HITLER NO CONSCIENTE COLECTIVO DA HUMANIDADE
Nesta altura de
extremismos, fenómeno que surgiu agora, novamente, na Europa, esses grupos que
alimentam um nacionalismo extremo, para credibilizar e basear as suas ideias,
normalmente apoiam-se em factos sobrenaturais e numa missão a cumprir para
salvar a Pátria, libertando-a dos “traidores” e degenerados. Em regra, recorrem
a lendas e factores que consideram únicos no povo a que pertencem, com um toque
de sobrenatural, que acreditam ser de graça divina.
Portugal, por
exemplo, tem uma História muito rica, com episódios de intervenções
sobrenaturais e divinas, e que os ocultistas consideram como uma Nação
“escolhida” para grandes feitos desde que não se deixe degenerar e assimilar
por outras raças migrantes que consideram “inferiores”.
O nosso pequeno
Portugal, apesar de tudo, apesar dos enormes erros de governação desde a sua
criação, tem passado ileso por toda a história da Europa e do mundo, como que
“protegido” por forças divinas que lhe reservaram uma “missão”.
Um povo que “nunca
se governou nem se deixou governar”, mesmo antes da fundação da
nacionalidade, graças aos Cruzados, de passagem para a guerra em Jerusalém.
Realmente todas as “nossas” lutas, pela sobrevivência
como Nação independente, foram sempre protagonizadas por “aliados”, sempre com o
entusiasmo e ajuda do Povo e nunca por iniciativa ou liderança das classes
privilegiados – Clero e Nobreza.
Como acontece hoje, as classes privilegiadas optaram
sempre pelo refúgio junto do mais forte, sendo sempre o Povo a sofrer as
consequências e a terem de lutar, sacrificando-se constantemente para a eterna
espiral da história continuar a repetir-se nos planos superiores.
Vejamos uma interpretação esotérica sobre a existência
de Portugal, que em circunstâncias normais nunca teria
existido como Nação independente.
“Cumpriram-se os mares, o império desfez-se. Senhor,
falta cumprir-se Portugal”...
Este país de reis foi e é também um Porto de Paz
(PORTO-GRAAL), ou um “Lugar de Luz”
(LUX-CITANIA), cujo significado místico na rota dos tempos deu ao Mundo o seu
contributo de Além-Mar.
E se entendermos também qual o significado oculto da Bandeira portuguesa com as
suas cores Verde/Vermelho e o Escudo Dourado ao centro, ladeado por 7 Castelos
com 5 quinas dentro das quais existem 5 pontos que representam as chagas de
Cristo, então descobriremos um tal ‘Segredo’ que o ilustre Fernando Pessoa
entendeu e que o levou a dizer: “Cumpriram-se os mares, o império desfez-se.
Senhor, falta cumprir-se Portugal”...
7 Castelos + 5 quinas +1 Esfera= 13
12 Apóstolos + Cristo =13
Calendário das 13 Luas
Cabe ao nosso país, segundo muitos esoteristas, o “Arcano 13” do Tarot que representa a Morte que é
também chamado o Arcano da Imortalidade. Simboliza o papel decisivo que cabe a Portugal na morte do homem velho, para
o nascimento do homem novo, o Homem Arquetipal, aquele que dará
definitivamente início à já tão esperada “Idade de Ouro” ou do Espírito na Era
de Aquário.
A cor VERDE, normalmente associada à Esperança dos homens, representa
ocultamente uma das duas Energias Cósmicas – “O fogo frio” ou “HÁLITO DIVINO” caído
dos céus. O FOHAT – PURUSHA – ESPÍRITO, O VERMELHO,
significando o sangue derramado de todos os que lutaram e morreram pela Pátria,
representa ocultamente O FOGO QUENTE SERPENTINO, IRRADIADO DO CENTRO DA TERRA –
A KUNDALINI, PRAKRITI – MATÉRIA. Nas duas cores da Bandeira de Porto-Graal, estão expressas as duas
principais Forças que originaram a Vida - ESPÍRITO e MATÉRIA - e sobre estas
duas cores aparece a esfera armilar a representar o Mundo, a sugerir que toda a
Evolução processada no nosso planeta tem por base primordial a conjunção destas
duas Forças. Sobre a esfera armilar que representa o Mundo, aparecem os sete
castelos dourados que tanto representam a cidade das 7 colinas como simbolizam,
os 7 Pilares relacionados com a existência dos “Sete Dhyanis” Ou Seres Superiores
que amparam e regem os destinos da Humanidade.
