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segunda-feira, 19 de março de 2018


PORTUGAL E AS MAIORIAS ABSOLUTAS

 
O meu objectivo sempre foi forçar os interessados e curiosos a pensarem e analisarem muito bem aquilo que escutam, e lêem, e vêem, espremam tudo muito bem e cheguem à conclusão, àquilo que acreditarão após de tudo muito bem filtrado e

"arrumado" pela sua intuição de seres pensantes e inteligentes. Só o raciocínio lógico,
frio, não chega. É preciso pôr em cena aquela inteligência instintiva, aqueles dados
arquivados no subconsciente, que nos momentos de luta pela sobrevivência
comandam a acção. Todo o ser vivo (e com maior poder, o ser humano) tem essa
inteligência natural vinda da experiência não só pessoal como da própria espécie que
permanece latente nos genes e vem ao de cima nos momentos mais difíceis.

Para termos confiança e acreditarmos no futuro, Portugal terá de passar por várias
etapas na evolução da sociedade em que a Lei é a vida em si mesma (o acumular de
experiências da espécie ao longo de milénios e que traçam os valores a seguir) e não
as regras para conduzi-las, impostas por uma longa fila de políticos e assessores
medíocres e mal preparados, tudo consequência da destruição do pilar fundamental
de uma sociedade, a família.

Tudo aponta para esse descalabro: a destruição do núcleo familiar. Porque o Mal,
aquilo que nos afecta verdadeiramente e nos faz regredir (dando-nos a ilusão de que
somos mais civilizados) é uma transgressão da Lei e não uma violação das regras
de conduta pertinentes à vida, que é a Lei imposta.

E, para mim, para chegarmos às marcas de uma alta civilização (a que julgamos
pertencer e não pertencemos) teremos de ultrapassar uma etapa que consta de três
pontos fundamentais:

1 – Desfrutar do privilégio sem abusos (Em Portugal os abusos são escandalosos);

2 – Ter liberdade sem licença (Há demasiadas leis a coartar as nossas liberdades tornando a Liberdade como que um consentimento, uma dádiva, de quem governa);

3 – Possuir o “poder” e recusar-se firmemente a usá-lo para o auto-engrandecimento.

Só quando ultrapassarmos esta etapa é que poderemos começar a acreditar nos
nossos políticos e nas forças partidárias, sindicais e profissionais.

Por enquanto, pelo que podemos observar, nas manobras bacocas e acções
completamente absurdas de fazer política, e aceitação, pelo povo, de políticos
comprovadamente enredados em situações muito suspeitas, é uma perda de tempo
apoiar quem quer que seja, seguindo o sistema e os interesses muito bem instalados.

É preciso mudar de atitude. Dar mais atenção ao instinto (de sobrevivência) e saber, dentro do meio social a que pertencemos, quem é que efectivamente poderá defender os nossos interesses, como uma assistência médica segura e efectiva para as posses de cada um, uma segurança social segura e livre das "golpadas" e "espertezas" de Instituições que só querem o lucro, e o futuro dos nossos filhos e netos, altamente dependentes de um sistema educativo eficaz e não a miséria que existe actualmente e tende a ser pior.

Na impossibilidade de uma mudança rápida dos valores da nossa sociedade, contra
todas as opiniões dos nossos comentadores de serviço, acho que uma maioria absoluta (qualquer que seja o partido político) não interessa de modo nenhum para este país, porque dar uma maioria absoluta, na nossa sociedade de valores tão baixos, é consentir numa ditadura, como já tivemos oportunidade de verificar mais do que uma vez, e que apesar da ditadura os problemas essenciais nunca foram resolvidos porque os interesses pessoais, partidários e de classe, se sobrepõem sempre aos interesses nacionais.

Todos os que tiveram maiorias absolutas abusaram e nunca consentiram no diálogo
com a oposição nem quiseram ouvir ninguém (a não ser as directivas do partido a que
pertencem) nas questões mais abrangentes, situações essas que até continuaram
quando na mudança rotativa do poder (pelos partidos do arco do poder) e que deviam
ser discutidas pelo menos pelos partidos que compartilham essa rotação na governação.

Acho que a obrigatoriedade do diálogo e do consenso seria sempre muito mais
útil ao país do que o simples quero, posso e mando.

Se outros países da Europa Comunitária (os que estão melhor por sinal) têm
sobrevivido, e estão em melhor situação do que Portugal, governados sempre com
maiorias simples (o que os obrigam a dialogar com a oposição) por que razão
Portugal não pode fazer o mesmo.

 
Como povo civilizado (?) tendemos para pior, e é preciso combater a mediocridade
que nos leva por esse caminho. Basta ver a forma como ainda a maioria dos
portugueses tratam os seus animais para sermos imediatamente classificados
negativamente pelos povos verdadeiramente civilizados.

Num aparte por exemplo: em 18 países (salvo erro) da Comunidade Europeia que
aderiram ao Euro, por que razão os nossos líderes se assanharam tanto contra a Grécia, numa prova evidente da sua submissão aos interesses alemães. Por que não
mantiveram uma posição discreta como todos os outros, numa demonstração clara da
nossa posição tão sem relevo na governação da Comunidade Europeia. Portugal não
tem peso nenhum e devia ocupar o lugar que lhe compete e vincar a sua posição
pelo que vale e não pelo desejo medíocre do "lambe botas", o cão de fila do Ministro
das Finanças Alemão, o "bom aluno", esperando benefícios posteriores. Está
provado, pela história, que Portugal nesta posição de servilismo nunca
beneficiou absolutamente nada.

Portugal, na sua mania da grandeza, tem sido o "Judas europeu" (pelo menos no Governo PSD/CDS – Passos e Portas). Enfim, há muitas pistas a seguir sem nos deixarmos enredar pela retórica partidária que aborda "probleminhas" só para "embalar" os portugueses e não perderem os seus privilégios. O que verdadeiramente nos interessa está devidamente enterrado por esses senhores.

Em Portugal não há ideais. Um país em que a maioria desconhece a letra do seu Hino
Nacional e não respeita a sua Bandeira, o idealismo morreu. Só resta a mesquinhez, a
avareza, o egoísmo e a ambição desmedida e sem controlo.

A INTELIGÊNCIA pode controlar o mecanismo da civilização, a SABEDORIA
pode dirigi-lo, mas o IDEALISMO espiritual é a energia que realmente eleva e faz
avançar a cultura humana de um nível de realização a outro.

R.

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