilham, com a especulação financeira à moda dos Mestres do Universo, que por um triz não jogou pelo penhasco a economia global, em 2008. Sim, os BRICS também mostram notável convergência de políticas e opiniões no que tenha a ver com o Irão, com um Médio Oriente desabrochado em primavera árabe e com o norte da África. No momento, o problema-chave que os BRICS enfrentam é o seguinte: não têm qualquer alternativa ideológica ou institucional ao neoliberalismo nem ao reinado da finança global.

Como Vijay Prashad observou, o Norte Global fez tudo para impedir qualquer discussão séria sobre como reformar o casino financeiro global. Não por acaso, o presidente do G-77, grupo de nações em desenvolvimento (de facto, já é G-132), o embaixador tailandês Pisnau Chanvitan, alertou contra “comportamento que parece indicar um desejo de ver nascer um novo neocolonialismo.”


Mas as coisas acontecem, mesmo assim, é à moda-diabo. A China, por exemplo, continua a promover informalmente o yuan como moeda globalizante, se não global. Já comercia em yuan com a Rússia e a Austrália, para nem falar de América Latina e Médio Oriente. Cada vez mais, os BRICS apostam no yuan como alternativa monetária a um dólar norte-americano desvalorizado.
 


O Japão usa ambas as moedas, iene e yuan, no comércio bilateral com os vizinhos asiáticos gigantes. O facto é que já está em formação uma zona asiática não reconhecida de livre comércio, com a China, Japão e Coreia do Sul já a bordo.

O que virá, ainda que inclua futuro brilhante para os BRICS, será sem dúvida muito confuso. Praticamente, quase tudo é possível: de outra Grande Recessão nos EUA à estagnação na Europa ou, até, o colapso da eurozona; incluindo BRICS mais lentos, tempestades no mercado monetário, colapso das instituições financeiras e quebra global.

E por falar em confusão, não se pode esquecer o que disse Dick Cheney, quando ainda era presidente da Halliburton, no Instituto do Petróleo em Londres, em 1999:
“O Médio Oriente, com dois terços do petróleo do mundo e custo mais baixo, ainda é, em todos os casos, onde está o prémio.” Não surpreende que, ao chegar ao poder como vice-presidente em 2001, a sua primeira providência tenha sido ordenar a “libertação” do petróleo iraquiano. Claro. Todos sabem como o negócio acabou.

Hoje (governo diferente, mas idêntica linha de trabalho), é embargo-de-petróleo-com-guerra-económica contra o Irão. A liderança em Pequim vê o psicodrama “Washington contra o Irão” como golpe, puro e simples, para mudança de regime, sem nenhuma relação com armas atómicas. Aí também, mais uma vez, o vencedor do imbróglio do Irão é a China. Com o sistema bancário iraniano em crise, e o embargo norte-americano a infernizar a vida económica naquele país, Pequim pode, literalmente, ditar os termos, na compra de petróleo iraniano.


Os chineses estão a ampliar a frota iraniana de navios-petroleiros, negócio de mais de mil milhões de dólares, e outro gigante-BRIC, a Índia, já está a comprar, até, mais petróleo do Irão, que a China. Mas Washington não aplicará sanções aos países BRICS porque, nestes tempos, economicamente falando, os EUA precisam mais dos BRICS, do que os BRICS, dos EUA.

O mundo visto por olhos chineses

O que nos traz de volta ao dragão na sala: a China.

Qual é a obsessão radical dos chineses? Estabilidade, estabilidade, estabilidade.

A autoapresentação usual do sistema por lá, em termos de “socialismo com características chinesas” é, evidentemente, mais mítica que as Górgonas. De facto, a coisa está mais para neoliberalismo linha-dura com características chinesas, comandado por homens determinados a salvar o capitalismo global.

Actualmente, a China está presa no meio de um movimento estrutural, tectónico, de transição, de um modelo de exportação/investimentos, para um modelo puxado por serviços/consumidores. Em termos do explosivo crescimento económico, as últimas décadas foram quase inimagináveis para muitos chineses (e o resto do mundo), mas, segundo o Financial Times, puseram o 1% mais rico do país no controle de 40-60% de toda a riqueza doméstica. Como encontrar meio para superar tamanho, tão aterrador, dano colateral? Como conseguir que um sistema que tem embutido tantos e tais problemas funcione para 1,3 mil milhões de pessoas?

É onde entra em cena a “estabilidade-mania”. Em 2007, o primeiro-ministro Wen Jiabao alertava que a economia chinesa poderia tornar-se “não estável, não equilibrada, não coordenada e não sustentável”. Os famosos “Quatro Nãos”.

Hoje, a liderança coletiva, incluído o próximo primeiro-ministro Li Leqiang, está a dar um tenso passo adiante, expurgando a “instabilidade” do léxico do Partido. Para todas as finalidades práticas, a próxima fase no desenvolvimento chinês já está em andamento.


Será espectáculo digno de se observar nos anos próximos.

Como os ‘príncipes coroados’ nominalmente “comunistas” – os filhos e filhas dos principais líderes revolucionários do partido, todos imensamente ricos, graças, em parte, a arranjos amigáveis com corporações ocidentais, além de propinas, alianças com gângsteres, todas aquelas “concessões” a quem der mais e às ligações com a oligarquia capitalista crônica ocidental – levarão a China além das “Quatro Modernizações”? Sobretudo, com toda aquela fabulosa riqueza a saquear.

