QUAL A FINALIDADE DA CRENÇA RELIGIOSA
Este texto não é para doutrinar quem quer que seja. É um auxiliar prático a convidar para refletir e pensar mais na vida espiritual, porque somos Espírito, que frequentamos um “mundo escola” para aprendermos a dominar a matéria.
Devemos ter em mente que a verdadeira religião existe para nos fazer conhecer Deus como nosso Pai e o Homem como nosso irmão.
A religião não é a crença escrava em ameaças de punição, nem em promessas mágicas de recompensas místicas futuras. A religião de Jesus é a influência mais dinâmica que jamais estimulou a raça humana. Jesus abalou a tradição, destruiu o dogma e convocou a humanidade à realização dos seus ideais mais elevados no tempo e na eternidade – ser perfeito, como o próprio Pai no céu é perfeito. Jesus procurou restaurar a dignidade do Homem, quando declarou que todos os Homens são filhos de Deus. (Quando digo Homem com H maiúsculo refiro-me à raça humana, homens e mulheres).
Jesus expôs a hipocrisia religiosa e alerta quem o ouve sobre a hipocrisia dos fariseus e dos escribas. Estes “sentaram-se no lugar de Moisés” para ensinar a Lei de Deus e instrue os seus ouvintes: “Façam e cumpram tudo o que eles vos dizem, mas não ajam como eles, pois falam, mas não praticam o que dizem.”(Mateus 23:2,3).
Jesus Cristo não é religião: é a VERDADE. O cristianismo pode ser religião, mas Cristo não. Cristo é a personificação, a materialização do Amor e da Verdade.
Qualquer crença religiosa que seja eficaz para a espiritualização do crente tem repercussões poderosas na vida social.
A experiência religiosa produz, infalivelmente, os “frutos do espírito” na vida diária do mortal que é guiado pelo espírito. Quando compartilham as suas crenças religiosas, os humanos criam grupos religiosos de alguma espécie, que finalmente gerarão metas comuns.
Algum dia, os religiosos deixarão de tentar reunir-se baseando-se em opiniões psicológicas e crenças teológicas, e efetivarão uma cooperação real, com base na unidade de ideais e de propósitos.
As metas, mais do que as crenças, é que devem unificar os religiosos. Já que a verdadeira religião é uma questão de experiência espiritual pessoal, e não o facto de pertencer a um agrupamento institucionalizado. É inevitável que cada religioso, individualmente, tenha a sua interpretação própria e pessoal da realização dessa experiência espiritual.
Jesus não exigiu que os seus seguidores se reunissem periodicamente e que recitassem fórmulas rituais indicadoras das suas crenças comuns (como fazem nas Igrejas institucionalizadas, com os seus dogmas, hierarquias e regulamentos). Ele apenas ordenou que se reunissem para fazer algo, factualmente, compartilhar da ceia comunitária em lembrança da sua vida de entrega na Terra.
O sectarismo é uma doença da religião institucionalizada, enquanto o dogmatismo é uma escravização da natureza espiritual. De longe, é melhor ter uma religião sem uma igreja, do que uma igreja sem religião.
O tumulto religioso do século XX não indica, em si e por si mesmo, uma decadência espiritual. A confusão vem antes do crescimento, tanto quanto antes da destruição. Há um propósito, de facto, na socialização da religião. É propósito das atividades religiosas grupais dramatizar as lealdades à religião, exagerar as seduções da verdade, da beleza e da bondade, fomentar as atrações dos valores supremos, elevar os serviços feitos na fraternidade altruísta, glorificar os potenciais da vida familiar, promover a educação religiosa, prover o conselho sábio e a orientação espiritual, e encorajar a adoração grupal.
E todas as religiões vivas encorajam a amizade humana, conservam a moralidade, promovem o bem-estar da comunidade, e facilitam a disseminação do evangelho essencial das suas respetivas mensagens de salvação eterna.
As religiões baseiam-se normalmente em mitos imemoriais ou nas palavras de um homem inspirado, pouco importando as circunstâncias nas quais estas palavras foram pronunciadas.
Muitas doutrinas religiosas e ritos perdem-se na noite dos tempos. E isso é assim com as religiões “tradicionais” e mitologias, como as mitologias egípcia, babilónica, grega e Islão e doutrinas orientais. Todas têm os seus livros sagrados. Homens inspirados deram mensagens sobre o divino, sobre o mundo, sobre a humanidade. Estes “profetas” falaram em um determinado momento da história, mas estas circunstâncias não têm importância com relação à verdade do seu discurso.
