FACTOS MUITO ESTRANHOS
Estive a reler um livro de Jacques
Bergier, intitulado "Os
Extraterrestres na História", da Ed. Hemus – 1970, que me entusiasmou
sobre factos que acontecem nos bastidores da história oficial numa altura em
que o conhecimento passava muito filtrado nas obras impressas ou era
transmitido oralmente, não havendo outras vias para poder averiguar melhor os
temas. Hoje com a Internet o
conhecimento cai em catadupa e a dificuldade é conseguir filtrar o que nos
interessa no meio de tanta informação, pelo que é prático, e muito importante,
que haja alguém que tenha tempo para ir fazendo umas pesquisas e partilhar com
o público.
Neste livro J. Bergier conta-nos
algumas histórias muito estranhas e interessantes, que vou partilhar aqui, num
breve resumo, só uma pequena parte. Agora, posso fazer alguns complementos,
indo averiguar na Internet o que há
sobre alguns factos.
Bergier
começa sobre um indivíduo a que chamaram Kaspar Hauser, que um autor de ficção
científica, Feuerbach (Ludwig
Andreas Feuerbach foi um filósofo alemão, reconhecido pelo ateísmo humanista e
pela influência que o seu pensamento exerceu sobre Karl Marx. Abandonou os
estudos de Teologia para tornar-se aluno do filósofo Hegel, durante dois anos,
em Berlim), considerou
como "um indivíduo que não era deste mundo. Tinha sido
trazido para junto de nós mas era oriundo de outro planeta, talvez de um outro
Universo" (talvez paralelo). Feuerbach foi
energicamente combatido por Marx e Engels. Esta sua afirmação ainda mais
estranha foi, porque viveu antes de Júlio Verne, e não conhecia Edgar Allan
Poe, nem tinha a menor noção do que eram os discos voadores.
Em Maio de
1828, em Nuremberga, um agente da polícia prendeu um estranho, por volta de 16
anos de idade, mal vestido, e com grande dificuldade para se exprimir e
compreender o que lhe diziam. Na esquadra da Polícia tentaram identifica-lo e
não encontraram pista nenhuma sobre a sua identidade. A Polícia decidiu
mantê-lo preso por vagabundagem e poder examiná-lo à vontade. Esse exame
demonstrou que ele mal sabia andar. Se colocassem um obstáculo à sua frente,
ele chocava contra o obstáculo e caía. A sua visão era perfeita, a sua pele
branca e pela aparência parecia que nunca trabalhara. A planta dos seus pés
tinha a pele muito fina. Quando o encontraram, usava sapatos de mulher, de
salto alto, que não lhe serviam bem.
Aprendeu
depressa a falar e contou que ficara preso sob a terra, que o alimentavam,
davam-lhe brinquedos de criança e que, finalmente, fora retirado do local onde
se encontrava e posto dentro de um carro que o levou para o centro de
Nuremberga.
A polícia
encontrou um pescador que, em 1826, encontrou uma garrafa com uma mensagem no
seu interior a pedir socorro, enviada por um prisioneiro fechado numa cela nas
margens do rio Reno. A mensagem era assinada por Hares Spranka. Um polícia
identificou esse nome como um anagrama de Kaspar Hauser. Procuraram o
prisioneiro, mas sem resultado. Foi então que tentaram assassinar o estranho.
Um desconhecido entrou na sua cela e apunhalou-o no lado esquerdo do peito. O
jovem nada sofreu.
O interesse
pelo caso aumentou e encetaram-se várias diligências para descobrir a verdade,
sem resultado, adensando-se cada vez mais o mistério.
Kaspar Hauser
não conhecia o leite. Uma vez tentou pegar a chama de uma vela. Não percebia a
terceira dimensão, e nunca se descobriu o local onde ele disse que esteve
sequestrado. Mandou-se fazer, por diversos pintores, retratos de Kaspar Hauser,
que foram distribuídos por toda a Europa. Nenhuma identificação foi possível.
