PORTUGAL E AS MAIORIAS ABSOLUTAS
O
meu objectivo sempre foi forçar os interessados e curiosos a pensarem e analisarem
muito bem aquilo que escutam, e lêem, e vêem, espremam tudo muito bem e cheguem
à conclusão, àquilo que acreditarão após de tudo muito bem filtrado e
"arrumado"
pela sua intuição de seres pensantes e inteligentes. Só o raciocínio lógico,
frio,
não chega. É preciso pôr em cena aquela inteligência instintiva, aqueles dados
arquivados
no subconsciente, que nos momentos de luta pela sobrevivência
comandam
a acção. Todo o ser vivo (e com maior poder, o ser humano) tem essa
inteligência
natural vinda da experiência não só pessoal como da própria espécie que
permanece
latente nos genes e vem ao de cima nos momentos mais difíceis.
Para
termos confiança e acreditarmos no futuro, Portugal terá de passar por várias
etapas
na evolução da sociedade em que a Lei é a vida em si mesma (o
acumular de
experiências da espécie ao longo de milénios e que traçam os
valores a seguir) e não
as
regras para conduzi-las, impostas por uma longa fila de políticos e assessores
medíocres
e mal preparados, tudo consequência da destruição do pilar fundamental
de
uma sociedade, a família.
Tudo
aponta para esse descalabro: a destruição do núcleo familiar. Porque o
Mal,
aquilo
que nos afecta verdadeiramente e nos faz regredir (dando-nos a ilusão de que
somos mais civilizados) é uma transgressão da Lei e não uma violação das
regras
de
conduta pertinentes à vida, que é a Lei imposta.
E,
para mim, para chegarmos às marcas de uma alta civilização (a que julgamos
pertencer e não pertencemos) teremos de ultrapassar uma etapa que consta
de três
pontos
fundamentais:
1
– Desfrutar do privilégio sem abusos (Em Portugal os abusos são escandalosos);
2
– Ter liberdade sem licença (Há demasiadas leis a coartar as nossas liberdades
tornando a Liberdade como que um consentimento, uma dádiva, de quem governa);
3
– Possuir o “poder” e recusar-se firmemente a usá-lo para o auto-engrandecimento.
Só
quando ultrapassarmos esta etapa é que poderemos começar a acreditar nos
nossos
políticos e nas forças partidárias, sindicais e profissionais.
Por
enquanto, pelo que podemos observar, nas manobras bacocas e acções
completamente
absurdas de fazer política, e aceitação, pelo povo, de políticos
comprovadamente
enredados em situações muito suspeitas, é uma perda de tempo
apoiar
quem quer que seja, seguindo o sistema e os interesses muito bem instalados.
É preciso mudar de atitude. Dar mais atenção ao instinto (de sobrevivência) e saber,
dentro do meio social a que pertencemos, quem é que efectivamente poderá
defender os nossos interesses, como uma assistência médica segura e efectiva
para as posses de cada um, uma segurança social segura e livre das "golpadas"
e "espertezas" de Instituições que só querem o lucro, e o futuro dos
nossos filhos e netos, altamente dependentes de um sistema educativo
eficaz e não a miséria que existe actualmente e tende a ser pior.
Na
impossibilidade de uma mudança rápida dos valores da nossa sociedade, contra
todas
as opiniões dos nossos comentadores de serviço, acho que uma maioria absoluta (qualquer
que seja o partido político) não interessa de modo nenhum para este país,
porque dar uma maioria absoluta, na nossa sociedade de valores tão baixos, é
consentir numa ditadura, como já tivemos oportunidade de verificar mais do
que uma vez, e que apesar da ditadura os problemas essenciais nunca foram resolvidos
porque os interesses pessoais, partidários e de classe, se sobrepõem sempre
aos interesses nacionais.
Todos
os que tiveram maiorias absolutas abusaram e nunca consentiram no
diálogo
com
a oposição nem quiseram ouvir ninguém (a não ser as directivas do partido a
que
pertencem) nas questões mais abrangentes, situações essas que até continuaram
quando
na mudança rotativa do poder (pelos partidos do arco do poder) e que
deviam
ser
discutidas pelo menos pelos partidos que compartilham essa rotação na
governação.
Acho que a obrigatoriedade do diálogo e do consenso seria sempre
muito mais
útil ao país do que o simples quero, posso e mando.
Se
outros países da Europa Comunitária (os que estão melhor por sinal) têm
sobrevivido,
e estão em melhor situação do que Portugal, governados sempre com
maiorias
simples (o que os obrigam a dialogar com a oposição) por que razão
Portugal não pode fazer o mesmo.
Como
povo civilizado (?) tendemos para pior, e é preciso combater a mediocridade
que
nos leva por esse caminho. Basta ver a forma como ainda a maioria dos
portugueses
tratam os seus animais para sermos imediatamente classificados
negativamente
pelos povos verdadeiramente civilizados.
Num
aparte por exemplo: em 18 países (salvo erro) da Comunidade Europeia que
aderiram
ao Euro, por que razão os nossos líderes se assanharam tanto contra a Grécia, numa
prova evidente da sua submissão aos interesses alemães. Por que não
mantiveram
uma posição discreta como todos os outros, numa demonstração clara da
nossa
posição tão sem relevo na governação da Comunidade Europeia. Portugal não
tem
peso nenhum e devia ocupar o lugar que lhe compete e vincar a sua posição
pelo que vale e não pelo desejo medíocre do "lambe botas", o cão de
fila do Ministro
das
Finanças Alemão, o "bom aluno", esperando benefícios posteriores. Está
provado, pela história, que Portugal nesta posição de servilismo
nunca
beneficiou absolutamente nada.
Portugal,
na sua mania da grandeza, tem sido o "Judas europeu" (pelo menos no
Governo PSD/CDS – Passos e Portas). Enfim, há muitas pistas a seguir sem nos
deixarmos enredar pela retórica partidária que aborda "probleminhas"
só para "embalar" os portugueses e não perderem os seus privilégios.
O que verdadeiramente nos interessa está devidamente enterrado por esses
senhores.
Em
Portugal não há ideais. Um país em que a maioria desconhece a letra do seu Hino
Nacional
e não respeita a sua Bandeira, o idealismo morreu. Só resta a mesquinhez, a
avareza,
o egoísmo e a ambição desmedida e sem controlo.
A INTELIGÊNCIA pode controlar o mecanismo da civilização, a
SABEDORIA
pode dirigi-lo, mas o IDEALISMO espiritual é a energia que
realmente eleva e faz
avançar a cultura humana de um nível de realização a outro.
R.
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