As cinco quinas representam as cinco chagas de Cristo
dispostas em cruz, num país de Cruzadas que levou a sua Mensagem além-Mar e que
de novo se cumprirá como Mensageiro duma Nova Era (Aquário) quando retomar o Caminho iniciado há muito
mas desviado do seu verdadeiro sentido, que será corrigido no tempo certo, para
o qual foi predestinado Portugal numa Nova Era Universal, porquanto se
levantará de novo como se canta no hino nacional.
O AZUL é a cor da espiritualidade,
representado nas cores iniciais da Bandeira Lusa que certa Confraria Branca
Esotérica imprimiu como que profetizando o papel relevante de Portugal nos
acontecimentos futuros que a sabedoria popular pressente na enigmática frase da
“Padroeira” que diz: “Portugal será perseguido,
mas nunca vencido”, e nele existe um Segredo no Centro que a seu tempo será
revelado…
Hoje, depois da
tentativa do Governo Fascista de Salazar ter tentado perpetuar o “Império
Português”, recorrendo à mística da sua história (e imitação mais pobre e
mais leve do Nazismo) e ter caído porque as bases desse “império do Minho a
Timor” eram, de facto, de “barro”, ruindo tudo ao primeiro grande abanão, a
intensão dessas forças “patrióticas” é salientar a Lusitanidade, uma raça pura,
descendente dos Atlantes, que ainda não terminou a sua missão. Realmente os
historiadores ainda não compreenderam como é que Portugal, tão pequeno e com
tão pouca gente tenha dominado meio mundo, e influenciado tremendamente os
factos históricos da Europa. A sua ligação com os Templários dá-lhe uma aureola
misteriosa e a sua História de 900 anos, conseguindo manter-se independente sem
ter sofrido grandes alterações, é considerada muito estranha. São muito poucas
as Nações que possam apresentar um curriculum
de sobrevivência que ninguém compreende como foi possível.
Na Alemanha, Hitler
para conseguir os seus objectivos, recorreu também à História sobrenatural de
uma raça pura que quis implementar na “sua” Alemanha “superior” destinada a
lidar o Mundo Ocidental.
As runas
são letras características, usadas para escrever nas línguas germânicas da
Europa do Norte, sobretudo Escandinávia, ilhas Britânicas e Alemanha desde o
século II ao XI. Os povos nórdicos consideravam as runas um
presente de Odin. Com elas pode-se falar sobre o seu passado, o seu
presente e o seu futuro. Desde épocas muito
antigas as runas eram
empregadas para diversos fins tais como magia, consulta oracular, alfabeto
sagrado e realização de posturas e mudras
rituais. Com a magia buscava-se casamentos, cura de doenças, escapar de
prisões e muito mais. O alfabeto rúnico era usado para recitar poesia e cantos mágicos.
No uso oracular, principalmente entre os vikings, as runas
serviam para preparação de estratégias de guerra, previsões de futuro e
momentos favoráveis para a execução de determinadas tarefas. É inegável que os vikings
foram temidos em todos os lugares por onde passaram. As suas estratégias
militares eram, em geral, impecáveis e na maioria das vezes obtinham vitória
nas suas investidas. Podemos dizer que grande parte da história desses
guerreiros nórdicos foi guiada pelas runas. Terras estrangeiras só eram
invadidas e prisioneiros executados ou libertados após uma consulta com as
runas.
A história dos nórdicos e
principalmente as suas capacidades mágicas inflamaram Adolfo Hitler e
seus delírios de poder. Tudo parece ter começado após ele ter ouvido
Richard Wagner e a sua ópera com temas da mitologia nórdica. Neste
momento Hitler, que já nutria ideias de poder, resgatou o tema de uma raça
ariana (considerada raça superior nos contos mitológicos).
Baseou-se em lendas e mitos para sustentar as suas fantasias de superioridade.
Assim a cúpula Nazi buscou ter acesso ao conhecimento rúnico mágico e
oracular. Algumas runas foram
usadas de forma emblemática, como talismãs de protecção e de conquista.