O governo Obama, manifestando a própria ansiedade, respondeu à visível emergência da China como potência a ser reconhecida, com um “pivô estratégico” – das desastradas guerras no Médio Oriente Expandido, à Ásia. O Pentágono gosta de chamar a isso de “reequilibração” (por mais que as coisas andem super desequilibradas e até pior que isso, para os EUA, no Médio Oriente).

Antes do 11/9, o governo Bush focara-se na China como o seu futuro inimigo global número 1. Então, o 11/9 redirecionou as coisas para o que o Pentágono chamou de “o arco de instabilidade”, o coração petrolífero do planeta, que vai do Médio Oriente à Ásia Central. Dado que Washington estava distraída, Pequim calculou que gozaria da vantagem de uma janela de praticamente duas décadas, quando a pressão estaria aliviada. Nesses anos, poderia concentrar-se numa versão hiperveloz de desenvolvimento interno, enquanto os EUA desperdiçariam montanhas de dinheiro naquela tresloucada “Guerra Global ao Terror”.


12 anos depois, a tal janela é fechada com uma batida, quando, da Índia, Austrália, Filipinas à Coreia do Sul e Japão, os EUA declaram-se de volta ao business da hegemonia na Ásia. Qualquer dúvida de que essa seria a nova trilha dos EUA foi dissipada pela secretária de Estado Hillary Clinton, em manifesto publicado em novembro de 2011 na revista Foreign Policy, sob o título nada subtil de “America’s Pacific Century”. (E falava deste século, não do século passado!)




O mantra dos EUA não muda: “segurança dos EUA” e, por definição, aconteça o que acontecer no planeta. Seja no Golfo Pérsico rico em petróleo, onde Washington “ajuda” os aliados Israel e Arábia Saudita, porque se sentem ameaçados pelo Irão, seja na Ásia onde ajuda semelhante é oferecida a corpo sempre crescente de países que dizem sentir-se ameaçados pela China, tudo é feito, sempre, em nome da segurança dos EUA. Num caso e noutro, em absolutamente todos os casos, essa ideia sobrepuja qualquer outra.


Como resultado, se há uma Muralha de Suspeitas de 33 anos a separar EUA e Irão, há hoje, a crescer, uma Grande Muralha de Suspeitas entre EUA e China. Recentemente, Wang Jisi, deão da Escola de Estudos Internacionais da Universidade de Pequim e um dos principais analistas chineses de estratégia, expôs a visão da liderança em Pequim sobre o tal “Pacific Century”, em artigo importante, em que figura como coautor.

A China, dizem os dois autores, espera agora ser tratada como potência de primeira classe. Afinal de contas, “navegou em segurança (...) pela crise financeira global de 1997-98”, provocada, aos olhos de Pequim, por “deficiências profundas na economia e na política dos EUA. A China ultrapassou o Japão como segunda economia mundial e parece ser também a n. 2 na política mundial. (...) Os líderes chineses não creditam esses sucessos aos EUA ou à ordem mundial liderada pelos EUA.”

Os EUA, Wang acrescenta,
“são vistos na China em geral como potência declinante no longo prazo (...). É hoje questão de quantos anos, já não de quantas décadas, até que a China ultrapasse os EUA como a maior economia do mundo (...) e parte de uma nova estrutura emergente” (leia-se: os BRICS.)

Em resumo, como Wang e o seu co-autor pintam o quadro, os chineses influentes veem o modelo de desenvolvimento de seu país como “uma alternativa à democracia e como experiência da qual outros países em desenvolvimento podem aprender, ao passo que tantos países em desenvolvimento que introduziram valores e sistemas políticos ocidentais conhecem hoje a desordem e o caos”.

Quer dizer: os chineses veem um mundo no qual os EUA no ocaso ainda anseiam pela hegemonia global e ainda têm energia para bloquear potências emergentes – a China e os outros BRICS – e impedir que alcancem o seu destino de século 21.




O sonho eurasiano molhado do Dr. Zbig

Ora, e como a elite política norte-americana vê esse mesmo mundo? Pode-se dizer que ninguém está mais bem qualificado para discutir esse tema que o ex-conselheiro de segurança nacional, facilitador do oleoduto BTC e, por algum tempo, conselheiro fantasma de Obama, Dr. Zbigniew (“Zbig”) Brzezinski. E ele não hesita em atacar a questão no seu livro mais recente, Strategic Vision: America and the Crisis of Global Power.

Se os chineses mantêm o olhar estratégico sobre as outras nações BRICS, o Dr. Zbig permanece fixado no Velho Mundo, configurado para parecer novo. Agora, argumenta que, para que os EUA preservem alguma forma de hegemonia global, devem apostar num “Oriente expandido”. Significaria reforçar os europeus (sobretudo em termos de energia) ao mesmo tempo em que abraça a Turquia, que ele imagina como molde para novas democracias árabes; e engaja a Rússia, politicamente e economicamente, de modo “estrategicamente prudente e sóbrio.”



A Turquia, por falar dela, nada tem de modelar, porque, apesar da Primavera Árabe, não se vê, no futuro perscrutável, nenhuma nova democracia árabe. Mesmo assim, Zbig crê que a Turquia possa ajudar a Europa e, portanto, os EUA, por vias muito mais práticas, a resolver determinados problemas de energia global, facilitando “acesso desimpediu através do Mar Cáspio até o gás e o petróleo da Ásia Central.”

