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sábado, 22 de junho de 2019


A CIÊNCIA E O SOBRENATURAL

Autor: Carl Teichrib, Forcing Change, Volume 4, Edição 2.

(Tradução para português de Portugal, e alguns sublinhados feitos por mim, bem como as gravuras tiradas na Net, sem alterar o sentido do texto. R)

"Nos últimos séculos, a ciência tornou-nos cientes de que o Universo é mais estranho e mais interessante do que os nossos antepassados compreenderam. É divertido pensar que ele poderá revelar-se até mais estranho e mais interessante do que os cientistas estão dispostos a admitir." [Colin Wilson, The Occult: A History, pág. 33.].

Moro com a minha família numa região muito rural das planícies canadianas. Para irmos a um centro de compras, ou até mesmo a um grande supermercado, precisamos literalmente de reservar um dia inteiro. O tempo de viagem até uma cidade grande que tenha um centro comercial razoável é maior do que o tempo que passamos nas lojas. Viagens para fazer uma consulta médica, ir ao cinema ou a uma biblioteca requerem um esforço concentrado; quando a ida ao cinema envolve uma viagem de 160 km (para ir e voltar), você começa a questionar se o filme realmente vale a pena todo esse esforço.

Mas, existem vantagens de viver assim tão isolado na zona rural. Numa noite qualquer, podemos ir para fora de casa e contemplar a Via Láctea em detalhes incríveis, com o céu nocturno totalmente forrado de estrelas, de uma extremidade até à outra, e podendo ser vistas sem o auxílio de binóculos ou de um telescópio.

A espectacular Aurora Boreal também aparece, dando a impressão de que o céu está em chamas, e pode ser apreciada na sua plenitude. Da mesma forma, podemos ouvir o estrondo produzido pelas asas de milhares de gansos, cisnes, patos e grous migratórios a cada Primavera e Outono.

Já vimos o Sol e a Lua produzirem fenómenos curiosos no ar gelado do Inverno: halos solar e lunar, "glórias" ao amanhecer, auréolas de luz incomuns e outros fenómenos com luzes surreais. Também já testemunhamos diversos outros fenómenos naturais interessantes: tempestades de relâmpagos, faixas de cores nos céus, o arco circunzenital, miragens esquisitas, redemoinhos gigantes, múltiplos tornados (estes são realmente violentos) e milhares de bolinhas de neve perfeitas a cair do céu na tarde quente de um dia de Agosto. Ao longo dos anos, a minha família e eu testemunhamos uma infinidade de belas e incomuns maravilhas naturais.

Por que estou a contar isto? Porque Colin Wilson estava certo: o Universo é um lugar estranho e interessante. Além disso, o nosso mundo imediato e o Universo maior ainda são um lugar que pode deixar a ciência humana em profunda perplexidade.

A ciência, na sua forma pura, está preocupada principalmente com aquilo que é observável, testável e que pode ser reproduzível. Neste sentido, ela está restrita ao estudo físico da matéria física. Mas, a "ciência pura", tanto no passado e no presente, frequentemente teve (ou tem) os seus dedos noutra torta: a metafísica, a investigação filosófica na base da realidade — isto é, a religião (pode-se argumentar que toda a ciência tem alguma base metafísica, entretanto, muitos humanistas seculares dizem que a "ciência pura" opera de forma independente da metafísica; um debate que este artigo não poderá explorar de forma apropriada). Além disso, a ciência está a tornar-se cada vez mais interessada em explorar as possibilidades da utilização do sobrenatural.

Por exemplo, considere um relatório publicado por Eric Davis, da Warp Drive Metrics. Esse relatório, intitulado Teleportation Physics Study (Estudo da Física do Teletransporte), foi produzido e financiado pelo Laboratório de Pesquisa da Força Aérea dos EUA, na Base Aérea de Edwards (contrato número F04611-99-C-0025, data de publicação: Agosto de 2004).

O relatório é de natureza técnica e aprofunda os aspectos da Física Quântica e o relacionamento dela com o tempo e espaço, algo que acho fascinante, embora frequentemente me perca na terminologia complexa. O relatório também detalha outra "ciência" — uma ciência que cruza e avança além do estudo da Física Quântica: a psicocinética (o movimento de objectos por meio de canais psíquicos).
 
Delineando essa estranha ocorrência, Davis explicou que Uri Geller, um psíquico bem-conhecido, era capaz de entortar uma colher sem tocar fisicamente nela durante as palestras que fazia. Além disso, Davis explica detalhadamente o profundo interesse que as comunidades de Inteligência, científica e militar dos EUA têm até hoje no campo das ciências ocultas — particularmente a visualização remota.