No entanto, quando a religião se torna institucionalizada, o seu poder para o bem fica reduzido, ao passo que as possibilidades para o mal se tornam grandemente multiplicadas.
Os perigos da religião formalizada são:
- a fixação das crenças e a cristalização dos sentimentos;
- a acumulação de direitos e interesses adquiridos com um crescimento da secularização;
- a tendência para a padronização e a fossilização da verdade;
- o desvio da religião para o serviço do Templo ou da igreja, em vez do serviço de Deus;
- a inclinação dos líderes de se tornarem administradores, em vez de ministradores;
- a tendência a formar seitas e divisões competitivas;
- o estabelecimento de uma autoridade eclesiástica opressiva;
- a criação da atitude aristocrática do tipo “povo-escolhido”;
- o estímulo ao surgimento de ideias falsas e exageradas sobre o sagrado;
- a transformação da religião em algo rotineiro e a petrificação da adoração;
- a tendência a venerar o passado e ignorar as solicitações do presente;
- o fracasso em fazer interpretações atuais da religião;
- o envolvimento com as funções das instituições seculares;
- a criação do mal que é a discriminação por castas religiosas;
- o perigo de a religião transformar-se num juiz ortodoxo intolerante;
- o fracasso de manter vivo o interesse da juventude aventurosa e a perda gradativa da mensagem salvadora da mensagem da salvação.
A religião formal restringe os homens nas suas atividades espirituais pessoais, em vez de libertá-los para o serviço mais elevado de edificadores do Reino.
Inicialmente o crescimento espiritual é um despertar para as necessidades e, em seguida, um discernimento dos significados e, depois, uma descoberta dos valores. A evidência do verdadeiro desenvolvimento espiritual consiste em demonstrar uma personalidade humana motivada pelo amor, animada pela ministração não egoísta e dominada pela adoração sincera dos ideais de perfeição da divindade.
E toda essa experiência constitui a realidade da religião, em contraste com a das meras crenças teológicas. A religião pode progredir até aquele nível de experiência em que se torna uma técnica esclarecida e sábia de reação espiritual ao universo. Tal religião glorificada pode funcionar em três níveis da personalidade humana: O intelectual, o moroncial (mundo intermédio entre o material e o espiritual, o mundo Astral) e o espiritual; sobre a mente, sobre a alma em evolução e junto ao Espírito divino.
A espiritualidade passa imediatamente a ser indicadora da nossa proximidade de Deus e a medida da nossa capacidade de servir aos nossos semelhantes.
A espiritualidade realça a capacidade de: .
- Descobrir a beleza nas coisas.
- Reconhecer a verdade nos significados.
- Descobrir a bondade nos valores.
O desenvolvimento espiritual é determinado por estas capacidades e é diretamente proporcional à eliminação das qualidades egoístas do amor. O status espiritual real é a medida do nosso alcance da Deidade, da sintonização com o nosso espírito. O alcançar da finalidade da espiritualidade é equivalente a atingir o máximo de realidade, o máximo de semelhança a Deus. A vida eterna é a busca sem fim dos valores infinitos.
A meta da auto-realização humana deveria ser espiritual, e não material.
As únicas realidades que valem o esforço são as divinas, as espirituais e eternas. O homem mortal encontra-se capacitado para desfrutar do prazer físico e da satisfação de afetos humanos. Ele beneficia da lealdade da associação a outros homens e das instituições temporais, mas estas não são fundações eternas sobre as quais se deva edificar a personalidade imortal, a qual deve transcender ao espaço, vencer o tempo e alcançar o destino da perfeição divina na fusão final entre a Alma, o Ego, a consciência, que foi formada pela experiência vinda do mundo material com o Espírito que lhe foi doado à nascença.
As nossas preferências e os desagrados não determinam o bem e o mal. Os valores morais não crescem com os desejos realizados, nem com a frustração emocional. Na contemplação dos valores, devemos distinguir entre aquilo que é valor e aquilo que tem valor. Devemos reconhecer a relação entre as atividades agradáveis, a integração significativa delas e a realização engrandecida em níveis sempre mais elevados da experiência humana.
