A CIÊNCIA E O SOBRENATURAL
(Tradução para português
de Portugal, e alguns sublinhados feitos por mim, bem como as gravuras tiradas
na Net, sem alterar o sentido do texto. R)
"Nos
últimos séculos, a ciência tornou-nos cientes de que o Universo é mais estranho
e mais interessante do que os nossos antepassados compreenderam. É divertido
pensar que ele poderá revelar-se até mais estranho e mais interessante do que
os cientistas estão dispostos a admitir." [Colin Wilson, The Occult: A History,
pág. 33.].
Moro com a minha família
numa região muito rural das planícies canadianas. Para irmos a um centro de
compras, ou até mesmo a um grande supermercado, precisamos literalmente de
reservar um dia inteiro. O tempo de viagem até uma cidade grande que tenha um
centro comercial razoável é maior do que o tempo que passamos nas lojas.
Viagens para fazer uma consulta médica, ir ao cinema ou a uma biblioteca requerem
um esforço concentrado; quando a ida ao cinema envolve uma viagem de 160 km
(para ir e voltar), você começa a questionar se o filme realmente vale a pena
todo esse esforço.
Mas, existem vantagens
de viver assim tão isolado na zona rural. Numa noite qualquer, podemos ir para
fora de casa e contemplar a Via Láctea em detalhes incríveis,
com o céu nocturno totalmente forrado de estrelas, de uma extremidade até à outra, e podendo ser vistas sem o auxílio de binóculos ou de um telescópio.
Já vimos o Sol e a Lua
produzirem fenómenos curiosos no ar gelado do Inverno: halos solar e lunar,
"glórias" ao amanhecer, auréolas de luz incomuns e outros fenómenos
com luzes surreais. Também já testemunhamos diversos outros fenómenos naturais
interessantes: tempestades de relâmpagos, faixas de cores nos céus, o arco
circunzenital, miragens esquisitas, redemoinhos gigantes, múltiplos tornados (estes são realmente violentos) e
milhares de bolinhas de neve perfeitas a cair do céu na tarde quente de um dia
de Agosto. Ao longo dos anos, a minha família e eu testemunhamos uma infinidade
de belas e incomuns maravilhas naturais.
Por que estou a contar
isto? Porque Colin Wilson estava certo: o Universo é um lugar estranho e
interessante. Além disso, o nosso mundo imediato e o Universo maior ainda são
um lugar que pode deixar a ciência humana em profunda perplexidade.
A ciência, na sua forma
pura, está preocupada principalmente com aquilo que é observável, testável e
que pode ser reproduzível. Neste sentido, ela está restrita ao estudo físico da
matéria física. Mas, a "ciência pura", tanto no passado e no
presente, frequentemente teve (ou tem)
os seus dedos noutra torta: a metafísica,
a investigação filosófica na base da realidade — isto é, a religião (pode-se argumentar
que toda a ciência tem alguma base metafísica, entretanto, muitos humanistas
seculares dizem que a "ciência pura" opera de forma independente da
metafísica; um debate que este artigo não poderá explorar de forma apropriada).
Além disso, a ciência está a tornar-se cada vez mais interessada em explorar as
possibilidades da utilização do sobrenatural.
Por exemplo, considere
um relatório publicado por Eric Davis, da Warp Drive Metrics. Esse
relatório, intitulado Teleportation
Physics Study (Estudo da Física do Teletransporte), foi
produzido e financiado pelo Laboratório
de Pesquisa da Força Aérea dos EUA, na Base Aérea de Edwards (contrato número F04611-99-C-0025, data de
publicação: Agosto de 2004).
O relatório é de natureza
técnica e aprofunda os aspectos da Física Quântica e o relacionamento dela com
o tempo e espaço, algo que acho fascinante, embora frequentemente me perca na
terminologia complexa. O relatório também detalha outra "ciência" —
uma ciência que cruza e avança além do estudo da Física Quântica: a psicocinética (o movimento de objectos por meio de canais psíquicos).
Delineando essa estranha
ocorrência, Davis explicou que Uri Geller, um psíquico bem-conhecido, era capaz
de entortar uma colher sem tocar fisicamente nela durante as palestras que
fazia. Além disso, Davis explica detalhadamente o profundo interesse que as
comunidades de Inteligência, científica e militar dos EUA têm até hoje no campo
das ciências ocultas — particularmente a visualização remota.