Imensas obras foram consagradas a Kaspar Hauser, sendo as mais interessantes a
de Jacob Wassermann, e a de H.P. Lovecraft.
Talvez seja
possível propor uma explicação extraterrestre. Na opinião de J. Bergier, depois
do período de simples controlo e registo do que se passou sobre a Terra, veio o
período iniciado à séculos em que as Inteligências
decidiram fazer experienciais que consistem em introduzir no nosso meio seres
susceptíveis de provocar as reacções mais diversas e estudar, a seguir, a
maneira pela qual nos comportamos, como se estuda o comportamento de ratos em
labirintos de laboratório. Podemos perguntar se a experiência Kaspar Hauser é
única. Pelo contrário, ela não é única. Encontram-se, periodicamente, relatos
sobre casos de pessoas que não se sabe de onde vieram.
Mais
recentemente a história de Taured.
Em 1954 houve no Japão distúrbios tão violentos que o representante do
Presidente dos Estados Unidos, não pôde desembarcar. Nas investigações sobre os
causadores dos distúrbios, encontraram num hotel uma pessoa que possuía um
passaporte aparentemente em ordem. Sem rasuras nem palavras acrescentadas. A
fotografia coincidia com o dono, assim como as suas impressões digitais. Havia
apenas uma dificuldade importante: o passaporte fora concedido por autoridades
do país de Taured, que não existe na
superfície do globo. Segundo ele, quando foi interrogado, Taured ia, nos nossos
mapas, da Mauritânia ao Sudão, incluindo uma boa parte da Argélia. Foi em Taured
que se organizou a verdadeira Legião Árabe, destinada a libertar da opressão
todos os povos árabes. Ele viera ao Japão comprar armas. Indignado pelo facto
de se duvidar da existência do seu país, concedeu uma entrevista à imprensa,
depois da qual todos os jornalistas se precipitaram para o Atlas e logo a
seguir para os telétipos. Telegrafou-se para as Nações Unidas, à Liga Árabe, à
UNESCO, a toda a parte. Ninguém ouvira falar de Taured. Simplesmente não
existia!
Periodicamente
interrogado pela imprensa, Kaspar Hauser insistia em dizer sempre a mesma
coisa. Poder-se-iam encontrar algumas explicações racionais, seja para o que
fôr. Nos tempos passados até se explicava que os meteoritos eram pedras
inteiramente normais que haviam sido atingidas por um raio. Explicava-se que o
raio era provocado pelas corujas que, tendo na toca de uma árvore apodrecida,
se haviam impregnado de uma matéria fosforescente. Magnifica imaginação dos que
querem negar, e explicar o inexplicável, pois não se compreende muito bem como
as corujas podiam entrar na cabine de um avião a oitocentos quilómetros por
hora e depois explodir, o que o raio faz frequentemente. Mesmo assim, esta
teoria tão inverosímil pareceu satisfatória aos meios científicos até 1965,
durante dois séculos.
Por esse motivo, J. Bergier se mostrou extremamente céptico quanto a esta explicação unicamente psicológica de Kaspar Hauser ou da história de Taured. Se as pessoas como Hasper Hauser são introduzidas na nossa civilização para provocar fenómenos psicológicos observáveis, qual será a sua origem? Para Bergier a resposta é simples: Segundo dados estatísticos de diversas autoridades policiais, cerca de dois milhões de pessoas desaparecem (antes de 1970) por ano sem deixar rasto. E alguns desses desaparecimentos são tão estranhos que levam a pensar, imediatamente, numa explicação paranormal. Num caso que ocorreu na Grã-Bretanha, por exemplo, País de Gales, um menino de onze anos, chamado Oliver Thomas, na fazenda da sua família, desapareceu misteriosamente. Em 24 de Dezembro 1909, a família Thomas preparava-se para desfrutar o final de ano e realizar uma celebração familiar. Durante todo o dia, os membros desta família de agricultores da pequena cidade de Brecon, localizado no País de Gales, vinham se preparando para a grande festa, como todos os anos, convidando para a casa os amigos e vizinhos e toda a família. Tudo parecia ideal para uma noite de alegria no espírito de Natalício. Até mesmo o clima parecia participar da comemoração, ao cair da noite começou a nevar na região e o campo estava coberto com uma camada de neve que se transformou a paisagem em um cartão postal. Além dos seus pais estavam reunidos alguns convidados: um Pastor e a sua mulher, o Veterinário da região e um Oficial de Justiça. Tudo pessoas sérias que não se tinham excedido na bebida. Portanto pessoas credíveis. Prestaram declarações mais tarde.
