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terça-feira, 31 de outubro de 2017


ENCONTROS ÍNTIMOS 
 
Muito se tem falado sobre a capacidade do ser humano de se apaixonar e amar. A príncipio há o deslumbramento, a paixão cega, por alguém que lhe desperta a atenção, numa explosão de hormonas que lhe toldam a mente, mas aos poucos vai-se apercebendo do carácter e da personalidade que admirou à primeira vista.

Noutros casos a primeira impressão não é tão impactante e só com a convivência é que se vai descobrindo aos poucos o carácter e personalidade da outra pessoa, nascendo a paixão que alimentará os primeiros momentos de descoberta, que poderão impressionar a sua Alma e o despertar do Amor.

Não confundamos Paixão com Amor. A Paixão é cega, é química, é superficial, alimentada pelos corpos materiais lindos, e desejo carnal como primeira prioridade, e o Amor é um sentimento mais profundo em que se começa a conhecer a Alma do outro. Nesta fase a beleza externa pouco interessa porque se está a ver a beleza interna da pessoa que começa a amar.

Portanto, o encontro mais íntimo entre duas pessoas não é a consumação do acto sexual mas sim o de entrar na intimidade espiritual de cada um. É a aceitação, sem medos, de partilharem a sua intimidade, o facto de quererem e apreciarem a companhia um do outro para conversarem sem segundas intenções e de se sentirem bem como amigos e confidentes.

Não é fácil de conseguir. Na verdade, um despir emocional não é algo conseguido rapidamente e nem com todos. Leva tempo, força e desejo de ouvir, sentir e abraçar emoções, e o conhecimento de si e da realidade do outro. Na Bíblia é utilizado o termo CONHECER quando se refere ao acto sexual ou acto mais íntimo e privado. Não é coincidência.

Em Génesis 4 : “E CONHECEU Adão a Eva, sua mulher, e ela concebeu Caim”.

Em Mateus 1: 24,25: “E despertando José do sonho, fez como o anjo do Senhor lhe tinha mandado, e recebeu a sua mulher. E ele não a CONHECEU corporalmente, até que ela fez nascer o filho dela, o primogénito e lhe pôs o nome de Jesus”.

É muito importante que nos identifiquemos com o que sentimos, o que pensamos e como podemos usar as nossas emoções ao serviço dos nossos pensamentos. É necessário um exame retrospectivo aprofundado para identificar os nossos medos e conseguirmos desobstruir o acesso ao nosso íntimo, de modo a podermos explorar as nossas vulnerabilidades.
 “O autoconhecimento das nossas vulnerabilidades emocionais não fará com que desapareçam, mas sim que possamos defender-nos nas nossas ligações emocionais”.
A nossa herança emocional tem um forte impacto sobre a nossa capacidade de nos conectarmos emocionalmente com os outros. É precisamente esta bagagem que nos faz aperfeiçoar e agir sobre os nossos sentimentos e emoções de uma certa maneira.
Expor-nos à nossas memórias e àquelas sensações que podem ser desagradáveis não é fácil e muitas vezes nem sequer contemplado como útil. No entanto, existem muitas razões pelas quais é aconselhável fazê-lo:
  • Se quisermos ter relações mais significativas, é importante que façamos uma pausa para olhar para trás e curar as feridas emocionais de nossa infância.
  • A fiação que transporta as nossas mensagens emocionais deve ser encontrada para que possamos gerenciar as nossas reações.
  • Conhecer esses padrões de reação emocional e comunicar ajuda-nos a regenerar os nossos pensamentos e o nosso estado de bem-estar.
  • Assim, quando realizamos um trabalho de autoconhecimento, o nosso diálogo interno pode conseguir uma mudança de “As pessoas não são de confiança para mim” para “O modo como me trataram magoou-me, mas como já estou ciente disso não me afecta”.
  • Quando acessamos à nossa herança emocional e compreendemos como os sentimentos das experiências passadas influenciam os presentes, podemos estar mais aptos a estabelecer laços fortes e saudáveis com o que nos rodeia.
  • Ser consciente dos filtros emocionais, abrigos e armaduras que usamos ajuda-nos a sermos um leitor qualificado e intérprete de ambas as tentativas de conexão, com os outros e connosco mesmo.
Despir emocionalmente pessoas muito marcadas pelo seu passado não é fácil e pode ser muito difícil, porque teremos que lidar com as decepções que rodeiam a pessoa, o medo da rejeição, abandono, solidão …
Para fazermos isso precisamos de ser inteligentes, amarmos a pessoa e abrir os ouvidos e os olhos e banir preconceitos e atitude de julgamento. Ou seja, uma escuta emocional ativa com todos os sentidos, sem “mas” ou vírgula fora do lugar.
“Para fazer isso, devemos saber que um despir emocional não é criado em qualquer ambiente. Devem ser dadas as condições adequadas para gerar emoções, sentir, manipular, examiná-las e usá-las”.
Os cenários ideais para as cenas de despir emocional são aqueles que priorizam o ouvir de dentro, empatia e inteligência emocional. Cenários em que a comunicação e a compreensão são uma grande base de respeito e tolerância.
“Só desta forma, criaremos um ambiente emocionalmente distendido e propício para um encontro íntimo, despir de medos, inseguranças e verdade emocional. Só assim daremos abraços que quebram medos, fecham os nossos olhos e fazem com que nos entregamos 200% de corpo e alma”.

R.

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