Sob as atuais circunstâncias, porém, isso, também, continua a ser pura fantasia. De facto, a Turquia só poderá ser país de trânsito no grande jogo da energia no tabuleiro eurasiano que há muito tempo chamo de Oleo-gasodutostão (orig. Pipelineistan), se os europeus conseguirem agir em conjunto. Terão de convencer a energeticamente rica e autocrática “república” do Turcomenistão a ignorar a sua poderosa vizinha, a Rússia, para vender à Europa o gás natural de que a Europa carece. E há também outra questão de energia cuja solução parece bem pouco provável atualmente: Washington e Bruxelas terão de superar as sanções e embargos contraproducentes contra o Irão (e os jogos de guerra que vêm no mesmo pacote) e começar a negociar com seriedade com os iranianos.

Pois mesmo assim o Dr. Zbig propõe a ideia de uma Europa em segunda-marcha, como chave para o futuro poder dos EUA sobre o planeta. Visualizem o quadro como versão animada de um cenário no qual a atual eurozona está em semicolapso. Zbig preserva o papel de liderança da burocracia inepta dos gatos gordos de Bruxelas que hoje governam a União Europeia, e apoia uma outra “Europa” (principalmente os países do “Club Med” do sul) fora do euro, com movimentação nominalmente livre de bens e pessoas entre as duas. Ele aposta – e nisso reflete um traço chave do pensamento de Washington – em que uma Europa em segunda-marcha, um Big Mac eurasiano, ainda colado pelo quadril aos EUA, mesmo assim possa ser actor globalmente decisivo para o resto do século 21.


E então, é claro, o Dr. Zbig exibe todas as suas cores de guerreiro da Guerra Fria, louvando uma “estabilidade” norte-americana futura “no Extremo Oriente” inspirada no “papel que a Grã-Bretanha desempenhou no século 19 como equilibradora e estabilizadora da Europa”. Falamos, em outras palavras, sobre o diplomata armado número um deste século. Ele concede, graciosamente, que “uma parceria global ampla EUA-China” seja ainda possível, mas só no caso de Washington conservar significativa presença geopolítica no que chama de “Extremo Oriente” –, “a China aprove ou não”.

A China não aprovará

Em certo sentido, tudo isso é conversa já conhecida, como também grande parte da actual política de Washington. Nesse caso, é, mesmo, versão remix do seu magnum opus de 1997, The Grand Chessboard [O grande tabuleiro de xadrez], no qual mais uma vez certifica que “o vasto continente Transeurasiano é a arena central dos negócios mundiais.” Só que agora a realidade ensinou-lhe que a Eurásia não pode ser conquistada e que a melhor chance dos EUA é tentar trazer a Turquia e a Rússia para o seu lado.

O Robocop é quem manda

De facto, Brzezinski soa benigno, se se compara o que ele diz e o que Hillary Clinton tem dito em pronunciamentos recentes, inclusive o que disse à Conferência cujo nome já dá nó na língua World Affairs Council 2012 NATO Conference (Conferência do Conselho de Negócios Mundiais da OTAN 2012). Ali, como faz regularmente o governo Obama, ela destacou “o duradouro relacionamento da OTAN com o Afeganistão” e elogiou as negociações entre EUA e Kabul, com vistas a “uma parceria estratégica de longo prazo entre as nossas duas nações.”

Tradução: apesar de não conseguirem dar conta nem de uma guerrilha de pashtuns minoritários, e apesar de tentarem há anos, nem o Pentágono nem a OTAN têm qualquer intenção de reequilibrar qualquer de suas possessões no Médio Oriente Expandido. Já a negociar com o governo do presidente Hamid Karzai em Kabul por direitos de permanência até 2024, os EUA estão decididos a manter três grandes bases estratégicas afegãs: Bagram, Shindand (próxima da fronteira com o Irão) e Kandahar (próxima da fronteira com o Paquistão). Só espíritos terminalmente ingénuos considerariam o Pentágono capaz de abandonar voluntariamente esses postos preciosos para monitorizar a Ásia Central e os concorrentes estratégicos Rússia e China.

A OTAN, Clinton acrescentou em tom sinistro,
“expandirá as suas capacidades de defesa para o século 21”, incluindo o sistema de mísseis de defesa que a aliança aprovou na reunião de Lisboa em 2010.

Será fascinante ver o que pode significar a possível eleição do socialista François Hollande à presidência da França. Interessado em uma parceria estratégica mais profunda com os BRICS, Hollande comprometeu-se com o fim do dólar norte-americano como moeda mundial de reserva. A questão é: a vitória de Hollande será como meter um macaco na loja de porcelana dos trabalhos da OTAN, depois dos anos de governo do Grande Libertador da Líbia, esse neonapoleónico criador de cenas Nicolas Sarkozy (para quem a França nada é além de mostarda no steak tartar de Washington).

