CIVILIZAÇÃO DO TEMPO
Continuo a rever alguns livros que
tenho nas minhas estantes (um catálogo ordenado por assuntos e os
livros estão etiquetados para os encontrar rapidamente. Já são tantos que, a
dado momento, comecei a comprar livros repetidos) e agora estou novamente a recordar algumas obras de Jacques Bergier
sobre temas que passaram a ser permitidos em Portugal, após o 25 de Abril. Como
seria de esperar, "devorava" tudo o que encontrava pela frente.
Hoje, o mais difícil é encontrar a
informação desejada no meio de tudo o que está à disposição na Internet, porque é tanta e tão variada
que só se torna acessível se soubermos muito bem o que procuramos. Esta
informação que estou a compartilhar, só é possível porque estou a consultar os
meus arquivos. Se não fosse isso nunca mais me lembrava de pormenores e das
bases de partida, porque o conhecimento está nas profundezas do subconsciente,
arquivado na altura em que tomei conhecimento dele.
Assim, até facilito a vida a muita
gente curiosa, e estudiosa, que, mesmo que pesquisem constantemente na rede da
Internet, só conseguirão encontrar por acaso ou por ter ouvido falar. Passarão
a conhecer novos eventos e a partir daí poderão pesquisar tendo como objectivo
algo de concreto.
Encontrei
outra obra de Bergier intitulada "Os
Mestres Secretos do Tempo, Ed. Hemus, 1974, da qual faço um breve resumo.
O Segredo do
Tempo foi queimado em 12 de Julho de 1562 na cidade do México. Diego de Landa,
monge franciscano encarregado de reprimir a heresia nas províncias de Yucatan e
da Guatemala, recentemente conquistadas pela "Sua Muito Católica
Majestade" de Espanha, como sempre faziam nos territórios ocupados,
condenou à destruição na fogueira a parte essencial dos manuscritos Maias que
continham os Segredos do Tempo.
As testemunhas narram que o fogo negou-se a pegar, de início. Chegou-se a acreditar, por instantes, que a multidão de indígenas reunidos no auto-de-fé, iriam intervir. Os soldados ameaçaram atirar, os índios recuaram e o fogo pegou. Desde então, alguns traços da civilização Maia foram redescobertas pelos pesquisadores modernos, especialmente soviéticos, que puderam lançar alguma luz sobre ela. Mas o principal segredo do tempo desapareceu. Sabemos que os Maias não só consideravam o tempo homogéneo, mas que certas partes do tempo possuíam certas propriedades, e outras não. Um pouco como a superstição popular, que considera determinados dias nefastos e dias favoráveis. Para os Maias, o tempo não possuía dois vectores – o passado e o futuro – mas sim seis. Surgem aqui, de novo, as "ramificações" do tempo notadas por I Ching e que servirão para eliminar os paradoxos temporais das viagens do tempo. Conhecido como o livro das mutações, o I Ching é utilizado como oráculo há mais de três mil anos na China. Ajuda a lidar com as constantes mudanças que ocorrem nas nossas vidas, apontando a essência de cada situação. Consiste em 64 hexagramas cada um deles representando um acontecimento de acordo com as leis da Natureza. O resultado é uma mensagem referente à imagem que compõe o hexagrama e um conselho específico para o seu momento actual.
Só restam
três manuscritos para reconstituir os segredos Maias. O primeiro com 64 páginas
que se encontra em Dresden. O segundo está em Madrid, com 112 páginas, onde
faltam o princípio e o fim. O terceiro são 24 páginas em mau estado
redescobertas por Léon de Rouy nos arquivos da Biblioteca Nacional de Paris.
Um jovem
russo, Yuri Knorozov, deu os primeiros passos para a decifração. Como é
costume, assegurou-lhe a oposição feroz dos "especialistas" oficiais,
para os quais os Maias constituíam exclusividade, em especial Eric Thompson.
Entretanto o cientista soviético reuniu condições concludentes que mostram que
a escrita Maia se compõe de hieróglifos, ou seja, que não é inteiramente
alfabética como a escrita egípcia. Apresentou o resultado com muita reserva em
1950 diante de uma comissão universitária para o certificado que corresponde ao
mestrado. A comissão era claramente superior ao nível requerido de mestrado, e
concedeu-lhe sem qualquer hesitação o título de "doutor" em ciências
e ciências humanas.