A visualização remota,
que inclui e combina elementos de clarividência (ver coisas no futuro) e experiências extracorpóreas, tem sido
especialmente intrigante para a comunidade de Inteligência. Há várias décadas
que diversas agências governamentais e laboratórios privados estão envolvidos
em programas de visualização remota. Davis, ao delinear o contexto histórico
para o estudo científico-militar dentro deste campo, explica o seguinte:
"O
leitor deve observar que os primeiros programas de Pesquisa e Desenvolvimento
militares e de Inteligência sobre controlo mental, psicológico e psicocinese,
foram realizados por H. K. (Andrija) Puharich, durante o seu serviço militar no
Centro de Guerra Biológica e Química do Exército, em Fort Detrick, Maryland,
nos anos 1940s-1950s. Puharich tinha um interesse em clarividência e
psicocinese, e investigou as teorias para expandir e sintetizar electrónica e
farmaceuticamente as capacidades psíquicas. Durante o tempo em que esteve no
Exército, Puharich participou de diversas experiências parapsicológicas e
proferiu palestras para equipes do Exército, Força Aérea e Marinha sobre as
possibilidades da guerra mental. Ele era um especialista reconhecido em hipnose
e microelectrónica." (Teleportation Physics Study, pág.
55)
Esta é uma admissão
impressionante. Já em meados do século passado, a comunidade de Defesa e
Inteligência estava envolvida na exploração psíquica e ocultista, incluindo a
clarividência — e tinha acoplado essa pesquisa teórica com drogas de alteração
da mente e estímulos electrónicos.
No ano 2000, W. Adam
Mandelbaum, um ex-oficial da Inteligência e psíquico praticante, delineou um
atemorizador cenário futurista no seu livro controverso The Psychic
Battlefield: A History of the Military-Occult Complex (St. Martin’s Press,
2000):
"Além
de dar fim à privacidade e poder manipular os mercados financeiros, um grupo de
guerreiros psíquicos altamente desenvolvidos poderia começar a pensar em si
mesmos como uma nova Raça-Mestre. Temos visto no treino dos atletas olímpicos
dos países do Bloco Oriental o uso generalizado da sugestão, de imagens e
ensaios mentais para expandir o desempenho desportivo. Provavelmente, veremos
essa tendência continuar nos militares do terceiro milénio para criar os
Supersoldados... A criação consciente de uma força militar superior fará, como
resultado, os participantes tornarem-se conscientemente cientes das suas
capacidades superiores. Acrescente o ego ao acesso aos armamentos, misture com
habilidades de espionagem psíquica superiores e voilá! teremos uma nova SS nazi
que fará os rapazes de Himmler parecerem lobitos escoteiros." (The Psychic Battlefield, pág. 235).
Mas, as comunidades
militar e de defesa, incluindo as da Rússia e da China, não são as únicas áreas
em que a ciência e o sobrenatural se combinaram. A actividade psíquica também
tem sido usada nos campos da arqueologia e da criminologia. Dessas duas, o uso
das capacidades psíquicas na criminologia é, provavelmente, a mais conhecida,
alimentada em grande parte por vários programas de televisão e publicações que
destacam os aparentes sucessos e fracassos das investigações
criminais-clarividentes.
Todavia, o uso de
poderes ocultistas no campo da arqueologia é relativamente desconhecido. Hanz
Holzer, um dos mais prolixos autores nos assuntos de parapsicologia e
espiritismo, detalhou diversas experiências psíquicas e arqueológicas no seu
livro Window to the Past. Recorrendo a médiuns espíritas e utilizando práticas como telepatia, os indivíduos foram capazes de identificar sítios arqueológicos e documentar eventos históricos importantes. Holzer ao descrever mais detalhadamente a pseudociência da arqueologia psíquica, explicou:
"As
expressões dos médiuns, independente de quão genuínas e detalhadas, apesar
disso não representam facto científico no sentido aceito, mas podem levar à
investigações em áreas onde os cientistas podem não ter olhado. Se esses
seguimentos forem realizados livres de preconceitos e noções pré-concebidas, as
pistas psíquicas podem estar entre os instrumentos mais valiosos da pesquisa
histórica." (Window to the Past, pág. 94)
A reencarnação, a cura
psíquica, o desenvolvimento da supraconsciência,
precogniçãoexcepcional, experiências
extracorpóreas, visualização remota e
diversos outros
tópicos que dançam no fio
da navalha do sobrenatural e do ocultismo têm todos sido tópicos para o
pensamento e o estudo científicos.
Além disso, a investigação
científica dos fenómenos psíquicos está frequentemente enraizada na ortodoxia
científica básica, assumindo aspectos de capacidade de repetição, teste e
observação. Entretanto, isso não nega o seu lado sobrenatural e tampouco eleva
a pesquisa psíquica para os escalões da ciência pura. Mas, o facto de poder ser testada, observada e repetida
dá a confirmação de que a actividade psíquica existe. Entretanto, para a
"mente científica" céptica, a noção de que essa pseudociência avança
para dentro do mundo nebuloso do ocultismo ou do sobrenatural, é raramente
aceita como uma opção séria.