Não importa o que pensem o Dr. Zbig ou Hillary, muitos países europeus, fartos das aventuras de buraco negro dos dois no Afeganistão e na Líbia, e com o modo como a OTAN agora só serve aos interesses globais dos EUA, apoiam Hollande nesse ponto. Mesmo assim, será batalha montanha acima, dificílima. A derrubada de Muammar Gaddafi e a destruição do regime líbio foi o ponto alto da agenda recente da OTAN no MENA (Middle East-Northern Africa - Médio Oriente -Norte da África). E a OTAN continua a ser o plano B de Washington para o futuro, se a rede de sempre de think tanks, fundos, fundações, dotações, ONGs e mesmo a ONU não conseguir provocar o que bem se pode descrever como “mudança YouTube de regime”.

Em resumo: depois de ir à guerra em três continentes (na Iugoslávia, no Afeganistão e na Líbia), convertendo o Mediterrâneo em virtual lago da OTAN, e patrulhar sem descanso o Mar da Arábia, a OTAN estará, segundo Hillary,
“a apostar na liderança e na força dos EUA, exatamente como fizemos no século 20, também para o século 21 e adiante.” Assim sendo, 21 anos depois do fim da União Soviética – razão de ser original da OTAN –, parece que o mundo acaba assim: não num bang, mas com a OTAN, operando em modo de gemido, fazendo as vezes de Robocop global perpétuo.

Voltamos outra vez ao Dr. Zbig e à ideia dos EUA como “promotor e garantidor de unidade” no ocidente, tanto quanto como “equilibrador e conciliador” no Oriente (razão pela qual precisa de bases militares, do Golfo Persico ao Japão, incluindo as bases no Afeganistão). E ninguém esqueça que o Pentágono jamais desistiu da ideia de alcançar a Dominação de Pleno Espectro.

Ante toda essa potência militar, porém, vale a pena ter em mente que este é caracterizadamente um Novo Mundo (também na América do Norte). Contra armas e barcos armados, contra mísseis e drones, há o poder económico. As guerras de moedas estão ativadas. Rússia e China, países BRICS, têm cordilheiras de dinheiro. A América do Sul está rapidamente a organizar-se em bloco. O Putinator-presidente já ofereceu ou oleoduto à Coreia do Sul. O Irão planeia vender o seu petróleo e gás em troca de uma cesta de moedas, nenhuma das quais será o dólar. A China paga para expandir a sua Marinha mercante e os mísseis terra-mar. Um dia, Tóquio talvez afinal entenda que, enquanto permanecer ocupada por Wall Street e pelo Pentágono, viverá sob recessão perpétua. E até a Austrália pode, eventualmente, não se deixar empurrar para uma guerra comercial contraproducente, contra a China.

Assim, este nosso mundo do século 21 está a tomar o formato, em vasta medida, de um confronto entre EUA/OTAN e os BRICS, com casca e tudo, dos dois lados. Perigo: que em algum ponto da linha a coisa vire Confronto de Pleno Espectro. Porque – e que ninguém se engane –, diferentes de Saddam Hussein ou Muammar Gaddafi, os BRICS sim, podem reagir ao fogo

 

(Tradução minha para português de Portugal, sem adopção às regras do acordo ortográfico de 1990, e sem alterar o sentido do texto original, que poderá ser consultado no site que vem citado abaixo. Apresento aqui uma versão leve com algumas imagens da Net para o texto não ficar tão condensado e ficar ao alcance de todos. Quem estiver interessado em ler o original, basta clicar no link. R)

 

 

segunda-feira, 25 de novembro de 2019


O BIG BANG NÃO FOI O INÍCIO DO UNIVERSO NEM O HOMEM O PRIMEIRO HUMANO NA TERRA

Pensar que o Universo e tudo o que nele existe nasceu no momento do Big Bang é “um dos maiores erros”, segundo o astrofísico e escritor científico Ethan Siegel. ( De facto é astrofísico teórico, licenciado em Física e doutorado em Cosmologia Teórica pela Universidade da Flórida).

O Universo e tudo o que nele existe, nasceu no momento do Big Bang. Esta é uma imagem “atractiva” que explica muito do que vemos. Mas, por azar, também é incorrecta, e os “cientistas já o sabem há quase 40 anos”, sustenta um artigo para a Forbes do astrofísico e escritor científico Ethan Siegel, que qualifica o Big Bang como “um dos maiores equívocos de sempre”.

Segundo recorda Siegel, a ideia original sugere que o universo surgiu de um estado quente e denso e, neste momento, encontra-se em expansão e a esfriar. Se “continuarmos a extrapolar” até ao passado, o universo tornar-se-ia “mais quente, denso e compacto”, até chegar a um momento em que “a densidade e a temperatura se elevam a valores infinitos, onde toda a matéria e energia no universo estão concentradas num único ponto: uma singularidade”.

O autor do artigo sustenta que essa singularidade – onde as leis da física se rompem – também é “o ponto final”, que representa a origem do espaço e do tempo. No entanto, há enigmas que a teoria do Big Bang não consegue explicar, como por exemplo, o facto de o universo ter a mesma temperatura em todos os seus extremos, mesmo que não tenham tido tempo de se comunicar entre si desde o início.

Em 1979, o cientista americano Alan Guth propôs uma alternativa à “singularidade” do Big Bang: a teoria da inflação cósmica, que consistia na existência de uma fase média de expansão exponencial anterior ao Big Bang, e que poderia resolver todos estes problemas. Neste estado cósmico, as flutuações quânticas continuariam a existir, e ao expandir-se no espaço, estender-se-iam pelo universo, criando regiões com densidades de energia ligeiramente superiores ou ligeiramente inferiores da média, explica Siegel.