Os académicos soviéticos, talvez pela ideologia
que professavam sempre independentes dos dogmas e travões do
"sistema" ocidental, tiveram sempre o espírito claramente mais aberto
do que os seus colegas ocidentais. Os poucos elementos que se conseguiram tirar
das decifrações soviéticas e, por outro lado, a leitura de um número de estelas
que traziam apenas notações numéricas, muito interessantes, permitiram
representar uma civilização que procurava subjugar mais o Tempo do que o
Espaço.
Na origem dos
tempos, observa-se uma data "zero", data em que o Homem aparece na
Terra. Segundo uma inscrição de 3.113 a.C., essa data estabeleceu-se no ano
5.041.7387, número que corresponde de muito perto ao dado pelas mais avançadas
pesquisas de antropologia. Durante muito tempo acreditou-se que os Maias
dispunham as datas ao acaso, mas mesmo os cientistas oficiais começaram a
admitir que os Maias detinham o domínio do Tempo. Assim, utilizando trabalhos
soviéticos, o Professor Charles H. Smiley, da Universidade de Brown, publicou
no Journal of the Royal Astronomical
Society of Canada a decifração de uma parte do manuscrito de Dresden. Essa
parte encerra primeiramente a relação dos oitenta eclipses solares observáveis
no mundo inteiro durante o primeiro milénio antes da nossa Era. Em seguida,
previsões de eclipses que deveriam suceder nos anos 42 a 886 da nossa Era. Tais
previsões eram exactas e foram confirmadas pelos factos. Isso implica que os
Maias empregavam telescópios (como os
confecciovam?) e lidavam com ciências matemáticas avançadas (o que parece não ser o caso) ou que
detinham o domínio do Tempo para exploração e observações directas, o que
parecia próprio da sua civilização.
É o mesmo
domínio do tempo que podemos encontrar no livro sagrado de Chilam Balam, que previu
com dez séculos de antecipação, e minuciosamente, a chegada dos espanhóis ao
continente americano. Os livros
Maias de Chilam Balam, designados pelos nomes de
localidades iucatecas como
Chumayel, Mani e Tizimin, são geralmente colecções de textos díspares nos quais
as tradições espanholas e Maias se juntaram, tendo sido encomendados
nestas localidades originárias por padres. Os Maias iucateques atribuíram parte
dos relatos e poemas constantes nestes livros a um autor lendário chamado Chilam
Balam, sendo um chilam um sacerdote que fornecia
oráculos. Alguns dos textos consistem mesmo de oráculos sobre a chegada
dos espanhóis ao Iucatão e mencionam um chilam Balam como seu primeiro autor. A
tradição colonial espanhola estendeu o título Chilam Balam de forma a abranger todos os textos
díspares encontrados num determinado manuscrito.
O Frade
Católico Diego de Landa tinha 38 anos quando cometeu os seus crimes, e a sua
crueldade atemorizou até mesmo os espanhóis. Foi intimado a comparecer num tribunal
da Ordem dos Franciscanos em Espanha. Dizem que a sua defesa foi muito hábil, o
que é difícil de acreditar face à crueldade e aos factos relatados na altura,
sendo absolvido. Na minha opinião tratou-se de um caso de defesa corporativa,
dos mesmos da mesma Ordem, sendo este genocida enviado para o México como
Bispo. A influência da Igreja de Roma era fortíssima e cometiam toda a espécie
de crimes para enriquecer e dominar ainda mais. A partir de certa altura, para
legitimar os seus crimes, o Papa criou a "Santa" Inquisição. O mundo
entrou numa fase de trevas, horror e chacinas
em nome de Deus.
Diego de
Landa deixou as suas memórias escritas em 1616 (redescobertas em 1863). O seu manuscrito contém um alfabeto Maia.
Ele afirmou que a escrita Maia era alfabética e forneceu transcrições de
letras. Foi este erro, e esta falsa transcrição, que retardou as pesquisas
durante muitos séculos. Mais tarde o linguista Benjamin Lee Wort tentou mostrar
que a escrita Maia compunha-se de hieróglifos, mas Eric Thompson manteve-o em
silêncio. Foi necessário Knorozov demonstrar que a escrita Maia era
hieroglífica. Felizmente o poder de Eric Thompson não se estendia até à União
Soviética. Embora Eric Thompson seja amplamente reconhecido como um dos
pesquisadores mais importantes da cultura Maia, o seu trabalho apresenta erros.