Tudo se
passou em 1909, época em que não havia água canalizada na região. À meia-noite
Oliver foi ao poço buscar água fresca. Saiu com o balde e dez segundos mais
tarde ouviram-se gritos de socorro e toda a gente se precipitou para fora. O
Pastor teve a presença de espírito de levar uma lanterna que iluminava
perfeitamente o pátio. A criança não estava à vista, mas ouviam-se gritos
vindos do alto: "Socorro, estão a
levar-me!". Depois, nada
mais. Na neve as pegadas de Oliver iam da porta até metade do caminho para o
poço e desapareciam bruscamente. Chamaram a polícia, que sondou o poço e revistou
todas as casas da região e distribuiu retratos do menino por toda a região.
Sessenta anos depois ainda não havia sido encontrada uma explicação racional
para o desaparecimento. Em 1909 não havia helicópteros. Supondo que a criança
tinha sido apanhada por uma corda pendente de um balão, foram localizados todos
os balões. Nenhum sobrevoara a região nem mesmo a Inglaterra, naquela noite.
Quanto a discos voadores, nenhum engenho voador não identificado foi observado
em Inglaterra naquele ano, nem no ano anterior, nem no ano seguinte.
Casos como
estes são muito frequentes do que se possa imaginar, mas no geral são abafados.
Todavia repetem-se periodicamente. Neste caso de Oliver Thomas houve um só
detalhe suplementar: Durante vários anos, na igreja local, onde pregava o
Pastor que assistiu ao desaparecimento da criança, orou-se pela "libertação de Oliver Thomas, mantido
prisioneiro por homens ou coisas
desconhecidas".
Pelo receio
de desaparecer sem deixar rasto, um tema permanente no folclore que determina a
proporção de rumores como os que surgiram em Amiens, o "bode
expiatório" passou a ser as minorias raciais, ou religiosas.
Proporcionalmente, esses desaparecimentos misteriosos são mais frequentes no
mar. Navios inteiros desaparecem, ou desaparecem apenas as tripulações ficando
os navios à deriva. Também desaparecem aviões no ar ou em terra. Certas regiões
do mar, nomeadamente o famoso "triângulo das Bermudas", são teatro de
numerosos desaparecimentos.
A sua
frequência é superior vinte a trinta vezes da frequência normal noutros pontos
do planeta. Ainda não se encontrou a menor explicação e o mais que se pode
fazer é imaginar que esses desaparecimentos são submetidos, em algum local, a
uma "lavagem cerebral" e reintroduzidos entre nós, a título de
experiência, em circunstâncias destinadas a desconcertar-nos. Se imaginarmos
técnicas de lavagem cerebral superiores às técnicas humanas, pode-se admitir a
possibilidade de uma transformação completa da personalidade, e de uma inserção
de falsas memórias para nos confundir. Por outro lado, supondo a existência de
seres muito mais evoluídos que nós, podemos admitir que apesar de curiosos o
comportamento dos humanos é semelhante ao dos ratos nos seus labirintos, que
reproduzem o que faz o experimentador e o mordem sempre que podem.