A visualização remota, que inclui e combina elementos de clarividência (ver coisas no futuro) e experiências extracorpóreas, tem sido especialmente intrigante para a comunidade de Inteligência. Há várias décadas que diversas agências governamentais e laboratórios privados estão envolvidos em programas de visualização remota. Davis, ao delinear o contexto histórico para o estudo científico-militar dentro deste campo, explica o seguinte:

"O leitor deve observar que os primeiros programas de Pesquisa e Desenvolvimento militares e de Inteligência sobre controlo mental, psicológico e psicocinese, foram realizados por H. K. (Andrija) Puharich, durante o seu serviço militar no Centro de Guerra Biológica e Química do Exército, em Fort Detrick, Maryland, nos anos 1940s-1950s. Puharich tinha um interesse em clarividência e psicocinese, e investigou as teorias para expandir e sintetizar electrónica e farmaceuticamente as capacidades psíquicas. Durante o tempo em que esteve no Exército, Puharich participou de diversas experiências parapsicológicas e proferiu palestras para equipes do Exército, Força Aérea e Marinha sobre as possibilidades da guerra mental. Ele era um especialista reconhecido em hipnose e microelectrónica." (Teleportation Physics Study, pág. 55)

Esta é uma admissão impressionante. Já em meados do século passado, a comunidade de Defesa e Inteligência estava envolvida na exploração psíquica e ocultista, incluindo a clarividência — e tinha acoplado essa pesquisa teórica com drogas de alteração da mente e estímulos electrónicos.

No ano 2000, W. Adam Mandelbaum, um ex-oficial da Inteligência e psíquico praticante, delineou um atemorizador cenário futurista no seu livro controverso The Psychic Battlefield: A History of the Military-Occult Complex (St. Martin’s Press, 2000):

"Além de dar fim à privacidade e poder manipular os mercados financeiros, um grupo de guerreiros psíquicos altamente desenvolvidos poderia começar a pensar em si mesmos como uma nova Raça-Mestre. Temos visto no treino dos atletas olímpicos dos países do Bloco Oriental o uso generalizado da sugestão, de imagens e ensaios mentais para expandir o desempenho desportivo. Provavelmente, veremos essa tendência continuar nos militares do terceiro milénio para criar os Supersoldados... A criação consciente de uma força militar superior fará, como resultado, os participantes tornarem-se conscientemente cientes das suas capacidades superiores. Acrescente o ego ao acesso aos armamentos, misture com habilidades de espionagem psíquica superiores e voilá! teremos uma nova SS nazi que fará os rapazes de Himmler parecerem lobitos escoteiros." (The Psychic Battlefield, pág. 235).

Mas, as comunidades militar e de defesa, incluindo as da Rússia e da China, não são as únicas áreas em que a ciência e o sobrenatural se combinaram. A actividade psíquica também tem sido usada nos campos da arqueologia e da criminologia. Dessas duas, o uso das capacidades psíquicas na criminologia é, provavelmente, a mais conhecida, alimentada em grande parte por vários programas de televisão e publicações que destacam os aparentes sucessos e fracassos das investigações criminais-clarividentes.

Todavia, o uso de poderes ocultistas no campo da arqueologia é relativamente desconhecido. Hanz Holzer, um dos mais prolixos autores nos assuntos de parapsicologia e espiritismo, detalhou diversas experiências psíquicas e arqueológicas no seu livro Window to the Past. Recorrendo a médiuns espíritas e utilizando práticas como telepatia, os indivíduos foram capazes de identificar sítios arqueológicos e documentar eventos históricos importantes. Holzer ao descrever mais detalhadamente a pseudociência da arqueologia psíquica, explicou:
 
"As expressões dos médiuns, independente de quão genuínas e detalhadas, apesar disso não representam facto científico no sentido aceito, mas podem levar à investigações em áreas onde os cientistas podem não ter olhado. Se esses seguimentos forem realizados livres de preconceitos e noções pré-concebidas, as pistas psíquicas podem estar entre os instrumentos mais valiosos da pesquisa histórica." (Window to the Past, pág. 94)

A reencarnação, a cura psíquica, o desenvolvimento da supraconsciência, precogniçãoexcepcional, experiências extracorpóreas, visualização remota e diversos outros
 
tópicos que dançam no fio da navalha do sobrenatural e do ocultismo têm todos sido tópicos para o pensamento e o estudo científicos.

Além disso, a investigação científica dos fenómenos psíquicos está frequentemente enraizada na ortodoxia científica básica, assumindo aspectos de capacidade de repetição, teste e observação. Entretanto, isso não nega o seu lado sobrenatural e tampouco eleva a pesquisa psíquica para os escalões da ciência pura. Mas, o facto de poder ser testada, observada e repetida dá a confirmação de que a actividade psíquica existe. Entretanto, para a "mente científica" céptica, a noção de que essa pseudociência avança para dentro do mundo nebuloso do ocultismo ou do sobrenatural, é raramente aceita como uma opção séria.

