A MENTE MODELA A VIDA DAS PESSOAS
Um respeitável pesquisador de células-tronco, o
norte-americano Bruce Lipton rompeu as fronteiras da Biologia tradicional ao
incorporar a ela conceitos da Física Quântica. Ideias surgidas a partir dessa
óptica, como a equivalência da membrana celular ao “cérebro” das células e o
controlo que o ambiente exerce sobre as células a partir das suas membranas,
confirmam a íntima relação mente-corpo e indicam como podemos usar os
pensamentos para assumir o controlo da nossa vida. Lipton relata a sua
extraordinária trajectória na sua obra “A Biologia da Crença” (Ed. Butterfly).
Um livro revolucionário no campo da Biologia moderna, onde se considera cientificamente provada a unidade corpo-mente-espírito e o seu reflexo no nosso corpo. Bruce Lipton descreve com precisão e clareza as rotas moleculares através das quais as nossas células se vêem afectadas pelos nossos pensamentos, devido aos efeitos bioquímicos das funções cerebrais. Através de uma linguagem simples, ilustrações, humor e exemplos actuais, Bruce Lipton explica que os genes e o ADN não controlam a nossa biologia, sendo antes o ADN que é controlado pelos sinais que emanam do meio celular externo, entre os quais se destacam as mensagens poderosas provenientes dos nossos pensamentos positivos e negativos. É por isso possível o nosso corpo mudar se reeducarmos a nossa forma de pensar. O autor apresenta-nos uma linha de separação entre o neo-darwinismo (que considera a vida como uma guerra interminável entre robôs bioquímicos) e a «nova biologia» (a ciência da epigenética), que nos propõe a vida como uma viagem de cooperação entre indivíduos poderosos capazes de reprogramar-se a si mesmos para uma vida mais feliz - se compreendermos esta nova biologia, não será já necessário discutir o papel do meio e da hereditariedade, porque nos aperceberemos de que a mente consciente domina ambos os campos de forma separada.
Doutorado em Biologia, o Dr. Bruce H. Lipton foi professor de Anatomia na Faculdade de Medicina da Universidade do Wisconsin e, mais tarde, na Faculdade de Medicina da Universidade de St. George. Posteriormente, entre 1987 e 2002, foi investigador na Universidade Estatal da Pensilvânia e também na Universidade de Stanford, período durante o qual publicou vários artigos científicos sobre células estaminais. Desde então, viveu nas Caraíbas e deu aulas e conferências um pouco por todo o mundo. Publicou com enorme sucesso esta Biologia da Crença, um bestseller mundial traduzido em mais de 35 países, ao qual se seguiram Spontaneous Evolution e The Honeymoon Effect.
Foi premiado com o prestigiado galardão japonês Goi Peace pelo seu contributo para a
ciência e harmonia universal.
Vejamos a entrevista, a seguir, feita pela revista Planeta:
PLANETA - O que é a "nova biologia" a que o senhor se refere no seu
livro?
Bruce
Lipton - Quando introduzi esses conceitos, em 1980, quase todos os
meus colegas cientistas os consideraram inverosímeis. Mas a profunda revisão
que a biologia convencional tem feito desde aquela época a leva hoje às mesmas
conclusões a que cheguei 25 anos atrás. Os cientistas sabem que os genes não
controlam a vida, mas a maior parte da imprensa ainda informa ao povo o
contrário. As pessoas atribuem inicialmente as suas deficiências e doenças a
disfunções genéticas. As crenças sobre os genes levam-nas a se ver como
"vítimas" da hereditariedade. Os biólogos convencionais ainda
consideram que o núcleo (o componente interno da célula que contém os
genes) "controla" a vida, uma ideia que enfatiza os genes como o
factor primário desse controle. Já a nova biologia conclui que a membrana celular (a "pele" da célula) é a estrutura que primariamente
"controla" o comportamento e a genética de um organismo. A membrana
contém os interruptores moleculares que regulam as funções de uma célula em
resposta a sinais do ambiente. Para exemplificar: um interruptor de luz pode
ser usado para ligá-la ou desligá-la. O interruptor "controla" a luz?