No entanto,
uma teoria que explica, a um elevado nível de raciocínio, alguns acontecimentos
por experiências feitas em humanos, ganha mais terreno. Essa teoria foi
"proibida" por um matemático inglês, Eving J. Good. Ele não excluía a
possibilidade de que essa teoria acabe por chamar a atenção de cientistas que
acabarão por fazer teses de doutoramento sobre a intervenção de extraterrestres
na História. Então esses desaparecimentos serão estudados de perto, assim como
as aparições e as possíveis concordâncias entre eles. Finalmente, a volta de
certos desaparecidos que, por outro lado, passaram séculos distantes, mas para
os quais apenas alguns meses se escoaram. A história de Enoque merece ser
reexaminada.
O
Livro de Enoque é um apócrifo, ou seja, foi rejeitado para ser
incluído na Bíblia. Não se trata de uma exclusão, mas de uma "não-inclusão".
Embora fossem muito populares, esses livros nunca fizeram parte da lista oficial
da Bíblia. O principal critério para incluir um livro nessa lista de livros
"escolhidos" é o juízo de que tal livro teria sido inspirado por
Deus. Embora os cânones bíblicos (bíblia
hebraica, igreja protestante e igreja católica) sejam diferentes, todos se
baseiam nesse fundamento. A tradição, resumindo, julgou que Enoque não é um
livro inspirado e por isso não foi incluído na Bíblia.
Enoque (ou Enoch) – חנוך, Chanoch ou Hanokh) é
um dos personagens bíblicos das Escrituras sagradas. Nasceu, segundo
os escritos judeus, na sétima geração depois de Adão, sendo filho de Jared, e
pai de Matusalém. A Bíblia é bem clara no Génesis
5:24: "Enoque andou com Deus e desapareceu, porque Deus o arrebatou". Portanto há dois aspectos
extraordinários no relato de Enoque, enfocados nesses versículos, que não foram
sublinhados nas outras gerações: as indicações do texto de que ele “andou com Deus” e o facto de que, supostamente, ele não teria morrido, pois “Deus para
si o tomou”. Estes relatos foram a origem de muitas fábulas e estudos
rabínicos mais aprofundados de sábios judeus ao longo de séculos. Muitos deles incomodaram-se
muito pelo facto de Enoque "só" ter vivido 365 anos, uma curta
duração de vida para a sua época, de acordo com o livro do Génesis. A
verdade é que Enoque andou com Deus e foi com Deus para o Paraíso. Isto significa que Enoque chegou à
perfeição na sua “breve” vida, não sobrevivendo mais aqui, mas sendo tomado
pelo próprio Deus." De acordo com o Targum de Yonatan – tradução para o
aramaico das Escrituras hebraicas – Enoque tinha-se elevado ao céu ainda em
vida e teria se transformado no anjo Metatron. O
versículo “porque andou (Enoque) com Deus”
no Targum de Yonatan: “E não esteve
mais (Enoque) entre os habitantes da terra, pois foi tomado e subiu para os
céus, pelo comando do Eterno (se fez isso), e chamou o seu nome de Metatron, o
Grande Escriba.”
De acordo com outro midrash, Enoque esteve entre
o selecto grupo dos que entraram no Paraíso celeste.
Por que razão a Igreja de Roma não aceitou os
seus relatos? Se ele acompanhou Deus e foi "arrebatado, assim como Elias,
é porque o mereceu e não era um mentiroso. Será que o seu relato veio
comprometer todo o sistema montado pelos sacerdotes, conforme os seus
interesses, ou será que os factos eram completamente diferentes, misteriosos, e
fora da compreensão das mentalidades da época? Só hoje, com o avanço da Ciência
e tecnologia é que esses factos passaram a ser compreensíveis, o que merece uma
nova reflexão sobre os escritos de Enoque.
Sobre este personagem bíblico os livros apócrifos: “Livro de Enoque I” e o “Livro de
Enoque II", que fazem parte do cânone de alguns grupos religiosos, principalmente dos cristãos ortodoxos
da Etiópia” (fora da obediência à Igreja de Roma), foram rejeitados pelos cristãos de Roma (?), por não terem sido inspirados pelo Espírito Santo, e pelos hebreus, por serem particularmente incómodos do
ponto de vista político. Todavia, a epístola de Judas, no Novo Testamento bíblico, faz uma menção expressa ao Livro de Enoque, fazendo uma
breve citação dos versículos 14 e 15
de seu único capítulo.