Mas, a teologia e a história humana dizem o contrário. A partir de um contexto histórico e contemporâneo, a humanidade adoptou o ocultismo numa tentativa de controlar e utilizar poderes sobrenaturais para ganho individual — algumas vezes colocando em acção forças que destruíram o corpo e a mente no processo. Pior ainda, a história está repleta de exemplos de civilizações que seguiram ideologias e filosofias baseadas no ocultismo, com a consequência de que a morte e a destruição ocorreram em seguida (a Alemanha Nazi vem à lembrança; veja As Raízes Ocultistas do Nazismo, de Nicholas Goodrick-Clarke, e a série em vídeo em 4 partes, The Occult History of the Third Reich).

Sem qualquer ironia, a afamada ocultista e "mãe" do Movimento de Nova Era, Helena Petrovna Blavatsky, advertiu sobre os perigos dos poderes sobrenaturais e ocultistas como um instrumento militar/criminal. O seguinte foi originalmente publicado na revista Lucifer, em 1891, e foi republicado numa colecção dos escritos de Blavatsky, intitulada Studies in Occultism:

"... se implementos puramente materiais são capazes de explodir, a partir de algum canto, as grandes cidades do mundo, desde que as armas assassinas sejam guiadas por mãos hábeis — que terríveis perigos não poderão surgir com os segredos mágicos ocultos que estão a ser revelados e que venham a cair nas mãos de pessoas mal-intencionadas! Mil vezes mais perigosas e letais são essas armas, pois a mão criminosa e a arma imaterial invisível usada não podem ser detectadas." (Studies in Occultism, págs. 28-29).

Blavatsky então sugere que o ocultista precisa de "viver a vida" de modo a lidar correctamente com a potência dos poderes sobrenaturais. Esta é uma posição distorcida, pois o praticante está obviamente a lidar com forças que estão além da capacidade humana de compreender e controlar. Em outras palavras, o indivíduo praticante não está "a brincar com o oculto"; pelo contrário, é o sobrenatural que está a brincar com o praticante. Isto é evidenciado pelas vidas pessoais impactadas pela servidão espiritual, incluindo insanidade mental (veja Tal Brooke, Riders of the Cosmic Circuit, 1986, e Elissa Lindsey McClain, Rest from the Quest, 1984).

No nível social, o ocultismo pode acumular-se sobre uma cosmovisão destrutiva subjacente, ou tornar-se o fundamento para uma cultura de terror. O movimento Nazi na Alemanha misturou mito com ocultismo, pseudociência e tecnologia. Não é surpresa apreender que as suas raízes pagãs foram firmemente plantadas no solo dos ensinos de Blavatsky. Christopher Hale, no seu livro Himmler's Crusades, resume da seguinte forma: "O mito nunca é inofensivo." (Himmler's Crusade: The Nazi Expedition to Find the Origins of the Aryan Race, Castle Books, 2006).

A própria Bíblia adverte-nos a respeito da busca da manipulação sobrenatural. Considere as seguintes palavras em Deuteronómio 18:

"Quando entrares na terra que o SENHOR teu Deus te der, não aprenderás a fazer conforme as abominações daquelas nações. Entre ti não se achará quem faça passar pelo fogo a seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro; nem encantador, nem quem consulte a um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos; pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao SENHOR; e por estas abominações o SENHOR teu Deus os lança fora de diante de ti. Perfeito serás, como o SENHOR teu Deus. Porque estas nações, que hás-de possuir, ouvem os prognosticadores e os adivinhadores; porém a ti o SENHOR teu Deus não permitiu tal coisa." [Deuteronómio 18:9-14].

Sim, o mundo físico é uma maravilha incrível, repleto de surpresas assombrosas e que desafiam a compreensão. Ele ainda deixa o homem abismado com a sua beleza e complexidade. Assim também o Universo imaterial, incluindo as componentes mental e espiritual, é um lugar fascinante. Entretanto, quem se envolve e lida com o sobrenatural — e as ciências da mente que algumas vezes tentam explicá-lo ou explorá-lo — encontra um campo minado mental, emocional e espiritual. Do mesmo modo como percorrer um campo minado físico pode destruir o corpo, assim também um campo minado espiritual pode destruir a Alma.




Fonte: Forcing Change, Edição 2, Volume 4.
Data da publicação: 24/10/2012
Transferido para a área pública em 31/12/2014
Revisão:
http://www.TextoExato.net
A Espada do Espírito: http://www.espada.eti.br/cienciasobre.asp

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