Não, já que ele é controlado pela pessoa que o acciona. Um interruptor de
membrana é análogo a um interruptor de luz quando liga ou desliga uma função
celular, ou a leitura de um gene - mas ele é, de facto, activado por um sinal
do ambiente. A nova biologia enfatiza o ambiente como o controle primordial na
biologia.
A sua teoria também está relacionada à física
quântica...
Pela medicina convencional, os "mecanismos" físicos que controlam a
biologia baseiam-se na mecânica newtoniana, a qual enfatiza o reino material (átomos e moléculas). Já a nova biologia
considera que os mecanismos da célula são controlados pela mecânica quântica.
Ela concentra-se no papel das forças de energia invisíveis que formam, colectivamente,
campos integrados e interdependentes. Para a mecânica quântica, as forças
invisíveis em movimento nos campos são os factores fundamentais que modelam a
matéria. Os cientistas também reconhecem que as moléculas do corpo são
controladas por frequências de energia vibracional, de forma que a luz, o som e
outras energias electromagnéticas influenciam profundamente todas as funções da
vida. Entre as forças energéticas que controlam a vida estão os campos electromagnéticos
gerados pela mente. Na biologia convencional, a acção da mente não é
incorporada à compreensão da vida. Por isso, é uma surpresa a medicina
reconhecer que o efeito placebo responde por pelo menos um terço das curas
médicas, incluindo cirurgias. Ele ocorre quando alguém sara devido à sua crença
de que um remédio ou procedimento médico vai curá-lo, mesmo se o medicamento
for uma pílula de açúcar ou o procedimento for uma impostura. A nova biologia
ressalta o papel da mente como o factor primordial a influenciar a saúde. Nessa
realidade, uma vez que controlamos os nossos pensamentos, tornamo-nos mestres
de nossa vida, e não vítimas dos genes.
Em que a nova biologia difere do darwinismo?
Ela frisa que a evolução não é conduzida pelos mecanismos sublinhados na
biologia darwiniana. A teoria de Darwin oferece dois passos básicos para
explicar como a evolução ocorreu:
1) Mutação aleatória, a crença de
que as mutações genéticas são ocasionais e não influenciadas pelo meio ambiente
- a evolução é conduzida por "acidentes".
2) Selecção natural, na qual a
natureza elimina os organismos mais fracos numa "luta" pela
existência, na qual há vencedores e perdedores.
Novas descobertas oferecem uma imagem diferente. Em 1988, uma pesquisa revelou
que, quando stressados, os organismos têm mecanismos de adaptação molecular
para seleccionar genes e alterar o seu código genético. Ou seja, eles podem
mudar a sua genética em resposta a experiências ambientais. Outros estudos
mostram que a biosfera (todos os animais
e plantas) é uma gigantesca comunidade integrada que se baseia em uma
cooperação das espécies. A natureza não se importa com indivíduos numa espécie,
mas com o que a espécie como um todo está a fazer para o ambiente.
Segundo a nova biologia, a evolução:
1) Não é um acidente,
2) Baseia-se em cooperação.
Uma teoria mais recente sobre o tema ressaltaria a natureza da harmonia e da
comunidade como uma força motriz por trás da evolução.
Como o senhor concluiu que podemos comandar e
mudar as nossas células e genes?
As minhas primeiras ideias científicas basearam-se em experiências que comecei
em 1967, usando culturas de células-tronco clonadas. Nesses estudos, células
geneticamente idênticas foram inoculadas em três placas de cultura, cada qual
com um diferente meio de crescimento. Em uma placa, as células-tronco tornaram-se
músculo. Em outra, células ósseas. Na terceira, células de gordura. Os meus resultados,
publicados em 1977, revelam que o ambiente controlou a actividade genética das
células. Esses estudos mostram que os genes propiciam o surgimento de células
com "potenciais", os quais são seleccionados e controlados pela
célula a partir de condições ambientais. As células ajustam dinamicamente os seus
genes de forma que eles possam adaptar-se às demandas do ambiente. Mais tarde,
descobri que a membrana celular equivalia ao cérebro da célula. No desenvolvimento
humano, a pele embriónica é a precursora do cérebro. Nas células e no ser
humano, o cérebro lê e interpreta a informação ambiental e então envia sinais
para controlar as funções e o comportamento do organismo.