Segundo a tradição, as pessoas raptadas por Fadas voltam séculos mais tarde, mas têm
a impressão de que se passaram apenas alguns meses, ou talvez até, uns dias.
Estas lendas existem há milénios em todos os países e Continentes. Nos tempos
modernos, há um caso particularmente chocante: o duplo desaparecimento do
soldado Jerry Irvin. Quando estava no gozo de uma licença, foi encontrado
inconsciente, em 2 de Maio de 1959. Parecia ter sido submetido a um tratamento
psicológico tão estranho que se decidiu suspender a autorização que ele tinha
para entrar em certos edifícios militares reservados. Deixou o hospital e só
voltou a ser encontrado a 19 de Junho do mesmo ano, sem se lembrar do que
fizera nesse intervalo de tempo. Foi submetido a novos exames e internado na
ala psiquiátrica de um hospital militar. A 1 de Agosto de 1959 desapareceu do
hospital e nunca mais foi visto. Foi considerado desertor e intensamente
procurado. Mas tudo em vão.
A Idade Média está cheia de casos
deste género. O Arcebispo de Lyon, Agobard (779-840) fez uma pesquisa e
descobriu que esses desaparecidos retornados declaravam ter visitado um país a
que chamavam Magonia. Como Arcebispo
racionalista, recusou-se a aceitar isso e chegou a mandar apedrejar três homens
e uma mulher que diziam ter ido a Magonia em naves aéreas.
Naquele tempo, qual a pessoa de
"bom senso" que acreditava em naves aéreas? Essas testemunhas
infelizes afirmavam que, para eles, decorrera muito pouco tempo durante a
viagem enquanto transcorrera muito mais tempo para o mundo exterior. O que é
digno de nota, porque actualmente sabe-se que a contracção do tempo para um
objecto que se desloca a grande velocidade é um fenómeno de laboratório
perfeitamente estabelecido. (Nota: Magonia é o nome do reino das nuvens de onde se diz que os marinheiros
aéreos criminosos vieram de acordo com o polémico tratado
do bispo carolíngio Agobard de Lyon em 815, onde ele argumenta
contra a magia do tempo. O tratado é intitulado De Grandine et Tonitruis "On
Hail and Thunder". Dizia-se
que os habitantes deste reino viajavam pelas nuvens em navios e trabalhavam com
os "levantadores de tempestades " ou magos do clima para roubar
grãos dos campos).
Certamente que não podemos esperar que todos os
desaparecidos acabem por aparecer. Alguns, por motivos desconhecidos para nós,
podem ser mantidos no lugar para onde foram levados. O biólogo Inglês J.B.S
Haldane reflectia muito sobre essa possibilidade de rapto por seres
extraterrestres e publicou, a esse respeito, uma nota de imprensa. Segundo
Haldane, os humanos dispõem de capacidades que eles mesmo desconhecem caso não
se manifestem na Terra, mas podem interessar alguém. Dá como exemplo as focas
que têm a capacidade de manter em equilíbrio sobre o nariz uma bola de futebol.
Muito normal para o ser humano, se bem que essa capacidade nunca foi necessária
no habitat nos pólos, mas divertes os
humanos que "raptam" os seus filhotes que, depois de ensinados, os
exibem nos espectáculos. Quer isto dizer que talvez saibamos, sem termos
consciência disso, fazer coisas inteiramente incompreensíveis e inexplicáveis,
que justifiquem o nosso rapto. É um exemplo apenas. Estamos certos de que
algumas coisas nos são impossíveis, mas outros podem saber, sobre nós, mais do
que nós mesmos. Podemos citar, por exemplo, a história do espanhol Gil Perez
que a 25 de Outubro de 1593, montava guarda diante do palácio do Governador, em
Manila, nas Filipinas.