Quando esta fase do universo chegasse ao fim, essa energia converter-se-ia em matéria e radiação, criando o estado quente e denso, ou seja, o Big Bang.


Para comprovar a ideia, era necessário medir essas flutuações do brilho excedente do Big Bang e encontrar um padrão particular consistente com as previsões da inflação. Nos anos 1990, 2000 e de novo em 2010, os cientistas “mediram essas flutuações ao detalhe” e encontraram “exactamente isso”, assinala Siegel.
 
A conclusão era “incontornável”: o Big Bang “definitivamente ocorreu”, mas só depois da fase da inflação cósmica. O que ocorreu antes – ou se a inflação era eterna no passado – “continua como uma questão aberta”, mas uma coisa é certa: de acordo com o cientista, “o Big Bang não é o começo do Universo“.


O que interessa é de qualquer modo “algo” aconteceu e deu origem ao Universo conhecido, e outros Universos por conhecer. Tal é a grandeza deste facto que o Homem ainda não está preparado para abarcar tal grandeza.

E isto não vem contradizer a teoria da “criação”, nem a teoria do “evolucionismo”. Pelos factos apurados e pelas pistas deixadas pela narrativa orais de todas as culturas, o mundo e os seres que o habitam já lá estavam quando apareceu Adão no Éden. Recentemente, o Papa Francisco fomentou a discussão já acalorada sobre o Criacionismo e Evolucionismo ao afirmar, durante a Assembleia da Pontifícia Academia de Ciências, no Vaticano, que ambas as teorias podem ser aceitas.
A Terra foi criada há 4 biliões de anos (6 000 anos pela Bíblia) e Deus disse que a criou para ser habitada (Isaías 45:18), tendo sido este Universo criado há 11 biliões de anos atrás. No Génesis 1:1 vem que a Terra estava sem forma e um vento impetuoso corria sobre as águas. Para perceber estes versículos teremos de ler Isaías 14: 11 em diante, e Ezequiel 28, que relatam a queda do Diabo na atmosfera da Terra, ficando esta sem forma e todos os humanos que lá moravam morreram, e o Espírito Santo pairava sobre as superfícies das águas. Ou seja: Adão não foi o primeiro humano a ser criado mas sim o primeiro Homem, depois da “reconstrução” da nova Terra. Em Apocalipse 13:8 percebe-se perfeitamente que o cordeiro (Jesus) morreu antes da fundação deste mundo. Antes de Adão e Eva já havia morte. Deus matou um cordeiro para fazer vestes para Adão e Eva.


É admissível, e mais lógico, supor que com a evolução acabou por “aparecer” um determinado “ser”. Que poderia reunir condições para se transformar num ser sapiente. Como sabemos, a evolução normal é muito lenta e pode dar-se o caso de seres sapientes, de outra dimensão, ou do chamado mundo celestial, tenham resolvido “ajudar” para que essa evolução fosse mais acelerada.

Partindo do princípio de que uma raça de humanóides já reunia condições para ser ajudada a evoluir espiritualmente, esses seres celestes, trataram de criar um ambiente reservado para a desenvolver (talvez com cruzamentos genéticos no apuramento de uma raça e na instrução teórica e prática para a construção de uma sociedade civilizada) num local abrigado e a salvo dos ataques das outras hordas de humanóides cujo entretimento era a guerra, a caça e a violência.


Deram a esse local o nome de Éden, o jardim do paraíso. Geograficamente, entre os rios Tigre e Eufrates, de defesa fácil, o local ideal. Ou seja, o plano de Deus (que deve ser o mesmo em todos os planetas onde se desenvolvem seres vivos com capacidade para desenvolver a inteligência) era preparar essa raça tribal, o "povo escolhido", para mais tarde ser o agente disseminador da civilização e auxiliar o resto da humanidade a elevar-se espiritualmente. Só que essa tribo, esse povo, rejeitou todos os mandamentos e o plano fracassou. Com a atribuição do livre arbítrio, o novo Homem, sempre influenciado pelo Diabo, acabou por optar pela vida na carne, e seus vícios, descurando o espírito.

Cientistas que trabalhavam no projecto Human Genome (Projecto Genoma) ficaram perplexos diante de uma descoberta: acreditam que 97% das chamadas "sequências não-codificadas" do DNA humano correspondem a uma porção de herança genética proveniente de formas de vida extraterrestre. As sequências foram analisadas por programadores de computadores, matemáticos e outros estudiosos. O Professor Chang concluiu que o "DNA-lixo" foi criado por algum tipo de "programador alienígena".

Alguém manipulou e "aperfeiçoou" a vida e a raça humana, fazendo de um hominídeo primitivo, como o homo erectus, o homo sapiens que originou, já pela evolução, o actual homo sapiens sapiens. Um dos argumentos em que se apoia essa ideia é a improbabilidade do surgimento do homo sapiens de maneira súbita, um processo que fere os princípios do Darwinismo ortodoxo. O homem contemporâneo lembra, em tudo, um ser híbrido, uma combinação genética de material extraterrestre com a herança do homo erectus. (Scientists find Extraterrestrial genes in Human DNA por John Stokes)

Para corroborar tudo isto, notícias recentes vieram a lume, ou seja, sabe-se agora que a teoria de Darwin sobre a evolução do Homem não está correta. Na revista NATURE International Weekly Journal of Science de 4.12.2013. vem o seguinte: " DNA DE HOMINÍDEO DESCONCERTA ESPECIALISTAS - análise da mais antiga sequência de um ancestral humano sugere um elo com uma misteriosa população".