Quem está no comando do nosso corpo?
Nas primeiras semanas do desenvolvimento do embrião, os genes basicamente
controlam o desenvolvimento do plano corporal de um humano (criam dois braços, duas pernas, etc.).
Uma vez que o embrião toma a forma humana (torna-se
um feto), os genes assumem uma posição secundária, controlando o
desenvolvimento do corpo pela informação ambiental. Durante esse período, a
estrutura e a função do corpo fetal são ajustadas em resposta à percepção do
ambiente da mãe, que, via placenta, influencia a genética e a programação
comportamental do feto. A "leitura" dos sinais ambientais (no útero e após o nascimento) capacita
as células do corpo e seus genes a fazer ajustes biológicos para sustentar a
vida. Como os sinais ambientais são lidos e interpretados pelas
"percepções da mente", a mente se torna a força básica que, em última
instância, modela a vida de uma pessoa.
Como os campos energéticos controlam a
bioquímica do corpo?
As funções do corpo derivam do movimento das moléculas (basicamente proteínas). As moléculas mudam de forma em resposta a
cargas electromagnéticas ambientais. Influências físicas tais como hormonas e
remédios podem oferecer essas cargas eléctricas indutoras de movimento. Mas
campos de energia vibracional harmonicamente ressonantes também fazem as
moléculas mudar de forma e activar as suas funções. Enzimas de proteínas podem
ser activadas num tubo de ensaio por substâncias químicas e por frequências electromagnéticas,
como ondas de luz.
Podemos evitar doenças enviando mensagens
positivas para as nossas células?
Só 5% das doenças humanas são relacionadas a defeitos genéticos de nascença.
Portanto, 95% de nós nascemos com um genoma adequado a uma vida saudável. Para
os doentes dessa maioria, a pergunta é: por que temos problemas de saúde?
Reconhece-se hoje que o estilo de vida causa mais de 90% dos problemas de
coração, mais de 60% dos casos de câncer e, talvez, todos os casos de diabete
tipo 2. Quanto mais olhamos, mais vemos como as nossas emoções, reacções à
vida, dieta pobre, falta de exercício e stresse modelam a nossa vida. Como
temos um controle significativo sobre o nosso organismo, podemos reprogramar a
saúde e a vida com as nossas intenções. Se de facto soubéssemos como o nosso
organismo funciona, as pessoas poderiam influenciar a sua saúde, e isso seria o
melhor preventivo para a doença.
É possível remodelar os nossos pensamentos
mais profundos
O problema é que não entendíamos como a mente trabalha. Temos duas mentes, a
consciente e a inconsciente. Associamos a primeira à nossa identidade pessoal -
é a mente pensante, racional. A mente subconsciente opera sem a supervisão do
consciente - é a "mente automática"
(ou mente indutiva. R). Se
as crenças da mente subconsciente entrarem em conflito com os desejos da mente
consciente, quem ganhará? A resposta é clara: a mente subconsciente. Ela é uma
processadora de informações um milhão de vezes mais poderosa do que a outra e,
como os neurocientistas revelam, opera em torno de 95% do tempo. Pensávamos que
se a mente consciente se tornasse cônscia dos nossos problemas, corrigiria automaticamente
quaisquer programas negativos descarregados na mente subconsciente. Mas isso
não funciona, porque a mente subconsciente é como um gravador - ela grava
comportamentos (os fundamentais, na
maioria, são armazenados antes dos seis anos de idade) e, ao se apertar um
botão, o programa será repetido incontáveis vezes (hábitos). Não existe uma "entidade" na mente
subconsciente que "ouça" o que a mente consciente quer.
Pensamentos
positivos funcionam quando a meta desejada é apoiada pelas intenções da mente
consciente e pelos programas da mente subconsciente. Quanto a isso, existem
três maneiras de mudar crenças velhas, limitantes ou sabotadoras na mente
subconsciente: a meditação budista mindfulness,
a hipnoterapia clínica e a chamada "psicologia da energia". Todos
esses métodos são discutidos na seção "Resources"
do site (www.brucelipton.com).
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