CIVILIZAÇÃO
CRISTÃ
Por ser de grande importância as pessoas compreenderem o
que o Cristianismo representa para o mundo, principalmente neste tempo em que
as perseguições aos Cristãos aumentaram de intensidade, demonstrando que o
mundo invisível, dominado por Satã, está cada vez mais desesperado pelo aumento
significativo de adesões, em todo o mundo, à doutrina dos “filhos de Deus”,
transcrevo aqui o Editorial da Revista Rosacruz nº 318, do último trimestre de
1990, editada pela Fraternidade Rosacruz de Portugal.
Civilização Cristã
O conceito materialista da vida, actualmente
generalizado, leva-nos a conceber como civilização simplesmente o progresso
técnico e científico. De facto, esse progresso revela um certo grau de
desenvolvimento mental, portanto um avanço, embora unilateral. Mas de modo
algum representa a civilização. Esta é muito mais do que a indústria, as
facilidades nos transportes, nas comunicações e o conjunto de comodidades e
conforto da vida moderna. É também e sobretudo, progresso moral, como
consequência do desenvolvimento e expansão da natureza espiritual do homem.
Sempre que a civilização se limita a um determinado sector da natureza humana é
incompleta e, por esse facto, imperfeita e de curta duração. O homem não é a
máquina ou aparelho digestivo que os materialistas pretendem. É isso e muito mais,
como afirmam sábios de renome universal. É uma máquina, mas viva, e com
maquinista, ou espírito, que a deve dirigir para que produza e marche
eficientemente. É necessário, portanto, atender não só às necessidades da
máquina, mas também às do maquinista, para que o conjunto actue
harmoniosamente.
É certo que à superfície do planeta o homem não pode ser
considerado só do ponto de vista espiritual; portanto, as condições da sua
existência devem abranger também aquelas que lhe proporcionam bem-estar físico.
Não no sentido exclusivo em que o entende o materialista, mas como meio e
complemento para o bem-estar integral do homem.
De resto, seria absurdo que, para atingirmos os
objectivos espirituais da existência, necessitássemos viver num estado de
deficiência física. O estado de civilização ideal será, pois, aquele que sem
descurar o bem-estar físico, atenta especialmente à finalidade espiritual do
homem e mantenha presente o todo da sua natureza e não parte dela.
Acreditamos sinceramente que só a civilização integral
salvará a humanidade e lhe proporcionará condições de vida em harmonia com as
leis naturais e a finalidade da vida humana. Ora, a civilização Cristã – é
preciso não esquecer – implica uma reforma profunda, uma reforma não só do
conceito de vida como em todas as actividades e modos de existência do homem. O
objectivo deste passará a ser integral e não apenas terreno como até aqui.
Mas o cristianismo, tal como tem sido praticado até
agora, poderá considerar-se um ideal perfeito, uma aspiração realizada, um
sistema de vida definitivo? Olhemos o mundo à nossa volta, o mundo que se diz
Cristão, e vejamos serenamente se a sua conduta se harmoniza com os preceitos
sublimes do seu Mentor, com a sua doutrina de Amor e misericórdia. Vive-se como
ele ensinou, amando o próximo, perdoando aos que nos ofendem, espalhando o bem
com modéstia e abnegação, amparando os fracos, curando os enfermos e servindo
desinteressadamente, como medida de grandeza?
Em que se distingue o viver daqueles que se dizem
cristãos, dos que declaram não o ser? Porventura baseiam a sua vida e conduta
nos princípios da justiça e fraternidade, de verdade e pureza de consciência,
que são a essência do Cristianismo?
Infelizmente e salvo honrosos casos isolados, aqueles que
se apresentam cristãos em pouco ou nada se distinguem dos que se confessam não
o ser. A sua vida está repleta dos mesmos actos egoístas, são arrastados pelos
mesmos sentimentos de ódio e vingança, pela mesma ambição terrena, perfilham a
mesma supremacia da matéria e domina-os até o mesmo receio da morte,
considerando-a o aniquilamento total.
O seu pseudo-cristianismo limita-se a um ou outro acto de
culto externo, atitudes que não dimanam, quase sempre, dum impulso da alma, mas
que são simples movimentos maquinais sem significado íntimo.
Ora, tal cristianismo, por ser mais aparente do que real,
será sempre um fundamento falso da civilização, dando lugar, naturalmente a
desvios profundos que são a negação completa da civilização, sobretudo se lhe
quisermos chamar civilização cristã. Esta há-de ser – assim o cremos – o fruto
natural do nosso conhecimento perfeito do universo e de nós próprios e de uma
conduta ou modo de vida pautada pelos seus exemplos maravilhosos. Será
portanto, a exteriorização dum conhecimento vivo em cada homem e dum culto
permanente, isto é, em todos os momentos da nossa vida.
Uma vez que a vida humana não se limita à existência
terrena e como, por trás dela e de cada corpo físico, visível, está uma
centelha invisível, que aqui se encontra para evoluir, como tudo no universo, é
lógico admitirmos que tudo assenta na existência de um plano – plano
forçosamente sábio. Um jovem pensador disse: “Há um plano e tal plano é a
evolução”. Mas essa evolução, especialmente a que interessa aos estudantes
rosacrucianos, refere-se ao lado espiritual da vida, à marcha do espírito para
o seu destino inevitável que é o progresso contínuo. É uma caminhada longa e
árdua, cheia de perigos e tentações para a fraqueza da consciência humana em
formação. Muitos auxílios têm sido prestados ao homem para que avance na justa
direcção e não se detenha, transvie ou retroceda. Mas o maior de todos os
auxílios e o mais eficiente, para que trilhe o bom caminho, foi sem dúvida o
cristianismo.
É por isso que Max Heindel, o mais recente divulgador da
filosofia rosacruz, afirma na obra “Conceito Rosacruz do Cosmo” que o
Cristianismo será a religião universal do futuro (Nota minha: não confundir Cristianismo com
Catolicismo. R). Mas adverte que o cristianismo actual não é sequer uma sombra do que deveria ser.
O Mestre veio para reunir as diversa raças em paz e boa vontade, de maneira que
todos, voluntária e conscientemente, seguissem a lei do Amor. (Nota: precisamente o
contrário do que o Catolicismo pretende fazer, autoproclamando-se como o líder de
todas as religiões que quer reunir sob a sua alçada e sob o comando do papa. R).
Tal é a base fundamental da verdadeira civilização Cristã.
F.R.P.
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