Na mesma revista também publicada no Brasil vem o seguinte: "RIO – Desde que Charles Darwin propôs a sua teoria da evolução no século XIX, afirmando que todos o seres humanos atuais descendem de um mesmo ancestral primata, encontrar a linhagem que partiu de um animal parecido com os macacos até chegar ao homem moderno tornou-se um dos maiores desafios da ciência. Ao longo de mais de 150 anos, no entanto, as únicas pistas desta trajectória vinham da forma e características dos registos fósseis, ossos e esqueletos na sua grande maioria danificados e incompletos que permitiam apenas uma visão parcial, e muitas vezes equivocada, do caminho. Nos últimos anos, porém, o desenvolvimento e avanço das técnicas de sequenciamento genético fizeram crescer a esperança de que finalmente seria possível identificar e unir todos os elos desta cadeia a partir do DNA preservado nestes mesmos fósseis. Doce ilusão: as análises do genoma feitas até agora em geral têm contribuído para misturar ainda mais o quebra-cabeças, como no caso de estudo publicado na edição de ontem da revista NATURE.

Nele os pesquisadores descrevem como recuperaram, sequenciaram e analisaram o DNA mitocondrial – que só é passado pelas mães à sua prole – do fémur de um dos mais de 20 esqueletos de hominídeos desenterrados duma caverna em Espanha a partir dos anos 90, baptizada Sima de los Huesos (buraco dos ossos, numa tradução livre). Datados em cerca de 400 mil anos, os fósseis são os mais antigos do género Homo que já tiveram o seu genoma sequenciado e a expectativa dos cientistas era que ajudassem a revelar ao menos parte do quadro de evolução humana. Mas em lugar disso eles provaram ser uma nova e inesperada peça que os próprios especialistas não sabem onde encaixar".

Na Globo CIÊNCIA de 5.12.2013 também vem: "Bagunça no quebra-cabeças da origem do Homem. Análise do DNA de hominídeo de 400 mil anos, o mais antigo já sequenciado, acrescenta peça inesperada ao mistério". Portanto, NÃO EXISTE ELO PERDIDO ALGUM - nada que nos ligue aos antigos homens primitivos que habitaram este planeta em tempos imemoriais e esquecidos!... ... E esta conclusão torna-se cada vez mais evidente, muito embora os ortodoxos insistam em procurar o tal elo perdido que, por sinal, eles sabem muito bem que NÃO EXISTE, tentando impingir-nos centenas de supostos ancestrais do Homo sapiens!...

... Pois, a verdade nua e crua é que nada nos liga aos antigos homens primitivos que habitaram este planeta em tempos imemoriais e esquecidos"... EXCETO POR UM DOS RAMOS DESSES PRIMITIVOS HOMINÍDEOS QUE FOI GENETICAMENTE MODIFICADO POR INTELIGÊNCIAS SUPERIORES... À SUA IMAGEM E SEMELHANÇA!

... Será inútil, portanto, procurar por um certo Elo Perdido que jamais será encontrado! Desde muito tempo alguns sabiam a resposta a este enigma crucial, porém devido às restrições científicas, religiosas e políticas impostas nas suas épocas jamais a puderam revelar publicamente. A solução foi buscar por metáforas para revelar essa verdade - uma verdade sempre (e ainda hoje) extremamente perigosa de pronunciar - Stanley Kubrick e o Cientista e Astrofísico Carl Sagan, nos anos 60, revelaram-na subtilmente no filme 2001 Uma Odisseia no Espaço, mediante a alegoria do MONOLITO, significando que dentre os hominídeos terrestres, APENAS UM TIPO DELES, o mais propício, foi o escolhido por Inteligências Superiores alienígenas para ser geneticamente modificado.... À IMAGEM E SEMELHANÇA DELES – para assim forjar e dar origem ao HOMO SAPIENS que herdaria a Terra!

Será que na 1ª Epístola aos Coríntios, no capítulo 15, versículos 46 a 49, Paulo nos revela isto só que de uma forma mais compreensível para o tempo em que desconheciam a manipulação genética e levaram os factos para o campo eminentemente espiritual? Vejamos: " o primeiro a ser feito não foi o corpo espiritual, mas o animal, e depois o espiritual. O primeiro Homem foi tirado da terra (Homem produto da evolução material, o Homo Erectus) e é terrestre; o segundo homem vem do Céu (fusão do ADN da raça evoluída vinda do céu com o ADN do Homo Erectus gerando o Homo Sapiens).

O homem feito da terra foi o modelo dos homens terrestres; o homem do Céu é o modelo dos homens celestes. E assim como trouxemos a imagem do homem terrestre, assim também traremos a imagem do homem celeste".