A suástica invertida (da
direita para a esquerda), que deveria dominar-se Sovástica, tornou-se
o emblema do partido. Ela representa o martelo, poderoso instrumento do deus
Thor, que lhe dava a capacidade de quebrar obstáculos e derrotar os seus
inimigos. A runa Sigel, que representa o sol e a vitória em combates, foi
usada em forma dupla como marca dos integrantes da divisão SS. Desta
maneira Hitler cercou-se de poderosos instrumentos na execução dos seus
ataques militares.
Tudo era válido na conquista dos
seus objectivos. Ele quis mudar à força os paradigmas do mundo da época, para
que a força mística, intuitiva e mágica descrita nos contos e mitos nórdicos fosse
aplicada “ao pé da letra”. E todos os cientistas e políticos deveriam
aceitar as suas ideias.
Juventude
de Hitler e Cultura
Desde jovem Hitler sentia-se
incompreendido, tinha talentos artísticos que não foram reconhecidos. Naquele
tempo a arte moderna imperava nas escolas de Belas Artes e nas exposições. O seu
estilo era clássico e considerado ultrapassado. Ele via na arte moderna a
prova de uma arte decadente e o sintoma da degeneração do mundo. Passou
a nutrir uma espécie de desejo de perfeição (mas o que é a perfeição?)
para o seu país. Na sua opinião isto só seria possível com a eliminação do mal,
ou seja, aquilo que era considerado por ele feio e anormal.
Hitler tinha uma cultura limitada
(ao que se sabe), era deficiente em experiências e leitura. Não conhecia
o mundo nem os povos que o habitam. Porém tinha conselheiros ligados à magia.
Desenvolveu metas referentes apenas a teorias e não a experiências. Partiu de ideias
preconcebidas para encontrar respostas, desconsiderando todas as possibilidades
contrárias, mesmo as mais realistas. Assim sendo, ao assumir o poder e
apoiado pela maioria do povo, quis exterminar o que lhe parecia impuro e
diferente, para que fosse criado um mundo “limpo”, habitado somente pela raça
“superior”.
Hoje em dia sabemos que não
existe esta tal raça superior, o que existe são características diferentes em
cada povo. Uns desenvolvem melhor determinadas actividades e tem mais
dificuldades com outras questões. Uns têm racionalidade mais acentuada de forma
geral, porém carecem de lidar bem com as suas emoções devido a uma formação
cultural muito rigorosa. Naturalmente este é um estereótipo de um povo e
não significa que todas as pessoas sejam assim, nem significa que elas não
possam desenvolver estas qualidades ao longo das suas vidas. Podemos
citar inúmeros exemplos de característica que podem ser consideradas
“positivas” e “negativas” para cada povo, porém isso é o que se pode chamar de
estereótipos. Então a raça ideal deveria mesmo ser o “vira lata”, ou seja sem
ideal e feito de mistura, pois só a mistura pode fornecer elementos de
equilíbrio dinâmico para cada pessoa. Não temos necessariamente que sair e
misturarmo-nos com tudo e com todos, porém deveríamos aprender a abrir-nos para
o diferente, o novo, algo que possibilite mudar e aumentar o nosso
conhecimento, trocarmos ideias e experiências e assim crescermos num processo
integral.
Interpretando
o simbolismo das runas
As runas eram
usadas pelos nazis como marca dos seus correligionários. Sigel, por
exemplo, representa o sol, na mitologia escandinava. Este astro de fogo
tem um papel mitológico importante para o povo nórdico (assim como para a
maioria dos povos primitivos), pois era ele quem transformava os malignos
gigantes de gelo em pedra, ou seja, em seres inanimados. No terreno
divinatório simboliza a vitória sobre o mal. Hitler buscou este símbolo
claramente na tentativa de conseguir alcançar a vitória dos seus ideais, e entre
eles estava a ânsia de exterminar o “mal”, o sujo, o feio, o diferente e a
liberdade dos outros, para então ser criado um mundo (a seu ver) correcto.
A Runa Sigel também intíma
o consulente ou o leitor do símbolo a dar um tempo, pois adverte que há
necessidade de um recuo para recuperar as forças, rever estratégias, reflectir
sobre a situação e conhecer o terreno. Todo o símbolo rúnico usado para
qualquer fim deve ser respeitado no seu contexto amplo e não somente esperar
que o seu poder cumpra a tarefa desejada. Sigel simboliza a vitória,
porém lembra-nos de parar para refazer-nos, pois há uma tendência a sermos
intensos em demasia e assim queimarmo-nos no nosso próprio fogo. Será que
este procedimento foi seguido? Será que houve um real questionamento de querer
saber onde está o “mal” (fora ou dentro)? Será que houve algum
tipo de autocrítica para julgar que as metas poderiam não ser tão perfeitas ou
adequadas? E se houve certamente as respostas vinham sem uma reflexão
sincera e lúcida, pois o mal (desde que o mundo é mundo) sempre foi
apontado fora de nós, nos outros, nos “diferentes daquilo que nós somos”
nunca encontrado em nós mesmos.