Mas, a teologia e a
história humana dizem o contrário. A partir de um contexto histórico e
contemporâneo, a humanidade adoptou o ocultismo numa tentativa de controlar e
utilizar poderes sobrenaturais para ganho individual — algumas vezes colocando
em acção forças que destruíram o corpo e a mente no processo. Pior ainda, a história está repleta de exemplos de
civilizações que seguiram ideologias e filosofias baseadas no ocultismo, com
a consequência de que a morte e a destruição ocorreram em seguida (a Alemanha Nazi vem à lembrança; veja As Raízes Ocultistas do Nazismo,
de Nicholas Goodrick-Clarke, e a série em vídeo em 4 partes, The Occult
History of the Third Reich).
Sem qualquer ironia, a
afamada ocultista e "mãe" do Movimento de Nova Era, Helena Petrovna Blavatsky, advertiu sobre os perigos dos
poderes sobrenaturais e ocultistas como um instrumento militar/criminal. O
seguinte foi originalmente publicado na revista Lucifer, em 1891,
e foi republicado numa colecção dos escritos de Blavatsky, intitulada Studies
in Occultism:
"...
se implementos puramente materiais são capazes de explodir, a partir de algum
canto, as grandes cidades do mundo, desde que as armas assassinas sejam guiadas
por mãos hábeis — que terríveis perigos não poderão surgir com os segredos mágicos
ocultos que estão a ser revelados e que venham a cair nas mãos de pessoas
mal-intencionadas! Mil vezes mais perigosas e letais são essas armas, pois a
mão criminosa e a arma imaterial invisível usada não podem ser detectadas." (Studies in Occultism, págs.
28-29).
Blavatsky então sugere
que o ocultista precisa de "viver a vida" de modo a lidar correctamente
com a potência dos poderes sobrenaturais. Esta é uma posição distorcida, pois o
praticante está obviamente a lidar com forças que
estão além da capacidade humana de compreender e controlar. Em outras palavras,
o indivíduo praticante não está "a brincar com o oculto"; pelo
contrário, é o sobrenatural que está a brincar com o praticante. Isto é evidenciado pelas vidas pessoais
impactadas pela servidão espiritual, incluindo insanidade mental (veja Tal
Brooke, Riders of the Cosmic Circuit, 1986, e Elissa Lindsey McClain, Rest
from the Quest, 1984).
No nível social, o
ocultismo pode acumular-se sobre uma cosmovisão destrutiva subjacente, ou tornar-se
o fundamento para uma cultura de terror. O movimento Nazi na Alemanha misturou
mito com ocultismo, pseudociência e tecnologia. Não é surpresa apreender que as
suas raízes pagãs foram firmemente plantadas no solo dos ensinos de Blavatsky.
Christopher Hale, no seu livro Himmler's Crusades, resume da seguinte
forma: "O mito nunca é
inofensivo." (Himmler's Crusade: The Nazi Expedition to Find the
Origins of the Aryan Race, Castle Books, 2006).
A própria Bíblia adverte-nos
a respeito da busca da manipulação sobrenatural. Considere as seguintes
palavras em Deuteronómio 18:
"Quando
entrares na terra que o SENHOR teu Deus te der, não aprenderás a fazer conforme
as abominações daquelas nações. Entre ti não se achará quem faça passar pelo
fogo a seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem
agoureiro, nem feiticeiro; nem encantador, nem quem consulte a um espírito
adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos; pois todo aquele que faz
tal coisa é abominação ao SENHOR; e por estas abominações o SENHOR teu Deus os
lança fora de diante de ti. Perfeito serás, como o SENHOR teu Deus. Porque
estas nações, que hás-de possuir, ouvem os prognosticadores e os adivinhadores;
porém a ti o SENHOR teu Deus não permitiu tal coisa." [Deuteronómio
18:9-14].
Sim, o mundo físico é
uma maravilha incrível, repleto de surpresas assombrosas e que desafiam a
compreensão. Ele ainda deixa o homem abismado com a sua beleza e complexidade.
Assim também o Universo imaterial, incluindo as componentes mental e espiritual, é
um lugar fascinante. Entretanto, quem se envolve e lida com o sobrenatural — e
as ciências da mente que algumas vezes tentam explicá-lo ou explorá-lo —
encontra um campo minado mental, emocional e espiritual. Do
mesmo modo como percorrer um campo minado físico pode destruir o corpo, assim
também um campo minado espiritual pode destruir a Alma.
Fonte: Forcing Change, Edição 2, Volume 4.
Data da publicação: 24/10/2012
Transferido para a área pública em 31/12/2014
Revisão: http://www.TextoExato.net
A Espada do Espírito: http://www.espada.eti.br/cienciasobre.asp
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