Inesperadamente percebeu que fora transportado para
outro local. Correu para os soldados que montavam guarda no local e perguntou,
antes de mais nada, onde se encontrava. Não queria acreditar quando lhe
disseram que estava no México. Contou a sua história que, como seria óbvio,
ninguém quis acreditar. Em seguida apresentou uma prova: "na noite anterior, S. Excelência Dom
Gomes Perez das Marinas, Governador das Filipinas, fora assassinado a golpes de
Machado. Quando vocês receberem a notícia, serão obrigados a verificar que não
estou a mentir".
Levaram Gil
Perez às autoridades eclesiásticas porque, evidentemente, se tratava de um caso
de magia (bem aventurados aqueles que sabem distinguir entre magia e as leis
naturais). Ao fim de dois meses chegou um navio procedente das Filipinas
trazendo a notícia da morte do Governador. Perez foi posto em liberdade mas
nunca se teve, na época, nem mais tarde, a explicação desse evento tão
estranho.
Teria sido uma experiência de extraterrestres? Ou uma
manifestação de poderes humanos inteiramente desconhecidos e que não são
normalmente exercidos?
O estudo destes casos malditos, muito estranhos,
fugirá um dia do domínio da simples compilação para entrar no domínio da
teoria. O interesse do caso de Kaspar Hauser provém do facto de ele ter sido
bem estudado, se bem que talvez não tenha sido da maneira mais indicada.
Concentraram os estudos sobre a hipótese puramente romântica de uma criança de
família raptada em consequência de uma conspiração contra uma dinastia, ou um
bastardo de origem nobre que se desejava esconder. É preferível rejeitar esse
género de hipóteses que nunca são comprovadas. É mais rentável difundir os
factos que se conhecem nos numerosos estudos efectuados e aceitar a probalidade
de hipóteses mais fantásticas.
Afirmou-se muitas vezes que o caso Kaspar Hauser
constituía um dos grandes enigmas clássicos juntamente com outro, o de
Marie-Celeste. Em 15 de Dezembro de 1862, no Oceano Atlântico. O navio Dei Gratia descobriu, completamente
abandonado, o navio Marie-Celeste. A sua tripulação, que partira de Nova Iorque,
composta de sete homens, o capitão e sua mulher, e um filho de tenra idade,
desapareceram. Isto aconteceu a 38º 20' de latitude norte e 17º 15' de
longitude oeste, na região dos Açores. Os desaparecidos não levaram nenhum dos
seus pertences, nem mesmo dinheiro. Não se descobriu nenhum indício de motim.
Inúmeros livros publicados sobre o evento propunham explicações mais ou menos
racionais, como um polvo gigante que arrebatou toda a tripulação. Os maiores
escritores da época de livros de mistério e ficção científica, Conan Doyle,
Henry G. Wells, publicaram novelas que apresentavam explicações engenhosas mas
nada concludentes.
Mais recentemente, o escritor Yves Dartois, num
romance intitulado "Le démon des
Bateaux Sans Vie" (O Demónio dos Barcos sem Vida) propõe como
explicação um cogumelo raro que se desenvolve na madeira dos navios e cujos
esporos envenenariam os tripulantes e os passageiros que então se lançariam ao
mar. Dartois elaborou uma lista de outros navios, todos de madeira, em que
ocorreram aventuras semelhantes. O problema é que esta hipótese não pode ser
demonstrada.
Além disso, tripulações inteiras desapareceram em
navios modernos metálicos. O último caso conhecido ocorreu em 1962, no
Pacífico. Depois disso devem ter sido registados outros casos. Enquanto não se
derem explicações credíveis, que possam ser demonstradas, "parece"
que a tripulação do Marie-Celeste foi raptada. Certa ou errada é a explicação
mais aceitável.