A mitologia nórdica retomada por
Wagner, principalmente no ciclo de aventuras conhecido como “O anel do
poder”, descreve a psique das pessoas que não se sentem amadas na
infância, a criança abandonada, numa linguagem psicológica.
Essas pessoas, como Hitler, na idade adulta tornam-se pessoas autoritárias. Com
isso passam a buscar o poder no mundo exterior, para compensar o vazio e a
falta de amor que sentem dentro de si. Querem também subjugar o feminino
e o frágil ao alcance das suas mãos numa tentativa de eliminar o potencial de
sensibilidade humana existente nos seus próprios corações. Esta foi a trajectória
de Adolfo Hitler, na busca de compensar as suas carências emocionais. Ele
projectou na sua mente uma necessidade insaciável de poder. Para se conseguir
poder nada mais natural do que tentar acabar com a liberdade, pois esta é
sempre uma ameaça aos ditadores, que não desejam ser questionados. Porém a
sua justificativa era a de que iria adestrar os homens até que eles tivessem
condições de ser livres. Ou seja, lavagem cerebral. Será isto um sinónimo
de liberdade?
O segundo símbolo do mundo
nórdico, usado como emblema principal do nazismo foi a suástica.
Esta era usada pelos antigos povos como amuleto ou talismã de força e protecção.
Mitologicamente o seu representante é Thor, deus infalível cujo
martelo era um grande trunfo. Quem tivesse a posse do martelo, mesmo de
forma emblemática, teria este poder e até a protecção do deus. Por este
motivo Hitler apoderou-se da suástica, na busca de ser infalível e invulnerável.
No início tudo caminhou desta maneira: aos olhos da maioria a Alemanha
realmente parecia poderosa e invencível. Porém, com o tempo, e como o
verdadeiro sentido das runas não estava a ser seguido, a derrota veio aniquilar
a esperança do “paraíso de perfeição”.
As intenções de Hitler pareciam
as melhores possíveis. A maioria do povo alemão encantou-se por ele e as suas
“boas intenções”. No seu governo houve campanha para incentivar a
estética e a higiene. Fazia de tudo para valorizar a beleza da raça
loira e branca. Só não percebeu que nem ele mesmo se encaixava neste biótipo. Mas
como olhar para a realidade exterior não era o seu forte, uma pessoa assim age
segundo pré-conceitos, com uma espécie de “venda” nos olhos. E certamente tem
dificuldade para lidar com o mundo real, para aprender ou interagir com ele.
O poder da suástica deve ser
respeitado e quem quer fazer uso dele deve saber como se conduzir para poder
receber apenas os seus efeitos ‘positivos’, que no final das contas é o amadurecimento
pessoal.
O
“paraíso aqui na terra”
É importante notarmos que a ideia
de paraíso e perfeição sempre foi perseguida pela humanidade. É assim até
hoje, desde as igrejas até a política todos buscam trazer a perfeição para o
mundo, para o país, para a sociedade ou para a família. E isto só é bom
quando se respeita a liberdade dos outros de escolherem o seu próprio caminho.
Muitas guerras, muito ódio, incompreensão e obscuridade têm sido gerados por
desrespeito ao próximo. Fecham-se em clãs, clubes privados, sociedades
secretas ou mesmo claques de futebol buscando a “perfeição” para o grupo
deles sem se abrirem para os estranhos, para o novo, para o diferente.
Sem autocríticas, sem questionamentos. Acham que sabem o que é
bom para os outros e muitas vezes impõem as suas próprias verdades, sem
diálogo, sem perguntar a opinião do outro. Sem respeitar a individualidade.
Este arquétipo “hitleriano” de um ditador existe em cada um de nós e
precisa de ser revisto.
Ele busca poder e foge dos
sentimentos, podemos reconhecê-lo todas as vezes em que tentamos dominar uma
outra pessoa para nos sentirmos seguros e sempre que somos autoritários e não
permitimos o diálogo ou qualquer tipo de liberdade de pensamento alheio que
contrarie as nossas crenças e desejos.