O mais notório deles - sem dúvida - foi a concepção errada de que ele tinha
sobre a escrita Maia, já que considerava os glifos Maias na sua maioria como
notações astronómicas sem nenhum componente fonético, usando uma abordagem
ideográfica para a sua análise . Como Thompson foi a autoridade Maia
mais influente do seu tempo, essa abordagem prevaleceu na comunidade científica
ocidental por anos, até o advento de uma nova geração de epigrafistas, que começaram
a questionar seriamente as ideias de Thompson. Um dos mais famosos foi Michael
D. Coe que até menciona
porque novas ideias foram rejeitadas por estudiosos fonéticos Maias da
época: Acusando Thompson de ser muito inflexível e, portanto, de travar o
avanço na decifração, já que qualquer voz contrária à sua, era rapidamente
ridicularizada. Com a descoberta da chave para decifrar a escrita Maia
pelo estudioso russo Yuri Knorozov , o domínio de Thompson começou a
declinar e as suas ideias a esse respeito são agora consideradas
obsoletas. É digno de nota que Thompson baseou as suas críticas a Knorozov
mais do que qualquer coisa em razões políticas, já que ele era abertamente
anticomunista.
Quanto aos Maias, sabe-se que vieram do Norte, não se sabendo quando. Na língua deles,
a mesma palavra designa o "Norte" e o "Passado". De acordo
com as últimas pesquisas, eram anteriores aos Olmeques e estão situados
cronologicamente, mais ou menos, a dez mil anos da nossa Era. Talvez mais.
Por volta do ano 1.000 da nossa Era, abandonaram as suas cidades, não se sabe porquê. Algumas das suas
cidades foram descobertas na selva, outras ainda estão por descobrir. A
fotografia aérea, e fotos por satélite revelaram no Yucatan e na Guatemala
dezenas de milhares de pirâmides, ainda inexploradas. As cidades descobertas, e
parcialmente exploradas, colocam estranhos problemas. Palenque, por exemplo:
encontraram lá um calendário lunar que atribui ao mês lunar uma duração de
29,53059 dias. Uma precisão fantástica, já que os números mais modernos
obtidos, graças a um relógio atómico, apresentam com este número um erro de
0,00027 por dia. E o resultado foi obtido por um povo que se presume que não
possuía nem um telescópio nem computador. Depois disso, hesita-se em afirmar
que as datas obtidas com tal sistema numérico sejam imaginárias, ou
hipotéticas.
No alto de uma grande pirâmide, em Palenque, encontra-se o
Templo das inscrições, Uma destas inscrições evoca um painel muito revelador
para hoje: com mostradores e botões de accionamento, e até o operador, numa
cópia evidente da cabine de pilotagem de uma astronave.
Erich Von
Daniken tornou famosa a sua obra com esta hipótese, só possível de ser
compreendida na nossa Era científica. Até aqui ninguém tinha conhecimento para
entender aquele painel. Num certo número de inscrições, daquele tempo, trata-se
de nove mundos subterrâneos. Num deles reina o deus Hun Ahav que, segundo uma
inscrição, reina também no planeta Vénus. Como é que os Mais tinham esse
conhecimento?
Os Maias
empregavam o "zero" (um grande
avanço matemático) representado nos seus cálculos por um signo em forma de
astronave com vigias. Os seus calendários derivam de um sistema de numeração de
base vinte. Nesse calendário, a mesma data não podia repetir-se a não ser de
cinquenta e dois em cinquenta e dois anos. O ano começava a 23 de Dezembro, no
solstício de Inverno e continha os meses Sol,
Novo, Poço, Semeaduras, Branco, Cervo, Extensão de Fogo, Sol Amarelo, Tambor,
Grande Chuva, Barulho da Tempestade, Rãs, Deus da Caça, Morcego, Deus
Desconhecido, Mês Final. Baseando-se numa extensão média do dia, Os Maias
podiam perscrutar longuíssimos períodos de tempo, até sessenta e quatro mil
anos atrás. Entretanto o texto diz que não se pode remontar a mais de
5.041.738. É, sem dúvida, porque não se pode explorar o Tempo antes do
aparecimento dos homens. O Tempo é marcado pela sua cor, que não é a mesma em
cada mês. Uma data retornando cinquenta e dois anos depois não tem forçosamente
a mesma cor. Certas cores do Tempo são boas, outras são más.