Paulo não refere o espírito vital, o "sopro de Deus", mas refere-se concretamente ao "modelo" dos homens celestes. Fala na existência de "outros" homens vindos do Céu (espaço sideral, sendo o Homo Sapiens uma cópia deles). E na Bíblia não vem em parte nenhuma que o Homem modelado fora baptizado com o nome de Adão. O nome de Adão apareceu subitamente, na tradução católica (Por suposição dos “redactores” da época influenciados pela lista dos ascendentes hebreus, elaborada por Moisés, que vai só até Adão, pressupondo ser este o primeiro homem). Quando da “falta” de Adão e Eva, pressupõe-se haver mais “alguém” no Éden, que tratavam da manutenção do complexo e não eram “descendentes” de Adão. Além disso havia mais homens, ou hominídeos, fora do complexo, organizados em grupos tribais que até tinham acesso ao jardim para aprender e serem doutrinados, pois a missão da raça escolhida era precisamente elevar o resto da humanidade. A expulsão do Éden, simbolizada em Adão e Eva, abrangia toda a raça escolhida que fora modelada para elevar a humanidade, que “apanhou” as culpas dos seus líderes no jardim. Quando Caim foi expulso (também) casou na terra de Nod, a Leste do Éden, e a sua mulher concebeu Enoque. Caim  construiu uma cidade, o que pressupõe haver gente para a habitar, a que deu o nome do seu filho Enoque (Génesis 4:17). Portanto havia humanos “fora” do jardim do Éden.
Se de facto seres celestiais desceram à Terra para dar execução ao projecto de Deus para moldar um novo Homem e administrarem o complexo, ficariam submetidos à passagem do tempo, no mundo Terra, mas mantendo os poderes de regeneração original, o que lhes permitiria viverem eternamente até acabarem a missão. Para manterem esse poder teriam de renovar as energias (eles e os restantes conselheiros e membros gestores do Éden, vindos de uma Dimensão superior) alimentando-se periodicamente de uma planta, a "árvore da vida" como foi conhecida pelas escrituras. Essa planta, originária do paraíso central permitia aos seres celestiais que iam em missão aos mundos materiais agora sujeitos à passagem do tempo e à morte de continuarem vivos até regressarem ao seu mundo original.

Entretanto o Príncipe do mundo, visível e invisível, (Lucífer), ambicioso e poderoso, quis ainda mais e sobrepor-se ao próprio Senhor do Universo (mais tarde denominado na Terra como Jesus) e apoderar-se do trono de Deus. Rebelou-se sem êxito. Em Isaías 14: 12, 13, 14 vem: " como caíste do céu, ó estrela da manhã, filha da alva! Como foste lançado por terra, tu que debilitavas as nações! E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, da banda dos lados do norte. Subirei acima das mais altas nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo".

Ou seja, Lucífer pretendia levar a efeito um plano para desviar o Homem do caminho ordenado por Deus. Eva, impaciente também, aliou-se a este plano e convenceu Adão a aceitá-lo. Este é o pecado original a desobediência e não cumprimento do plano de Deus. Motivo porque o Homem, a raça modelada para elevar todos os humanos foi expulsa do Éden. Adão e Eva deixaram de ter acesso à “árvore da Vida” e tornaram-se mortais.

A narrativa que chegou até nós não está correta e vem mais do engano e má interpretação da história dos judeus (o povo escolhido) cuja tradição ficou cristalizada no que se refere a Moisés e, por que ele se empenhou em restaurar a linhagem de Abraão até Adão. Os judeus assumiram que Adão tivesse sido o primeiro homem de toda a humanidade. Javé era o criador e ele deve ter feito o mundo justamente antes de criar Adão, já que se supunha ser Adão o primeiro homem. E, então, a tradição dos seis dias de Adão entra na história, resultando que quase mil anos depois da estadia de Moisés na Terra, a tradição da criação em seis dias foi escrita e ulteriormente atribuída a ele. Quando os sacerdotes judeus retornaram a Jerusalém, eles já haviam terminado de escrever a sua narrativa do começo das coisas. Logo reivindicaram que essa narrativa era uma história recentemente descoberta da criação, escrita por Moisés.

Contudo, os hebreus contemporâneos, da época de 500 a.C., não consideraram esses escritos como sendo revelações divinas, mas como sendo o que os povos mais recentes chamam de narrativas mitológicas. (vindas da imaginação popular, baseadas na tradição oral).

Segundo um texto filosófico que li na Revista Trimestral de Esoterismo Rosa Cruz, nº 413, podemos encontrar nos textos sagrados (Bíblia) uma referência especial ao povo eleito, mas não diz onde está, nem como o encontraremos. Há uma omissão, por parte dos autores bíblicos, talvez por recearem não serem compreendidos na época, e temerem despertar a inveja, que como sabemos, acabaria por devorar as tais Almas eleitas.

Chamavam-lhes "Almas eleitas do Senhor", e não "Povo escolhido", e não indicavam onde estavam.

Moisés, ao organizar o seu código moral, para ordenar a sociedade que foi posta a seu cargo e a disciplinar, manifestou imediatamente o mais elevado apreço por essa fina-flor da humanidade. O problema, e os mal-entendidos, começou quando todo o Povo de Israel se considerou como "eleito", julgando ser suficiente para garantir a "salvação".