Os ensinamentos de Jesus constituíram a primeira religião a abranger tão plenamente uma coordenação harmoniosa de conhecimento, sabedoria, fé, verdade e amor, tão completa e simultaneamente, a ponto de proporcionar a tranquilidade temporal, a certeza intelectual, o esclarecimento moral, a estabilidade filosófica, a sensibilidade ética, a consciência de Deus e a certeza positiva da sobrevivência pessoal. A fé de Jesus apontou o caminho para a finalidade da salvação humana, para a ultimidade da realização mortal no Universo, pois ela assegurou a salvação das correntes materiais, pela realização da filiação a Deus, que é Espírito; a salvação da escravidão intelectual em que o Homem conhecerá a verdade, e a verdade o libertará; a salvação da cegueira espiritual, a realização humana da fraternidade entre os seres mortais e a consciência da irmandade de todas as criaturas do Universo; a salvação do Eu, a libertação das limitações da autoconsciência, por meio do alcance dos níveis cósmicos da mente do Supremo e pela coordenação com as realizações de todos os outros seres autoconscientes; a salvação do tempo, a realização de uma vida eterna de progressão infindável no reconhecimento de Deus e no serviço de Deus; e a salvação do finito, por meio da unidade perfecionada com a Deidade Suprema.
Esta salvação é equivalente à realização completa e perfeita da experiência em ultimidade com o Pai Universal. E tudo isto, em potencial, está contido na realidade da fé da experiência humana na religião.
E pode estar assim contida, posto que a fé de Jesus foi nutrida por realidades até mesmo além do Último, e foi reveladora delas. A fé de Jesus aproximou-se do status de um absoluto no universo, na medida em que tal seja possível de ser manifestado no Cosmos em evolução do tempo e do espaço.
Por meio da apropriação da fé de Jesus, o Homem mortal pode antecipar, no tempo, o gosto das realidades da eternidade. Jesus fez a descoberta, na sua experiência humana, do Pai Final, e os seus irmãos na carne, em vida mortal, podem segui-lo ao longo dessa mesma experiência de descoberta do Pai. Eles podem até mesmo alcançar, sendo o que são, a mesma satisfação, nessa experiência com o Pai, que Jesus alcançou, sendo o que ele era.
Novos potenciais factualizaram-se no nosso universo em consequência da entrega final de Jesus e um destes é a nova iluminação do caminho de eternidade que conduz ao Pai de tudo, e que pode ser percorrido pelos mortais de carne e sangue material, ainda na vida inicial nos planetas do espaço. Jesus foi e é o novo caminho vivo, por meio do qual o Homem pode chegar à herança divina que o Pai decretou que fosse dele, apenas ele assim o pedisse. Com Jesus ficam abundantemente demonstrados os começos e os fins da experiência de fé da humanidade, e até mesmo da humanidade divina.
OBS: Moroncial é a fase da realidade do universo que intervém e que constrói uma ponte entre os reinos materiais e espirituais do universo. Este reino da progressão e da experiência moroncial ocorre no Universo local. Após a sobrevivência da personalidade (morte física) esta é personificada num corpo Moroncial (corpo semi-espiritual/semi-material ou corpo astral), existindo a partir desse instante como uma inteligência Moroncial - etapa posterior à Inteligência Fisica, portanto já no plano dimensional acima do plano material das 3 dimensões. A EVOLUÇÃO processa-se neste mundo num plano dimensional mais elevado, passando por várias fases de ensinamentos – como nas escolas no mundo material – onde a Alma vai subindo de escalão até passar a outra dimensão superior e continuar a evoluir até a centelha do espírito divino, que o acompanhou na Terra e o acompanhou no mundo astral, acabe por se fundir com a Alma – etapa de inteligência espiritual - e continuarem até à identificação com Deus. Esta é a diferença entre a reencarnação e a Ressurreição. A reencarnação seria a evolução no planeta Terra, uma perda de tempo - os valores verdadeiros a desenvolver tanto se desenvolvem agora, como depois e se desenvolveram no passado da história humana, porque a história repete-se ciclicamente e nada de novo ensina - e a verdadeira evolução processa-se depois da ressurreição no plano dimensional superior ao plano material em que vivemos. Esta teoria da encarnação interessa aos seres demoníacos que habitam num mundo paralelo ao mundo do homem e que conseguem estabelecer um contato com o homem, desde que este o permita (influenciado pelos espíritas e ocultistas). Esses seres vivem das emoções dos seres humanos e não podem ascender ao plano dimensional mais elevado para onde os homens vão e tudo fazem para que o Homem opte por ficar no mundo material. Como o Homem tem o livre arbítrio pode, mesmo que enganado, deixar-se seduzir, e pelos seus atos ficar preso nesta dimensão e servir de alimento a esses seres inferiores.
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