Caso igual ocorreu com a tripulação de um balão do
exército norte-americano durante a Segunda Guerra Mundial na luta contra os
submarinos alemães. O balão, constantemente observado, foi encontrado vazio. Os
três tripulantes desapareceram e dispunham de rádio por onde poderiam ter dado
sinal de alarme se fossem ameaçados. Outro caso semelhante foi o
desaparecimento de trinta e três militares norte-americanos, cujo avião se
despenhou nas Montanhas Rochosas. Os destroços foram encontrados mas não
encontraram qualquer cadáver ou sobrevivente. Quanto a aviões desaparecidos há
muitos casos, com explicações mais ou menos verosímeis. Sabe-se, por exemplo,
que o desaparecimento "misteriosos" de Amélia Earhart, no Oceano
Pacífico pouco antes da Segunda Guerra Mundial, foi fuzilada pelos Japoneses
porque ela era agente dos Serviços Secretos dos Estados Unidos.
Entretanto, um caso perturbador aconteceu: Numa aldeia
esquimó junto ao lago Angikuni, Canadá, todos os homens, mulheres e crianças,
desapareceram, mas sete cães presos a uma árvore morreram de fome. Um esquimó
jamais deixaria um cão morrer de fome. O mais estranho, ainda, é que os túmulos
tinham sido abertos e os corpos haviam desaparecido. O exame de algumas
groselhas nas cozinhas demonstraram que dois meses antes, da descoberta da
aldeia abandonada, estava habitada. As groselhas amadurecem num espaço de tempo
muito curto perfeitamente determinado. Os esquimós haviam deixado as suas
armas, o que prova que não partiram voluntariamente, pois as armas são o seu
bem mais precioso para sobreviverem. Desapareceram cerca trinta e três pessoas
(Numa outra pesquisa falam de dois mil
desaparecidos, o que acho demasiados). Não se encontrou uma explicação.
Outros nativos da região dizem que os habitantes de Angikkuni foram raptados
por Wendigo, uma criatura
sobrenatural que habita a floresta e que eles se recusam a descrever.
Mas este caso não foi o recorde dos desaparecimentos em massa. Em 1982, um
grande navio a vapor ultramoderno para a época, o Iron-Mountain, com rodas de
popa, desapareceu quando navegava no rio Mississipi, na América do Norte. Tinha
60 metros de comprimento, onze de largura e levava cinquenta e cinco
passageiros e os membros da tripulação. Desapareceu completamente sobre o rio,
sem nunca ter sido encontrado qualquer vestígio. Outro caso data de 1928, com o
navio escola dinamarquês Kobenhavn. Muito moderno, equipado com rádio, além da
tripulação muito bem treinada levava 50 alunos Oficiais da Marinha de Guerra
Dinamarquesa. O navio encontrava-se em perfeito estado e fora cuidadosamente
inspeccionado por especialistas. Em 14 de Dezembro de 1928 deixou o porto de
Montevideu e nunca mais se soube dele.
Mais estranho ainda, foi o caso de um Regimento de três mil homens, na
guerra sino-japonesa, comandado pelo coronel Li Fu Sien, que foi enviado para
conter o avanço dos japoneses. O Regimento desapareceu inteiramente e os seus
rádios deixaram de emitir. Foram encontradas armas e restos de fogueiras de
campanha. Os arquivos japoneses que hoje podem ser consultados não mencionam a captura
de nenhum Regimento inteiro naquela época. E se o Regimento tivesse desertado
em conjunto, as famílias dos soldados teriam sabido ou, pelo menos, ouvido
falar disso. Trata-se de uma boa história, mas é preciso, também, ter a certeza
de que esse Regimento existiu, pois reinava no exército chinês (na altura) a
maior confusão. Mas não há fumo sem fogo, e se os factos se passaram realmente
deste modo, o caso bate todos os recordes de desaparecimentos.