Um
Verdadeiro Guerreiro
Um verdadeiro guerreiro é uma
pessoa que luta para abrir a sua mente e desenvolver o seu espírito. Usa e vive
a realidade para criar e superar os seus próprios limites. Mesmo porque é
isto que a realidade nos ensina. Ela faz-nos descobrir que não somos deuses, e
que, realmente, não somos perfeitos. Isso obriga-nos a lidar com a realidade e,
consequentemente, com a ideia de imperfeição. Hitler partiu de uma ideia – a
beleza e a pureza infinitas – que nada tinha a ver com a realidade, rejeitou o
que lhe parecia feio e obscuro, rejeitou o que era diferente dos seus padrões e
considerou-o seu inimigo. Projectou as suas quimeras pessoais nos
judeus, ciganos e negros, projectou no mundo exterior a feiura que existia e
não era aceite no seu próprio mundo interno, e tinha a certeza de que o
extermínio do diferente eliminaria o mal no mundo. Sem olhar para dentro
de si mesmo, sem escutar os seus sentimentos, questionar-se e amadurecer com a
dúvida, crescer como indivíduo. Só assim poderia ter prestado algum tipo
de serviço valioso para os outros. Por não se conduzir desta maneira acabou por
levar uma rasteira do destino. Mesmo que conseguisse eliminar todos os ciganos,
judeus, negros e outros, jamais estaria satisfeito com o mundo externo, já que
não estava satisfeito com o seu mundo interno e continuaria com a sua neurose.
Hitler faz parte do
inconsciente colectivo e por isso está vivo dentro de cada um de nós. Todos
acabamos por agir com preconceito em algum momento se não tivermos
atenção. A necessidade pessoal de encontrar o paraíso deve ser
questionada, pois trata-se geralmente de uma fuga da realidade. Fugimos de
lidar com o que nos causa dor, fugimos de lidar com o nosso próprio processo de
crescimento pessoal, isto é, de amadurecer como indivíduos. Desta forma
“o Mal” é projectado fora de nós e acabamos por obrigar as pessoas a
compartilharem dos nossos ideais de bondade. Ou podemos ter fantásticos
ideais sobre qual é a forma correcta de ser e agir no mundo. Então, quando algo
sai diferente do que concebemos ficamos tristes e magoados ou nos enfurecemos
culpando os outros. Achamos que o que é bom para nós é bom para o mundo
inteiro, e é partindo dessas ideias que nos tornamos intransigentes,
inflexíveis e, principalmente, stressados.
É comprovado que o stresse acontece sempre que não relaxamos e aceitamos
a realidade. Existe uma oração que diz algo como “faça com que eu aceite o
que não pode ser mudado, que eu tenha forças de mudar o que é possível ser
mudado e que eu tenha sabedoria para distinguir entre essas duas coisas”.
Todo o esforço que fazemos para o
nosso desenvolvimento interno é válido, porém todo o esforço que fazemos para
impor as nossas ideias aos outros é como um estupro, um desrespeito às individualidades.
Toda a tentativa de melhorar o mundo que nos rodeia é válida, mas o mais
importante é olharmos para dentro de nós e trabalharmos sobre as nossas
próprias dificuldades, o nosso lado “feio” e estranho”, lembrando que a
liberdade é fundamental para o verdadeiro desenvolvimento, temos que ser livres
para optar pelo caminho que queremos trilhar e, ao mesmo tempo, respeitar os
caminhos diferentes trilhados por outros. Se alguém perguntar, pode-se
até sugerir alternativas. Mas o caminho real da sabedoria deve ser trilhado
pela própria pessoa. Um caminho não é igual ao outro. Há tantas trajectórias
possíveis quanto o número de estrelas no céu, talvez mais.
Como foi escrito no texto para
Safira Estrela (Super-heroínas e vilãs da Banda desenhada) cujo tema era
“Talismãs Mágicos”, o talismã é somente um instrumento que ajuda no trabalho,
na busca interna de propósitos e de crescimento. Porém deve ser usado
adequadamente, pois o poder está verdadeiramente dentro de nós. Sem reflexão
adequada, sem abertura para a realidade, para o novo, para a experimentação e
meditação ninguém consegue chegar a sair da roda-viva da busca do poder, da
busca de segurança e da tentativa de suprimir a carência interna fazendo
conquistas externas.
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