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segunda-feira, 7 de agosto de 2017


Virtuosidade, Perdão e Dever de Solidariedade

 

Li um artigo muito interessante na Revista ROSA CRUZ nº 424 intitulado “Migalhas de Luz”, que não está assinado, pelo que considero como um ensinamento Rosa Cruz. A Fraternidade Rosa Cruz de Portugal tem como Divisa “Servir” e a sua missão é, portanto, ensinar e espalhar o conhecimento.

Deste modo, transcrevo o artigo.

 

Confúcio (551-479 a.C.), o homem que maior influência espiritual exerceu no seu país – a China -, filósofo de um ideal assaz elevado, nasceu numa pequena cidade da província de Xantung. Aos dezanove anos ocupava já altos cargos. Manifestava uma inteligência fora do comum revelando-se um ser superior. Era de uma virtude austera, um exemplo permanente para todos. Nas suas lições aos discípulos afirmava: “por três caminhos se chega à virtude: pela reflexão, que é o mais nobre; pela intuição, que é o mais fácil; pela experiência, que é o mais amargo”.

            Passava-se isto quinhentos anos antes da vinda de Cristo e ainda continuamos a reconhecer e a admirar a clareza e as verdades contidas nestas palavras. Não encontramos até agora, em parte alguma, outros processos mais apropriados para conseguir alcançar a virtuosidade.

            O homem teve, desde sempre, a seu lado, seres evoluídos e dedicados, prontos a auxilia-lo na orientação da sua vida terrena. Mas, sendo por natureza demasiado rebelde pata seguir os bons exemplos, a generalidade das pessoas, presunçosa em excesso para atender os sãos conselhos, trilha por veredas tortuosas afastando-se do caminho directo que lhe é recomendado. E, por isso mesmo, dizia Confúcio muitas vezes: “o homem oculta uma só vez por prudência o que mostra dezenas de vezes por vaidade”.

            “Escutar sempre, pensar sempre, aprender sempre, eis o que é viver. Quem não aspira a mais nada, quem não aprende coisa alguma mais, não é digno de si e menos ainda dos outros”.

            Este pensamento também atribuído a Confúcio, foi encontrado num velho alfarrábio. Realmente, poderemos dizer que a maior parte das pessoas vive indiferente e preguiçosa, alheada a tudo quanto à sua volta se passa e lhe poderia servir de estudo e adiantamento.

            Será digno de consideração e estima quem passa pela vida indiferente ao seu dever de progredir espiritualmente, que faz ouvidos de mercador aos ensinos e teorias comprovadas pela Razão, pelo Direito e pela Justiça; quem, julgando-se sábio, não reconhece a sua grande ignorância e estulta vaidade, a sua incompetência social? Não. Só quem ouve com atenção, quem pensa, quem aprende constantemente, se torna apto para viver seguindo o ritmo da evolução a que está sujeito por eternas leis naturais.

            Mais dois assuntos. Falemos agora de perdão.

            Perdoar as ofensas recebidas é o melhor e mais alto escalão da perfectibilidade, obtido pelo habitante do nosso globo. “Perdoa a ofensa: a árvore do sândalo perfuma o machado que a corta e a derruba”, diz um ditado chinês. E haverá, realmente, prazer íntimo que se possa igualar ao bem-estar recebido pela alma pura quando perdoa e esquece as ofensas imputadas ao seu semelhante?

            Quantos sentem, no seu coração dorido, a necessidade de perdoar, mas não o fazem com receio da crítica mordaz dos energúmenos, da opinião alheia, sempre pronta a malsinar e a rebaixar as melhores intensões?

            “A coragem é a luz da adversidade”, disse alguém. Pois bem: cheios dessa coragem indómita, de olhos fechados ao riso escarninho dos críticos e ouvidos moucos às suas palavras, perdoemos sempre, seja a quem for. Assim observaremos a palavra do Mestre quando nos recomenda: “Perdoa setenta vezes sete”.

            E agora, para terminar, uma nota sobre o dever de solidariedade.

            Um dos deveres de todo o ser consciente é tornar-se útil ao seu semelhante, prestando-lhe o auxílio e o amparo que lhe seja possível, com dedicação. Este dever moral alegra, consola e eleva o ser que o pratica, colocando-o muito acima do resto da humanidade. Mas uns por indecisão, outros por comodidade ou orgulho próprio, descuidam tal obrigação e, cheios de vaidade pela importância que tiveram os seus avoengos, fogem ao cumprimento desse dever elementar. Disse Osbury: “O que não tem outro valor senão a grandeza dos seus antepassados é, na verdade, como as batatas: o bem que tem está debaixo da terra”.

Violento, talvez, mas profundamente verdadeiro.

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