MIGRANTES OU REFUGIADOS
(Sem adopção às regras do acordo ortográfico de 1990).
O ser humano migrou sempre para procurar uma vida melhor.
Só assim se compreende que tenha ocupado todo o globo.
Embora os fluxos migratórios fossem alterados e
assumissem proporções diferentes o objectivo era sempre o mesmo: Procurar uma
vida melhor.
Nas regiões de origem o excesso de população passou a ser
um grande problema, não só pela falta de recursos, má gestão, muita corrupção e
guerras constantes, ocupações arbitrárias onde imperava a lei do mais forte,
provocando a fuga das populações para zonas mais pacíficas, havendo sempre o
problema semântico de serem considerados REFUGIADOS
ou MIGRANTES, pelas populações que
eram obrigadas a acolhê-los.
A América, por exemplo, foi um destino eleito pelos
europeus, incluindo os portugueses, especialmente até aos anos 60 do Séc. XX.
Devido a isso, a Europa, outrora grande exportadora de migrantes (refugiados perseguidos e maltratados nos
seus países de origem, vivendo na miséria) para a América e dotada de
elevada taxa de natalidade, debate-se agora com sérios problemas demográficos.
Um dos desafios decisivos que a nova Europa defronta é a
relação com o norte de África e as migrações crescentes que vêem dali. Um
influxo de “migrantes” com a dimensão que se está a verificar, torna impossível
de se harmonizarem culturas, leis, costumes, modas e crenças distintas, em
tempo útil, que prefiguram mentalidades e modos de vida potencialmente
conflituantes.
No jornalismo actual “politicamente correcto” o termo Migrante designa indistintamente
“deslocados de guerra” e “Imigrantes”.
A Europa, a Comunidade Europeia, tem-se mostrado
esquecida das suas referências históricas, e do passado recente, e adormecida
para uma realidade que desde 2006 parecia iminente, porque o conceito de Europa
foi-se aperfeiçoando desde o Império Romano e a influência dos bárbaros que
deram origem à pluralidade que é agora a característica principal da Europa e
ajudaram a definir as suas fronteiras abrangendo o actual Norte da Europa, que
não fazia parte do Império Romano e retirando-lhe o Oriente. A conversão ao
Cristianismo contribuiu decisivamente para a unificação da Europa na Idade
Média. Mais tarde os Árabes quebraram a unidade política e religiosa do
Mediterrâneo e empurraram o Cristianismo para o Norte.
É
natural que se goste mais das fantasias do futuro do que da História do passado
e se não somos capazes de recordar os erros do passado estamos condenados a
repeti-los.
A tentativa de implantação de sociedades “multiculturais”
em França, Grã-Bretanha e Holanda não tiveram êxito. Antes pelo contrário.
Deram origem a guetos, fechados em si
mesmos, geradores de tensões sociais. A maioria dos “refugiados” ou
“imigrantes” preferiu manter-se alheia ao tipo de humanidade individual e
social dos povos ocidentais. Os inquéritos realizados nos EUA e na Europa
revelaram que os descendentes dos imigrantes permanecem alheios aos valores
culturais dos países que os acolheram e os novos “migrantes”, fugidos das guerras genocidas que, por questões
religiosas, não devem ser consideradas como um valor absoluto e soberano,
recusam o auxílio da Cruz Vermelha por terem uma cruz impressa nas embalagens.
Só uma cultura estática que não contribuiu para a
criatividade e o desenvolvimento espiritual-social, desenvolve este princípio
de defesa de pretensos valores exclusivos elevados, mas que na prática revelam
descrédito do valor da Vida e desprezo pelo Espírito. Para o nível de desenvolvimento
dessas culturas que agora estão a inundar a Europa, o conceito de integração na
unidade básica de valores de interesses e valores da cultura que lhes dá
abrigo, neste caso a Europa, não existe nem é aceite. O abandono de hábitos
herdados do passado, inculcados, suportados e controlados por redes
institucionais que não se conciliam nem estão em conformidade com o novo
sistema de normas estabelecidas e as necessidades agora sentidas, tendo como
resultado o progresso evolutivo.
Assim, sob a aparência de uma solução fácil e bem
conseguida (na fantasia do
multiculturismo), as maneiras radicalmente distintas de encarar a vida e o
mundo, com mentalidades em diferentes estádios de evolução, e coexistindo em
ambiente de expectativa e de ameaçadora desagregação, podem produzir reacções
inesperadas e premeditadas ou, então, servir para a divulgação de uma teocracia
político-religiosa em nome do respeito pelas religiões e culturas.
Ou seja: esta realidade é um dos mais inquietantes
problemas de alguns dos 27+1 Estados da União Europeia. A Europa,
espiritualmente desvertebrada e com um grave deficit demográfico, pode ficar refém dos fluxos migratórios. Desde
que, em 2000, a base dos valores primordiais europeus definidos no tratado de
Nice privilegiou o ponto de vista dos direitos humanos e da utopia
internacionalista, a Europa ficou “aberta” a tudo. Como está a ser “ocupada”
por culturas extremistas mais viradas para a “ocupação” e “imposição” dos seus
valores do que o “respeito” das culturas que lhes dão guarida, pode-se deduzir
facilmente que, em termos de probalidades, esta solução de acolhimento
indiscriminado pode ser um mau negócio.
Esse “acolhimento” não se pode limitar a uma óptica de
mera assistência de consolação ou para resolver situações negativas pontuais ou
servir para iludir as responsabilidades associadas a dramas individuais ou
colectivos.
Segundos as Leis internacionais (direito Internacional)
um REFUGIADO não deve ser expulso ou
devolvido a situações onde a sua vida e liberdade possam estar ameaçadas,
enquanto que os MIGRANTES, com leis
próprias e processos de imigração, já são considerados por Leis nacionais,
porque se trata de um problema social e de responsabilidade individual porque
não enfrentam nenhum risco de voltar à sua terra natal.
O desafio será então o de discernir, de separar o
essencial que deve ser defendido intransigentemente do acessório constituído
simplesmente por outras formas de ver.
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