Há também casos intrigantes, como exploradores e mineiros. O pesquisador
J.C. Brown dizia que em 1904 descobriu na Montanha de La Cascade, Califórnia,
um túnel até chegar a uma câmara subterrânea cujos muros eram revestidos de
cobre. Lá havia alguns esqueletos humanos, jóias de ouro e, nas paredes,
hieróglifos que ele não conseguiu decifrar. Com medo de que o julgassem louco,
calou-se, e esperou fazer fortuna para então poder falar. Passaram-se trinta anos,
até ele, em 1934, organizar uma expedição na cidade mais próxima do túnel,
Stockton. Contratou 80 pessoas quando, na noite de 19 de Junho de 1934,
desapareceu. Nunca mais o viram. A polícia investigou e chegou à conclusão de
que ele não tinha nenhuma razão para desaparecer, pois não tinha dívidas nem
era procurado pelas autoridades. A única hipótese que encontraram é que ele
tenha chegado muito perto de certos segredos e que tenha sido eliminado, ou
raptado, para que a humanidade não tomasse conhecimento, cedo de mais, de
certas observações.
Outro mineiro, Tom Kenny, de Plateau Spring, fez uma descoberta em 1936
muito estranha. Encontrou uma estrada, a quatro metros de profundidade,
pavimentada de pequenas placas quadradas com cerca de oito centímetros de lado.
Não há exemplo de uma estrada assim em nenhuma civilização conhecida. Mais
tarde, em 1960, em Blue Lick Springs, no Kentucky, descobriram outra estrada
semelhante. Não escavaram o suficiente para saber se os desenhos dessas
estradas teriam semelhanças aos de Nasca ou outras vias desaparecidas, ou mesmo
aqueles campos de aterragem ou descolagem.
Nas duas Américas circulam numerosas lendas sobre vastos domínios
subterrâneos. Supõe-se que os Incas eram pelo menos dez milhões antes da
chegada dos espanhóis. Quarenta anos depois, em 1571, os espanhóis recensearam
apenas perto de um milhão. Apesar da grande mortandade que os espanhóis
provocaram, é absurdo terem massacrado nove milhões de Incas. A hipótese de um
domínio subterrâneo onde eles se tenham refugiado não é, à primeira vista,
absurda. Em 1802, Alexandre Von Humbold encontrou descendentes dos Incas que
acreditavam nisso. Mesmo nas épocas históricas, desaparecimentos numerosos e
inexplicáveis constituem um facto suficientemente estabelecido para que se
possa admitir, a título de hipótese, a existência de uma inteligência ou de
"experimentadores" que
capturam e depois deixam em liberdade, a título experimental, certos seres
humanos.
No entanto, o fenómeno Kaspar Hauser é, em si mesmo, suficientemente
interessante. Charles Fort, um coleccionador de factos insólitos, e um dos
precursores do realismo fantástico, recolheu um grande
número de exemplos de desaparecimentos misteriosos, e encontram-se outros em
livros mais ou menos sérios.(Foi devido a
Fort que eu, por volta de 1965, ainda estudante, comecei a arquivar recortes de
jornais e publicações, que conseguia encontrar na época, sobre este assunto tão
empolgante que conservei até ter acesso à Internet já depois dos anos oitenta.
R)
Parece que casos destes sempre existiram. Evidentemente que no passado eram
menos fáceis de reconhecer do que hoje, devido à falta de meios de comunicação
e circulação rápida da informação. Em Paris, ou Londres, centros do mundo nos
séculos XVIII e XIX, um homem e uma mulher que não se sabia de onde vinham nem
para onde iam, chamavam menos a atenção. Hoje, os passaportes, os vistos, as
impressões digitais, os impostos e outros tantos meios de controlo tornam mais
evidentes, e mais rapidamente, os casos estranhos.
De onde foram afastados Kaspar Hauser e outros? É evidente que vieram de
algum lugar, voluntários, por acaso, ou obrigados. Mas onde ficam esses
lugares?
Tudo isto dá origem às fantasias de ficção científica sobre "movimentações na Galáxia, Universo ou Mundos
Paralelos".
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