E quando nos
colocamos no fluxo do Tempo para considera-lo, percebemos o passado e o futuro,
e mais outras quatro direcções. Os
heróis lendários dos Maias, especialmente Quetzalcoatl, que é branco e possuía
um nariz semita, não se sabe de onde veio. Os Maias esperavam o regresso
de Quetzalcoatl, motivo porque confundiram
outro branco (o espanhol Cortez como o
deus esperado).Alguns estudiosos sustentam que a queda do Império Asteca
pode ser atribuída em parte à crença em Cortez como o retorno de Quetzalcoatl.
O símbolo de Quetzalcoatl é a
serpente emplumada que invadiu o império Maia no ano de 1208 da nossa Era. A
sua chegada foi prevista assim como as suas vitórias. Ainda se fala nisso nas
tradições Maias, pois a língua Maia ainda é falada nos nossos dias.
Transcrições em espanhol dessa tradição são descobertas constantemente, Em
1942, encontrou-se em Marida um fragmento perfeitamente desconhecido do Livro
de Chilam Balam. Mas, mesmo nos nossos dias, a gramática Maia permanece
extremamente difícil. Os verbos indicam simultaneamente o objecto e o sujeito
de uma acção, e a tradução exacta é totalmente impossível. Yuri Knorosov
traduziu para russo um dos livros do Chilam Balam, directamente do Maia. Ele
afirma que é mais fácil traduzir para o russo do que para a língua ocidental,
mas que entretanto essa tradução é apenas aproximativa. Os Maias ainda são
vivos e a sua população aumenta. Tiveram a sorte de sobreviver porque entre
1519 e 1605 os espanhóis massacraram mais de 23 milhões de Maias. Os
sobreviventes conhecem muitos segredos escondidos ainda pelo receio de
repressão dos implicados, mas lentamente vão aparecendo documentos que saem dos
seus esconderijos. Locais de cidades vão sendo revelados gradualmente. A cidade
mais rica, das que foram descobertas, é Bonampak, que possui um Templo
sumptuoso, com três peças imensas cobertas de frescos que já nos ensinaram
muito e ainda têm por revelar. Bonampak significa em Maia "paredes
cobertas de quadros".
Datou-se a
cidade em 800 da nossa Era, portanto relativamente recente. As mesmas razões
(desconhecidas) que levaram os Maias a abandonar as outras cidades
interromperam a sua construção. Os frescos de Bonampak mostram multidões Maias,
a guerra que travavam naquela época, e símbolos do Tempo.
A cidade foi
descoberta por acaso em 1946. Dos seus frescos imensos acha-se geralmente que
constituem uma obra colectiva, realizada sob a direcção de um homem de génio,
semelhantes às obras da Renascença em que esse génio desconhecido parece ter
traçado, a preto, os desenhos dos frescos deixando os seus colaboradores em
seguida o cuidado de colori-los. É de salientar que tanto nesta cidade, como
nas outras, quando os Maias as abandonaram destruíram a maior parte dos
frescos, estátuas, estelas, como se não desejassem que os invasores aprendessem
demasiado. Quando Quetzalcoatl, vindo do Norte, invadiu o Império Maia,
destruiu em nome da "Serpente Emplumada" a primeira civilização Maia para
edificar a seguinte. Esse fenómeno foi previsto e depois de se retirar Quetzalcoatl
prometeu que voltaria mais tarde. Como Quetzalcoatl tinha todas as
características do homem branco, fez com que os Maias hesitassem a fazer uma
forte resistência à invasão dos espanhóis, porque supunham ser o regresso
prometido e esperado. Se não fosse este erro de avaliação, ou de identificação
dos invasores, o Império Maia tinha meios humanos mais do que suficientes para
eliminar os expedicionários espanhóis.
Os livros de Chilam
Balam falam das previsões dos sacerdotes sobre as invasões e
catástrofes naturais como ciclones e correntes violentas das marés. Essas
previsões eram marcadas pelo selo da fatalidade e não podiam, em caso algum,
mudar o destino. Por isso, os Maias entregaram-se, pura e simplesmente, e foram
massacrados sem reagirem, praticamente.
E agora: Em
que consistia exactamente a técnica usada pelos sacerdotes Maias para explorar
o Tempo?
