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segunda-feira, 9 de maio de 2022

 

ALEMANHA E EUROPA

 

Normalmente, as pessoas têm má memória, e novos eventos sobrepõem-se àquilo que devia estar devidamente registado para melhor futuro.

A História repete-se. Aquilo que a Alemanha não conseguiu com duas guerras mundiais, está a conseguir com o poder económico, dominando praticamente toda a União Europeia.

Aos poucos, a mão férrea de Ângela Merkel foi construindo o IV Reich e, pelos vistos, com a política egoísta do chanceler actual, que com a invasão da Ucrânia pela Rússia, não quer abdicar de continuar a comprar o gás russo, sabendo perfeitamente que essa verba que dá à Rússia é suficiente para sustentar indefinidamente a guerra com a Ucrânia. Além disso, suponho que deliberadamente, depois do embargo da venda de material de guerra à Rússia em 2014, continuou a vender esse material até 2020. Esse material de guerra está a ser utilizado para destruir a Ucrânia. Como país produtor de material de guerra continua a vender a quem possa pagar, não importando o lado em que estejam. Está a ajudar a Ucrânia, mas os proventos vêm de algum lado. São negócios e estratégias que ainda estão longe do nosso entendimento.



A Inglaterra, depois de perceber a asfixia que a Alemanha estava a provocar às outras nações da União Europeia, resolveu afastar-se e sair. Os órgãos eleitos da União Europeia, nada mandam porque por vontade da Alemanha foram criados “representantes” ou “comissários” nomeados que mandam efectivamente na pretensa União. E todos eles só são nomeados com o aval da Alemanha. A Alemanha escolhe, e todos os outros obedecem. Todas as matérias de importância estratégica são primeiramente discutidas por um grupo restrito, liderado pela Alemanha, de nações da confiança do governo alemão, e quando vai à discussão nas Comissões e dos restantes membros da União Europeia, já estão traçadas as orientações a seguir.




O PARLAMENTO EUROPEU TEM SIDO UM ATOR SECUNDÁRIO NO QUE À GESTÃO DA CRISE DO EURO DIZ RESPEITO, NÃO CONSEGUINDO DESEMPENHAR PAPEL DE RELEVO AO LONGO DE TODA A CRISE. DE ALGUMA FORMA, O PARLAMENTO EUROPEU TERÁ SIDO MESMO OUTRA DAS VÍTIMAS MAIORES DA CRISE DO EURO, DE PAR COM OS PAÍSES COM PROBLEMAS DE TESOURARIA

NA VERDADE, A CRISE DO EURO FOI O CENÁRIO QUE VIU A ALEMANHA EMERGIR COMO POTÊNCIA HEGEMÓNICA INCONTESTÁVEL DA UE8. A ASSUNÇÃO DA LIDERANÇA PELA ALEMANHA OCORREU NUM MOMENTO EM QUE OS TRATADOS LHE TINHAM RECONHECIDO MAIOR PESO NO FUNCIONAMENTO DO PROCESSO POLÍTICO DA UNIÃO, POR COMPARAÇÃO COM AS OUTRAS POTÊNCIAS.

Pelo que podemos observar na política europeia, os senhores do IV Reich aprenderam com a História, e desta vez não estão a hostilizar abertamente a Inglaterra nem a Rússia. Toda a actuação da Alemanha com a Rússia tem sido muito ambígua. Mas com a invasão russa, a Alemanha viu oportunidade para se “rearmar” a sério sem despertar suspeitas aos seus parceiros da NATO e Europa. É sempre de temer o poderio militar na Alemanha. Agora vão aumentar substancialmente o seu orçamento para reforçar (e muito) as suas Forças Armadas. Sem o Reino Unido na União Europeia é, e continuará a ser, a potência dominante, apesar de a França ser a única que tem poderio nuclear, por enquanto. Com o reforço das Forças Armadas, a tecnologia e ciência alemã muito rapidamente fabricará os seus engenhos nucleares.

Muito “relutantemente”, e só depois de fortemente pressionada pelos Estados Unidos e parceiros europeus, prometeu agora fornecer material bélico à Ucrânia, porque a política da Alemanha, desde o fim da Segunda Guerra Mundial, era a de não exportar material bélico ofensivo.

Há muito que a Alemanha tem estimulado e ajudado governos da sua inteira confiança na Europa, mas não a satisfaz porque é necessária uma anexação dos activos mais apetecíveis. Em Portugal, por exemplo, os activos vendidos à China e Angola desencadeou reacções violentas da parte dos alemães. Também se tornou claro, desde a Primeira Guerra Mundial, que desejam a posse da Madeira. Sempre foi um lugar privilegiado pelos alemães.

Os Gregos passaram a ser os Polacos do III Reich, a Ibéria, os Sudetas, e a França passa a ser a França dominada de Vichy de Petain. A Itália seria o quintal de Berlim e depois viria (virá?) a solução final: Os gregos, espanhóis, portugueses e italianos meridionais a serem “aniquilados”, pouco a pouco, por depressões, por abandono, por fome pouco disfarçada, pela tristeza. Com a crise por que passamos com a Tróika (FMI, Banco Mundial e União Europeia) a governar os países endividados, os gregos sublevaram-se, mas o Parlamento, impávido e sereno (a mando da Tróika) aprovou mais medidas de fome e miséria. Os povos do Sul foram votados ao ostracismo, por serem “preguiçosos” e só gastarem em vinho e… mulheres.

A União Europeia, às ordens de Ângela Merkel, manteve essa divisão entre os do Sul preguiçosos e os do Norte trabalhadores que não estavam para sustentar vícios. E a Tróika não perdoou. Aplicaram um plano, nunca comprovado, à experiência com estas nações cobaias. Pelos vistos foi pior a cura do que a doença.




Se não houver uma mobilização europeia para conter o IV Reich, seremos de novo confrontados com o inevitável, e desta vez não sabemos se a Inglaterra irá de novo voltar a ser o bastião da Democracia. Com Putin a querer dividir a Europa (e acabar com as democracias), podemos imaginar o resultado. Uma Europa do Leste dominada pela Rússia e uma Europa Ocidental dominada pelo IV Reich, o que na prática será cada lado sob o jugo de uma ditadura.

Aliás, o vice-primeiro-ministro do governo polaco, Jaroslaw Kaczynski, acusou, muito recentemente, a Alemanha de querer transformar a União Europeia (UE) num "IV Reich" federalista, pretendendo transformar a União Europeia num novo Sacro Império Romano-Germânico.

É evidente que estamos a caminhar apressadamente para a asfixia financeira dos países tradicionalmente mais pobres, nomeadamente os do Sul da Europa, criando-se, simultaneamente, condições para aparecerem ditaduras às ordens dos alemães. Eles já começaram a criar governos da sua confiança, como na Itália e Grécia, que apesar disso não irão subsistir. Outros virão. A Grécia começou por ser o rastilho por onde a Europa começará a arder. O Parlamento grego comprovou que a dependência económica trás todas as outras dependências.

A fome e a miséria provocadas por medidas não devidamente ponderadas, ultrapassam os limites. Agora, com a crise da pandemia do Covirus-19, e actualmente com o esforço para conter a invasão da Ucrânia pela Rússia, o endividamento dos países pobres europeus, será insuportável e a Alemanha ficará ainda mais forte.

O que irá acontecer?

É desta vez que se formará uma Europa governada pelo IV Reich Alemão?

Ficará o Reich Alemão de um lado e o Império Russo do outro?

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