A raça modelada, expulsa do Éden, misturou-se com os anjos caídos e com as outras raças elevando-as pela mistura de sangues, mas dando lugar à corrupção geral do género humano. Só muito depois é que os Judeus misturaram a sua história da fundação de uma Nação com a história religiosa conhecida, assumindo o estatuto de “povo escolhido”, pela sua relação privilegiada com uma facção dos seres celestes liderados por Javé (e não com Deus directamente) que velavam pela evolução daquele povo que tinha os genes ainda em estado quase puro, incutindo neles a necessidade de se afastaram por completo das outras raças. Mas a semente já estava lançada e a humanidade prosseguiu a sua evolução física e desenvolvimento intelectual e espiritual. O Deus dos Judeus era um deus guerreiro, impiedoso, ciumento e castigador, um deus da raça, em oposição ao verdadeiro Deus amoroso, terno e justo de Jesus.
Um terço dos seres que participavam naquela missão da criação de Vida, no Éden, e consequente evolução e ascensão de nova vida inteligente, seguiu Lucifer. São os anjos caídos. Aliaram-se a eles os antigos habitantes da Terra, descontentes por o Senhor dar a posse do planeta, que consideravam deles, aos novos humanos.

Em Mateus 24:37, Jesus diz aos seus discípulos, numa conversa sobre a Sua segunda vinda: “E, como foi nos dias de Noé, assim será, também, a vinda do Filho do homem”. A pulga instalou-se então “atrás da minha orelha” e era necessário, então, averiguar a que período de Noé se referia Jesus. Cheguei ao controverso Génesis 6, cujos dois primeiros versículos são uma sentença: “E, aconteceu que, como os homens se começaram a multiplicar sobre a face da Terra, e lhes nasceram filhas; viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram”.

(Nota: As minhas transcrições são da Bíblia Sagrada de João Ferreira de Almeida, das SOCIEDADES BÍBLICAS UNIDAS, adoptada pelos Protestantes, porque mantém a tradução integral enquanto a Bíblia Sagrada dos Católicos tem um texto mais moderno e de compreensão mais ambígua, na minha opinião).

Estes “filhos de Deus” são os anjos caídos. No versículo 4 diz: “Havia naqueles dias gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de Deus entraram às filhas dos homens, e delas geraram filhos (Entraram quer dizer que tiveram relações sexuais); estes eram os valentes que houve na antiguidade, os varões de fama”.

Portanto, este capítulo do Génesis provocou grande desconforto na Igreja. Os rabinos iniciais e a Igreja primitiva compreenderam que estavam a lidar com anjos caídos a coabitar com mulheres humanas gerando híbridos estranhos. A partir do Séc. V a Igreja “moderna” tenta então “enevoar” este Génesis 6 e quem frequenta os seminários não é ensinado de que existem diversas perspectivas deste capítulo do Génesis.
Quanto aos gigantes, já agora. Na versão original o termo era Nephilim, que em grego significa “nascido da Terra”. Do ponto de vista hebraico eles são “os caídos”, que não tem nada a ver com anjos caídos. Os híbridos, resultantes do acasalamento dos anjos caídos com as filhas do homem, eram chamados Nefilins em Hebraico. O que sucedeu é que na versão Septuaginta do Velho Testamento (A tradução do Velho Testamento em Grego) eles usaram a palavra “gigantus”, que é traduzido para “gigantes”.

De qualquer forma Gregos e Hebreus apontam para um hibrido, que aparentemente fazia parte do plano de Lucifer para contaminar a linhagem messiânica. Por isso, pela corrupção do género humano, é que Deus resolveu destruir a humanidade travando o plano de Lucifer. Noé foi escolhido para dar seguimento a uma nova linhagem porque era puro e imaculado como diz o Génesis 6:9.

O que pode então significar esta profecia de Jesus, quando instruía os seus discípulos? Talvez que, a exemplo do que aconteceu na época de Noé, na Sua segunda vinda, como prometido, se volte a repetir o expurgo da humanidade que se deixou corromper novamente por Lucifer.

Enquanto muitos destes factos se passavam os anjos rebeldes iam sendo dominados e confinados a quarentena (presos) à espera de serem julgados. O povo que habitava a Terra, que não quer (ou não pode) espiritualizar-se foi obrigado a dar o domínio da Terra ao Homem, aliou-se a Lucifer, no "entre mundos" ou Quarta Dimensão mais baixa, e são aliados dos demónios. Suponho que esses seres viveram no tempo dos Dinossauros. O ser humano actual apareceu depois da destruição dessa época.

Esses seres do submundo (outra dimensão) não estão sujeitos à escravatura do tempo. A Lucifer foi permitido ter apenas o poder sobre os ares, tendo-lhe sido retirados todos os outros, (Efésios 2: 2 "Outrora vivíeis nessas faltas e pecados, seguindo o modo de pensar deste mundo, seguindo o príncipe do poder do ar, o espírito que agora age nos homens desobedientes" , motivo porque vagueia por toda a Terra e a sua ofensiva contra o plano de Deus se processa principalmente pelos ares, pelas ondas hertzianas, pela rádio, televisão e internet. Tudo o que nos bombardeia nesses meios são, na esmagadora maioria, só coisas más, guerras, mortes, crueldades e influências para o mal. Reparem que Lucifer vagueia sobre a Terra, não é omnipresente, não tem o poder de Deus de estar em todo o lado simultaneamente, pelo que é-lhe impossível assediar directamente todos os humanos.
O seu único assédio é pela influência que pode exercer sobre as mentalidades. Ele só aparecerá se for evocado ou o ser humano, pelos seus pensamentos e actos, o atrair. Quem assedia directamente são os demónios, e os filhos de Deus, aqueles que aceitam Jesus, têm total protecção contra eles.
R.