Jacques
Bergier arriscou uma hipótese que resumimos aqui. Por volta de 1965 descobriu-se
em Nova Iorque dois gémeos de vinte anos, mentalmente muito equilibrados (os seus coeficientes de inteligência eram
inferiores a 50) mas possuíam um dom extraordinário: o domínio total do
Tempo aritmético. Quando se perguntava a um deles, por exemplo, que dia foi 4
de Fevereiro de 1648, o outro respondia imediatamente "Quarta-feira".
Verificações demonstraram que nunca se enganavam. Várias pesquisas científicas
foram efectuadas, e tudo em vão. Um médico eminente acabou por admitir num artigo
do jornal Le Monde que a "ciência não dispõe de resposta para esse problema. Mas
isso não é razão para apelar para o Despertar dos Mágicos".
Bergier,
arriscando contrariar os cientistas oficiais, apelou para o método de "O
Despertar dos Mágicos", ou seja para hipóteses intuitivas baseadas em
factos verdadeiros, o que chama de "realismo fantástico". Não
atribuiu grande importância ao facto de que quando se interrogava um dos gémeos
era o outro que respondia. Havia explicações para essa telepatia de curto
alcance entre eles. Os gémeos dominavam o Tempo aritmético, mas alguns
observadores notaram neles um domínio bastante curto. Também parecia que nunca
ouviram falar da exploração do Espaço. No entanto, quando lhes fizeram uma
pergunta sobre o "Sputnik" não só responderam com a data de 4 de
Outubro de 1957, como recitaram de cor os vários artigos do jornal sobre o
satélite, como se pudessem ter voltado ao passado para se informarem.
Os sacerdotes
Maias operavam os cérebros de outros sacerdotes. Foram descobertos instrumentos
de trepanação e crânios trepanados. Daí podermos supor que os sacerdotes
conhecessem uma operação de cirurgia cervical capaz de conceder o domínio do
Tempo.
Os cientistas
pensaram que essa faculdade particular dos gémeos, fosse devida a uma anomalia
nos seus cérebros. Talvez uma mutação no nascimento. Talvez certos sacerdotes
em que a operação tivesse obtido êxito total, pudessem mesmo deslocar-se no
Tempo. O material escrito é demasiado vago e raro para que se possa ter uma
certeza. Esse domínio do tempo podia proporcionar, então, não só o conhecimento
do passado e do futuro como também o conhecimento individual da estrutura do
Tempo. Parece que esse fenómeno é único na História da humanidade. Do mesmo
modo que um homem no deserto, ou no mar, pode olhar o horizonte e explorar os
quatro pontos cardeais para tentar vislumbrar uma caravana, uma vela, um
sacerdote Maia podia explorar seis
direcções do Tempo, para ver a sua cor nesse momento, concluir se era boa
ou má e vislumbrar eventos situados à perpendicular do eixo do Tempo.
Aí estava o
grande segredo que destruiu o monge Diego de Landa.
Aqueles que
conhecem o segredo, guardam-no ciosamente. No início do século XX descobriu-se
no Yucatan, dentro de um jarro, um outro manuscrito Maia (o quarto) até então desconhecido. Contudo, antes que pudesse ser
copiado ou fotografado, foi incinerado por desconhecidos. Parece que no momento
das invasões os sacerdotes davam instruções precisas, e tais instruções são
ainda respeitadas. Os espanhóis, destruíram muita coisa e a epidemia de varíola
que se seguiu à sua chegada matou mais Maias do que os próprios espanhóis. Mas
nem tudo foi destruído. Já para a chegada dos espanhóis, há muito prevista,
tinham sido tomadas precauções. Assim, o Templo localizado no alto da pirâmide
de Uxmal não dava acesso senão por uma escada com degraus de altura de um
homem. Para subir essa escada era necessário um treino especial que só os
sacerdotes dispensavam.
O cientista
russo Vladimir Alexandrovitch Kuzmitzeff conseguiu subir ao alto da pirâmide de
Uxmal. Disse ele: "Sob o efeito da claridade implacável
do Sol tropical, a minha visão foi subitamente turvada. O meu coração batia
descompassadamente, uma fadiga como jamais experimentei na vida tomava conta de
mim. Parecia-me que a escada não tinha fim. Compreendi porque se acreditava que
ela conduzia ao céu".
Bem no alto
da escada encontrava-se uma figura não humana de pedra que observava com olhar
feroz os visitantes. Ao lado, vasos enormes deviam em princípio receber o fogo-de-artifício.
Todos os documentos dos templos no alto
das pirâmides descobertos por Diego de Landa foram queimados por ele.
Entretanto ainda restam as pirâmides e mesmo cidades inteiras desconhecidas. E
existem documentos ocultos em galerias subterrâneas. O Governo Mexicano
preocupa-se com esta questão e tenta deter ao máximo o contrabando de
antiguidades Maias. Nada nos impede de pensar que um dia seja possível
encontrar um documento que permitirá conhecer a operação que faculta o domínio
do Tempo.
Como é que os
sacerdotes Maias eram capazes de executar uma operação ao cérebro que hoje, com
o avanço da medicina, é difícil de executar? Com os novos métodos de Anatomia
para o estudo do cérebro através de radioisótopos, com os electroencefalogramas
e demais avanços científicos ainda não é possível tal operação. Como é que os
Maias, que acabavam de emergir do Neolítico, a descobriram? A única hipótese
viável é a que sustenta que eles não a descobriram, mas sim aprenderam-na. De quem? Dos Mestres
Secretos do Tempo que por ali viajavam e ali faziam as suas experiências.
Trata-se de uma hipóteses tão plausível quanto a dos extraterrestres, que aliás
não é excluída por ela.
Jacques
Bergier, sobre a trepanação dos Maias, acrescentou uma nota sobre um estudo
efectuado pelo Professor Marcel Homet, publicado no nº 4 da Revista Kadat consagrada às civilizações
desaparecidas. Os Chimus constituíram um Império na costa do Peru, muito
estreitamente ligado ao dos Maias. Alguns acham que os Chimus constituíram a base do Império Maia, outros que seria uma
colónia dele. Seja como for, as técnicas médicas deviam ser as mesmas. Só que
se sabem mais algumas coisas muito arrepiantes, como o massacre de crianças. Há mais de
quinhentos anos, o povo Chimu,
que viveu no actual Peru, sacrificou 260 rapazes e raparigas em
rituais arrepiantes. As causas deste massacre ainda são um mistério.
O professor
Homet relatou o seguinte: "Numa cerâmica,
um homem debruça-se sobre um indivíduo de crânio rapado e com uma grande
quantidade de folhas na boca que parece adormecido. O homem de pé tem à mão uma
faca em forma de T ligeiramente curvo. Pode-se pensar que ele está na iminência
de operar aquele que, deitado, foi insensibilizado pelo maço de folhas de coca
que mascou. Então o cirurgião abre um orifício na caixa craniana. Delicadamente
retita o tumor que sabe que existe ali. Fecha o orifício e cauteriza. Tal coisa
pode ser extraordinária, pois para isso é preciso conhecer perfeitamente a
anatomia do cérebro. E deste modo os médicos actuais estudaram os crânios
trepanados de Cuze, e estão de acordo acerca do seguinte ponte: muitos
pacientes dos cirurgiões Chimus foram trepanados diversas vezes e todos eles
sobreviveram".
Quanto aos Chimus, muitas crianças e animais tinham marcas visíveis de
cortes no esterno e nas costelas. Encontram, nas escavações, outros
sacrifícios rituais.
Gabriel Prieto pediu ajuda a John Verano,
especialista em antropologia forense da Universidade de Tulane, muito
experiente na análise de provas físicas de violência ritual nos Andes, incluindo
um massacre perpetrado pelos Chimu no
século XIII, de cerca de 200 homens e rapazes no sítio de Punta Lobos. Após
exame dos restos mortais de Huanchaquito, confirmou que as crianças e os
animais tinham sido propositadamente assassinados da mesma maneira: com um
golpe transversal ao esterno, provavelmente seguido da remoção do coração.
Sentiu-se impressionado com a localização do corte, bem como com a inexistência
de quaisquer “marcas de hesitação” (avanços-recuos
da lâmina da faca) sobre os ossos. “Trata-se de uma matança ritual e é muito
sistemática”, disse. Só não se sabe a razão para que esse povo
chegou a tais extremos de sacrifícios. Talvez para aplacar algum deus ou
"alguma coisa" muito má que tinham pela frente e estavam horrorizados
e em pânico.
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